Memórias partilhadas - II Congresso da EASTAP

O II Congresso da EASTAP - European Association for the Study of Theatre and Performance, organizado pelo Centro de Estudos de Teatro e pelo Teatro Nacional D. Maria II, vai reunir artistas, agentes teatrais e investigadores à volta do tema Memória(s) partilhada(s): criação, investigação e política na cena europeia contemporânea. Convocando as áreas dos estudos artísticos, estudos visuais, ciências cognitivas, ciências sociais e estudos literários, o programa oferece uma perspectiva interdisciplinar sobre o tema proposto.Para pensar a questão da memória nos processos de criação e na investigação teatral, o debate será protagonizado por artistas, que terão a seu cargo palestras-performances, conferências e oficinas, a par de apresentações de comunicações e mesas redondas por investigadores, programadores e directores artísticos europeus. Shermin Langhoff, encenadora e directora do Maxim Gorki Theater (Berlim), é a artista associada do congresso. O evento, a ter lugar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e no Teatro Nacional D. Maria II entre 23 e 25 de Setembro, contará com a presença de vários artistas de renome como Caroline Guiela Nguyen, David Geselson, Joana Craveiro, Mohammed Al Khatib, Raquel André e Sara Barros Leitão. O programa do congresso pode ser descarregado aqui.

11.09.2019 | by martalanca | EASTAP, memórias, teatro

Despertar na Roça, por Eduardo Waack e Leandro Taques 437 visualizações

“Escrito num momento de bastante tensão, “Despertar na Roça” retrata o cotidiano de lutas pela sobrevivência e posse da terra por agricultores empobrecidos e abandonados pelo poder público, vítimas dos desmandos dos poderosos e que sem desanimar insistem em alcançar seu ideal. Esta gravação conta com as imagens do fotógrafo Leandro Taques — mostram seres humanos que nada possuem a não ser a esperança de mudança e acreditam num mundo melhor. Viviane Lopes, Nayara Carolina Vinzinzotto, Maria Domingas Francischini e Vilma Caretta integram o coro feminino de abertura. Filmado por Valéria Chiozzini, a edição coube a Willian Calera.”

07.09.2019 | by martalanca | Roça

ANDANDO EM TORNO DO SOL. MÁQUINAS, ARANHAS E CORSÁRIOS - curadoria de Eduarda Neves

Na mitologia grega, Europa, princesa filha de Agenor, rei da Fenícia, foi raptada por Zeus. Para evitar que Hera, a sua mulher ciumenta, soubesse, assumiu a forma de um touro branco de olhos azuis e deitou-se no prado enquanto Europa passeava com as suas damas de companhia. A princesa, encantada com a calma e o afecto do animal, aproxima-se e acarinha-o. Subitamente, o touro desata a voar raptando-a. Leva-a para Creta onde viveram desde então. Seja a história de um mito, que é também a história de um roubo, ou Eurasia de Beuys, é da complexa narrativa do Velho Continente que se trata: de uma Europa que foi roubada a uma Europa que roubou. Se na Idade Média uma das formas de exclusão seria a de embarcar os loucos em certos navios, foi no mar que os antigos navegadores procuraram a boa saúde que não encontravam em terra firme. Em comum têm esse parentesco, a possibilidade de ir e não voltar. Como limite entre a água e a terra, o embarque e o navio são figuras do além, a possibilidade de um dehors. Que intensidades encontramos, hoje, na Europa? Estaremos perante um modelo de repressão para as nossas máquinas desejantes que desinvestem no campo sócio-histórico? Como investir o desejo de força revolucionária e abandonar o homem superior, a gramática humanista de uma máquina de escrita envelhecida? Como destronar o Grande Império, o Grande Significante e manter a força activa do culto do erro, tal como Nietzsche chamou à invenção da arte? A libertação de Ariana, a aranha que mantém o fio no labirinto, supõe o apelo nietzscheano para que nos enforquemos com esse fio, ou seja, nos libertemos do ideal ascético, do disfarce moral. Manter a força activa do culto do erro, como chamou Nietzsche à invenção da arte e apropriarmo-nos do humor filosófico das Cartas Persas de Montesquieu, constitui a nossa “cozinha do sentido”. Sejamos Rica e Usbek, os persas imaginários desse livro prodigioso. Na mesma Terra mas com homens diferentes. A Terra gira em torno do Sol. E nós com ela, a ocidente e a oriente.

