Leituras de Eduardo Lourenço - Webinar 3 de Dezembro

O Centro de Estudos Ibéricos, vinte anos após o Professor Eduardo Lourenço ter lançado a ideia seminal que levou à sua criação, honra a memória do seu mentor, patrono e Diretor Honorífico com a promoção do Projeto “Leituras de Eduardo Lourenço”.

Coordenado por António Pedro Pita (Universidade de Coimbra), Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchi (Centro de Estudos Sociais e Cátedra Eduardo Lourenço, Universidade de Bolonha) e Rui Jacinto (Centro de Estudos Ibéricos e CEGOT-Universidade de Coimbra).

Assumindo a obra de Eduardo Lourenço como elemento agregador, o Projeto pretende gerar um movimento cultural de discussão e (re)leitura crítica do seu legado, assim como promover a reflexão de um pensamento vasto e labiríntico através de múltiplas iniciativas.

O seminário de 3 de dezembro, em versão webinar, contará com as participações de: 

Apresentação e moderação: António Pedro Pita (Universidade de Coimbra)

Intervenções de: Maria Odete Semedo (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné Bissau) e de Vincenzo Russo (Università di Milano).

30.11.2021 | by Alícia Gaspar | António Pedro pita, centro de estudos ibéricos, leitura, literatura, Margarida Calafate Ribeiro, professor Eduardo Lourenço, Roberto vecchi, rui jacinto, webinar

TOCHAS, exposição de fotografia de Vasco Célio

a partir de 24 de novembro || 18h - 20h, Campo de Santa Clara, 167, Lisboa (nas Antigas Oficinas de Fardamento do Exército)

Curadoria: Sara Goulart

Em lugar incerto entre lenda e historiografia, conta-se que, há cerca de quatrocentos anos, os habitantes de São Brás de Alportel, perante a ameaça de invasão por parte de uma frota inglesa, acenderam tochas de fogo no alto do serro, à noite, criando a ilusão de exército grandioso e conseguiram assim afastar o inimigo. A vitória é anualmente evocada pelos homens de São Brás que substituíram a tocha incandescente por uma composição floral por eles elaborada e transportada numa procissão do rito pascal católico. 

Nos anos de 2012 e 2017, Vasco Célio retratou as centenas de homens de S. Brás de Alportel que empunham as suas tochas floridas na procissão pascal da Ressureição. Desse trabalho resultou uma exposição de novo fotografias à escala real. 

Apoios: DGArtes; Câmara Municipal de São Brás de Alportel; Ironic Art Nation; BUALA; Artadentro; Stills e Largo Residências.

22.11.2021 | by Alícia Gaspar | arte, exposição de fotografia, fotografia, inauguração, TOCHAS, vasco Célio

NO PAST, NO FUTURE: THE PRESENT IS LOOPED

PT

Exposição NO PAST, NO FUTURE: THE PRESENT IS LOOPED, na PLATAFORMA REVÓLVER.

Curadoria de Vítor Pinto da Fonseca.

Inauguração no Sábado dia 20, da 16.00 às 19.00.

Morada: R DA BOAVISTA 84 3º PORTA 6, 1200-068. (Logo a seguir à rua de S. Paulo).

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EN

Exhibition NO PAST, NO FUTURE: THE PRESENT IS LOOPED, at PLATAFORMA REVÓLVER.

Curated by Vítor Pinto da Fonseca.

Opening on Saturday 20th, from 26.00 to 19.00.

Address: R DA BOAVISTA 84 3º DOOR 6, 1200-068. (Just after Rua de S. Paulo)

19.11.2021 | by Alícia Gaspar | arte contemporânea, exposição, no future:the present is looped, no past, plataforma revólver, Vitor pinto da Fonseca

Restituição e repartição na identidade pós-conflito – Ngonani mu ta wona: uma viagem no tempo ao palácio das colónias

Ngonani mu ta wona (“venham ver”, em língua chope) é um convite para revisitar a I Exposição Colonial Portuguesa, realizada na cidade do Porto, em 1934.
Trata-se de um evento de exaltação da pretendida grandiosidade do antigo império, ante os olhos curiosos dos cidadãos da então metrópole. Entre outras atracções, a Exposição destacou-se pela exibição pública de pessoas oriundas das antigas colónias, apresentadas em simulacros dos seus meios sociais e culturais “originais”.

