A resistência da Livraria Ulmeiro

A resistência da Livraria Ulmeiro Antes do 25 de Abril fui processado como fundador, também, da Assírio e Alvim, pela edição do livro “Portugal sem Salazar” e, depois do 25 de abril, pela edição do livro “Massacres na Guerra Colonial Tete” num processo movido pelo Estado Maior General das Forças Armadas que chegou, depois, ao 5º Tribunal Militar Territorial de Lisboa e o acusador público, o militar que fazia esse papel, pediu que o processo fosse integrado na chamada Lei da Amnistia, a Amnistia dos crimes de abuso de liberdade de imprensa.

Cara a cara

09.04.2024 | por Mariana Ribeiro Mota

O meu irmão Nhonhô, por Tuna Furtado Lopes*

O meu irmão Nhonhô, por Tuna Furtado Lopes* E de repente eclodiu o 25 de Abril de 1974, considerado pelo Nhonhô numa entrevista à RTC sobre o seu percurso de vida como “uma autêntica revolucão”. E de facto foi a festa infinita que começou com a caça aos informadores da PIDE/DGS na cidade da Praia e na qual o Nhonhô e os seus amigos estudantes da Assomada residentes na cidade-capital da colónia/província ultramarina portuguesa e, logo depois, com a libertação dos presos políticos do Tarrafal, prosseguindo com os frequentes comícios e sessões de esclarecimento, os saraus culturais e as muitas e acaloradas discussões políticas nas quais nós, adolescentes, também nos envolvíamos entusiástica e freneticamente.

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08.04.2024 | por José Luís Hopffer Almada

Onde estava no 25 de Abril? Como alguns angolanos viveram o momento da revolução portuguesa

Onde estava no 25 de Abril? Como alguns angolanos viveram o momento da revolução portuguesa Depois de quinze anos de luta pela libertação e independência – numa guerra iniciada em Angola, que seguiu forte para a Guiné-Bissau e Moçambique -, dá-se o 25 de Abril como um desenlace que muitos esperavam. Em 1974 abre-se um novo capítulo, ainda que polémico, para o processo de descolonização. Como é que algumas personalidades angolanas viveram a Revolução portuguesa que pôs fim ao longo regime ditatorial fascista de Salazar e Caetano? Momentos de emoção ou de apreensão? O que foi dominante: a perplexidade, ou já era previsível? Em que circunstância se encontravam? Que implicações trouxe para a vida de cada um? Qual foi a percepção para o futuro do país? Conforme o lugar de enunciação, o 25 de Abril pôs termo à guerra ou foi esta que o desencadeou? Recolhemos vários depoimentos que ajudam a construir este puzzle de memórias, pois para além da História que vem nos livros, interessa-nos as suas entrelinhas.

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28.04.2022 | por Marta Lança

A Guerra Guardada: fotografia de soldados portugueses em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique (1961-74)

A Guerra Guardada: fotografia de soldados portugueses em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique (1961-74) Durante os anos da guerra, milhares de jovens recrutados para Angola, Guiné-Bissau e Moçambique tiraram fotografias daquilo que os rodeava: os camaradas, os quartéis, as paisagens, o quotidiano, as populações civis, o aparato militar. Estas imagens escaparam à censura do regime, e foram guardadas ou enviadas pelo correio como provas de vida à distância. Alguns destes homens construíram laboratórios improvisados, outros acederam a laboratórios oficiais. Vários frequentaram lojas de fotografia que floresceram com a procura gerada pela guerra, muitos compraram e trocaram imagens. Assim construíram os arquivos fotográficos de que agora mostramos partes.

Vou lá visitar

05.01.2022 | por Inês Ponte e Maria José Lobo Antunes

Cenas do Gueto I A vida preta do negro

Cenas do Gueto I A vida preta do negro “Ainda somos escravizados na sociedade moderna, mas houve muitos grandes homens que morreram para hoje estarmos aqui a gozar dessa liberdade”, diz PekaGboom. Bráulio concorda, e evoca a importância do 25 de abril. As revoluções são ensinamentos e também uma urgência, pois o quotidiano de racismo, precariedade e salários indignos permanece. “Vida preta do negro” é o manifesto.

Afroscreen

22.12.2021 | por Otávio Raposo

Diário de um etnólogo guineense na europa (dia 8)

Diário de um etnólogo guineense na europa (dia 8) A Tugalândia é tão complicada que não consigo pensar bem, são tugas brancos a serem racistas, são tugas pretos a serem classicistas, são tugas assim-assim a serem assado-assado, e eu aqui apanhado em pensamentos confusos e contraditórios, querendo deixar esta tarefa inglória de estudar os tugas e voltar para Guiné, mas a Guiné está numa situação ainda mais merdosa.

Mukanda

21.12.2021 | por Marinho de Pina

Joana Rita Maia

Joana Rita Maia Pertenço a uma geração em que se falou do 25 de Abril muito a correr. Aliás, estava nas últimas páginas dos livros de História. Falou-se essencialmente do Mário Soares - que era o que aparecia com algum relevo naquelas páginas. Conhecia a cara do Álvaro Cunhal, um bocadinho mais escondida. E depois quando se falava das colónias, era uma página. Então, a sensação que eu tinha era que aquilo tinha acontecido numa semana e que nós tínhamos sido expulsos de lá e acabou.