WALKING AROUND THE SUN. MACHINES, SPIDERS AND BUCCANEERS

In Greek mythology, Europa, a princess, daughter of Agenor, king of Phenicia, was kidnapped by Zeus. To prevent Hera, her jealous wife, from knowing about it, he took the form of a blue-eyed white bull and layed down in the meadow while Europa strolled with her ladies-in-waiting. Delighted with the calm and affection of the animal, the princess came close and caressed the bull. Suddenly, he grabed her and flew away, taking her to Crete where they lived since then. From the history of a myth, which is also the story of a theft, to Beuys’ Eurasia, it is the complex narrative of the Old Continent which is presented to us: from a Europe that was stolen to a stealing Europe. If in the Middle Ages one of the forms of exclusion would be to embark the madmen on certain ships, it was at sea that the old navigators sought the good health that they could not find on land. In common they have this kinship, the possibility of going and not returning. As a boundary between water and land, boarding and ship are figures of the beyond, the possibility of a dehors.Which intensities do we find in Europe today? Are we facing a model of repression for our desiring machines that disinvest in the socio-historical field? How to invest the desire for revolutionary force and abandon the superior man, the humanist grammar of an aged writing machine? How to dethrone the Great Empire, the Great Significant, and keep with the active force of the cult of error, as Nietzsche called the invention of art? The liberation of Ariana, the spider that holds the thread in the labyrinth, supposes the Nietzschean appeal that we hang with this thread, meaning that we free ourselves from the ascetic ideal, from moral disguise. To keep the active force of the cult of error, as Nietzsche called the invention of art, and to appropriate the philosophical mood of Montesquieu’s Persian Letters, is what constitutes our “kitchen of sense.” Let us be Rica and Usbek, the imaginary Persians of this prodigious book. On the same Earth but with different men. Earth rotates around the Sun. And we spin with it, west and east.

CASA DO INFANTE | INFANTE´S HOUSE | Porto | Inauguração | Opening | 13.09.19 | 18H

5 pm [13.09_13.10.19]    

07.09.2019 | by martalanca | exposição, máquinas, porto, sol

TRKZ no Festival Iminente 2019

É com grande alegria que anunciamos o regresso do músico moçambicano TRKZ a Portugal e ao Festival Iminente. 

TRKZ estreou-se em palcos nacionais em 2017, na segunda edição do Festival Iminente. Veja AQUI o vídeo.
O festival urbano de arte e música, co-organizado com a Câmara Municipal de Lisboa, decorre entre os dias 19 e 22 de Setembro no Panorâmico de Monsanto, em Lisboa, tem curadoria de Alexandre Farto aka Vhils e da plataforma Underdogs, e este ano com a especial colaboração de Shaka Lion na selecção musical. 
TRKZ - Festival Iminente Panorâmico de Monsanto, Lisboa 22 Setembro - Palco Cave - 17h30


 
         mais informação sobre TRKZ

 

05.09.2019 | by martalanca | Festival Iminente, Moçambique, música., TRKZ

LÍNGUA ☆ FRANCA

Laboratório experimental de interseção entre as artes visuais, a literatura, a performance e os estudos pós-coloniais, LÍNGUA FRANCA propõe a criação e a apresentação de duas performances da autoria de dois artistas Portugueses afro-descendentes (Vanessa Fernandes e AF Diaphra) cujas práticas artísticas se desenvolvem em torno da relação da performance com o corpo e a linguagem. As duas obras pretendem questionar o papel preponderante da Língua na construção de hegemonias colonialistas, contribuindo para uma discussão interseccional sobre preconceitos raciais e sexuais, lugar de fala e políticas de visibilidade. As peças serão apresentadas nos dias 18 e 19 de Setembro, pelas 19H00, na Sala Jorge de Sena (Biblioteca Municipal de Gaia), seguidas de uma conversa moderada por Marta Lança, investigadora do Buala, portal de crítica e documentação de questões pós-coloniais e transatlânticas, com incidência na relação entre Portugal, África e Brasil, e seus contextos sócio-culturais particulares. Um debate que promete combater preconceitos raciais e sexuais, articulando questões de género e raça, e denunciando injustiças.

