50 anos da Independência de Angola, organização BUALA com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian
Biblioteca Nacional
DIA 22 MAIO quinta-feira
9.30 - 10.30: Abertura
Diogo Ramada Curto (diretor da Biblioteca Nacional)
Leopoldina Fekayamãle (FCSH - UNL)
Marta Lança (FCSH - UNL)
10.30 - 11.30 Colonialismo e Luta de Libertação
Alberto Oliveira Pinto (Uni Lisboa)- Concepções coloniais da História de Angola depois da Independência.
Diana Andringa (jornalista) - Era assim, à distância…
Salvador Tito (Universidade de Coimbra)- Um país, uma “independência” utópica: A Geração da Utopia.
11 - 12.30: Debate
14.30 - 15.30 Independência
Ana Paula Tavares (FLUL) - Das razões de Angola: identidade, pertença e novas formas de nomear o mundo.
Hélder Bahu (ISCED-Huíla) - O paradigma da historiografia angolana entre 1975-2002.
Jean Michel Mabeko Tali (Universidade de Howard, EUA)- A questão da identidade nacional nas transições políticas: meandros e tabus.
15.30 - 16: Debate
16.15 - 17.15 Aprender a democracia
Israel Campos (Universidade de Leeds, UK) - Narrativas contestadas: a Imprensa na construção de memórias coletivas.
Luzia Moniz (PADEMA) - Eleições, indústria da fraude e a pobreza.
Sedrick de Carvalho (editor e jornalista)- Sociedade civil e novas alianças políticas.
17.15 - 18.30 Debate
DIA 23 sexta-feira
9.30 - 10.30 Como a nossa história é contada
Sizaltina Cutaia (Ondjango Feminista)- Cidadãs de segunda classe: a realidade das mulheres.
Vladimir Prata (jornalista) - As barreiras a um jornalismo livre para contar a história.
Zezé Nguelleka (ISCED-Huíla) - Essa língua que nos une historicamente.
10.30 - 11.00 Debate
11.00 - 12 Patrimónios difíceis e Reparações
Ângela Mingas (Univ. Lusíada de Angola) - Os musseques: a ressignificação da memória urbana e a visão do futuro.
Jonuel Gonçalves (Univ. Federal Fluminense, Rio de Janeiro) - A resistência político-cultural, da Segunda Guerra Mundial à Independência.
Maria João Teles Grilo (atelier Metapolis)- Espaço público: reconceptualizações e justiça social.
Suzana Sousa (Univ Western Cape) - Histórias emaranhadas: restituição, legados e narrativas históricas.
12 - 12.30 Debate
14.30 - 15.30 Angola Urgente
César Chiyaya (analista) - A ilusão democrática: 1992 para a frente.
Dina Sousa Santos (Portsmouth University)- Vozes da diáspora: perspectivas alternativas de pensar e “escrever” uma nação.
Elias Celestino (Biso) - Angolanidade: a superação dos complexos de identidade como fator de desenvolvimento.
15.30 - 16.30 Debate
17.00: Intervenção de encerramento
Elisabete C. Vera Cruz (Univ. Agostinho Neto) - Do pretérito e futuro imperfeito(s), à encruzilhada do presente.
19.30: Jantar com os convidados na Casa Mocambo.
Durante o seminário haverá uma banca de livros da FALAS AFRIKANAS.
SOBRE O SEMINÁRIO
Em Novembro Angola completa e celebra os 50 anos de Independência. Contudo, a história de Angola não tem início em 1974, e tão-pouco com os portugueses. Revisitar o passado, a ocupação colonial e os últimos 50 anos da sua história, é um imperativo para pensar um país independente e consciente do caminho percorrido, entre a utopia e a vivência real, entre a libertação do jugo colonial e as condições materiais em que as pessoas vivem na Angola de hoje. As dinâmicas desenvolvidas ao longo dos 50 anos de independência são ainda de exclusão, crise e pouca expectativa de ascensão social.
Assim, no sentido de abordar a complexidade dos diferentes momentos, convocamos diversas análises e áreas de trabalho, e perspectivas intergeracionais para o exercício de pensar em conjunto e a partir de Lisboa para o mundo. Olhar criticamente para a história e para a sociedade é a melhor forma de aprendê-la, de a transmiti-la e desenvolver.
