Chega de ódio, pela democracia no Brasil e no mundo

Apelo às pessoas preocupadas com a situação social e política que se vive no Brasil:

No próximo dia 28 de Outubro disputa-se a segunda volta das presidenciais no Brasil entre os candidatos Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Dizer basta ao ódio, ao medo e à violência tem de se fazer valer neste momento. É urgente reafirmar a democracia, a liberdade e os direitos humanos.

Não se trata de mais um acto eleitoral, assistimos ao sintoma de uma preocupante escalada de forças e movimentos de extrema-direita no mundo, em casos como Itália, Áustria, Hungria, Estados Unidos da América, citando apenas alguns.

Lançamos por isso um alerta para o sério risco de retrocessos sociais, ecológicos, políticos e humanos, que estão em jogo nas eleições brasileiras.

O Brasil está mergulhado numa crise complexa. Uma grave crise política e económica, uma crise de confiança nas instituições, uma crise de insegurança e uma crise ligada à corrupção. Apoiar Jair Bolsonaro - defensor da ditadura, da tortura e da violência - fará o Brasil descarrilar do caminho da democracia e seguir pelo da discriminação, autoritarismo e negação de qualquer debate sobre as vidas e rumo do país.

Não podemos aceitar que isto aconteça. Reconhecemos os laços, a memória e a dívida histórica que Portugal tem para com o Brasil. Abraçar esta crise como nossa é parte do processo que Portugal deve fazer, tendo em conta o seu passado colonial e as relações do presente.

Embora “fascismo” não seja uma palavra diretamente usada pelo candidato ou pelo seu partido (PSL), não faltam exemplos de posturas e afirmações da sua parte, que seriam consideradas crimes de ódio e de incitação à violência. Bolsonaro faz a apologia direta ao regresso da ditadura militar no Brasil, defende o armamento livre da sociedade e a venda em barda das reservas indígenas, elogia torturadores como o Coronel Ustra, proferiu inúmeras declarações contra negros, gays, mulheres e pobres. Jair Bolsonaro não é apenas um nome e por isso foi chamado de o “coiso”, porque a sua política é de incitamento ao ódio coletivo e inominável. A cada minuto e a cada dia que passa, o discurso de Bolsonaro deixa marcas nos corpos dos brasileiros. Só nos últimos dez dias, houve relatos de 50 incidentes violentos, inclusive o assassinato de Mestre Môa, importante capoeirista da Bahia, esfaqueado até à morte depois de uma briga política.

Tal disseminação da violência (contra a “esculhambação”, nos seus próprios termos) e esta espécie de banalização do mal não são apenas uma proposta de programa de governo, mas um perigo real com implicações no nosso mundo comum.

Em Lisboa, na primeira volta das eleições (a 7 de Outubro), apoiantes de Bolsonaro provocaram e ameaçaram eleitores junto às urnas. Um dos vídeos sobre esses ataques partilhados nas redes sociais, mostra um rapaz novo afirmar com orgulho: “- sou italiano, sou branco e hetero. Sou fascista mesmo!”.

Apesar dos atentados aos direitos humanos e a defesa do extermínio dos povos e das minorias serem crime, tanto em Portugal como no Brasil, a campanha conduzida por Bolsonaro continua a não merecer sequer uma advertência pelos responsáveis eleitorais brasileiros.  

Em Portugal temos ainda memória da ditadura e não abdicamos da conquista de liberdades e democracia pós 25 de Abril, apesar de também por cá a violência aleatória se fazer sentir. Reafirmamos os direitos ameaçados, solidários com o perigo iminente que o Brasil atravessa.

Perante este cenário, apelamos ao fim da violência! Chega de ódio, lutamos pela democracia no brasil.

Concentração dia 21 de outubro, entre as 15h e as 20h no Largo Camões em Lisboa !

Assine a petição popular aqui!

Página do FB aqui. 

Subscrevem este apelo (em actualização): 