A presente exposição apresenta quinze fotografias produzidas e divulgadas no contexto da realização do evento, particularmente, da presença de pessoas trasladadas de diversos pontos do então território colonial de Moçambique. Deste grupo de indivíduos, destacam-se os chopes da zona sul de Moçambique que, com a exibição da sua Timbila, atraíram significativamente a atenção do público.

A estas gentes, somaram-se outras gentes levadas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Goa, Macau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e, eventualmente outras, numa longa jornada de três meses em que “viram e foram vistos” nas alamedas do Palácio das Colónias, construído exclusivamente para o efeito.

O material aqui apresentado é, em si, um testemunho literalmente ocular do papel desempenhado pela fotografia na construção simbólica que se pretendia em eventos desta natureza: a materialização de um determinado imaginário contido na propaganda do regime político então vigente.

Agradecemos, assim, aos arquivos portugueses – nomeadamente, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, o Arquivo Histórico Municipal do Porto e o Centro Português de Fotografia – pela gentil cedência de parte de um vasto acervo fotográfico que constitui um importante património documental da experiência histórica de Moçambique, dos moçambicanos e da sua cultura.
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Organização: Marílio Wane

Patente até 10 de Dezembro 2021, nas grades exteriores do CCFM e CCMA
Créditos da fotografia: Câmara Municipal do Porto/Arquivo Histórico. Identificador 692698

No âmbito do Ciclo de Debates sobre “Restituição e reparação na identidade pós-conflito”
Mais informações aqui.

Ngonani mu ta wona! Iniciativa Mbenga: artes e reflexões e Oficina de História (Moçambique)

19.11.2021 | by Alícia Gaspar | colonialismo, escravatura, exposição, fotografia, ngonani mu ta wona, pós-colonialismo

Carta Aberta à RTP — Para que 'Meu Caro Amigo Chico' possa ser visto

Meus caros amigos,

A memória é uma forte aliada da criação plena. A memória individual ajuda-nos a processar as experiências do passado, abrindo caminhos de pensamento que nos transformam e fazem crescer. O mesmo acontece com a memória colectiva: é através dela que se abrem diálogos plurais e reflexões com o poder de regenerar a sociedade no presente — se não a conhecermos, estaremos condicionados a repetir os mesmos erros e os mesmos padrões.

Foi assim que, em 2005, surgiu a ideia para o documentário musical Meu Caro Amigo Chico (2012), um filme de produção independente e sem qualquer financiamento público. O filme, que junta músicos portugueses e brasileiros, apresentando a relação musical entre Portugal e Brasil, foi feito através de parcerias e com o apoio generoso de toda a equipa técnica e artística, recorrendo também a algum material de arquivo da RTP, entre outros.

O filme foi exibido em festivais nacionais e internacionais desde 2012, do IndieLisboa à Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e ao Festival Atlântico - Philharmonie Luxembourg, entre outros. A 25 de Abril de 2020, em contexto da pandemia de Covid-19, foi exibido extraordinariamente online, em sinal aberto e sem fins lucrativos, felicitando Chico Buarque pelo Prémio Camões. A exibição atravessou o Atlântico e alcançou mais de 60 000 espectadores e centenas de milhares de reações numa só semana. Desde então, tem sido ainda mais pedido pelo público, instituições e pela comunidade universitária dos dois países.

Planeado para estrear no canal RTP Música, que nunca chegou a existir, foi finalizado em 2012 com o princípio de que a RTP seria parceira: ficou acordada a cedência de arquivos RTP e a contrapartida da primeira janela exibição e uma futura negociação destas condições. No entanto, desde 2012, não foi mais possível a contratualização com a RTP, sendo repetidamente adiada pelo canal. Agora, a RTP já não cede os direitos do uso comercial do arquivo e abdicou do seu privilégio de exibição, contrariando o acordo inicial, demonstrando pouco ou nenhum interesse, fazendo propostas a custo zero ou de verbas simbólicas e sem acordo de arquivo.

O filme ficou suspenso, e o licenciamento das obras musicais e restantes arquivos impossibilitado. Suspensos estão também, há mais de 9 anos, o pagamento à equipa técnica, a possibilidade de recuperação de investimento, candidaturas a apoios, e outras exibições do filme fora do circuito de festivais.

