50.º aniversário da Independência de São Tomé e Príncipe: Ato de Homenagem à família Graça do Espírito Santo,

No âmbito das comemorações do 50.º aniversário da Independência Nacional de São Tomé e Príncipe, em Lisboa, em 10 de julho, às 11h00, o embaixador santomense Esterline Gonçalves Género vai inaugurar uma placa comemorativa na entrada do edifício Rua Actor Vale 37, Alameda, em Lisboa, 10 de julho, às 11h00
No 1.º andar esquerda deste prédio ficava a residência lisboeta da família santomense Graça Espírito Santo, dirigida por Andreza Graça do Espírito Santo (1906-89), conhecida por “tia Andreza”. Os seus irmãos Januário Graça do Espírito Santo (1896-1967) e Salustino Graça do Espírito Santo (1892-1965) tinham alugado esta casa para os filhos que vinham estudar em Portugal. 
No período de 1951 a 1954, realizaram-se nesta residência os encontros do famoso Centro de Estudos Africanos (CEA), uma tertúlia de africanos nacionalistas da Casa dos Estudantes do Império (CEI), considerado um precursor dos movimentos de libertação das antigas colónias portuguesas em África. O CEA foi criado por Mário Pinto de Andrade (Angola, 1928-90), Agostinho Neto (Angola, 1922-79), Amílcar Cabral (Cabo Verde-Guiné, 1924-73) e Francisco José Tenreiro (STP-Portugal, 1921-63) e frequentado por Alda Graça Espírito Santo (STP, 1926-2010), Guilherme Espírito Santo (STP, 1928-60), António Tomás Medeiros (STP, 1931-2019), Noémia de Sousa (Moçambique, 1926-2002) e muitos outros. The Wealth of History of the Small African Twin-Island State São Tomé and Príncipe - Cambridge Scholars Publishing

02.07.2025 | by martalanca | Casa dos Estudantes do Império

Alfredo Margarido: um pensador livre e crítico

EXPOSIÇÃO | Biblioteca Nacional de Portugal | Sala de Exposições - Piso 2 | Entrada livre | até 31 Maio. Homenagem à figura multifacetada de Alfredo Margarido,  comissariada por Isabel Castro Henriques.

Professor, ensaísta, crítico literário, ficcionista, poeta, jornalista, tradutor, artista plástico, historiador, antropólogo, sociólogo, politólogo, Alfredo Margarido (1928, Moimenta, Vinhais - 2010, Lisboa) foi “um dos pensadores mais lúcidos da nossa realidade… observação que imediatamente se vai transformando em conhecimento, saber e discurso” (Perfecto Cuadrado, 2007).
Viveu em Bragança a sua infância, depois Viana do Castelo, o Porto, Lisboa e as prisões da PIDE, tendo-se instalado em meados dos anos 50 em São Tomé e Príncipe e depois em Angola. Expulso deste território pela polícia política, regressou a Lisboa em 1958, onde dirigiu o “Diário Ilustrado”, trabalhou na Guimarães Editora e fez crítica literária, utilizando a palavra para denunciar o regime, o que lhe valeumais e mais prisão. Foi um dos mais destacados intelectuais ligados à Casa dos Estudantes do Império (CEI) para a qual organizou, nos anos 60, antologias de poetas angolanos, moçambicanos e são-tomenses, tendo sido activo colaborador da Mensagem, o boletim da CEI.
O exílio levou-o para Paris (1964) onde se formou em Sociologia na École Pratique des Hautes Études, mais tarde École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), cujos quadros veio a integrar como investigador. Enquanto professor leccionou em várias universidades francesas, em Paris, Vincennes, Amiens, e após o 25 de Abril de 1974, em Lisboa e no Brasil, continuando a sua actividade docente em Paris, na EHESS e na Universidade de Paris I Panthéon-Sorbonne.

Da sua vasta obra, muita da qual dispersa por obras colectivas – estudos, capítulos, introduções, prefácios, postfácios –, jornais e revistas culturais e científicas, nacionais e estrangeiros, destaque-se, no ensaio, Teixeira de Pascoais (1961), Negritude e Humanismo (1964), Jean-Paul Sartre (1965), A Introdução do Marxismo em Portugal (1975), Estudos Sobre as Literaturas das Nações Africanas de Língua Portuguesa (1980), Plantas e Conhecimento do Mundo nos Séculos XV e XVI (1989), As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos (1994) ou A Lusofonia e os Lusófonos: novos mitos portugueses (2000). Na poesia publicou Poemas com Rosas (1953) e Poema Para Uma Bailarina Negra (1958). Na ficção, integrou-se na tendência do nouveau roman, publicando No Fundo Deste Canal (1960), Centopeia (1961) e As Portas Ausentes (1963). Com Artur Portela Filho preparou O Novo Romance (1962) texto divulgador dessa tendência literária. Investigador da cultura portuguesa, estudou Fernando Pessoa, mas igualmente Camões ou Jorge de Sena; também as problemáticas africanas estão presentes numa obra ensaística e crítica, multidisciplinar e incontornável, bem como na sua intervenção cívica. Traduziu James Joyce, Nathalie Sarrautte, Jonh Steinbeck, Nietzsche ou Herman Melville. Uma parte da sua obra plástica foi reunida em 33+9 Leituras Plásticas de Fernando Pessoa (1988) e em Obra Plástica de Alfredo Margarido (2007).

15.04.2012 | by franciscabagulho | Alfredo Margarido, Casa dos Estudantes do Império, Mensagem