É preciso colmatar a tendência de contarmos esta história, nomeadamente do colonialismo e das guerras, sempre e apenas na visão do lado português, considerando a produção de conhecimento sobre Angola e sobre o colonialismo nas universidades portuguesas. É imperativo escutar e saber o que pensam os angolanos, como viveram ou narram os processos de Independência e os percursos da sua história nacional nas diversas áreas. No intuito de construir novas mundividências, tentaremos pensar estratégias e consolidar o conhecimento sobre o país, sob o pretexto do momento fundacional que foi a Independência, proclamada a 11 de Novembro de 1975. Se a independência foi uma festa, a celebração sobrepôs-se ao medo a ferro e fogo e, se o futuro era incerto para os jovens de então, também o é para os jovens de hoje. Talvez nunca se reconstituam as peças desses tempos, incitamos a refletir sobre as promessas da Independência que não foram cumpridas.
O Seminário, de participação aberta, acontece nos dias 22 e 23 de maio (mês de África) na Biblioteca Nacional, é organizado pela associação BUALA, nas figuras de Marta Lança, editora e investigadora com uma relação laboral e afetiva de longa data com Angola, e das professoras angolanas Elisabete Vera Cruz e Leopoldina Fekayamãle, com formação em ciências humanas, terá ainda uma dimensão cultural com filmes e debates na Casa do Comum, dia 24 e 25.
Os oradores, de diversas áreas do saber, entre docentes, investigadores, jornalistas e ativistas, na maioria angolanos farão uma viagem pelas lutas, resistências, feridas e cicatrizes, pelas identidades (re)construídas, pelas expectativas e realidades, atravessando aspectos políticos, económicos, sociais e culturais do passado e presente de Angola que, “tal como as buganvílias, floresce no meio da tempestade” - verso de Ana Paula Tavares. As comunicações passam por fases como o colonialismo, a Luta de Libertação, a Independência, a guerra civil, a difícil aprendizagem da democracia, a transmissão da história, patrimónios difíceis e reparações. Na última mesa, propomos uma reflexão apurada sobre Angola atual nas suas urgências em vários setores da sociedade.
contactos org. Marta Lança 934728061 e Leopoldina Fekayamãle 966 494 568
**
PROGRAMA CULTURAL na CASA DO COMUM
DIA 24 I 17h30
︎ Mulheres de Armas, de Kamy Lara (2012)
︎ Independência, Fradique (2015)
Seguido de debate com Elias Joaquim, Magda Burity e Leopoldina Fekayamãle
DIA 25 I 18h
︎ Nossa Senhora da Loja do Chinês, de Ery Claver (2022)
Seguido de debate com Eddie Códia, Paulo Casimiro e Marta Lança
Filmes da Geração 80, sugeridos por Jorge Cohen.
FILMES
Independência - Esta é a nossa memória (2015), Fradique, 1h45’
Independência: Esta é a nossa Memória é um documentário que retrata a luta de libertação de Angola contra o domínio colonial português. Numa altura em que a maior parte dos países africanos já tinham conquistado as suas independências, o regime salazarista recusava-se a qualquer tipo de negociação, a retirar-se dos países africanos que então colonizava e a reconhecer a autodeterminação dos mesmos. Diante deste cenário, inúmeros combatentes, estivessem na clandestinidade, no exílio e até nas prisões, empenharam-se para tornar o país independente. O filme explora alguns dos principais cenários e passos iniciais da luta anticolonial que durou cerca de 14 anos. Tem como base vários depoimentos de quem participou, recolhidos em diferentes regiões do país e no estrangeiro, contemplando vozes distintas: tanto dos movimentos de libertação, de género e de extratos sociais.
É um olhar profundo sobre a luta pela Independência de Angola, sobre a memória desta luta e uma referência sempre pertinente no processo de pensar e construir o país aqui e agora.
Mulheres de Armas (2012), Kamy Lara, 12’
Um mini documentário composto por depoimentos de várias mulheres que falam sobre o contributo das mulheres para a luta de libertação nacional. Embora curto, o filme revela a agência e destaca o engajamento das mulheres em um dos momentos mais importantes da trajetória de Angola. É uma recusa à invisibilização a que mulheres muitas vezes são relegadas quando se conta a história do país.
Nossa Senhora da Loja do Chinês (2022), Ery Claver, 98’
Este filme é, “uma alegoria do poder”, o poder que se manifesta de várias formas e atua na vida das pessoas. Este bizarro conto urbano revelará uma família e uma fachada de cidade cheia de ressentimento, ganância e tragédia. Quando um comerciante chinês traz para um bairro de Luanda uma singular imagem de plástico sagrado de Nossa Senhora, uma mãe enlutada busca a paz, um barbeiro atento inicia um novo culto e um jovem desorientado busca vingança por seu amigo perdido.