Restou uma estrutura de produção fragilizada, agravada pela pandemia, reduzida aos autores do filme. Ficámos perante um dilema ético: exibir o filme, desrespeitando os profissionais da cultura nele envolvidos, ou não exibir. Sabemos da extrema importância da boa prática profissional para a estabilidade do sector cultural, por isso, temos escolhido não o exibir em defesa da equipa técnica e artística do documentário, excepto em situações extraordinárias sem fins lucrativos de celebração da Cultura (2020), e com o apoio de todos os artistas retratados.

A RTP tem a responsabilidade de atuar eticamente no mercado audiovisual, honrando os compromissos assumidos e defendendo os conteúdos de produção original em língua portuguesa. A RTP tem também um papel de apoio ao sector cultural, obrigações perante os produtores e criadores independentes de língua portuguesa, e perante os músicos. Pode e deve ser a principal aliada e interessada em manter viva e acessível a Cultura e a memória colectiva de um país — neste caso, Portugal e Brasil.

É por isso que exigimos à RTP uma rápida resolução deste impasse, que temos vivido com perplexidade, incompreensão e frustração ao longo dos anos. Pedimos à RTP que cumpra o nosso acordo inicial, autorizando a cedência do Arquivo para este projecto e negociando uma verba de exibição digna, possibilitando o licenciamento e a exibição comercial do filme a todo o seu público mundial. É para isso que fazemos filmes: para serem vistos. É também para isso que defendemos a RTP: para que os mostre e os dê a conhecer.

Pedimos à RTP que colabore activamente com a nossa comunidade e que facilite o acesso ao seu Arquivo aos mais diversos agentes da Cultura e da Educação, agora e no futuro, evitando a repetição destas situações. O Arquivo RTP é uma parte essencial da memória audiovisual do nosso país e do nosso referencial de memória colectiva, permitindo-nos manter vivo o diálogo sobre democracia, liberdade, pós-memória e cultura.

Por respeito ao trabalho dos profissionais da cultura, do cinema e audiovisual, dos músicos, autores, intérpretes e técnicos; pelo público; por esta e por outras obras em situação semelhante, manifestamos o nosso apoio a este filme.

28 de outubro de 2021

 

Os autores,

Joana Barra Vaz — Realizadora / Argumentista / Produtora
Maria João B. Marques — Argumentista
Rui Pires — Montador / Argumentista

 

Para subscrever, enviar email para meucaroamigochico@gmail.com

com Nome + Profissão + País + “Subscrevo”

Subscritores serão atualizados diariamente.

 

A equipa artística e técnica do filme,

Catarina Viana -— Artista / Ilustrações e Lettering

Gil Chagas — Chefe de Produção, Projecto Marginal / Assistente de Realização

Hugo da Nóbrega Cardoso — Câmara / Apoio Produção

Ivânia West — Câmara / Ass. Realização

Ivo Tomás Costa — Ass. Realização

José de Castro — Banda Sonora

Lisa Persson — Câmara

Maria Helena Viegas — Ass. Produção / Catering

Mário Dias — Dir. Som

Pedro Pereira  — Produção, Projecto Marginal / Produtor, Portugal

Tiago Miguel Nicolau Alves — Câmara

Tiago Raposinho — Dir. Som / Mistura de som

Vanda Noronha — Fotografia de Cena

Vasco Monteiro — Montagem

 

Artistas e Músicos participantes no filme, 

Ana Brandão / Real Combo Lisbonense — Atriz, Músico

Jacinto Lucas Pires / Os Quais — Escritor, Músico

João Afonso — Músico

José Eduardo Agualusa — Escritor

João Cabrita / Sérgio Godinho — Músico, Portugal

JP Simões — Músico

Luanda Cozetti de Freitas / Couple Coffee  — Músico

Sérgio Nascimento  / Sérgio Godinho — Músico

Norton Daiello / Couple Coffee — Músico, Portugal

Nuno Prata — Músico

Nuno Rafael  / Sérgio Godinho — Músico

Marco Armés / Feromona — Músico

David João Linhares dos Santos / Bernardo Barata — Músico

 

Entidades subscritoras,

APORDOC — Associação pelo Documentário

APTA  — Associação Portuguesa de Técnicos de Audiovisual - Cinema e Publicidade

A.R.A. — Assistentes de Realização e Anotadores

Latoaria — Associação Cultural, Portugal

19.11.2021 | by Alícia Gaspar | carta aberta, Chico Buarque, cultura, meu caro amigo chico, prémio Camões, RTP

