ENTREVISTA com Paulo Chibanga (organizador da segunda edicao do Festival Azgo)

(Paulo Chibanga à esquerda acompanhado do músico Muzila)

Paulo Cibanga, produtor e músico da Banda 340 mililitros. Fez parte da organização da segunda edição do Festival Internacional de música Azgo (18 a 20 de Maio). Ao é uma forma mocambicanizada de se dizer “Lets go”.  Assim como na primeira edição do festival, em 2011, um dos principais objectivos do evento é o intercâmbio entre músicos moçambicanos e artistas de outros várias partes do mundo, diz Paulo Chibanga, ao apresentar o festival.

No entanto, este ano o festival teve uma novidade, qual foi?

Este ano o que nos entusiasmou foi a nossa componente de exibição de filmes, o Azgo Filme. O especial desta componente é que não passámos simplesmente filmes, passámos filmes que estão relacionados com música. Gostaríamos que em Moçambique as pessoas pudessem ver mais este tipo de filmes, especialmente aquelas pessoas que gostam de música e de arte e não tem acesso a documentários que as pessoas vão fazendo pelo mundo sobre diferentes coisas. E também para motivar outros músicos de Moçambique a fazerem esse tipo de coisas. Fazer um documentário sobre jazz africano, por exemplo… Então essa foi a componente da edição do Azgo deste ano que nos entusiasmou e os números foram bons. Para uma primeira experiência, estamos satisfeitos com esta componente.

O filme que abriu o festival chama-se Punk in Africa, não é normal associar-se o movimento punk a África. É intenção do festival mostrar também uma África alternativa?

O conceito de que em África existe o punk, ou de que em África também existem pessoas alternativas e de que já há vários anos atrás existiram movimentos alternativos, ou que já nos anos 40, 50 houve bandas de rock compostas por pessoas negras em vários cantos de África é desconhecido. Por isso, foi importante mostrar esse filme aqui em Maputo.

E como foi feita a selecção das participações musicais no festival?

Este ano, queriamos ter dezasseis artistas para organizarmos um espectáculo variado. Então, tivemos desde música hip hop, reagge e afro. Falando de artistas, claro que a grande aposta foi a Sara Tavares que não vinha a Moçambique há mais de onze anos. Mas também tivemos grandes bandas como por exemplo, Sakaki Mambo and the Limba train, do Japão. Ele é um etnomusicologo que mistura música japonesa com música do Malawi. Tivemos músicos moçambicanos emergentes, como o Muzila. Tivemos também o grupo Ponto de Equilíbrio, do Brasil, que é uma super banda de reagge que não é muito conhecida aqui em Moçambique. Então a nossa ideia foi também apresentar algumas coisas às quais os moçambicanos ainda não estão habituados porque não podemos ficar, digamos, quadrados.

Mas acha que existe uma abertura para influências do mundo na cena musical moçambicana?    

Em Moçambique falamos português mas também muito inglês, temos acesso a vários tipos de música e interagimos com vários tipos de pessoas e isso influencia a nossa música, daí a nossa abertura. E a maneira como fazemos a nossa música faz com que ela seja bem recebida lá fora. Por exemplo, temos artistas como o Moreira Chonguiça que ganhou grandes prémios…

Os músicos moçambicanos atrevem-se a experimentar géneros musicais menos “típicos” para Moçambique?

Aqui em Moçambique isso acontece muito mas não é divulgado. Existem vários movimentos que não são divulgados aqui. A ideia do festival é também promover esses movimentos porque as pessoas atrevem-se a fazer coisas diferentes mas temos de nos concentrar mais.

 

 

por Carla Fernandes
Palcos | 26 Maio 2012 | entrevistas, festival Azgo, Paulo Chibanga