Violência, morte e direitos humanos: o genocídio da população negra como normalidade democrática

Violência, morte e direitos humanos: o genocídio da população negra como normalidade democrática Falta a certos discursos uma compreensão histórica do papel que a raça desempenha na construção da modernidade ocidental capitalista, de sua promíscua indissociabilidade. W. E. B. Du Bois foi talvez um dos primeiros pensadores afroamericanos a revelar, com bastante argúcia, as cumplicidades entre modernidade e terror.

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06.09.2017 | por Marcos de Jesus

As balas no dorso do crocodilo: escultura, memória e resistência em moçambique

As balas no dorso do crocodilo: escultura, memória e resistência em moçambique A partir da escultórico-performatividade de Hilário Nhatugueja abre-se um espaço de negociação de significados e mnemónicas associadas aos objectos da Guerra Civil, fazendo emergir contra-memórias coadas pela experiência traumática dos artistas que procuram provocar o dissenso tendo em vista a resistência e agência cultural.

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05.09.2017 | por Sílvia Raposo

Ambundulando, tecendo biografias sobre o mapa da memória

Ambundulando, tecendo biografias sobre o mapa da memória Na mponda das avós moravam detalhes importantes, arquivos alheios, fotos de família e biografias situadas na linha da história de um tempo. A exposição resulta de uma seleção de alguns desses elementos; início de conversa para lá do conforto do interior de lã. Expostos, os detalhes importantes da mponda de família, cruzam-se no espaço e dialogam com as memórias e arquivos de outros indivíduos e famílias detentoras de pedaços da história, para assim preencherem os buracos, habitarem as casas e ocuparem os largos do mapa da memória colectiva.

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31.08.2017 | por Maria-Gracia Latedjou

Moçambique é uma fantasia pós-colonial

Moçambique é uma fantasia pós-colonial Das múltiplas chaves de entrada em tão eficaz dramaturgia destaco a desconstrução liminar do sistema assistencialista das organizações de ‘ajuda humanitária aos africanos’, a exploração dos refugiados sob o pretexto de um trabalho dignificante, as cenas de contracena e faz-de-conta clássicas à maneira de Molière, a energia contagiante dos ‘números coreográficos’ mimetizando danças de resistência moçambicanas e um trabalho perfeito sobre os equívocos que conduzem a posições racistas quando a identificação de alguém por um colono se sobrepõe à identidade que o ex-colonizado reclama para si.

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21.08.2017 | por António Pinto Ribeiro

Doc's Kingdom 2017 I Emergir no conflito

Doc's Kingdom 2017 I Emergir no conflito Gostaríamos de convidar-vos para uma viagem. Não para atravessar o oceano, mas para examinar a sua superfície. Esqueçam a história sólida e luminosa dos continentes e os seus faróis que desfazem a noite com as suas certezas deslumbrantes. Em vez disso, entrem na sombra macia das profundezas, do outro lado do espelho opaco da água, numa paisagem infinitamente mutante que ignora as velhas fronteiras e os limites do corpo. Movimento líquido de subversão, ondas de vozes e ondas de rádio, telepatia. Space is the place. Este não é lugar para monumentos, para além dos ossos daquelas que são atiradas borda fora. Migrantes que têm como única bússola o desespero, mulheres grávidas que fertilizam as profundezas do oceano.

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20.08.2017 | por vários

Políticas da Inimizade (excerto)

Políticas da Inimizade (excerto) Esta nova disseminação de colónias – que vem juntar-se às anteriores vagas de migrações provenientes do Sul – baralha os critérios de pertença nacional. Pertencer à nação não é apenas uma questão de origem, mas também de escolha. Uma massa incessantemente crescente de pessoas participa agora em vários tipos de nacionalidades (nacionalidade de origem, de residência, de escolha) e de ligações identitárias.

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11.08.2017 | por Achille Mbembe

Duas universidades ameaçadas pelo racismo

Duas universidades ameaçadas pelo racismo Por que os conservadores querem destruir a Unila e Unilab, voltadas à integração latinoamericana e com a África Negra. O que isso revela sobre um déficit da esquerda.(...) A luta contra o capital é indissociável da luta contra o racismo, contra o patriarcado e contra tantas outras formas de dominação e de opressão.