JUST MY IMAGINATION (Running Away with Me)


Exposição com curadoria de Azu Nwagbogu  

Abertura: 25 de Novembro - 17h / 21h 

Duração: 25 de Novembro de 2021 a 29 de Janeiro de 2022 | Quarta a Sábado - Das 15h às 19h

Artistas: Zanele Muholi & Ayogu Kingsley

No rescaldo das lutas pelas Liberdades Civis dos anos sessenta, nos Estados Unidos, e do movimento independente que varreu o continente africano, os anos setenta proporcionaram uma nova era aos artistas Negros, na qual sentiram a liberdade para escrever, produzir canções, arte, acolher eventos mundiais (FESTAC 77), combates de boxe (Rumble in the jungle 74), música e literatura que não estavam enraizados nas lutas, mas sim na alegria, no amor, na diversão, e na família Negra, sem deixar de abordar, de modo subtil, as injustiças sociais a partir de dentro – uma experiência intra-negra e não em reação ao “outro”, por assim dizer. Esta ideia de Negritude pós-moderna é hoje recuperada na cultura visual contemporânea, através do Retrato Negro. A Negritude passou da angústia existencialista a realidade natural, imaginação, aspiração, fantasia e agora nostalgia. Encontramo-nos num momento de nostalgia por fragmentos do passado, que guia e alimenta o presente, e desperta a imaginação. Just My Imagination (Running Away with Me) é uma canção do grupo americano de Soul, The Temptations. Nesta canção, a icónica banda fantasia acerca da felicidade doméstica, o tipo de futuro utópico que é nitidamente negado e dissociado da experiência Negra contemporânea. Just My Imagination foi uma ode à esperança de viver uma vida familiar simples e tranquila. Esta exposição apresenta um realismo natural que se torna visível através da pintura e da fotografia, uma vez que ambos os meios interagem e dominam a arte contemporânea de hoje em dia.

Zanele Muholi e Ayogu Kingsley são artistas contemporâneos com esperanças e aspirações moldadas por fragmentos da sua perceção da experiência Negra africana na infância. Esta exposição pretende recriar os atos de resignação perante fantasias emancipatórias moldadas por memórias pesadas de infância, histórias e cultura visual. Tal como as melodias psicadélicas Soul da obra epónima dos Temptations, lançada em 1971, o artista funde-se e atravessa o imaginário e a realidade para enfrentar o eu. Entre a auto-exploração vulnerável e declarações arrojadas, cada obra de arte desafia os arquétipos normativos e os padrões de comportamento ditados pela cultura contemporânea. 

Cada narrativa visual apresenta a imagem do próprio. Seja através do autorretrato performativo ou da pintura hiper-realista, os meios arrojados escolhidos pelos artistas abrem espaço à coragem de romper com a servidão.

Notas Biográficas:

_Azu Nwagbogu é o Fundador e Diretor da African Artists’ Foundation (AAF), uma organização sem fins lucrativos sediada em Lagos, na Nigéria. Nwagbogu foi nomeado Diretor/Responsável de Curadoria Interino do Museu Zeitz de Arte Contemporânea na África do Sul, de junho de 2018 a agosto de 2019. Nwagbogu é também Fundador e Diretor do LagosPhoto, um festival anual internacional de fotografia artística realizado em Lagos. É editor do Art Base Africa, um espaço virtual para descobrir e conhecer arte contemporânea de África e das suas diásporas. Nwagbogu é um curador com um especial interesse na museologia futura.

_Zanele Muholi, ativista visual que trabalha com fotografia, nascida em Umlazi, Durban. Atualmente vive e trabalha em Umbumbulu. A missão autoproclamada de Muholi é “reescrever uma história visual negra, queer e trans da África do Sul para que o mundo tome conhecimento da nossa resistência e existência no auge dos crimes de ódio na África do Sul e além-fronteiras”. Está atualmente a construir a primeira escola de artes em KwaZulu Natal. Muholi co-fundou o Forum for Empowerment of Women (FEW) em 2002. Em 2009, fundou também o Inkanyiso, um fórum para meios visuais (de ativismo) queer. Continua a oferecer formação e a co-proporcionar workshops de fotografia para jovens mulheres nos bairros da cidade. Muholi estudou Fotografia Avançada no Workshop de Fotografia de Mercado em Newtown, Joanesburgo, e em 2009 concluiu um mestrado em Documentary Media na Universidade de Ryerson, Toronto. Em 2013, tornou-se Professora Honorária na Universidade de Artes/Hochschule für Künste Bremen.