Foto de Vanessa FernandesFoto de Vanessa Fernandes

Mais info: Língua Franca | Vanessa Fernandes e Ivo Reis (Capitão Igo)Língua Franca | AF Diaphra

05.09.2019 | by martalanca | Alexandre Diaphra, Língua Franca, Vanessa Fernandes

Estreia PÚBLICO-ALVO + Lançamento publicação Encontros sobre políticas da recepção e envolvimento de públicos

7-8 Set /18h / Sala Mário Viegas Estreia PÚBLICO-ALVO (documentário)

Lançamento  O PÚBLICO VAI AO TEATRO (publicação) Encontros sobre políticas da recepção e envolvimento de públicos no contexto das artes performativas’ 

Programa inserido nas comemorações dos 125 anos do S. Luiz Teatro Municipal O teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser em parceria com o São Luiz Teatro Municipal apresenta o documentário “Público-Alvo”e o lançamento da publicação “O Público vai ao Teatro - Encontros sobre políticas da recepção e envolvimento de públicos no contexto das artes performativas”. De 15 a 17 de junho de 2018, abrimos portas para Os Dias do Público, três dias de programação pensada pelos espectadores e inseridos no projecto ‘O Público vai ao Teatro’, desenvolvido pelo teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser, em coprodução com o São Luiz Teatro Municipal. O documentário ‘Público-Alvo’ de Helena Inverno, que agora estreamos em duas sessões na sala Mário Viegas, acompanha o processo de preparação e realização d’Os Dias do Público, que concluem dois anos do projecto e de envolvimento e participação dos seus participantes no dia-a-dia do Teatro São Luiz. Partindo dos ‘Laboratórios de Curadoria’, que permitiram aos participantes conhecerem vários profissionais e experiências de programação, e passando pela definição conjunta de uma linha programática, subordinada ao tema “o Teatro como Espaço Público”, chega-se à realização destes dias e à implementação de uma multiplicidade de propostas de ocupação dos diferentes espaços do edifício e de irrupção do quotidiano da cidade dentro do teatro. 

Paralelamente ao documentário, é apresentada a publicação resultante dos ‘Encontros sobre políticas da recepção e desenvolvimento de públicos no contexto das artes performativas’, que aqui aconteceram em Outubro de 2018, uma edição do teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser, coordenada por Teresa Fradique. Esta publicação, tal como os encontros realizados em Outubro, reúne contributos de diferentes agentes do sector artístico, bem como de outras disciplinas, em torno da análise das relações entre criação, programação e recepção no âmbito das artes performativas, procurando problematizar os nexos entre estes três pólos e sistematizar políticas e estratégias de envolvimento.

A 2ª edição de ‘O Público Vai ao Teatro’, um projecto de envolvimento de públicos, teve início em Outubro de 2016, fruto de uma parceria entre o teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser e o São Luiz Teatro Municipal, a Escola Básica e Secundária Passos Manuel, a Escola Superior de Educação de Lisboa, e com o apoio da Junta de Freguesia de Arroios. Ao longo da temporada de 2016/2017, três grupos (crianças, adultos e professores) realizaram  visitas guiadas ao Teatro, acompanharam espectáculos e ensaios, conheceram as equipas criativas. Na temporada 2017/ 2018, aprofundou-se o envolvimento dos participantes do projecto nas dinâmicas de programação e criação,  reflectindo-se em torno de modelos participativos de governança cultural.

Ficha técnica projecto O PÚBLICO VAI AO TEATRO

coordenação: Alfredo Martins, Anabela Almeida, Sara Duarte participantes do projecto “O Público Vai ao Teatro”: Ana Catarina Silva, Ana Soares, Ana Teresa Magalhães, Carla Flores, Catarina Soares, Clara Agapito, Fernanda Silva, Isabel Correia, Margarida Silva, Maria Margarida Galvão, Mariana Correia, Miguel Brinca, Paula Antão, Renata Brites, Ricardo Correia, Vera Silva, Viviane Almeida| coprodução: teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser, São Luiz Teatro Municipal documentário PÚBLICO-ALVO (2019, 60’) intervenientes: participantes e convidados do projecto “O Público Vai ao Teatro”,  Equipa do São Luiz Teatro Municipal, convidados dos ‘Laboratórios de curadoria’, equipas dos espectáculos e grupos programados para ‘Os Dias do Público’ | realização, imagem e montagem: Helena Inverno | apoio à realização: Verónica Castro | câmara auxiliar: Raquel Dabarra  | som: Sara Ross | mistura de som: António Porém Pires | montagem de som: Margarida Keating e Melissa Pons | produção Executiva teatro meia volta: Alfredo Martins, Anabela Almeida, Daniela Ribeiro, Sara Duarte | produção executiva São Luiz Teatro Municipal: Bruno Reis | apoio à produção: do filme: Entre Imagem | coprodução: teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser, São Luiz Teatro Municipal publicação O PÚBLICO VAI AO TEATRO - Encontros sobre políticas da recepção e envolvimento de públicos no contexto das artes performativas coordenação editorial: Teresa Fradique | revisão: Pedro Cerejo | design gráfico: Sílvia Prudêncio |  edição: teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser | apoios: República Portuguesa - Cultura/Fundo de Fomento Cultural.

