Roça Agostinho Neto, São Tomé e Príncipe
Esta série fotográfica sobre a Roça Agostinho Neto, apenas pretendia documentar o que me foi dado a ver da vida quotidiana de quem lá mora hoje. Muitas das pessoas serão descendentes do trabalho forçado e do contrato habitando agora o espaço que os oprimiu.
As Roças e o seu regime de Plantação foram, durante o período colonial, um dos símbolos de colonialismo português. Impunha a língua, a cultura, e o trabalho de todos os dias, sem horizonte de saída daquela redoma. Hoje, as infraestruturas outrora de poder encontram-se arruinadas e decadentes, os edifícios mostram o desgaste do tempo, mas a comunidade que ali vive resiste na sua sustentibilidade precária, numa relação direta com a natureza
O que me interessava era captar esta tensão: entre o passado colonial e a presença viva dos seus herdeiros sem escolha. É um lugar carregado de história, de contradições, de beleza e de abandono. Este trabalho é um gesto de reflexão sobre como nos relacionamos com o passado e como interpretamos o presente, sobre a forma como a história se escreve — e quem a continua a viver, todos os dias.