Tecer redes à procura de um novo mapeamento cognitivo contrarracista

Tecer redes à procura de um novo mapeamento cognitivo contrarracista No presente, porém, essa população miscigenada de forma forçada e violenta não encontra respaldo, nem reconhecimento por parte da elite política e econômica do país, que ainda reproduz comportamentos enraizados de discriminação dos afro- descendentes, sem esquecer que o primeiro grande contingente de escravos trazido a Portugal

A ler

11.07.2019 | por Miguel de Barros

A-terrar

A-terrar Embora desapossada do olhar colossal que a navegação espacial lhe trouxe nos anos 70, a ideia de humanidade enquanto espécie converte-se progressivamente em colosso geológico imanente capaz de influenciar ritmos cardinais do mundo, ou pelo menos assim é descrito o seu alcance. Antropoceno é a época geológica da espécie humana, dizem, e a prova são os depósitos sedimentares que se originaram a partir dos anos 50 com os primeiros experimentos nucleares. Ignora-se claro que essa “espécie” foi inseminada artificialmente pelo casamento normativo e cisgénero da modernidade e da colonialismo, e que a visão colossal ainda se crê parada de fora e em frente ao globo, mesmo que, a bom ver, muitxs chafurdem na lama, em especial xs que não foram inclusos dentro dessa ideia unificadora de humanidade.

Mukanda

10.07.2019 | por Ritó aka Rita Natálio

Negro, entre pintura e história

Negro, entre pintura e história Os autores confrontaram-se com a ausência de informação sobre a representação de homens e mulheres negros na pintura europeia, o que os levou a interrogações muito objetivas: quem eram as pessoas representadas, o que motivou a sua representação, e porque é que na pintura raramente tinham uma identidade individualizada.

A ler

10.07.2019 | por Ana Paula Rebelo Correia

Razia, poder e violência no sudoeste angolano

Razia, poder e violência no sudoeste angolano O objetivo desta análise é um deslocamento da perspectiva, a partir do qual se busca compreender menos a forma como os africanos resistiram a um processo imposto a partir de fora e que avança de maneira coerente, mas como certas estratégias sociais e ações políticas por eles articuladas impuseram mudanças ao conjunto das relações entre os agentes implicados na situação colonial. Importam aqui os interstícios ainda pouco iluminados da agência africana no sul de Angola: o que os africanos faziam do que se tentava fazer deles a partir da década de 1920?

Ruy Duarte de Carvalho

08.07.2019 | por Rafael Coca de Campos

Haverá um nós «mulheres»?

Haverá um nós «mulheres»? O racismo e sexismo, de que foram alvo desde a escravatura, contribuíram para as deploráveis condições e estatuto das mulheres negras: «nenhum outro grupo na América teve a sua identidade tão rasurada da sociedade quanto as negras. Raramente nos reconhecem como grupo autónomo e distinto dos negros, ou como parte integrante, nesta cultura, do grupo alargado de mulheres.»

Corpo

07.07.2019 | por Marta Lança

Cenas da memória colonial: a decadência e as ruínas de Macau

Cenas da memória colonial: a decadência e as ruínas de Macau O que resta do Hotel Império, além de uma alegoria asiática com referência a Portugal? Não só um aglomerado de ruínas de um edifício que evoca a memória de um esplendor antigo e agora desbotado, que sobrevive só residualmente, mais como imagem estética do que como um fato documentável e reconhecido.

Afroscreen

06.07.2019 | por Roberto Vecchi

Afrofuturismo e Perspectivismo Ameríndio: duas ferramentas para um pensamento decolonial

Afrofuturismo e Perspectivismo Ameríndio: duas ferramentas para um pensamento decolonial Trazendo algumas reflexões sobre práticas de decolonização do conhecimento e artes no contexto afro e índio brasileiro, este artigo alerta sobre o possível esvaziamento de termos e teorias, concentrando-se no movimento afrofuturista. Em paralelo, o debate sobre o afropolitanismo em relação ao cosmopolitanismo, pan-africanismo, e a formação da identidade africana, reconhecendo múltiplas modernidades. Para concluir, aponta-se para o perspectivismo ameríndio como possível fuga na assunção de humanidades como base de um pensamento decolonizado. E ainda alguns trabalhos de artistas africanos, afrodescendentes e indígenas brasileiros.

