Photography in Portuguese Colonial Africa, 1860–1975

This edited collection presents the first critical and historical overview of photography in Portuguese colonial Africa to an English-speaking audience. Photography in Portuguese Colonial Africa, 1860–1975 brings together sixteen scholars from interdisciplinary fields as varied as history, anthropology, art history, visual culture and museum studies, to consider some of the key aspects in the visual representation of the longest-lasting European colonial empire in the African continent. The chapters span over two centuries and cover five formerly colonial territories – Angola, Cabo Verde, Guinea-Bissau, Mozambique, and São Tomé and Príncipe – deploying a range of methodologies to explore the multiple meanings and the contested uses of the photographic image across the realms of politics, science, culture and war. This book responds to a marked surge of international interest in the relationship between photography and colonialism, which has hitherto largely overlooked the Portuguese imperial context, by delivering the most recent scholarly findings to a broad readership.

12.10.2023 | by martalanca | Photography in Portuguese Colonial Africa

Onde Vamos Morar?:

12 outubro a 18 outubro no Cinema Ideal

Andy Rector, a propósito da edição em DVD de As Operações SAAL, de João Dias, e sobre a privação do direito à habitação, programa o ciclo Onde Vamos Morar?:

Um ciclo de filmes sobre a traição ao direito à habitação. Não se trata de um evento sociológico, trata-se simplesmente de uma seleção de filmes – sete noites no cinema – sobre o problema da habitação, extraídos da história do cinema. São filmes feitos do lado dos oprimidos, dos enganados, dos despejados, dos acossados: pensionistas idosos, jovens desempregados, grevistas, mineiros, pedreiros, biscateiros, alcoólicos, veteranos de guerra a tentar refazer a vida, cozinheiros de cantinas, mães, irmãs, vagabundos, trabalhadores temporários, gente sem casa. Andy Rector

'As Operações SAAL' de João Dias'As Operações SAAL' de João Dias

Programa:

12 out
AS OPERAÇÕES SAAL de João Dias
2007, 127’ Portugal; com a presença do realizador

13 out
LES MAISONS DE LA MISÈRE Houses of Poverty de Henri Storck
1936, 29’ Bélgica; francês com legendas em inglês
MISÈRE AU BORINAGE Misery in Borinage de Henri Storck, Joris Ivens
1934, 34’, Bélgica; francês com legendas em inglês
KUHLE WAMPE ODER: WEM GEHÖRT DIE WELT? A Quem Pertence o Mundo? de Slatan Dudow, Bertolt Brecht
1932, 70’ Alemanha; alemão com legendas em inglês (restaurado em 2020)
duração da sessão: 133’

14 out
THE GOLDEN LOUIS 1909, 7’ EUA; THE USURER 1910, 17’ EUA; ONE IS BUSINESS, THE OTHER CRIME 1912, 15’ EUA – de D. W. Griffith *
filmes mudos, com legendas em inglês – sem acompanhamento musical
IL RITORNO DEL FIGLIO PRODIGO – UMILIATI: CHE NIENTE DI FATTO O TOCCATO DA LORO, DI USCITO DALLE MANI LORO, RISULTASSE ESENTE AL DIRITTO DI QUALCHE ESTRANEO (OPERAI, CONTADINI – SEGUITO E FINE)
O Retorno do Filho Pródigo – Humilhados: Que Nada Feito ou Tocado Por Eles, Nada Saído das Mãos Deles, Resultasse Livre do direito de Algum Estranho (Operários, Camponeses – Continuação e Final)
de Jean-Marie Straub, Danièle Huillet. 2003, 64’ Itália, França, Alemanha
Italiano com legendas em português – Restauro Digital
O NOSSO HOMEM de Pedro Costa
2010, 26’ Portugal (português e crioulo, legendas em português)
duração da sessão 123’

15 out
CHICAGO CALLING! de John Reinhardt *
1951, 75’ EUA – VO Inglês, não legendado
BUNKER HILL de Kent Mackenzie *
1956, 18’ EUA – VO Inglês, não legendado
THE FINAL INSULT de Charles Burnett *
1997, 55’ EUA – VO Inglês, não legendado
duração da sessão: 143’, com intervalo

16 out
MAN’S CASTLE A Vida é um Sonho de Frank Borzage
1933, 75’ EUA; VO inglês, não legendado (Cópia Digital 4K)
ANNUSHKA de Boris Barnet *
1959, 89’ URSS; russso com legendas em inglês
duração da sessão: 164’, com intervalo

17 out
MINGUS de Thomas Reichman *
1968, 58’ EUA; VO inglês não legendado
EL BRUTO O Bruto de Luis Buñuel
1953, 81’ México; espanhol com legendas em português
duração da sessão: 139’, com intervalo

18 out
JUVENTUDE EM MARCHA de Pedro Costa
2006, 155’ Portugal; português e crioulo com legendas em português

11.10.2023 | by martalanca | cinema Ideal, habitação, SAAL

II Festival Eufémia – Perspectivas de Género e Identidades em Cena

A 2ª edição do Festival Eufémia – Perspectivas de Género e Identidades em Cena decorre, de 31 de Outubro a 5 de Novembro, em Lisboa, na Biblioteca de Marvila, no Auditório Camões e no Mercado de Culturas. A programação é composta por espectáculos de teatro, performances, concertos, formações em artes cénicas, diálogos e mostras de fotografia. A curadoria do festival pensa as artes cénicas como uma poderosa ferramenta de expressão e transformação artística, social e política.

O II Festival Eufémia tem como tema “Perspectivas de Género e Identidades em Cena” e procura sublinhar o reconhecimento da pluralidade de identidades possíveis e a necessidade de reinventar uma linguagem cada vez mais empática e equitativa para com a diversidade. Procura, também, sustentar a especificidade das diferentes lutas neste âmbito. A programação inclui propostas de pessoas com identidades diversas, que expressam, resistem e transformam a partir do compromisso de construir uma ligação entre a criação artística, a sua história pessoal e os contextos sociais e políticos concretos em que estão inseridas. 