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03.10.2021 | por Bruno Sena Martins

A afasia colonial e as encruzilhadas da memória

A afasia colonial e as encruzilhadas da memória A descolonização, iniciada com a resistência dos povos colonizados, teve no 25 de Abril uma data marcante. O golpe feito revolução resulta diretamente da derrota política na guerra. A ele se sucedeu o fim do império em África e um processo revolucionário do qual a democracia portuguesa é herdeira. Neste sentido, uma boa ocasião para debater e estimular novas políticas públicas da memória sobre o passado colonial será, certamente, o próximo ciclo comemorativo do 25 de Abril.

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19.07.2021 | por Miguel Cardina

O jardim da Praça do Império e os fiéis jardineiros do colonialismo

O jardim da Praça do Império e os fiéis jardineiros do colonialismo Para desgosto dos mestres-jardineiros da outrora capital do império, a “inconstância da alma indígena” foi e será a autodeterminação de quem se quer recusar a ser talhado pelo poder colonial-racista. Vale lembrar que os cravos de abril não teriam existido sem essa preciosa determinação.

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22.05.2021 | por Bruno Sena Martins

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 7)

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 7) É assim, os tugas disseram que o 25 de Abril de 1974, foi o dia da Revolução d’Escravos, que os capitães do Abril foram tomar o poder lá na Grândola da Vila Morena, porque o povo ordena. Na verdade, o povo nada ordena, o povo é ordenado, porque os tugas não conseguem fazer nada por si mesmos, precisam sempre e têm mania de capitães, os quais adoram e até lhes fazem estátuas. Quando chegaram ao Brasil tinham um capitão, à Guiné, outro capitão, ao Moçambique, mais um capitão, e na Madeira é o Cristão Ronaldo o capitão.

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26.04.2021 | por Marinho de Pina

O inconsciente colonial

O inconsciente colonial É um lugar-comum dizer-se que a produção de memória arrasta consigo, inevitável e concomitantemente, a produção de esquecimento. Há muitas formas de esquecimento, a mais insidiosa das quais é, sem dúvida, a rasura da memória, a reescrita do passado como parte de uma estratégia deliberada de intervenção no presente.

Jogos Sem Fronteiras

28.02.2021 | por António Sousa Ribeiro

"Portugal e o Futuro"

"Portugal e o Futuro" A Pátria discutia-se a sério, pela primeira vez. Se antes o “Ultramar” parecia um tabu intransponível, tanto nas forças apoiantes do regime como mesmo nos diferentes campos ideológicos e políticos da oposição ao regime, agora a discussão sai da Assembleia Nacional e dos círculos restritos do regime para se tornar pública e inevitável. Spínola anuncia uma “encruzilhada” do regime e do problema ultramarino.

Jogos Sem Fronteiras

22.02.2021 | por Luís Farinha

A propósito das Mulheres de Abril

A propósito das Mulheres de Abril Depressa percebi o que era Abril. E hoje percebo ainda mais a sua necessidade e importância. A luta pelos direitos nunca foi nem nunca será garantida. É diária e extremamente instável. Precisa de vozes, de eco, de gritos. Precisa de inquietação. Abril foi e é também uma das razões pelas quais eu posso cá estar hoje. A ocupar este espaço que durante muito tempo não foi meu nem de nenhuma mulher. Um espaço pequenino, confinado, como uma quarentena obrigatória em que não era suposto sair à rua e muito menos reivindicar o que seria meu por direito. Em que não era suposto eu ter uma opinião e muito menos expressá-la num lugar qualquer, fosse ele político ou social, académico…

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03.11.2020 | por Marta Dias

Contra-memórias do 25 de abril: silêncios, reparações e justiça

Contra-memórias do 25 de abril: silêncios, reparações e justiça As independências não foram uma concessão deliberada e solidária do novo regime, foram uma conquista que resultou da coragem e determinação de homens e mulheres que lutaram pela libertação e soberania territorial dos seus países e enfraqueceram o regime colonial português até ao limite das suas possibilidades humanas e militares. Além disso, o movimento anti-colonial nunca foi assumido e articulado pelas agendas políticas portuguesas do novo regime (tanto as de esquerda como as de direita) de uma forma assertiva e consequente, e essa negligência histórica tem repercussões e continuidades até aos dias de hoje, no que diz respeito à segregação, exclusão e obliteração racial em Portugal.

Mukanda

26.04.2020 | por Núcleo Antirracista de Coimbra (NAC)

Revolução e cinema: o exemplo português - chamada de trabalhos

Revolução e cinema: o exemplo português - chamada de trabalhos O cinema português contemporâneo defronta-se com a questão de como representar a revolução, de como reactivar o tempo da revolução no presente, presentificando-a, arrancando-a ao distanciamento do passado e do arquivo e conferindo força política objectiva e crítica às imagens do 25 de Abril. Se a travessia da história constitui uma operação crítica por excelência e se o método historiográfico comporta necessariamente um processo de identificação com os acontecimentos do passado, para os cineastas portugueses, sobretudo para aqueles que cresceram ou nasceram depois do 25 de Abril, a existência de um tão vasto arquivo e de um corpus cinematográfico extraordinário coloca o problema mais além de qualquer historicismo.

Afroscreen

27.10.2013 | por Raquel Schefer