Aida Tavares - directora artística TSL. Alex d’Alva Teixeira - músico . Alexandra Lucas Coelho - escritora  . Alexander Gerner -  investigador em filosofia. Alice Geirinhas, artista plástica . Ana Alcântara -historiadora . Ana Almeida - bióloga . Ana Balona de Oliveira -  historiadora de arte e curadora . Ana Bigotte Vieira - historiadora e dramaturgista . Ana Estevens - geógrafa . Ana Gandum - investigadora estudos artísticos.  Ana Pais - curadora e investigadora em artes performativas . Ana Rita Teodoro - bailarina e coreografa . Ana Sofia Nunes - professora. Ana Stela Cunha - investigadora . Ana Vidigal - artista . Anabela Mota Ribeiro - jornalista . André Godinho - realizador . André e. Teodósio, encenador e actor . Andreia Magalhães - geógrafa . Andresa Soares - artista e produtora . Ângela Ferreira - artista . Antónia Pedroso de Lima - antropóloga . António Brito Guterres - dinamizador social . Apolo de Carvalho - AFROLIS . Bernardino Aranda - livreiro . Bruno Alexandre - bailarino e coreógrafo . Bruno Moraes Cabral, realizador . Catarina Alves Costa- professora  . Catarina Barata -  antropóloga e videasta . Catarina Leal - antropóloga . Catarina Marto - artista.  Catarina Mourão - realizadora . Cátia Salgueiro - professora e argumentista . Carlota Lagido - bailarina, coreógrafa e figurinista . Carlos Fino - jornalista e investigadorCarlos Narciso - jornalista . Cecília Silveira - militante da BD . Cláudio da Silva - actorCristiana Bastos - antropologa . Cristina Roldão - socióloga . Cristóvão Campos - actor. Christiane Tassis - escritora e roteirista . Daniela Rodrigues - antropóloga . Dina Campos Lopes-  desempregado Eduardo Dias Ferreira - neurocientista . Eugénia Santa Bárbara - geógrafa . Fátima Proença - responsável de organização cívica . Fernanda Mira Barros - editora . Filipa Lowndes Vicente -Investigadora . Filomena Nascimento - socióloga, Associação cultural .  Flávio Almada ” Lbc Soldjah” - artista, tradutor e direção do Moinho da Juventude . Francisca Bagulho - produtora . Francisca Lima - designer. Francisco Frazão - programador e tradutor . GRaça Passos - agente cultural . Giulia Lamoni - investigadora em artes Goli Guerreiro - escritora  . Gonçalo Amorim - encenador . Guilherme Cartaxo - designer. Helena Almeida - psicóloga . Ícaro Lira - artista . Inês Beleza Barreiros - arqueóloga visual e investigadora . Inês Mestre - antropologa e realizadora . Irene Pimentel, historiadora .  Isabel Boavida - reformada . Isabella Lenzi - curadora . Ivo Braz - investigador/historiador de arte . Joacine Katar Moreira - investigadora Estudos Africanos . João Branco - encenador . João Constâncio - filósofo e professor . João Delgado - professor . José Gusmão - deputado, político . Josina Almeida, assistente técnica . João Leal - professor de antropologia . João Luís Lisboa - professor . João Mário Grilo - cineasta . João Oliveira Duarte - estudante universitário . João Pedro Vale - artista . Joana Lucas - antropóloga . Joana Pupo - actriz, encenadora e professora . João de Pina-Cabral - antropólogo e professor . João Salaviza - cineasta  . Joana Areosa Feio - antropóloga . Joana Braga - arquiteta, estudos urbanos . Joana Levi - atriz e pesquisadora  . Joana Mortágua - deputada na Assembleia da República . Joana  Mendonça - química, professora . Joana Nascimento Fernandes - bióloga . Joana Pupo - actriz, encenadora e professora . Jorge Barreto Xavier - professor e ex-Secretário de Estado da Cultura . Jorge Louraço Figueira - dramaturgo . José Tomaz Guimarães de Sousa Freire - capitão da Marinha Mercante . José Damião Rodrigues - professor e historiador . José Falcão - Sos Racismo . José Oliveira Duarte - estudante universitário . Karen Akerman - cineasta .  Filipe Reis - professor de antropologia . Hugo Maia - tradutor . Inês Cordeiro Dias - professora e investigadora . Leonor Noivo, realizadora/produtora de cinema . Leonor Remédio - cientista . Leonor Xavier - escritora . Liliana Coutinho - assessora Conferências e Debates Culturgest . Lígia Afonso - historiadora de arte . Lígia Soares - dramaturga e coreógrafa . Lolo Arziki - realizadora . Lúcia Marques, curadora e produtora cultural . Luciana Moreira Silva - investigadora . Luís Brás - cineasta . Luzia Gomes Ferreira - poeta e professora . Luísa Homem - realizadora e montadora . Luísa Veloso  - socióloga .  