05.09.2019 | by martalanca | público, teatro

REPIKÁ -concurso de design

No contexto da URDI 2019, o MCIC - Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, através do CNAD - Centro Nacional de Arte,Design e Arquitectura, lançou no dia 9 de Agosto o Edital REPIKÁ, a música como matéria criativa, um concurso de design que pretende envolver designers, artesãos, artistas, arquitectos e demais criativos no Arquipélago e na Diáspora, a refletir sobre o magnetismo deste universo da música de Cabo Verde, extraindo dele o conteúdo criativo para a conceção de um projeto de design fundado nas personagens, sentimentos ou intenções suscitados.


Aberto até ao dia 13 de Setembro, o Edital terá os 15 melhores projetos candidatos seleccionados por um júri nacional multidisciplinar e altamente qualificado. Os projetos selecionados e os convidados terão como prémioa) a execução do projeto em protótipo/peça/outro (custos assumidos pela organização); b) a exibição no Salão_Created in Cabo Verde URDI 2019; c) a presença no Catálogo; e d) o protótipo como parte integrante do espólio do Instituto Público CNAD. O melhor projeto eleito pelo júri terá o prémio monetário no valor de 60.000,00 CVE.

Para mais informações consultar o regulamento em anexo, as nossas páginas nas redes Facebook e Instagram.

05.09.2019 | by martalanca | concurso de design

ERA UMA VEZ EM GOA: identidade e memórias no cinema

4, 8, 13, 18, 22, 27 e 29 Setembro Auditório do Museu do Oriente, 18h00 Comissária | Maria do Carmo Piçarra (entrada Gratuita, mediante levantamento prévio de bilhete)

Este ciclo de filmes homenageia Paulo Varela Gomes – desvenda olhares sobre Goa antes e imediatamente após a integração do território na Índia, em 1961, além de olhares contemporâneos – documentais sobretudo –, de realizadores portugueses e goeses que problematizam cinematograficamente a sua complexidade identitária e cultural.
Nesse âmbito, são apresentados filmes de arquivos públicos – da  Rádio e Televisão Portuguesa, do Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE), da Filmoteca Española –, por vezes desprovidos de som, que serão comentados por especialistas. Em contracampo aos filmes “oficiosos”, produzidos pela propaganda, serão mostradas investigações de realizadores não goeses, como o muito pessoal Eternal Foreigner (2003), de Paula Albuquerque, e Pátria Incerta (2005), de Inês Gonçalves e Vasco Pimentel ou A Dama de Chandor (1998), de Catarina Mourão (cópia apresentada após restauro apoiado pela Fundação do Oriente). Apresentar-se-ão ainda filmes goeses contemporâneos, documentais e um filme ficcional konkani, que fixam percepções pessoais mas que atestam quer a singularidade identitária goesa quer um cuidado em fixar as alterações culturais e da ecologia do território. O primeiro filme ficcional konkani, Mogacho Anvddo (1950) foi filmado, em Goa, por Jerry Braganza, ainda durante o colonialismo português. Digant (2012), de Dnyanesh Moghe, é um filme ficcional que participa no esforço de manutenção de uma produção de cinema local, em koncani, estando ligado, pela abordagem temática, às preocupações, pela via documental, de outros realizadores goeses. Agrupados sob o título “Comunidades goesas e culturas em filmes documentais”, Caazu (2015), de Ronak Kamak; Dances of Goa (2012), de Nalini Elvino de Sousa; Shifting Sands (2013), de Sonia Filinto e Saxtticho Koddo – O Celeiro de Salcete (2018), de Vince Costa reflectem sobre práticas ancestrais que estão hoje ameaçadas. Neste encontro, entre Portugal e Goa através do cinema, I Am Nothing, de Ronak Kamat, fixa aspectos da vida e obra de Vamona Navelcar, um dos maiores vultos da pintura na Índia, que afirma a sua identidade goesa sem esquecer nunca a sua ligação a Portugal.