O Festival é idealizado e promovido pelo grupo Eufémias, constituído, em 2020, por seis artistas, investigadoras e formadoras da Argentina, do Brasil e de Portugal. Chama-se Eufémia, porque o nome remete para as lutas pela igualdade de oportunidades, para as denúncias contra as diferentes violências sistémicas, pelo direito e o dever de dizer não, assim como pelo direito e o dever de fazer algo para expor as formas de opressão, dependência e violação de direitos.

Espectáculos: histórias habitadas 

As propostas do II Festival Eufémia em termos de espectáculos de teatro e performances abarcam criações de mulheres oriundas de países como Argentina, Brasil, Palestina, Peru e Portugal, politicamente engajadas e com fortes mensagens artísticas e sociais a transmitir. O programa está sustentado em dramaturgias que abordam temas como a cosmovisão andina, a história de mulheres palestinianas no exílio ou processos de auto-ficção que destacam a potência performativa de corpos dissidentes. Decorrem, na sua maioria, no Auditório da Biblioteca de Marvila. 

No dia de abertura, dia 31 de Outubro, véspera de feriado, às 21h, sobe à cena a peça Rosa Cuchillo (Rosa Faca), de Ana Correa, uma história de uma causa de amor. Rosa Cuchillo é a mãe que procura, além da morte, o seu filho desaparecido, percorrendo outros mundos. A acção cénica foi criada para ser apresentada em mercados andinos do interior do Peru. Rosa Cuchillo irrompe no quotidiano das pessoas do povo e surpreende-as com um diálogo com a teatralidade através da fábula, da dança, do rito, do concreto, do onírico, da imagem e da música. Esta peça procura remexer na memória para gerar um novo olhar sobre a História vivida nos últimos vinte anos no país. 

Na quarta-feira, dia 1 de Novembro, às 21h, o Festival apresenta Blanca es la Noche (Branca é a Noite). Trata-se de um espectáculo de teatro com dramaturgia e encenação de Julia Varley, do Odin Teatret (Dinamarca), e interpretação de Ana Woolf (Argentina). É inspirado em poemas de Hilda Hilst e na história da poeta italiana Alda Merini, que passou anos da sua vida num hospital psiquiátrico, tendo conseguido sobreviver graças à escrita dos seus poemas. Inspira-se, também, no conto “Miss Algrave”, de Clarisse Lispector, onde a protagonista, uma mulher, experimenta uma revelação de amor. A história não pode ser partilhada, porque ninguém acreditaria nela. As suas palavras permanecem fechadas, afogadas no seu corpo. 

Desta vez no Auditório da Escola Secundária de Camões, dia 2 de Novembro, às 15h15, teremos a performance Corpo na Trouxa, de Shahd Wadi, sobre a história do exílio da sua família palestiniana. É uma trouxa que embrulha a vida de um corpo que reside na “fronteira”. Num ato e desato que ocorre ao longo deste espectáculo, o corpo de Shahd torna-se palestiniano, tal como a sua liberdade. Uma performance-trouxa que ainda não existe e é apenas um sonho de regresso. Um manifesto de resistência.

Também dia 2, mas às 21h, Sanara Rocha apresenta Entre Pele, Sangue e Ossos, no Auditório da Biblioteca de Marvila. Esta palestra-ritual performativa aborda o tabu sobre o sangue menstrual feminino como uma justificação para a interdição das mulheres no território percussivo sagrado e noutros espaços simbólicos, problematizando as conotações negativas atribuídas a esse ritual fisiológico, bem como ao corpo da mulher ao longo da história. Questionando a influência da cultura patriarcal por trás das imagens estigmatizantes da mulher como uma entidade negativa, perigosa ou inferior, a palestra pauta-se por textualidades míticas yorubanas presentes no quotidiano afrobrasileiro e na ritualização performativa dos caminhos para uma ética descolonial de género.

Em Confesiones (Confissões), Ana Correa partilha com o público o seu processo criativo em constante diálogo com as personagens criadas nas obras do seu grupo de teatro, Yuyachkani, especialmente as que surgiram durante o período da violência política no Peru. Importa lembrar que o Yuyachkani é um dos mais significativos representantes do chamado teatro de grupo na América Latina. Nascido há 52 anos, é pioneiro no campo da criação colectiva, da experimentação e da performance política. Confissões liga-nos a uma actriz que assume o teatro como um modo de vida, pelo que podemos ver a fusão da sua condição de mulher, mãe, cidadã e actriz, onde presença e personagem se posicionam numa ténue fronteira entre ficção e realidade. Aqui, Ana Correa expõe-se como pessoa e personagem do seu próprio trabalho. Decorre dia 3 de Novembro, às 21h.

De quarta a sábado, 1 a 3 de Novembro, ao fim do dia, e dia 4, também à tarde, decorre a performance-Instalação From Above/Do Alto, de Sílvia Almeida, em vários espaços da Biblioteca de Marvila. “Do Alto” é um lugar. Mas “Do Alto” é, também, o nome pelo qual é conhecida uma mulher. Uma mulher de lugares certos. Pertence a uma terra, a uma casa, a um banco junto à lareira, a uma pedra à beira do caminho, de onde observa pacientemente o mundo. Na hora em que o seu lugar de pertença passou a ser outro, os lugares que eram só seus ficaram cheios de ausência. Esta performance/instalação para uma pessoa de cada vez resulta dessa experiência de habitar os lugares de outrem.