Magda Bizarro - assessora artística do Teatro D.Maria II . Mamadou Ba - activista anti-racista . Manuel Bivar - historiador . Manuel Moreira - atorManuela Ivone Cunha - antropóloga . Manuela Ribeiro Sanches - professora e investigadora . Maria do Carmo Piçarra - investigadora . Maria Emília Castanheira - atriz . Maria João Guardão - jornalista . Maria Mire - artista plástica . Mário Soares - funcionário público . Margarida Vale de Gato - tradutora . Maria do Rosário Pedreira - editora. Mariana Casanova - estudante . Mariana Pinho . Maria Remédio - artista . Marta Bernardes- artista . Marta Cerqueira - bailarina e coreógrafa . Maria João Baessa Pinto - gestora de ciência e tecnologia . Marta Lança - investigadora e editora do BUALA . Marta Mestre - curadora Marta Moreira - produtora de teatro . Marta Pita - antropóloga . Mattia Denisse artista . Maura Grimaldi - artista e pesquisadora . Michelle Salles - professora da escola de belas artes . Miguel Cardina - investigador . Miguel Ribeiro - programador Doclisboa . Miguel Seabra Lopes - argumentista e realizador . Miguel Silva Graça - arquitecto . Miguel Vale de Almeida - antropólogo . Miriam Alves - jornalista . Myriam Taylor - empresária e ativistaNuno Artur Silva - autor . Nuno Alexandre Ferreira - artista . Nuno Lopes - actor . Nuno Manuel Ferreira Dias - sociólogo . Nuno Ventura Barbosa - tradutor . Oriana Alves - editora. Otávio Raposo - antropólogo. Patrícia Mourão - pesquisadora e programadora de cinema . Paulo Raposo - antropólogo . Pedro Cardim, professor. Pedro Castanheira - diretor de fotografia . Pedro Cerejo - tradutor . Pedro Faro - historiador de arte/ curador . Pedro Figueiredo Neto - investigador . Pedro Filipe Oliveira - actor . Pedro Neves Marques - artista e escritor . Pedro Pinho - realizador e produtor de cinema . Pedro Queirós - designer . Pedro Sena-Lino - escritor e professor . Pedro Schacht Pereira - professor . Raquel Freire - realizadora . Raquel Schefer - investigadora . Raquel Lima - investigadora, performer . Raquel Ribeiro - escritora . Ricardo A. Freitas - músico . Ricardo Cardoso - professor . Ricardo Custódio - empresário design . Rita Ávilo Cachado - antropóloga e professora . Rita Brás - realizadora e activista ambiental . Rita Castanheira - pedopsicóloga . Rita Natálio - performer, escritora e investigadora . Roberta Stumpf - investigadora e historiadora . Rodrigo Lacerda - realizador e antropólogo . Rodrigo Araújo - Vaiapraia . Rosa Maria Perez - professora. Rui Borges, designer . Rui Gomes Coelho - antropólogo . Rui Mourão - artista visual . Rui Teigão - agente cultural .  Rui Zink - escritor e professor . Samara Azevedo - artista multimédia . Sandra Ataíde Lobo - historiadora . Sara Almiro - fotógrafa . Sara Anjo - bailarina . Sara Goulart Medeiros - mediadora cultural . Sara Machado - gestora cultural . Sara Orsi web-designer, investigadora em cultura digital. Sérgio Machado Letria - director da Fundação José Saramago . Sílvia das Fadas - realizadora . Sílvia Tengner Pinto Coelho - coreógrafa, investigadora . Simone Frangella - investigadora ciências sociais . Sofia da Palma Rodrigues - jornalista . Sofia Osório - bailarina e antropóloga . Sofia Neuparth - investigadora em estudos do Corpo e do Movimento . Sónia Baptista - escritora, coreógrafa . Sónia Malaquias Ferreira da Silva - psicóloga. Sonia Miceli - guia-intérprete e investigadora . Susana de Matos Viegas - antropóloga e  professora . Susana Moreira Marques, jornalista . Tânia Santos - gestora de projetos, investigadora . Tatiana Salem Levy - escritora . Teresa Fradique - docente, investigadora, antropóloga. Tiago Alves - jornalista e curador de cinema. Tiago de Faria - director artístico . Tiago Castellano - economista . Tiago Gandra - artista Tiago Hespanha - realizador. Tiago Mota Saraiva - arquitecto . Tiago Rodrigues, encenadorToy - cantor . Vanessa Brito - filósofa . Vasco Araújo - artista. Vasco Pimentel  - director de som . Vasco Santos - assistente Operacional no Hospital de Barcelos .Verónica Leite de Castro - investigadora . Victor Hugo Lopes - conservador de filmes . Zé Bebiano - técnico de seguros

 

 

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Mukanda | 15 Outubro 2018 | Bolsonaro, Brasil, crise, eleições, fascismo