1ª SESSÃO
4 Setembro | 18.00 – Auditório
ETERNAL FOREIGNER (2003, 28’), de Paula Albuquerque
PÁTRIA INCERTA (2005, 52’), de Inês Gonçalves, Vasco Pimentel
Com a presença de Paula Albuquerque, Inês Gonçalves e Vasco Pimentel
Após a projecção, conversa com moderação de Maria do Carmo Piçarra
Nas palavras de Paula Albuquerque Eternal Foreigner é um curto e muito pessoal home movie de 2003 que filmei em Goa, enquanto estudante da Rietveld Academy em Amesterdão. Usando uma miniDV barata e minúscula como meio de pensar os meus encontros com pessoas várias relacionadas com o passado da minha família, acabei por descobrir surpreendentes aspectos da minha identidade cultural/emocional. Linhas de fuga que ainda hoje influenciam o meu trabalho”.
Pátria Incerta olha para o génio que o povo colonizado revela ao produzir uma síntese civilizacional própria. “Durante 450 anos, Goa fez parte do império colonial português, de costas voltadas para o resto da Índia. Nos primeiros 60 anos da ocupação, metade da população (intensamente culta, intensamente estruturada, intensamente hindu) foi forçada a converter-se à religião católica. Tal como o clima húmido de Goa dificulta o sarar das feridas, também o passado parece não conseguir cicatrizar. A memória da cultura portuguesa sobrevive em Goa e revela-se à vitalidade da cultura hindu, nunca enfraquecida, presente por toda a parte - até nos católicos goeses, descendentes de hindus convertidos”.

2ª SESSÃO

8 Setembro | 18.00 – Auditório
A DAMA DE CHANDOR (1998, 93’), de Catarina Mourão
Projecção de cópia nova, restaurada com apoio da Fundação Oriente, com a presença de Catarina Mourão
Após a projecção, conversa com moderação de Maria do Carmo Piçarra
Passadas três décadas sobre a sua integração na União Indiana e a sua libertação face ao poder colonial português, Goa surpreende por nela coexistirem culturas diversas e uma sociedade que se encontra estranhamente cristalizada no tempo. Aida, a “dama de Chandor”, tem oitenta anos e vive sozinha num palácio perdido numa aldeia goesa. Este documentário conta a sua história, acompanhando o seu esforço diário para preservar a todo o custo a casa onde vive, símbolo visível e palpável da sua identidade que ela sente ameaçada. A “dama de Chandor” e a sua casa confundem-se. Aida terá de viver até garantir que a casa lhe sobrevive.
3ª SESSÃO
13 Setembro | 18.00 – Auditório
VITÓRIA OU MORTE – QUEDA DA ÍNDIA PORTUGUESA  (2002, 54’20’’), de Pedro Efe
Com a presença de Catarina Efe
Após a apresentação, comentário por Nuno Vassallo e Silva e Jason Keith Fernandes, com moderação de Maria do Carmo Piçarra
No conturbado ano de 1961, um acontecimento, entre muitos outros, vem abalar profundamente as fundações do regime salazarista: a anexação de Goa, pelas tropas da União Indiana, a 17 de Dezembro.
Ao longo de 14 anos – desde que, pela primeira vez, a Índia passou a reivindicar a integração de Goa, Damão e Diu no país recentemente independente – a tensão cresce entre Portugal e a União Indiana, apesar da mediação da ONU e de outras instâncias internacionais.
Na crença de que o pacifista Nehru não usaria da força contra o “solo sagrado” da pátria portuguesa, Salazar fica profundamente abalado com o ataque.
Uma força de 50.000 homens com equipamentos modernos cercou as colónias portuguesas de Goa, Damão e Diu defendidas apenas por um efectivo de 3.500 militares portugueses.
4ª SESSÃO
18 Setembro | 18.00  – Auditório
I AM NOTHING (2019, 50’)*, de Ronak Kamat
Após a projecção, conversa com Rosa Maria Perez e outros convidados, com moderação de Maria do Carmo Piçarra.
I Am Nothing é uma investigação sobre a vida e obras do lendário e enigmático artista goês-português, Vamona Navelcar. O filme fixa o seu processo criativo e tenta compreender o pensamento por detrás das suas obras, enquanto recolhe opiniões profundas e perspicazes sobre e pelo homem conhecido informalmente conhecido como ‘o artista de três continentes’”.
*Filme em inglês
5ª SESSÃO
22 Setembro | 18.00 – Auditório
Comunidades goesas e culturas em filmes documentais *
Após a projecção, conversa com Jason Keith Fernandes, moderada por Maria do Carmo Piçarra
CAAZU (2015, 7’58’’), de Ronak Kamak
DANCES OF GOA (2012, 26’36”), de Nalini Elvino de Sousa
SHIFTING SANDS (2013, 28’47’’), de Sonia Filinto
SAXTTICHO KODDO – O CELEIRO DE SALCETE (2018, 37’50’’), de Vince Costa