Espectaculo_Confesiones © Gonzalo Santa Cruz VitalEspectaculo_Confesiones © Gonzalo Santa Cruz Vital

Dia 4, às 21h, é a vez de Exercício para Performers Medíocres, uma performance a solo, onde Tita Maravilha ou “a pior das actrizes”, nos propõe um exercício que é “essencialmente triste e naturalmente ruim”. Este espectáculo toma o fracasso como potente pedagogia e baseia-se no processo de autoficção da performer, mas também na metalinguagem contemporânea do humor que perpassa nas suas cicatrizes.

Domingo, dia 5 de Novembro, durante a tarde, acontece a Parada Final, um percurso na rua, em Marvila, no qual as várias pessoas que integram o II Festival Eufémia apresentam intervenções artísticas. O evento conta com a participação livre da comunidade em geral. 

Música activista

Na abertura do festival, dia 31 de Outubro, as Fio à Meada actuam no Auditório da Biblioteca de Marvila. Cantam e reinterpretam a música tradicional portuguesa, num diálogo entre as vozes polifónicas e o adufe. Trazem canções, estórias e vidas de mulheres: lavadeiras, ceifeiras, mondadeiras, mães e filhas. São canções de trabalho, de resistência no feminino, de raízes e de construção de liberdade.

No Pátio da Biblioteca de Marvila, no sábado, dia 4 de Novembro, a cantora e compositora Rosana Peixoto leva-nos numa viagem pela complexidade e diversidade musicais afro-brasileiras e indígenas. De voz poderosa e sentimental, os seus ritmos são, ao mesmo tempo, sofisticados e ancestrais, mantendo vivos os sons regionais e a herança musical do Brasil.

Para encerrar o festival (dia 5 de Novembro), teremos o concerto de Fado Bicha, projecto musical, performativo e activista criado por Lila Fadista, na voz e nas letras, e João Caçador, na composição e nos instrumentos. Tomando o Fado como principal ferramenta de trabalho, propõem uma exploração livre desse património, que ultrapassa algumas barreiras rígidas do Fado tradicional actual, particularmente a normatividade de género e o apagamento das contribuições e das experiências das pessoas LGBTQIA+, mas também a própria doutrina musical do que cabe dentro da denominação Fado, esticando musical e liricamente as fronteiras do seu domínio. O concerto é no Auditório da Biblioteca de Marvila.

Corpografias, diálogos para reflectir e formações em artes cénicas

A programação do II Festival Eufémia inclui, também, uma Residência Artística, Diálogos e Formações. Com início antes do Festival, a 30 de Setembro e até 5 de Novembro, aos sábados de manhã, em Marvila, decorre a residência Corpografias Políticas: Deixa-me Falar!, conduzida pelo Grupo Eufémias, com a participação de mulheres e jovens dos bairros de Marvila. Os resultados desta residência serão apresentados no dia 5, às 18h, no pátio da Biblioteca.

Os diálogos acompanham a programação dos espectáculos, como momentos de reflexão, discussão e partilha sobre os temas que o Festival propõe. No Auditório Camões, teremos: Corpos, identidades de género e capacidades dissidentes, com Alexa Santos (PT), Ana Lúcia Santos (PT), Paolle Santos (BR) e Joana Reais (PT) (2/11, às 17h); Palavras que me servem: uma palestra-performance sobre Linguagem Inclusiva, de André Tecedeiro e Laura Falésia (3/11, às 15h15); Narrativas em disputa: literatura, perspectivas de género e resistência, com André Tecedeiro (PT), Laura Falésia (PT), Cheila Rodrigues (PT), da Livraria das Insurgentes, e Lorena Travassos (BR), da Greta Livraria (3/11, às 17h). Na Cafetaria da Biblioteca de Marvila, teremos Políticas culturais, activismo e reivindicação da ocupação de espaços artísticos, com Diana Niepce (PT), Sanara Rocha (BR), Keli Freitas (BR) e Lila Tiago (PT) (4/11, às 16h). Todas estas sessões são de entrada livre.

Espectaculo_Entre pele sangue e ossos © Karol Machado Espectaculo_Entre pele sangue e ossos © Karol Machado

As formações são destinadas a profissionais e ao público em geral e decorrem no Mercado de Culturas, no Ginásio da Pena, na Sala Multiusos da Biblioteca de Marvila e no Auditório da Biblioteca de Marvila. Têm início no dia 31 de Outubro, de manhã, com Ana Woolf e Ana Correa, na formação Corpo Cénico, Palavra e Acção. Também nesse dia, mas à tarde, Sanara Rocha orienta Mulheres, Tambores e Poéticas Futuristas. Na sequência desta formação, algumas participantes serão convidadas a participar na palestra-ritual da formadora, Entre Pele, Sangue e Ossos (dia 2, às 21h). Dia 1, será a vez de Marisa Paulo dar a formação Da Raiz ao Movimento. Elisa Rossin facultará Máscara Auto-retrato: Descobertas de Si, no dia 3. E, finalmente, teremos, no dia 5, a formação O Saber do Corpo, com Diana Niepce. Para mais informações e inscrições consultar eufemias.pt. 

Mostras de Fotografia: transição, ameaça e descoberta de si

Ao longo da semana do Festival, é possível visitar três mostras de fotografia na Biblioteca de Marvila, todos os dias, entre as 10h e as 21h.

Tell Me Your Infinity, partilha com o público o processo da residência artística “Máscara auto-retrato: descobertas de si”, coordenada pela artista Elisa Rossin no âmbito do projecto Art & Craft Refúgio, no Largo Residências, durante Fevereiro de 2023. Trata-se da produção de máscaras biográficas, um processo que representa uma viagem metafórica de auto-descoberta que revela diferentes camadas da identidade de cada pessoa e as suas várias possibilidades de representação visual e poética. Na exposição, encontram-se as máscaras criadas por quem participou na residência, bem como os registos realizados pelo fotógrafo João Tuna. 

