Jogos Sem Fronteiras #2 – espaços de resistência e práticas de invenção

REVISTA Jeux Sans Frontières #2 – espaços de resistência e práticas de invenção

Ao longo de 2016 o BUALA divulgará, um a um, em versão portuguesa, os textos que perfazem o segundo número da revista Jeux Sans Frontières #2 – espaços de resistência e práticas de invenção. Para informação detalhada ver o índice da revista em baixo.

O mundo rebenta pelas costuras, tomando a expressão em sentido literal: hipótese que não pretende ser sociológica nem crítica mas prática, imediata e evidente. A essas costuras, que rebentam permanentemente e à vista desarmada, JSF chama “fronteiras”. Não apenas aquelas que repudiam o estranho e o estrangeiro que esperamos manter afastado do nosso espaço exclusivo e territorial; mas ainda as que definem uma única crise, de tudo e por todo o lado.

Com o título Jeux Sans Frontiéres #2 e o subtítulo espaços de resistência e práticas de invenção, reúnem-se 13 textos de proveniências geograficamente diversas, escritos entre 2011 e 2014, mais umas poucas glosas acrescentadas pelos editores. Cada testemunho escrito corresponde a uma experiência localizada e singular que o nome de uma cidade tem como função marcar: Madrid, NYC, Rabat, Amesterdão, São Paulo, Lisboa, Kaunas, Milão, Atenas, Santiago do Chile.

A JSF#2 parte das ocupações das praças que desde 2011 se fizeram sentir um pouco por todo o lado – motivo inicial que orienta, mas não esgota, a leitura deste conjunto de textos. Dar conta das formas de resistência política desenvolvidas ao longo dos últimos anos, passa por situá-las na relação com os espaços que então se abriram ou fecharam. Passa igualmente por inventariar algumas das práticas que jogaram mais ou menos positivamente com o conjunto das limitações – materiais tanto quanto subjectivas – que em cada caso, e segundo as incidências do lugar, definiram um ou outro conflito mais ou menos declarado, mais ou menos próximo ou afastado da visibilidade e dos holofotes dos media.

JOGOS SEM FRONTEIRAS (J-S-F) é uma plataforma transdisciplinar situada na intersecção entre arte, política e teoria crítica. Tendo começado em 2007 com a edição da revista Jogos Sem Fronteiras #1 dedicada à fronteira sul da Europa – a cujos massacres de Ceuta e Melilla em 2005 tentava responder –, foi reactivada em 2011 em Nova Iorque, no quadro do ciclo Crisis of Everything Everywhere organizado pelo 16 Beaver Broup no rescaldo das experiências de Occupy Wall Street.  A revista Jogos Sem Fronteiras #2, dedicada ao que se chamou ‘espaços de resistência e zonas de invenção’ –incide sobre os levantamentos que tiveram lugar entre 2011 e 2013, em particular a experiência das praças.

Devendo o seu nome ao programa de televisão Jeux Sans Frontières, a mais longa co-produção da história da televisão Europeia, a acção desta plataforma – sem fronteiras de linguagens – tem-se pautado pelo seu carácter situado e relacional, em articulação estreita com o contexto e o momento histórico em que ocorre. Neste quadro, tem vindo a privilegiar uma abordagem curatorial e de convite/encomenda à realização de trabalhos artísticos e teóricos (que por vezes se traduz numa abordagem editorial) temática, agrupando sob conjuntos de ideias-chave uma série propostas que incluem muitas vezes a criação de conteúdos originais, em diversos suportes – e sua posterior tradução e itinerância. Pensada como objecto que circula e que se troca, a revista Jogos Sem Fronteiras serve então de mote para a organização de eventos críticos que procuram sempre aliar o discursivo ao sensorial, recorrendo para tal a exposições, projecções de filmes, performances, leituras, etc.

Entre as suas últimas apresentações contam-se eventos como Art in Resistance, Spielart Festival 2015, (Munique, 2015); Institutions, Politics, Performance (Atenas, 2015)  The Art of Being Many, Kampnagel (Hamburgo, 2014); The New Abduction of Europe, Museo Reina Sofia/ Fundación de Los Comunes (Madri, 2014); Wake Up! Assembly for a Diferent Europe, Spielart Festival (Munique, 2013);  Sound Development City: Trienal de Arquitectura de Lisboa/Capitale Européenne de La Culture (Lisboa/ Marselha 2013); Truth is Concrete (Graz, 2012); Crisis of Everything Everywhere, 16 Beaver group (Nova Iorque, 2011).

J-S-F é actualmente um projecto de Ana Bigotte Vieira, Sandra Lang e (como editor convidado) Nuno Leão. Tem como parceiro estreito a plataforma media BUALA (de que constitui uma secção), e como colaborador residente o designer Marco Balesteros. A sua acção, porém, desenvolve-se sempre em articulação com colectivos/ indivíduos ou associações locais, privilegiando-se o contacto continuado com os colaboradores anteriores.

 

 

por Ana Bigotte Vieira, Nuno Leão e Sandra Lang
Jogos Sem Fronteiras | 7 Março 2016 | Jogos Sem Fronteiras #2, resistência, transdisciplinar