Caazu, de Ronak Kamak, mostra a produção artesanal de fenim de caju, uma aguardente, nas remotas aldeias de Goa; Dances of Goa, de Nalini Elvino de Sousa, fixa os estilos de vida, rituais e costumes que se revelam nas danças tradicionais das aldeias de Goa; Shifting Sands, de Sonia Filinto, aborda a pesca tradicional, o modo de vida das comunidades piscatórias e as ameaças ao seu estilo de vida e ambientais com que se confrontam. Saxtticho Koddo – O Celeiro de Salcete, de Vince Costa documenta os costumes da aldeia de Curtorim, na região de Salcete, subjacentes à sua herança agrária. Este documentário explora a relação da agricultura com a identidade Goesa e as ameaças à sua existência e própria subsistência dos seus habitantes.
*À excepção de Saxtticho Koddo – O Celeiro de Salcete, com legendas em português, todos os filmes são falados /legendados em inglês.
6ª SESSÃO
27 Setembro | 18.00 – Auditório
RANMALE (10’)*
DIGANT (2012, 96’)
de Dnyanesh Moghe
Filme konkani, Digant conta a história de um pastor, chefe de uma família, que deambula na floresta com as suas ovelhas, acompanhado pelo filho pequeno. Pertence a uma tribo nómada e morar permanentemente numa casa é algo estranho para ele e para a comunidade a que pertence. Por insistência do um professor, o seu filho começa a frequentar a escola. Quando este cresce, sonha tornar-se arquitecto enquanto Pangim, onde estuda, se transforma também, rapidamente. É antecedido por Ranmale, também de Dnyanesh Moghe, sobre a dança ritual homónima integrada na celebração da invocação Garane, em que participa toda a aldeia.
*Filmes em inglês
7ª SESSÃO
29 Setembro | 18.00 – Auditório
Goa nos arquivos
Sessão comentada por Jacinto Godinho e Maria do Carmo Piçarra
CHUVAS DE MONÇÃO EM GOA
NATAL DOS SOLDADOS PORTUGUESES EM PANGIM
CHEGADA DE REFUGIADOS A LISBOA
MANUEL VASSALO E SILVA É DISTINGUIDO NA ÍNDIA

Blocos noticiosos do arquivo da RTP (total 15’)

EN LA INDIA PORTUGUESA: GOA DE AYER Y DE HOY (1952, 9’50”)
 Imagenes / Filmoteca Española

OPERAÇÃO DE SEGURANÇA NO ESTADO DA ÍNDIA (1955, 11’, sem som)
N/S | Centro de Audiovisuais do Exército Português

RUMO À ÍNDIA (1959, 19’, sem som)**
Miguel Spiguel | Centro de Audiovisuais do Exército Português

HONRA À ÍNDIA PORTUGUESA (1961, 19’, sem som)
Imagens de Portugal nº 239, Perdigão Queiroga | Centro de Audiovisuais do Exército Português

Sessão que reúne curtas-metragens de arquivo relativas a Goa. Alguns dos filmes, apresentados pelo valor histórico, apresentam degradação cromática e perderam a banda de som. Em todos os casos, as imagens serão comentadas pelos convidados.
Filmado por ocasião das comemorações do centenário de S. Francisco Xavier, En la India Portuguesa: Goa de Ayer y de Hoy atesta como o regime de Franco apoiou a política colonial do Estado Novo. Operação de Segurança no Estado da Índia conta a versão do Estado Novo sobre os acontecimentos junto à fronteira que, em 1955, aumentaram a tensão entre o regime português e o governo indiano. Miguel Spiguel foi o realizador que mais filmou o “Oriente português”. Em 18 de Maio de 1959 estrearam, no cinema Império, em Lisboa, várias curtas-metragens realizadas por Spiguel relativas à chegada a Goa de Vassalo e Silva, entre outros temas, sendo que Rumo à Índia mostra a chegada de tropas ao território. Honra à Índia Portuguesa é uma edição especial da série de actualidades cinematográficas de propaganda Imagens de Portugal, patrocinada pelo Secretariado Nacional da Informação, e evoca o historial da tensão relativo à “questão de Goa” para afirmar que o território foi anexado ilegalmente.
Parceria RTP

05.09.2019 | by martalanca | cinema, Goa