Trans_Acção, de Diana V. Almeida, apresenta uma selecção de fotografias que documentam o processo de transição de género de Alexandre L., amigo de longa data da autora. As imagens foram recolhidas em cinco sessões, entre 2018 e 2022. Testemunham diversos momentos do movimento de mudança de Alexandre, desde o sonho de poder vir a gerar outro corpo, lugar de nova subjectividade, passando pelo jogo com diversos estereótipos de representação de género, até à assunção de um lugar orgulhosamente (trans)masculino. 

Utopía Amenazada, de Maurício Centurión, fotógrafo argentino que, entre 2022 e 2023, esteve em Rojava, Curdistão sírio, para registar o território rebelde dez anos após a revolução: as realizações, os desafios e a actual guerra declarada pela Turquia. Na sua versão completa, a mostra fotográfica “Utopia Ameaçada” apresenta trinta e cinco fotografias que retratam as mulheres e a autodefesa, a ameaça e violência constantes por parte do governo turco, os assassinatos de civis através de drones, a situação actual com o Estado Islâmico e o terramoto de 2023. No II Festival Eufémia, apresenta-se uma selecção de fotografias com foco nas mulheres e no seu quotidiano, sustentado pelos seus papéis políticos e sociais neste contexto.

Bilheteira online em eufemias.pt

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Website: www.eufemias.pt

11.10.2023 | by martalanca | Festival Eufémia

Olhares do Mediterrâneo - Women's Film Festival

10ª edição de 9 a 16 de novembroCinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa, Lisboa.

Com a missão de divulgar o cinema feito por mulheres oriundas de países do Mediterrâneo, o Festival apresenta uma programação diversificada constituída por 57 filmes de 22 países.

Nesta edição são apresentados filmes de vários géneros cinematográficos (documentário, ficção, animação, experimental), de realizadoras afirmadas e debutantes, que abordam temas tão variados como as questões de género, o racismo, o (de)colonialismo, o terrorismo e a radicalização, a questão do acesso à habitação, mas também histórias pessoais e familiares.

“Assumimo-nos como um festival “ativista” porque acreditamos que o cinema incide sobre a nossa
forma de ver o mundo e capacidade de o transformar, e é por isso que achamos que é indispensável
dar espaço aos múltiplos olhares das mulheres”, afirmam as organizadoras do Festival.

Olhares da Turquia: Secção especial

Nesta 10ª edição, o Festival programa filmes de realizadoras turcas na Cinemateca Portuguesa, de 13 a
16 de novembro, com 5 longas-metragens e 3 curtas de sete cineastas produzidas entre 2002 e 2022. À
exceção de “Watchtower” (Fic, 2012), de Pelin Esmer, que foi filme de abertura da 1ª edição do
Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival, todas as obras desta retrospetiva são estreias
nacionais.

Quatro secções competitivas

O Festival apresenta quatro secções competitivas: Competição geral longas-metragens, Competição
geral de curtas-metragens, secção Travessias, composta por filmes sobre migrações, racismo e
colonialismo enquanto elementos estruturais da sociedade e a Competição Começar a Olhar, com
filmes de escola.

As actividades paralelas do Olhares

O Festival programa ainda inúmeras atividades paralelas, como debates a partir de filmes em
competição, um workshop de escrita para cinema com a realizadora Cláudia Clemente, um workshop
de colagem com a artista Ap Silvestre, uma masterclass com a jornalista e realizadora Benedetta
Argentieri, uma oficina de cantos do Mediterrâneo com as musicólogas Camilla Piccolo e Laura
Venturini; lançamentos de livros, o acolhimento de três livrarias e um concerto no encerramento da
secção competitiva no Cinema São Jorge. 

Haverá ainda no ISCTE-IUL, um seminário sobre Cuidado e Envelhecimento, no âmbito do qual será
apresentado o documentário “CareSeekers” (Itália, 2023, de Teresa Sala e Tiziana Vaccaro) e no Goethe
Institut um encontro Olhares do Mediterrâneo / MUTIM (Mulheres Trabalhadoras das Imagens em

Movimento) sobre os desafios da programação de cinema de mulheres. A masterclass, o workshop de
escrita para cinema e o encontro sobre programação cinematográfica fazem parte do Programa de
Indústria, uma das novidades desta 10ª edição do Festival.

O Festival vai trazer a Lisboa vários convidados, a anunciar muito brevemente. 

Olhares do Mediterrâneo - Women Film Festival é o mais antigo festival de cinema no feminino em
Portugal, e é o único dedicado à cinematografia da bacia do Mediterrâneo. O Festival é um projeto do
grupo Olhares do Mediterrâneo e do CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia.

Para mais informações, por favor contactar:
Rita Bonifácio: olharesdomediterraneopress@gmail.com | 918453750

11.10.2023 | by martalanca | Olhares do Mediterrâneo

FIDJU-FEMA

FIDJU-FEMA está de volta!  Sábado, 14 de outubro | 22h | Casa Independente *Donativo Mínimo: 10 paus  A viagem começa com o mestre Braima Galissá  que, ao volante do Kora, nos conduz por gerações de Griots e séculos de história da música da África Ocidental. Juntam-se a esta celebração, Rubera Roots, com reggae finkado na Cabo Verde, mensagem pesóde e musicalidade espraiada por esse Atlântico fora. Para fechar esta 12ª noite, contamos com Fella Ayala (dj Set) que promete uma seleção do que há de melhor na música negro-africana.