_Ayogu Kingsley Ifeanyichukwu é um artista nigeriano conhecido pelo seu estilo hiper-realista. Nascido em Enugu, na região oriental da Nigéria, Ayogu interessou-se pela pintura e pela arte desde muito jovem. Isto levou-o a estudar pintura e gráfica no Enugu State College of Education (Technical). A obra de Ayogu pode ser descrita como deslumbrante e detalhada, retratando situações com um amplo espetro de emoções expostas através de lágrimas, desespero e afinidade. Quem observa as suas peças sente invariavelmente uma ligação aos quadros.

*Todos os direitos de imagem reservados aos artistas. 

19.11.2021 | by Alícia Gaspar | arte, ayogu kingsley ifeanyichukwu, azu nwagbogu, exposição, fotografia, HANGAR, pintura, realismo, Zanele Muholi

ATLANTICA: Contemporary Art from Cabo Verde, Guinea Bissau, São Tomé and Príncipe and their Diasporas

Pão, pão, queijo, queijo, 2010 | Gelantin silver print | 60 x 200 cm © Sandim Mendes Pão, pão, queijo, queijo, 2010 | Gelantin silver print | 60 x 200 cm © Sandim Mendes

Lançamento do livro Atlantica: Contemporary Art from Cabo Verde, Guinea Bissau, São Tomé and Príncipe and their Diasporas

10 de Dezembro 2021 | 18h00 – 21h00

Local: Hangar | Rua Damasceno Monteiro, n.º 12 - r/c, 1170-112 Lisboa 

ATLANTICA: Contemporary Art  from Cabo Verde, Guinea Bissau, São Tomé  and Príncipe and their Diasporas é o terceiro livro da editora Hangar Books, especializada em publicações no contexto das artes contemporâneas, com foco nas espistemologias do sul. 

Na sequência das duas obras anteriores dedicadas, respectivamente, a Angola e a Moçambique, este novo livro da série “Atlantica” centra-se na arte de Cabo Verde, da Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe, bem como nas suas diásporas.  É editado pelo artista César Schofield Cardoso, em conjunto com Mónica de Miranda, que assina também a coordenação.

Entre os artistas selecionados, encontramos Olavo Amado, Nú Barreto, Welket Bungué, César Schofield Cardoso, Irineu Destourelles, Vanessa Fernandes, Ângelo Lopes, Sandim Mendes, Melissa Rodrigues, Herberto Smith, Abdel Queta Tavares e René Tavares. E nos ensaios teóricos:  Azu Nwagbogu, Mónica de Miranda, César Schofield Cardoso, Ana Balona de Oliveira, Ana Cristina Pereira, Inês Beleza Barreiros, Raquel Schefer, Ana Nolasco, Álvaro Luís Lima, Michelle Salles, Paula Nascimento, Mariana Aboim, Raquel Lima, Valdívia Delgado Tolentino, Cristiana Tejo, Luísa Santos, Inocência Mata e Joacine Katar Moreira. 

Este quadro curatorial destaca artistas contemporâneos dentro e das regiões que atuam desde a viragem do milénio até ao presente. São artistas envolvidos em pesquisas e práticas de arte experimental e conceptual que investigam narrativas coloniais e pós-coloniais. As obras dos artistas representados neste livro são diversas em meio e abordagem, bem como no que respeita a questões sociais de endereço, como identidade e política corporal, lugar, memória e história. O novo milénio assistiu a uma produção cultural sem precedentes, caracterizada por um misto de radicalidade e marginalidade, nostalgia e utopia. Estes artistas estão principalmente comprometidos em desafiar noções fixas de lugar e afirmar conexões entre a produção artística e as formações políticas, sociais, ideológicas e pessoais.