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02.07.2019 | por Laura Burocco

Arte é essencial para a Democracia

Arte é essencial para a Democracia Quando proponho a experiência estética como algo que nos coloca a ver a democracia – e aqui penso estética como Rancière a propõe em sua partilha do sensível, ou seja: como aquilo que possibilita a estese – em consonância com o título da intervenção estadunidense contra a anestesia de uma posse fascista, o que proponho de fato nada mais é do que observar aquilo que difere.

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01.07.2019 | por Allende Renck

A restituição das obras está por todo o lado

A restituição das obras está por todo o lado O facto deste assunto estar por todo o lado quer dizer que transbordou da esfera político-museológica para o espaço público e mediático, o que é bastante positivo, sobretudo se for acompanhado de intervenções e de debates esclarecedores. O processo, que não era simples à partida, tornou-se mais complexo importando novos problemas e, dada a heterogeneidade das posições dos Estados envolvidos, aumentou a sofisticação que era exigida para tratar deste assunto.

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30.06.2019 | por António Pinto Ribeiro

'Partituras para ir', de Joana Braga

'Partituras para ir', de Joana Braga Partindo das formas existentes no percurso estabelecido e do imprevisto provocado pelos sujeitos, 'Partituras para ir' procurou instaurar relações de movimento e de repouso, de velocidade e de lentidão, através das quais se instaura o devir, um devir entendido enquanto processo de desejo.

Cidade

30.06.2019 | por Marta Rema

"Não posso escorregar na emoção fácil, que a saudade e a distância criam", entrevista a Ana Paula Tavares

"Não posso escorregar na emoção fácil, que a saudade e a distância criam", entrevista a Ana Paula Tavares A Angola que eu deixei em 1992 não tem rigorosamente nada a ver com a Angola actual, e acho bem que as coisas mudem. Não tenho saudades nenhumas do tempo colonial, que era um tempo de injustiça, mesmo eu que ia à escola e à universidade, e estava do lado privilegiado, sei muito bem que é um sistema para esquecer (ou para lembrar....). Como também está resolvido sem nostalgia esses tempos de envolvimento quase amoroso: a Independência, o nascer um país, criarmos os filhos, uma avalanche de coisas que nos estavam a acontecer e nós tínhamos 20 anos.

Cara a cara

24.06.2019 | por Marta Lança

Máscaras europeias

Máscaras europeias Por que é que a Europa tem (ainda) tanta dificuldade em mostrar uma atitude coerente perante os discursos legitimadores dos racismos e da xenofobia? Quais são essas máscaras que lhe impedem de aceitar o seu passado colonial e considerar, de uma vez por todas, as diásporas como parte integrante da riqueza do mapa cultural europeu? O “velho continente” será capaz de conciliar o seu glorioso legado cultural (incluindo o teatro grego, dentro do contexto histórico em que este se insere) com o seu – menos glorioso – passado colonial?

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22.06.2019 | por Felipe Cammaert

Angola de dentro para fora nas “Actas da Maianga”. percursos de reflexão sobre as guerras e o político no pensamento de Ruy Duarte de Carvalho

Angola de dentro para fora nas “Actas da Maianga”.  percursos de reflexão sobre as guerras e o político no pensamento de Ruy Duarte de Carvalho RDC buscou desfazer a confusão comum entre a ética e a política, colocando-se contra a verdade oficial e a razão do Estado ao narrar os sofrimentos impostos à população no contexto da crise. A crise se instalou pela guerra, igualmente pelos diversos modelos ocidentalizantes que se tentaram aplicar, levando a uma permanente desestruturação, instabilidade e incerteza que forneciam argumentos aos dirigentes para manterem um estado de exceção que justificava a penúria dos angolanos.