09.10.2023 | by martalanca | fidju-fema

Ciclo "Ciências Sociais e Audiovisual", Curtas do Ateliê Mutamba

QUA . 18 OUT . 16H AUDITÓRIO SEDAS NUNES - ICS-ULISBOACiências Sociais e Audiovisual

Sessão do ciclo “Ciências Sociais e Audiovisual”, com a projeção de 5 curtas do Ateliê Mutamba, formação em cinema com formato de residência artística, em Luanda (13+17+25+12+12=120 min, Angola, 2022 e 2023), realizadas por Gegé M’Bakudi, Stélio Macedo, Irene A’mosi, Cristiane Baltazar e Resem Verkrom, seguido de conversa com o coordenador Orlando Sérgio (Kino Yetu) e o realizador Resem Verkrom, moderada por Inês Ponte (ICS-ULisboa).

Mais informações sobre o ciclo aqui 

Organização: Inês Ponte (ICS-ULisboa)

 

04.10.2023 | by martalanca | ateliê mutamba

Problematizar a realidade: encontros entre arte e filosofia

ESPAÇO, LUGAR E MEMÓRIA

Fundação Calouste Gulbenkian, Auditório 3 I 13.10.2023 | 18h30
Excertos de: Memórias do Cárcere (1984) de Nelson Pereira dos Santos
Discussão: Billy Woodberry, Ruth Wilson Gilmore
Memórias do Cárcere (Nelson Pereira dos Santos, 1984), fotograma de filmeMemórias do Cárcere (Nelson Pereira dos Santos, 1984), fotograma de filme
As obras de arte, nomeadamente aquelas que trabalham a partir de material documental, podem oferecer um apelo particularmente desafiante para refletir sobre a realidade. Enquanto a ligação indexante à realidade que abordam garante ao som e à imagem uma credibilidade específica, a postura do artista, a sua escolha estética, temática e política, bem como a posição autorreflexiva, podem gerar uma avaliação crítica sobre a constituição dessa realidade. É neste ponto que a arte encontra a filosofia. A reflexão sobre a relação entre o mundo factual e a sua apropriação subjetiva, questionando as reivindicações hegemónicas de objetividade e autoridade e problematizando as contradições inerentes à sociedade, são, por imanência, questões filosóficas.
A segunda edição de Problematizar a realidade – encontros entre arte e filosofia resulta de uma parceria entre o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, o CineLab do Instituto de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa e a Maumaus / Lumiar Cité. Trata-se de um conjunto de seis sessões de discussão e quatro seminários que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian e se foca no momento em que a arte e a filosofia estabelecem diálogos produtivos, propondo abordagens diversificadas sobre o pensamento contemporâneo.
Cada sessão de discussão parte da exibição parcial ou integral de obras de arte, acompanhada por uma reflexão conduzida por teóricos, investigadores ou artistas. A primeira sessão de discussão acontece em outubro com o cineasta Billy Woodberry e a investigadora Ruth Wilson Gilmore, numa reflexão suscitada pela exibição da obra Memórias do Cárcere (1984), de Nelson Pereira dos Santos. As restantes discussões e seminários acontecem nos meses seguintes e serão comunicadas oportunamente, estando previstas as presenças de Ghalya Saadawi (Líbano), Jihan El-Tahri (Egito), Kerstin Stakemeier (Alemanha) e Sarah Lewis-Cappellari (República Dominicana, EUA), entre muitos outros.
Protagonizado por Carlos Vereza, Glória Pires e Nildo Parente, Memórias do Cárcere adapta as memórias da prisão de Graciliano Ramos, um dos grandes autores da literatura brasileira, publicadas postumamente. A prisão de Ramos ocorreu durante o regime de Getúlio Vargas devido à suspeita de ser comunista. Nelson Pereira dos Santos inspira-se no percurso de Graciliano Ramos pelo sistema penal para conduzir uma investigação sobre o modo como operam as relações de poder que este produz.
Billy Woodberry (EUA) vive e trabalha em Lisboa. A sua obra foi premiada no Festival Internacional de Cinema de Berlim e faz parte da Library of Congress. Participou como ator em When It Rains (Charles Burnett, 1995) e como narrador em Four Corners (James Benning, 1998) e Red Hollywood (Thom Andersen, 1996). O seu trabalho foi exibido em inúmeros espaços e eventos, incluindo: Centre Pompidou; Festivais de Cinema de Berlim, Cannes, Roterdão e Viena; Camera Austria Symposium; Harvard Film Archive; Human Rights Watch Film Festival; Museum of Modern Art (MoMA); e Tate Modern. Entre os seus filmes, incluem-se: A Story from Africa (2019), And When I Die, I Won’t Stay Dead (2015) e Bless Their Little Hearts (1984).
Ruth Wilson Gilmore (EUA) vive e trabalha em Lisboa e Nova Iorque. Gilmore é Professora de Earth & Environmental Sciences e Diretora do Center for Place, Culture, and Politics (Graduate Center, City University of New York). Entre as suas publicações, destacam-se: Change Everything: Racial Capitalism and the Case for Abolition (Haymarket, no prelo), Abolition Geography: Essays Towards Liberation (Verso Books, 2022) e Golden Gulag: Prisons, Surplus, Crisis, and Opposition in Globalizing California (University of California Press, 2007). Entre as suas distinções recentes, incluem-se: Marguerite Casey Freedom Scholar Prize (2022) e Lannan Foundation Lifetime Cultural Freedom Prize (2021, com Angela Y. Davis e Mike Davis). Gilmore é membro da American Academy of Arts and Sciences.
Duração da sessão: 150 Min. | M/14
Entrada livre, sujeita à lotação da sala.
Requer levantamento de bilhete no próprio dia.
Filme falado em português e legendado em inglês; a discussão será em língua inglesa com tradução simultânea.