“Atlantica” é o título e o princípio organizador desta série e o seu significado semântico remonta à mitologia clássica. Está carregado de potencial interpretativo sobre questões de localização, geografia, exílio, migração, separação, êxodo, diáspora e deslocamento, e representa o movimento de deixar a terra natal, uma experiência comum para muitos dos artistas representados nos outros livros da série. Atlantica aponta também para a história bem estudada da travessia do Atlântico Sul e do Norte e remete para o conceito de The Black Atlantic (1993), de Paul Gilroy. Gilroy usa as imagens do Atlântico para demonstrar a posição de identidades entre duas (ou mais) terras, culturas, que não podem ser definidas por fronteiras. Atlantica situa-se neste lugar de dupla consciência no trabalho de W.E.B. Du Bois, em The Souls of Black Folk (Du Bois 1903, 8).

Na celebração do lançamento deste livro, no dia 10 de Dezembro, às 18h, no Hangar, teremos um seminário moderado por César Schofield Cardoso com conversas com teóricos, artistas e investigadores. Este ciclo se estenderá por outros eventos como video-screenings, residências e rádio durante 2022.  Organização de Mónica de Miranda.

PROGRAMAÇÃO

Dia 10 de Dezembro. (18h00-21h30)

18h00

César Schofield Cardoso, “The space we share” (Editor’s note).

18h30

Ana Balona de Oliveira “Contemporary Art and the Interwoven Histories of Cabo Verde, Guinea-Bissau and São Tomé e Príncipe”. 

19h00

Inocência Mata “Between Sankofa and Janus…”transterritorialized” artists”.

19h30

Joacine k Moreira “TO DECOLONIZE IS TO D.E.P.R.O.G.R.A.M.E. Systemic Racism, Body, Gender and Diaspora in Arts”.

20h00

Artists Talk 

  • Vanessa Fernandes 
  • Irineu Destourelles
  • Nú Barreto
  • Melissa Rodrigues 
  • René Tavares 

 

CICLO DE VIDEO ONLINE DIÁSPORA: ITINERÁRIO DIALÓGICO

Curadoria de JOÃO SILVÉRIO

Artistas: Cesar Schofield Cardoso, Melissa Rodrigues, Vanessa Fernandes, Sandim Mendes, Welket Bungué

Lançamento 15/12/2021 às 19h

Diáspora: itinerário dialógico

Esta seleção de artistas para exibição na plataforma Hangar Online inclui trabalhos em vídeo e fotografias.  A extensão, por assim dizer, à fotografia, tenta reforçar uma ligação à prática documental tão presente nas imagens que os arquivos da diáspora se revelam como uma memória colonial do século passado.  Nesse sentido, procura-se propor um itinerário dialógico, ou seja, uma sequência de narrativas e documentos que exploram temas e temas atuais e comuns, como a (s) diáspora (s), o período colonial e diferentes abordagens das questões identitárias que representam a suposição de diferença, desejo e liberdade.

JOÃO SILVÉRIO

Mestre em Estudos Curatoriais pela Faculdade Belas-Artes da Universidade de Lisboa. É curador associado da colecção de arte contemporânea da Fundação PLMJ. Curador e tutor no projeto RAMA Residências para Artistas, Maceira, Portugal. Inicia a sua actividade como curador independente em 2003.

Cria o projecto independente EMPTY CUBE em Outubro de 2007 que tem apresentado projectos de artistas, designers e arquitectos (www.emptycube.org). Foi Presidente da Secção Portuguesa da AICA – Associação Internacional de Críticos de Arte, desde Março de 2013 até Dezembro de 2015. Cria, em 2019, a editora independente EMPTY CUBE_reader que lançou a primeira edição com uma obra dos artistas Musa paradisiaca.

Escreve regularmente sobre projectos artísticos em catálogos, publicações e websites entre os quais no www.emptycube.org

Conheça a editora Hangar Books:

https://hangar.com.pt/edicoes/ 

18.11.2021 | by Alícia Gaspar | arte, cabo verde, contemporary arts, cultura, diasporas, Guinea Bissau, HANGAR, lançamento de livro, livro, política, São Tomé and Príncipe

'Arrábida Bound' de Miguel Palma e Luís Palma

Miguel Palma + Luís Palma

Curadoria de Miguel von Hafe Pérez

18 novembro 2021


Depois de uma abertura surpreendente em setembro, e que foi considerada um dosacontecimentos mais marcantes da rentré eartística de Lisboa, a .insofar inaugura no próximo dia 18 de Novembro o projeto Arrábida Bound com curadoria de Miguel von Hafe Pérez. Neste segundo momento expositivo serão apresentadas obras de Luís Palma (Porto, 1960) e Miguel Palma (Lisboa,1964).

