UTOPIAS > Conferência de Alexei Yurchak > 12 janeiro

Para o povo soviético, o colapso do Estado surgiu como uma surpresa completa e, ao mesmo tempo, como algo de natural. Esse evento dramático revelou um paradoxo presente no seio do sistema soviético: se a maioria dos seus cidadãos experimentava este sistema como eterno e imutável, também tinham estado sempre preparados para a sua desintegração. No livro Everything Was Forever, Until It Was No More: The Last Soviet Generation [Tudo foi para sempre, até não o ser mais: a última geração soviética], Alexei Yurchak, professor de Antropologia na Universidade de Califórnia, Berkeley, usa este paradoxo como ponto de partida para a análise da vida soviética durante o período do “socialismo tardio”. Por um lado, a imagem do socialismo que emerge neste livro é muito diferente dos estereótipos que reduzem a realidade soviética a um simplismo binário: estado de opressão versus resistência popular, cultura oficial versus não oficial, linguagem totalitária versus linguagem privada, mentira pública versus verdade escondida. Por outro, o próprio conceito de hipernormalização que Yurchak introduz revela-se potencialmente útil para análise de outros sistemas políticos, como comprovou o célebre documentário de Adam Curtis, HyperNormalisation, estreado em 2016. Nesta conferência, Alexei Yurchak discutirá os argumentos principais do seu livro, estendendo esta reflexão à análise do capitalismo contemporâneo.

 

11.01.2017 | by marianapinho | Alexei Yurchak, antropologia, capitalismo, Estado, socialismo, Teatro Maria Matos, União Soviética, Utopias

Conferência Internacional “Activismos em África”

ISCTE-IUL
11 a 13 janeiro 2017

O Centro de Estudos Internacionais (CEI-IUL) do ISCTE acolhe, nos próximos dias 11 a 13 de janeiro, a Conferência Internacional Ativismos em África. Evento inédito em Portugal, trata-se da primeira reunião de investigadores e ativistas dedicada ao debate sobre os movimentos sociais no continente africano.
A Conferência será iniciada no dia 11 de janeiro com o Fórum de Ativistas, no qual estarão presentes organizações e movimentos ativistas de Portugal e Angola, como a Plataforma de Afrodescentes em Portugal, o SOS Racismo e a Femafro, entre outras.
A mesa de abertura contará com as intervenções de Leo Igwe (ativista nigeriano pela liberdade religiosa), Juan Tomás Ávila (escritor e ativista da Guiné Equatorial pró-democracia) e Luaty Beirão (rapper e ativista angolano). O encerramento terá a presença dos investigadores Pedro Neto (CEI-ISCTE IUL) e Nancy Dantas (Universidade do Cabo – África do Sul) e do ativista angolano José Marcos Mavungo. Durante a conferência decorrerá uma feira do livro, lançamento dos livros: “My way from Congo to Europe: between resistance, flight and exile” de Emmanuel Mbolela; “Sou Eu Mais Livre, Então. Diário de um preso político angolano” de Luaty Beirão e “A Sociedade Civil e o Estado na Guiné-Bissau: dinâmicas, desafios e perspectivas” de Miguel de Barros, e ainda uma mostra de documentários.
A programação completa e outras informações estão disponíveis no site da Conferência: http://cei.iscte-iul.pt/activismsinafrica/pt/

Para mais informações, por favor contactar:
Magda Bialoborska, magdabi@gmail.com
Mojana Vargas mojanavargas@gmail.com

06.01.2017 | by marianapinho | angola, Ativismos em África, Femafro, Fórum de Ativistas, Plataforma de Afrodescentes em Portugal, Portugal, SOS Racismo

Catchupa Factory – Projecto Colectivo

Curadoria de António Júlio Duarte e Diogo Bento


No âmbito da iniciativa Catchupa Factory – Novos Fotógrafos, lançada em Maio de 2016, realizou-se o Curso Avançado de Projecto em Fotografia, com a participação de 12 fotógrafos cabo-verdianos provenientes de diferentes ilhas.
Pretendia-se incentivar o desenvolvimento de um projecto fotográfico documental dando particular ênfase ao trabalho de edição e de construção de sequências narrativas. Ao exercício proposto, todos responderam de forma praticamente unívoca: tendo como pano de fundo a cidade do Mindelo, os trabalhos apresentados reflectiam preocupações de ordem social, cultural e económica.
Partindo de um maior ou menor conhecimento da cidade (e fazendo-o com recurso a diferentes estratégias), cada um dos autores acabou por percorrer ou habitar diferentes espaços (não é a própria fotografia, também, um acto performativo?). Em alguns casos é nos lugares de maior intimidade que se desenvolve a narrativa, sendo que outros fotógrafos foram obrigados a deslocar-se em território até então desconhecido. Dentro de uma esfera tão ampla de abordagens, talvez a característica mais visível seja uma atitude de transgressão relativamente às noções de centro e periferia. Numa cidade em que a própria geografia e o desenvolvimento urbanístico determinam de forma tão vincada sociabilidades distintas, vemos nestes trabalhos como as diferentes fronteiras e centralidades acabam por ser corrompidas.
Foram estes aspectos que quisemos destacar no processo de deslocamento dos projectos fotográficos para esta plataforma eminentemente visual e interactiva. De que forma a dispersão e localização das tomadas de vista foram condicionadas pela biografia de cada autor, por sentimentos de pertença, distanciamento, curiosidade ou desejo?
A Catchupa Factory – Novos Fotógrafos é uma iniciativa da AOJE e contou com o apoio do Ministério da Cultura de Cabo Verde e da Fundação Calouste Gulbenkian; o Curso de Projecto foi orientado por António Júlio Duarte e Diogo Bento e teve a participação de Pedro dos Reis (da RAUM) e Miguel Rodrigues que entre 16 e 18 de Maio conduziram um workshop e conversa sobre a fotografia e o espaço digital, no âmbito da iniciativa Raum: em Cabo Verde, com o apoio da Direção-Geral das Artes.

ver aqui 

04.01.2017 | by martalanca | António Júlio Duarte, cabo verde, Catchupa Factory, Diogo Bento, residências artísticas