04.10.2023 | by martalanca | Memórias do Cárcere, Nelson Pereira dos Santos Discussão: Billy Woodberry, Ruth Wilson Gilmore

Festival Materiais Diversos, toda a programação

É já no próximo dia 5 de outubro que começa a 12ª edição do Festival Materiais Diversos. Sob os propósitos de desacelerar e tornar visíveis as pessoas, os lugares e os processos, o programa pretende continuar a aproximar as pessoas e as artes contemporâneas. As vilas de Alcanena e Minde acolhem, até dia 15, espetáculos de dança, teatro e música, instalações, conversas, um seminário e ações ambientais.

“O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, maciço calcário formado na era Mesozoica, com mais de 200 milhões de anos, é onde se inscreve o trabalho da Materiais Diversos. Esta escala temporal dificulta percecionar o lento movimento das rochas. E, no entanto, elas movem-se. Sob estas rochas calcárias, existe um dos maiores reservatórios de água doce subterrânea portugueses que ressurge, no inverno, no Polje de Mira-Minde. E, no entanto, ela escasseia.” Conta-nos Elisabete Paiva no seu texto de apresentação desta edição do Festival Materiais Diversos.
“Atenta ao tempo lento dos lugares onde se inscreve, a Materiais Diversos tem investido na desaceleração, na expectativa de trazer à superfície uma comunidade de afetos que se forma lentamente e sustenta em práticas de companheirismo e colaboração. O Festival Materiais Diversos é a alegria que transborda dessa prática continuada.”
O programa do Festival Materiais Diversos é um reflexo e um momento em que o trabalho, muitas vezes invisível, de relações, acompanhamento e apoio à criação emerge e se torna visível. Ao longo de dez dias, as propostas são vastas e variadas.

De 5 a 20 de outubro, na Casa da Cultura de Alcanena estará patente a exposição Corpo Comum que decorre de um trabalho que se consolida desde 2017. A Materiais Diversos desenvolve oficinas artísticas regulares no Agrupamento de Escolas de Alcanena. Estas oficinas, orientadas por Marta Tomé e Raquel Senhorinho, foram entretanto organizadas como projeto – Corpo Comum – e procuram valorizar a diversidade como património e como direito, com o objetivo de alargar o horizonte de possibilidades das crianças e jovens e de contribuir para a sua autoestima, sentido de pertença e reflexão crítica. Nelas, o corpo e a dança são a base de todas as sessões.

Nesta exposição, é partilhado com a comunidade o trabalho desenvolvido no ano letivo 2022/23, que se inspirou no tema da felicidade, na perspetiva de “tornar visível o invisível” e de construir um saber partilhado, um “corpo comum”.
A 5 de outubro, às 19h30, também na Casa da Cultura de Alcanena, Cátia Terrinca e a UMCOLETIVO, apresentam o espetáculo Decadência. Há 100 anos, Judith Teixeira escreveu Decadência – um conjunto de poemas de amor, lavrado no silêncio abrasado da carne. Luísa Demétrio Raposo diz agora, com a carne e o sangue, que “toda a escrita é sexo”. Decadência é um espetáculo sobre fogo e, através dele, desencadeiam-se perguntas. Que calor é este que incendeia as mulheres e as faz renascer transfiguradas? Poderemos responder à violência histórica do gesto de quem queima uma mulher por ter amado? Afinal, quem é que queima quem?

No dia seguinte, 6 de outubro, o programa comporta três momentos. Logo no início da tarde, Natália Mendonça apresenta o espetáculo KdeiraZ que desafia públicos de todas as idades a refletir sobre cadeiras. Às 18h, na Biblioteca Municipal de Alcanena, inaugura a instalação Mil e Uma Noites, de Cátia Terrinca/UMCOLETIVO. Haverá uma conversa com as autoras e a equipa artística do projeto. E às 20h, o bailarino e b-boy Benoît Nieto Duran faz um workshop para estudantes no Estúdio de Dança de Alcanena.

KdeiraZ é um espetáculo de dança para crianças de todas as idades que busca aproximar a pesquisa em dança contemporânea da criação artística para o universo infantil. A cadeira é protagonista nesta viagem. Em cena, as performers deparam-se com cadeiras comuns e fantásticas e ficam curiosas por descobrir quais as possibilidades de brincadeiras que cada uma, com a sua forma e personalidade, pode propor. É apresentado no Largo da Igreja, em Minde, dias 6 (14h30, sessão para escolas) e 7 de outubro (16h para o público, em geral).
 
Mil e Uma Noites é um projeto cívico e artístico de longa duração que, através do teatro radiofónico, resgata do esquecimento a obra de mulheres portuguesas do século XX. Em Alcanena, mulheres de várias gerações foram convidadas a revelar a sua atividade de escrita, mas também a partilhar as histórias e contextos de vida em que a desenvolveram. Depois de uma residência artística e apresentação pública em setembro, a peça de teatro radiofónico criada a partir destas vozes, regressa à Biblioteca Municipal de Alcanena na forma de uma instalação sonora que pode ser visitada até 20 de outubro.  

Mil e uma noites ©Estelle ValenteMil e uma noites ©Estelle Valente
 
Em estreia nacional, a performance instalação Las Lámparas, de Leticia Skrycky é apresentada no Cine-Teatro São Pedro, em Alcanena, no dia 7 de outubro, às 16h30 (repete às 18h e às 19h30).
Há vários anos que esta criadora uruguaia tem vindo a explorar as potencialidades da luz. Como podem os olhos tocar? Como podem os ouvidos ver? Como pode a pele ouvir? Guiada por estas perguntas, associadas a ecosistemas de percepção relacionais, em Las Lámparas procura oferecer um lugar para um olhar periférico e vibrátil. É um convite para um estado de atenção aberto a receber o visível e o invisível. No espaço cénico do teatro, apresenta-se uma coreografia elétrica, onde o som move a luz e a luz, por sua vez, soa, aquecendo todo o meio envolvente.
 