A partir de uma vivência geracional compartida, a exposição vai dar visibilidade a produções recentes, num caso, inéditas noutro, de dois dos protagonistas nacionais da renovação das linguagens escultóricas e fotográficas nos anos noventa do século passado.

Na verdade, foi a partir da exposição Imagens para os anos 90, que teve lugar em Serralves em 1993, que estes três autores cimentaram uma amizade e um continuado trabalho que se estabeleceu ao arrepio de modas, conjunturas e determinações exteriores.

Arrábida Bound parte de uma coincidência verdadeiramente extraordinária: ambos os artistas desenvolveram nos últimos tempos uma série de trabalhos que de forma mais ou menos literal se associam à ponte da Arrábida, estrutura icónica da cidade do Porto. Construída entre 1957 e 1963, a estrutura revelou-se um desafio assoberbante nos seus princípios de engenharia, bem como um conseguido exemplo de uma elegância formal que viria a eternizar o seu autor, o engenheiro Edgar Cardoso.

O projeto Vinte e cinco palavras ou menos de Luís Palma parte de uma série fotográfica realizada no interior de uma autocaravana estacionada precisamente nas imediações da ponte da Arrábida e que era a habitação de um velho rock ́n’roller. A partir daí o autor faz uma viagem por memórias pessoais, incluindo um conjunto de fotografias dos finais dos anos oitenta, e socioculturais, onde se entre cruzam narrativas da política (nomeadamente do colonialismo e da revolução), da vida da estrada e do universo musical como definidor de atitudes e comportamentos.

Miguel Palma ancora os seus trabalhos inéditos na representação explícita da ponte da Arrábida num desdobramento entre a escultura e o desenho. Como sempre, referencia um universo ficcional onde a modernidade se apresenta enquanto paradigma tensivo entre eficácia e derrisão, entre conforto e desastre. Os seus mecanismos são uma espécie de máquinas celibatárias no sentido duchampiano, onde desejo e morte se confundem no lastro de movimentos repetitivos e circulares sem nexo evidente.

Arrábida Bound é, então, uma oportunidade para testemunhar como através da arte contemporânea se podem ativar criticamente conceitos como os de memória, história e sequelas da reflexão (ou falta dela) sobre o nosso passado recente.

18.11.2021 | by Alícia Gaspar | Arrábida bound, colonialismo, fotografia, luís palma, miguel palma, miguel von hace Pérez

Temos de Falar 4 - André Tecedeiro e Laura Falésia

À conversa com Gisela Casimiro

André Tecedeiro & Laura Falésia à conversa com Gisela Casimiro.

André Tecedeiro é artista plástico e poeta. Laura Falésia é académica das áreas de estética, filosofia e gestão. São activistas. São também um casal.Conversam sobre poesia, cartas, amor, cinema, o dinheiro e o seu gato, Cotão de Umbigo Punk.

Sábado, 20 de novembro às 16h na Livraria Barata. Avenida de Roma 11 A.

Entrada livre! Streaming BUALA.


Laura: “Eu sinto que a nossa frequência é quase sempre a mesma - e quando não é, equilibra-se quando estamos juntos. Houve uma vez que me disseste que tu estavas comigo como quem está sozinho e eu senti isso como um elogio porque estar sozinha é uma das minhas sensações mais preciosas. Sinto-me honrada por quereres estar comigo, por me dares o teu tempo de solidão e por, ao mesmo tempo, não abdicares dele enquanto estamos juntos.” 

André: “A fuga é o exacto ponto em que tudo se transformaainda que nada tenha mudado.”

Laura:“Quando dizemos que daqui para a frente tudo vai ser diferente, é mentira. Não vai ser tudo diferente, na verdade até há a possibilidade de não mudar assim tanto. Podemos mudar uma casa inteira, mas não vamos remover os seus alicerces. E quando mudamos os alicerces, sinto que só compreendemos que os mudámos quando eles já estão completamente renovados.”

André: “A fuga é o grandioso final em que os milagres acontecem a partir de dentro.”

16.11.2021 | by Alícia Gaspar | André tecedeiro, Laura falésia, livraria barata, temos de falar