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02.08.2017 | por Andréia Moassab e Marcos de Jesus

Festival Música do Mundo - Porto Covo, 2017 / Reportagem

Festival Música do Mundo - Porto Covo, 2017 / Reportagem Reportagem do Buala no Festival Músicas do Mundo - Porto Covo (FMM' 2017), que decorreu entre 21 e 23 de Julho.

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30.07.2017 | por Giorgio Gristina e Mariana Pinho

brasil-brasa-chama: algumas notas sobre a situação política brasileira

brasil-brasa-chama: algumas notas sobre a situação política brasileira Desde 2013 e seu junho disruptivo, o sistema político brasileiro está num processo de gradual perda total de legitimidade. O atual momento (de um presidente ilegítimo e com aprovação popular praticamente inexistente[3]) representa por ora o ápice desseque se vayan todos contínuo de quatro anos, bem diferente do caso clássico e incisivo argentino que, em 2001, derrubou vários presidentes em poucos dias a partir de fortes mobilizações de rua.

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28.07.2017 | por Jean Tible

África Festival terminou há 10 anos. O que mudou?

África Festival terminou há 10 anos. O que mudou? A maioria dos eventos usam o rótulo de lusofonia para a auto-legitimação e crítica pós-colonial. Estes processos complexos de negociação de representação utilizam Lisboa como montra de misturas lusófonas e um hub de comunicação do seu potencial para o mundo exterior. Festivais de música interculturais como África Festival são ‘espaços cosmopolitas’ por excelência que funcionam como plataformas para a apropriação de determinados ambientes musicais e sociais.

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19.07.2017 | por Bart Paul Vanspauwen

10 anos África Festival. Conhecer a vitalidade da criação africana, entrevista a Paula Nascimento

10 anos África Festival. Conhecer a vitalidade da criação africana, entrevista a Paula Nascimento As visões aludiam quase exclusivamente a abordagens tradicionais das culturas africanas, sobretudo com carácter étnico, antropológico ou exótico. As artes contemporâneas que entretanto emergiam no continente africano e nas diásporas não tinham espaço nem visibilidade em Portugal, e pouca representação no conjunto da oferta cultural do país.(...) O África Festival deu a conhecer o melhor da criação artística nas músicas de África e das diásporas africanas, espetáculos de grande qualidade a um público alargado,

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19.07.2017 | por Marta Lança

Notas estratégicas quanto aos usos políticos do conceito de lugar de fala

Notas estratégicas quanto aos usos políticos do conceito de lugar de fala Se o conceito de lugar de fala se converte numa ferramenta de interrupção de vozes hegemônicas, é porque ele está sendo operado em favor da possibilidade de emergências de vozes historicamente interrompidas. Assim, quando os ativismos do lugar de fala desautorizam, eles estão, em última instância, desautorizando a matriz de autoridade que construiu o mundo como evento epistemicida; e estão também desautorizando a ficção segundo a qual partimos todas de uma posição comum de acesso à fala e à escuta.

Corpo

19.07.2017 | por Jota Mombaça

Teatro em Angola, uma brevíssima síntese

Teatro em Angola, uma brevíssima síntese Falar de teatro em Angola é quase sinónimo de lamentar a falta de teatro em Angola. Vale a pena fazer um levantamento muito sucinto que dê a conhecer as pontas soltas - grupos, atores, encenadores, espaços - que têm mantido o teatro angolano vivo nestes 41 anos de Independência.

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18.07.2017 | por Marta Lança

Passaporte universal e representação nacional: participação da Tunísia na 57ª Bienal de Veneza

Passaporte universal e representação nacional: participação da Tunísia na 57ª Bienal de Veneza Tudo dentro da problemática lógica da representação nacional deve ser pensado nos termos de estratégias e táticas. The Absence of Paths assinala o problema do nacionalismo, estruturante da própria Bienal de Veneza. Ao mesmo tempo, parece abrir mão de um espaço que poderia despertar uma curiosidade internacional pela efervescente cena artística tunisina, culminando numa efetiva melhoria das condições de trabalho dos artistas do país.