Black Box 2.0 tem origem num projeto de formação e desenvolvimento em criação coreográfica, iniciado pela associação O Corpo da Dança em parceria com o Estúdio de Dança de Alcanena. No âmbito deste projeto, os alunos desenvolvem criações coreográficas e, na semana que antecede a sua apresentação pública, experimentam um período de residência no teatro, trabalhando em conjunto com a equipa de produção deste, ao nível das montagens técnicas.
Nesta edição de 2023, a literatura é o tema genérico de pesquisa para todos os trabalhos coreográficos. As criações que se apresentarão no Jardim da República, no dia 7 de outubro, às 18h, emergem deste tema.
 
Para o público da primeira infância (bebés e crianças até aos sete anos, aproximadamente), a proposta é Traquinar! Esta palavra, que significa “brincar” em calão minderico, denomina o projeto de apoio à integração de crianças na natureza que visa devolver-lhes a possibilidade de brincarem na rua, de forma segura e autónoma. Nos dias 8 e 15 de outubro, entre as 10h e as 12h, o Projeto Traquinar ocupa o Polje de Mira-Minde, com duas sessões. O contacto para mais informações é: projeto.traquinar@gmail.com.
 
Didascálias ou como se constrói uma casa surge do encontro entre Leonor Mendes (PT), Giovanna Monteiro (BR), Vicente Antunes Ramos (BR), conta com a colaboração artística de Isis Andretta (BR) e foi apoiado, em 2023, no âmbito da bolsa Fios do Meio da Materiais Diversos. A sua estreia é dia 8, às 16h30, no Ginásio da EB 2/3 de Minde.
A partir das didascálias de textos clássicos do teatro, este trabalho busca revisitar os espaços domésticos presentes nos textos e o imaginário de “casa” que carregam. Duas intérpretes jogam com as palavras e com o tempo e assim constroem outros espaços, figuras, relações. O desenrolar deste jogo de construir e desconstruir deixa a pergunta em suspenso: o que se pode imaginar a partir dessas palavras que foram escritas para não ser ditas?
 
Também a 8 de outubro, às 18h, no acolhedor jardim do Museu de Aguarela Roque Gameiro, em Minde, Bernardo Branco partilha “Cantar de Ouvido”, álbum a ser lançado brevemente, no qual florescem sonoridades que confluem entre música popular e urbana e que aborda o dia-a-dia, os desamores passados, a queda de cabelo, as festas populares e o êxodo rural.
Na música deste jovem cantautor, as batidas são construídas com recurso a sons da garganta, adufe, um drumkit de hip-hop, ao ritmo quebrado da cana rachada e a ad-libs. O Auto-Tune é usado como recurso expressivo, com o atrevimento de estar presente em alguns dos momentos melismáticos próximos do fado.
 
A 11 e 12 de outubro, para os alunos do Agrupamento de Escolas de Alcanena, há Coreografia em sala de aula. Declinação de Coreografia, de João dos Santos Martins, conta com a participação de Adriano Vicente e coloca em diálogo diferentes linguagens em torno da dança. O desafio é a passagem do corpo para o papel e do papel para o corpo, num jogo de vice-versa: “dançar” uma língua e “falar” uma dança.
 
No dia 12, a programação decorre no Centro Ciência Viva do Alviela. Às 21h30 é projetado o filme Habiter Le Seuil, de Marine Chesnais e Vincent Bruno.
Verão de 2020. Marine Chesnais, coreógrafa e bailarina de dança contemporânea, viaja para a Ilha da Reunião para encontrar baleias-corcundas. Destas interações no azul profundo nasceram danças improvisadas, que serão terreno fértil para a sua próxima criação. Este filme, filmado em apneia, é uma viagem coreográfica e hipnótica que nos leva ao mundo subaquático, sustendo a nossa respiração, seguindo os passos deste projeto original.
Nesta noite, é possível jantar no CCV Alviela (19h30 – 21h), mediante reserva até 24h antes, pelo preço de 8€. O jantar é volante e há opções vegetarianas.
 
Dia 13, às 21h30, no Cine-Teatro São Pedro, Gio Lourenço traz-nos Boca Fala Tropa, um espetáculo que parte dos passos e dos códigos do kuduro para cruzar elementos da memória individual com elementos da memória coletiva, colocando assim à vista trânsitos entre Angola e Portugal. O kuduro surge nos anos 90, em Luanda, no contexto da guerra civil angolana. Os códigos específicos deste estilo de música/dança chegavam a Portugal através do corpo e das cassetes dos que transitavam entre estes dois países. É na adolescência, no final dos anos 90 e já a viver em Portugal, que Gio Lourenço entra em contacto com este universo e se torna kudurista, descobrindo um corpo partido – o seu – onde a memória se reinventa no gesto. O espetáculo contará com o músico Xulaji em palco.

Boca Fala Tropa ©Sofia BerberanBoca Fala Tropa ©Sofia Berberan
 
A 14 de outubro, às 16h30, no Ginásio da EB 2/3 de Minde, teremos La Burla, resultado da parceria entre Bruno Brandolino (UY) e Bibi Dória (BR), em colaboração com Leticia Skrycky (UY), e que foi apoiado pelos Novos Materiais em 2021.
La Burla é uma ficção coreográfica que acompanha duas figuras situadas numa realidade distópica. O encontro entre o sagrado e o profano toma forma em rituais e invocações de entidades que emergem das profundezas. Santas, bruxas, videntes, diabos, monstros e heroínas atravessam o imaginário desta peça, dando voz e corpo a um variado repertório iconográfico medieval. O espetáculo é seguido de conversa.
La Burla ©Tristan Perez-MartinLa Burla ©Tristan Perez-Martin
All in the Air is Bird, performance de María Jerez e Élan d’Orphium, parte do pressuposto que nenhuma presença é neutra e entende que os pássaros são seres com quem partilhamos territórios, acontecimentos e histórias, numa invocação em forma de concerto experimental a partir do canto dos pássaros ao pôr-do-sol. Decorre a 14 de outubro, às 18h30, no Museu de Aguarela Roque Gameiro, em Minde.
 