Ruy Duarte de Carvalho

22.06.2019 | por Kelly Araújo

Historia de T.A

Historia de T.A Comecei a descer com o meu traje de mergulho, cabelo desarrumado... Andando desconfortavelmente, percebi que não havia motivo para pânico. Ninguém se incomodava. Na Turquia, as pessoas olhariam, tentando perceber quem era aquela pessoa e o que estava fazendo lá. Naquele momento, entendi ‘Estou na Europa mesmo’. Ninguém se incomoda. Eles são livres”.

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16.06.2019 | por Sinem Taş

A recusa da guerra e o abismo colonial

A recusa da guerra e o abismo colonial a difícil assunção de uma guerra politicamente derrotada e o fecho traumático do ciclo imperial tenderam a produzir uma memória sobre a guerra colonial na qual – ainda que acentuando frequentemente a dimensão «trágica» ou «inútil» do acontecimento – sobressai uma leitura da participação no conflito como um gesto de dever e da figura do ex-combatente como alguém que fora vítima, ora dos «ventos da História», ora de uma guerra que fora obrigado a combater.

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16.06.2019 | por Miguel Cardina

Cavando o tempo para trazer à superfície vidas que não são do nosso tempo

Cavando o tempo para trazer à superfície vidas que não são do nosso tempo Entrevista com Sangare Okapi e Amosse Mucavele ao escritor moçambicano Aurélio Furdela."Um bom verso nem sempre rima com bom-menino. Pior, é que nem se está à procura de bons meninos, mas de aduladores. A nossa intelectualidade gosta de ser bajulada, é uma espécie de importação da cultura do sistema político, quase uma tentativa de reprodução da hierarquia vinda da luta de libertação nacional, merecedora de uma certa glorificação, esses outros se querem Chipandes da literatura."

Cara a cara

16.06.2019 | por Aurélio Furdela

O gabinete de Coimbra. sobreposições sobre um espaço comum

O gabinete de Coimbra. sobreposições sobre um espaço comum O que sucedeu à relação das autoridades tradicionais com a chegada das independências e do Estado pós-colonial? Ora aqui a provocação é muito simples. Na construção do Estado dito pós-colonial em Moçambique, em especial a partir de 1994, vamos encontrar dimensões muito pouco pós-coloniais. Vamos descortinar uma relação com tanto ou mais continuidades significativas com o Estado colonial do que aquilo que seria expectável.

Ruy Duarte de Carvalho

14.06.2019 | por Fernando Florêncio

Edson Chagas. Oikonomos

Edson Chagas. Oikonomos Ao colocar os sacos na sua própria cabeça, Chagas inverte-os, dessa forma desacelerando e desnaturalizando a imediatez normalizadora com que, acriticamente, eles próprios e as suas mensagens circulam. Sem deixar de se implicar a si mesmo e, por extensão, a todos nós, o artista incita-nos a um questionamento essencial, enquanto ponto de partida para a procura conjunta de outros modos de vida.

Cara a cara

12.06.2019 | por Ana Balona de Oliveira

Lost Lover: o que diríamos da história se a pudessemos contar

Lost Lover: o que diríamos da história se a pudessemos contar Sobre as condições políticas e histórico-geográficas da produção e controle do conhecimento, nos fala a exposição Lost Lover, com curadoria de Lara Koseff, originalmente apresentada no Rio de Janeiro, no exterior do espaço Lanchonete e presentemente no espaço Rampa, no Porto. Numa das salas, onze vídeos projectados em loop de artistas maioritariamente sul-africanos confrontam-nos com o abandono do medo, assim convocando questões habitual e estrategicamente silenciadas.

Vou lá visitar

12.06.2019 | por Eduarda Neves

O Direito de Fuga - PRÉ-PUBLICAÇÃO

O Direito de Fuga - PRÉ-PUBLICAÇÃO O que aqui definimos enquanto traços exemplares da condição e da experiência dos migrantes aparece sob uma luz efectivamente específica no nosso tempo, no tempo da globalização. Vale a pena avisar que o modo em que esta última é aqui considerada guarda significativa desconfiança face a todas as suas imagens excessivamente simples e lineares, habitualmente veiculadas pela insistente referência a fórmulas como «neoliberalismo» e «pensamento único».

Jogos Sem Fronteiras

11.06.2019 | por Sandro Mezzadra