Jogos Sem Fronteiras

16.07.2017 | por Icaro Ferraz Vidal Junior

"Aprender a viver com o inimigo" de Pedro Neves Marques

"Aprender a viver com o inimigo" de Pedro Neves Marques Permanecemos incapazes de escutar e compreender o diálogo entre uma androide ameríndia e o milho transgénico – a quem pertence a humanidade, afinal de contas? Para a coexistência destas diferentes cosmologias – modernas, animistas ou tecnofílicas – não existe sonho ou ficção capaz de as apreender num todo, apenas a perceção de que o mundo lhes dá lugar incessantemente e que a posição de inimigo, mais do que a natureza ou a cultura, marca as suas fronteiras.

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10.07.2017 | por Pedro Lapa

Ganhar-lhe o gosto

Ganhar-lhe o gosto Durante três dias atravessámos a paisagem começando entre as planícies ribatejanas da agroindústria. Campos imensos de tomateiros, arroz, girassóis, vinhas… Observámos as debulhadoras que separam a rama do tomate, desta intensa agricultura capitalista sobram anualmente muitos metros de tubos de borracha da rega gota a gota, alguns serão reciclados outros ficam por terra abandonados.

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07.07.2017 | por Maria Prata

Um apocalipse comosgónico, sobre "Deus Dará"

Um apocalipse comosgónico, sobre "Deus Dará" “Mas se a história for o arco, o narrador será o arqueiro que liga os mortos aos vivos. Os índios sabem que os mortos dão flor e fruto, e a sombra deles vai longe no horizonte.” Da chegada dos navegadores portugueses e da insistência historiográfica em falar de descoberta (esquecendo a invasão, a mortandade, a exploração, a colonização) às manifestações contra a Copa do Mundo, de Machado de Assis a Caetano Veloso, da prosa mais arrumada ao estilhaçar de géneros literários, com imagens, recortes e tudo, dos emigrantes que ajudaram a definir o Rio de Janeiro às UPP que instauram o estado policial nas favelas, quase nada do que é, foi ou será o Brasil que conhecemos ou queríamos conhecer é estranho a este livro e, mais importante, nada surge aqui por acaso ou vontade de fazer bonito numa qualquer caracterização arrumada do que é ou não esse Brasil.

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05.07.2017 | por Sara Figueiredo Costa

Incêndios florestais, causas e consequências

Incêndios florestais, causas e consequências Enquanto não se reorganizarem convenientemente (com profissionais e tecnologia adequada) os Serviços Florestais e não se efetuar o devido ordenamento do território, vamos continuar a ter "piroverões", noticiados de modo inqualificável pelas televisões, por continuarmos a ter governantes incapazes, que não estão para ter trabalho e aborrecimentos. Assim, a consequência final será realmente a desertificação, com as nossas montanhas cobertas de rocha nua, pois sem vegetação o solo é completamente arrastado pelas águas pluviais.

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19.06.2017 | por Jorge Paiva

Novas representações de áfrica: da colónia à póscolónia, uma leitura do livro de António Pinto Ribeiro

 Novas representações de áfrica: da colónia à póscolónia, uma leitura do livro de António Pinto Ribeiro O que muda significativamente não é de facto a diferença da categoria violência, real e simbólica, sobre a qual se fundam estes espaços africanos, mas a da visibilidade que essa violência adquire quando falamos da pós-colónia, fazendo emergir uma possível leitura sobre as duas orfandades de África – por um lado, a da colonização e, por outro, a da Guerra Fria, que geraram sistemas de representação diferentes, mas unidos pela desapropriação, a violência e o extrativismo. De que tipos de continuidades e descontinuidades estamos então a falar nestas narrativas?

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19.06.2017 | por Margarida Calafate Ribeiro

O pós-colonialismo e as instituições culturais portuguesas: o caso do programa Gulbenkian Próximo Futuro e do projeto Africa.cont

O pós-colonialismo e as instituições culturais portuguesas: o caso do programa Gulbenkian Próximo Futuro e do projeto Africa.cont Tratando-se de um paradigma que tem sido amplamente discutido em várias áreas disciplinares, procurar-se-á analisar de que forma algumas instituições portugueses se têm posicionado (deliberadamente ou não) perante as ideias principais que informam o paradigma pós-colonial e de que forma essas ideias se manifestam nas práticas dessas instituições. Serão analisados em detalhe dois projetos: o programa Próximo Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian e o projeto do Centro Cultural Africa.cont. Estes dois projetos foram escolhidos por se considerar que são os projetos que mais diretamente abordaram a temática pós-colonial em Portugal e as suas questões fundamentais.

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17.06.2017 | por Maria Manuela Restivo