Outra performance, O Banquete das Saudades é uma refeição, uma instalação, uma situação, uma coleção: a receita como reativação de uma “saudade” e motor de uma situação de partilha. Este jantar performance, que acontece na sede do ABC, em Alcanena, também dia 14 com início às 20h, é uma proposta para estimular os sentidos de todas as pessoas. A partir de um pedido de receitas que, de algum modo, transportassem saudades feito à comunidade, Anne Lise Le Gac e uma pequena equipa de cozinheiros amadores de França e Alcanena irá preparar uma seleção destas receitas, cozinhá-las e combiná-las no menu Saudades. Num espaço de acesso aberto, os visitantes, que se tornam convidados, vão experimentar esses pratos. O Banquete das Saudadesdesenrola-se lentamente, com petiscos e degustações, e termina quando os seus recursos se esgotam.
 
No dia seguinte, 15 de outubro, às 16h30 no Polje Mira-Minde, Elizabete Francisca apresenta a peça a besta, as luas. Fortemente baseada no verso “eu não obedeço porque sou molhada”, da canção “Banho”, interpretada por Elza Soares, Elizabete Francisca propõe enunciar, através de gestos e sons, uma representação possível da geografia política de um corpo não submisso. Neste espetáculo de dança, a criadora usa o corpo como arma política e reivindica um lugar de resistência, transformando possíveis fragilidades em flechas e potências.
 
Para encerrar o festival, também no dia 15, às 18h, teremos o concerto de chica, “em banda”, numa das praças emblemáticas de Minde, a Praça Alberto Guedes. As sonoridades do folk, anti-folk e jazz em parelha com o elemento principal da sua música – o diálogo –, compõem o estilo musical de chica.
“Brincar com o Cão” (2020) foi o primeiro single do seu projeto a solo. O EP “Cada Qual no seu Buraco”, composto entre o Minho e Lisboa ao longo de dois anos, foi lançado em 2022. Em concerto partilha as canções que foram sendo escritas e pensadas à sombra do desencantamento sobre a vida adulta, da gestão da sobrevivência, mas também das palavras de Fausto de “que atrás de tempos vêm tempos e outros tempos hão de vir”.

Em parceria com o Movimento Mira-Minde, estão programados três eventos no dia 15. Das 8h às 12h, a proposta é uma Limpeza de Caminhos no Polje Mira-Minde. Das 9h às 15h, na Fábrica da Cultura de Minde, há o Mercado da Bagageira e dos Produtos Locais, concebido sob a política dos 3 Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar, e com a proposta de nos aproximarmos cada vez mais de um estilo de vida sustentável. No mesmo local, das 13h às 15h é hora de almoçar no Eco-Piquenique Partilhado & Sem Desperdício. A ideia é partilhar e construir uma relação saudável com o planeta.

Regressam também as mesas longas, organizadas estreitamente com atores e parceiros locais e, por isso, trazem à discussão temas do seu interesse, como o papel das comunidades de aprendizagem na educação, a conservação dos rios e ecossistemas ribeirinhos, o futuro dos jovens e o papel das instituições culturais.
Continuando a afirmar-se como espaço imersivo e desacelerado para o encontro entre profissionais, o festival realiza este ano o seminário Companheirismo e colaboração — práticas artísticas para a sustentabilidade, que procura fomentar práticas colaborativas de reflexão crítica e experimentação entre as pessoas participantes. A orientar os trabalhos estarão Carolina Cifras, Simone Frangi e Clara Antunes que se debruçam sobre diferentes dimensões, entre elas, as práticas ecossomáticas em torno do ser/corpo, a revisão crítica da noção de hospitalidade no âmbito da curadoria, e a reflexão sobre o papel das práticas artísticas face ao colapso climático e ecológico.

Ponto de Encontro do Festival Materiais Diversos este ano divide-se entre as Festas Populares de Alcanena, no primeiro fim de semana (5-7 outubro) e o Cine-Teatro São Pedro de Alcanena (entre 10 e 14 de outubro). Aqui poderão degustar-se iguarias locais, beber e brindar, conversar e dançar. As noites de 13 e 14 prometem ser longas, alimentadas pela vibração de DJs que prolongam o espírito de cada jornada. No dia 13, às 23h, os DJs Borga e Laurix, com batidas duras e ritmos acelerados, complementados com melodias alegres e imersivas. A 14, à mesma hora, o DJ Kino assume o comando da pista e propõe-nos que voemos com ele. O Ponto de Encontro é o espaço de convívio e encontro entre a comunidade local, a comunidade artística, equipa e parceiros do festival.

03.10.2023 | by martalanca | Materiais diversos

Teleteatro de Bissau

Sinopse: 

Teleteatro de Bissau é uma mostra de teleteatros guineenses, realizados na Guiné-Bissau e na sua diáspora em Portugal. Geradores de fluxos artísticos entre geografias, dão a conhecer, com humor, formas de invisibilidade social, nomeadamente os desafios de quem luta por uma vida melhor, emigrando ou dubriando …. 

Calendarização 

4 de Outubro

Lixo de Europa (2022; 8’) de Nbana Kabra & Samba Tenen

Sinopse: Curta-metragem humorística sobre emigrantes respigadores, nos contentores de lixo na zona de Queluz. 

Nunde Independência (2023; 4’) de Axy Demba

Sinopse: Reflexão crítica sobre as conquistas alcançadas pela independência. 

Poder di Tchom (2022; 22’) de Tcharlaça Comedy Bissau

Sinopse: As aventuras de um jovem guineense que deseja imigrar para a Europa.

02.10.2023 | by martalanca | Teleteatro de Bissau