Black Skin, White Masks. The Black Body in Presence: Buhlebezwe Siwani, Masimba Hwati, Rita GT, Valete

Galeria Avenida da Índia,  Curadoria: Nuno Silas e Titos Pelembe, 4.03 16h – Inauguração 17h – performance Hwati Massimba em colaboração com Yaw Tembe

 “Black Skin, White Masks: The Black Body in Presence” é uma exposição performativa, que tem como referência a proposta de Frantz Fanon desenvolvida no livro “Pele Negra, Máscaras Brancas”. A exposição integra trabalhos multidisciplinares de música, som, vídeo, instalação, fotografia e performance de artistas estabelecidos em Portugal e no contexto internacional. Buhlebezwe Siwani, Hwati Masimba, Rita GT e Valete exploram temáticas centradas nas questões de identidade, género, violência, espiritualidade, racismo quotidiano e temas sociais, onde o corpo é o lugar produtor de sentido(s). 

Esta exposição apresenta ideias e experiências subjetivas, comprometidas com o pensamento contemporâneo e o discurso decolonial, sendo composta por diferentes projetos artísticos e apresentando obras já realizadas, algumas das quais foram recriadas para o espaço expositivo. 

Um dos maiores desafios dos curadores nesta mostra foi, segundo os próprios, “repensar a curadoria da arte da performance como exercício decolonial, experimental e de liberdade. No momento presente – o século XXI - , o debate sobre o racismo em diferentes domínios na sociedade portuguesa, assim como no contexto internacional, incluindo as ex-colónias, mostra-se urgente.”

A inauguração conta uma performance Hwati Massimba.

Black Skin, White Masks. The Black Body in Presence pode ser vista na Galeria da Boavista, todos os dias das 10h às 13h e das 14h às 18h, até 14.05.2023.

Cortesia de Nuno Silas e Titos Pelembe.Cortesia de Nuno Silas e Titos Pelembe.

Buhlebezwe Siwani trabalha com performance, fotografia, escultura e instalação. A obra de Siwani questiona o enquadramento patriarcal do corpo feminino negro e da experiência feminina negra no contexto sul-africano. Enquanto Sangoma iniciada, curandeira espiritual operando no espaço dos mortos e dos vivos, Siwani tem vindo a centrar a sua prática artística na ritualidade e na relação entre o cristianismo e a espiritualidade africana. Central ao seu trabalho é o seu próprio corpo, o qual opera em múltiplos registos como sujeito, objeto, forma, suporte, material, linguagem e lugar. Apesar de não numa aceção literal, o seu trabalho pode ser descrito como documentação de um conjunto diversificado de performances que se materializam através do vídeo, da fotografia, escultura, instalação e obras em papel.

Rita GT é uma artista crítica e interventiva que aborda temas como a memória, a identidade e a importância dos direitos humanos. O estilo de vida itinerante de Rita permitiu-lhe desenvolver um âmbito profundamente internacional na sua prática, valorizando sempre os pontos de vista históricos das muitas culturas com as quais entrou em contacto. O simbolismo colonial, recorrente no seu trabalho, define ainda mais sua própria identidade e linguagem artística. A artista usa imagens, palavras e performances para interrogar e experimentar, forçando os limites dos materiais que usa e os conceitos que aborda.

Valete é um rapper português de origem santomense. Desde cedo participou ativamente nos movimentos hip-hop em Portugal da década de 1990. É conhecido pela sua música de intervenção social, de esquerda, que retrata temas do tempo presente.

Masimba Hwati tem um mestrado pela University of Michigan-Ann Arbor e é candidato de doutoramento em práticas artísticas na Akademie der Bildenden Künste de Viena. Frequentou em 2019 a Skowhegan School of Painting and Sculpture. Estudou escultura no Harare Polytechnic, no Zimbabué. Encontra-se representado em coleções como as do Michigan Museum of Art (UMMA), Iziko-South African National Gallery, Montreal Museum of Fine Arts, Scott White Contemporary-San Diego, Jorge M Perez -Miami Florida, George R. Nnamdi - Detroit Michigan. National Gallery of Zimbabwe, Gervanne & Matthias Leridon. 

Nuno Silas é artista visual interdisciplinar e curador. A sua prática engloba a arte da performance, curadoria em performance art e pesquisa artística. Nuno participou em colaborações e pesquisas na Universidade de Bayreuth, na Alemanha, no Museu Natural de Berlim e no Humboldt Forum Berlin, bem como em espetáculos internacionais com bailarinos, artistas visuais e músicos. Formou-se em Artes Plásticas pela escola Escola Superior de Artes e Design Esad.CR. Em 2018, foi bolseiro na Fundação Gulbenkian para a realização de um mestrado em African Verbal and Visual Arts, Media and Curatorial Studies na Universidade de Bayreuth. Nuno Silas nasceu em Maputo e vive entre a Alemanha, Moçambique e Portugal.

Titos Pelembe, artista multifacetado, é ainda curador-investigador do coletivo de investigação artística Maputo Street Art, Repensar as Artes e mentor do grupo Polana Urban Creative Space - Galeria 3/4, sediada em Maputo. Dedica-se profissionalmente às artes plásticas desde 2004. Ao longo do seu percurso artístico, notabilizou-se principalmente no domínio da Escultura em Cerâmica de grandes formatos, entre outras disciplinas artísticas. Frequenta atualmente o doutoramento em Educação Artística e pós-graduação em Design de Tecnologias para a Saúde na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Foi vice-presidente do Núcleo de Arte (2016-2818), é Embaixador do Festival Internacional de Arte da Ilha de Moçambique e colabora com a Associação Kulungwana, Museu das Pescas, Visual Arts, entre outras organizações. Recebeu mais de uma dezena de prémios nacionais nas modalidades de Escultura, Desenho, Pintura, Banda Desenhada e Design Gráfico. Vive e trabalha entre Moçambique e Portugal.

  

01.03.2023 | por martalanca | Buhlebezwe Siwani, Galerias Municipais, Masimba Hwati, Rita GT, Valete

Emancipação do Vivente

EXPOSIÇÃO

Alfredo Jaar, Colectivo Ayllu (Alex Aguirre Sánchez, Leticia/Kimy Rojas, Francisco Godoy Vega, Lucrecia Masson e Yos Piña Narváez), Frame Colectivo (Gabriela Salhe e Agapi Dimitriadou), Raquel Lima

As Galerias Municipais inaguram no próximo dia 24 de fevereiro, às 18h, na Galeria da Boavista, a exposição Emancipação do Vivente / Emancipation of the Living, com curadoria de Museum for the Displaced. Esta exposição coletiva resulta de uma colaboração entre as Galerias Municipais de Lisboa e a Galeria Municipal de Almada, ocupando simultaneamente dois espaços, um em cada uma destas cidades vizinhas e profundamente interligadas que, na última década, têm vindo a testemunhar um enorme movimento e mudança, incluindo um processo de rápida gentrificação.

A inauguração conta com duas perfomances, pelo Colectivo Ayllu e por Raquel Lima.

Emancipação do Vivente é a primeira exposição do Museum for the Displaced. As obras apresentadas oferecem diferentes pontos de partida para tópicos complexos relacionados com o deslocamento. Em Lisboa, as obras de Colectivo Ayllu, Raquel Lima, Alfredo Jaar e Frame Colectivo focam-se na Europa enquanto território colonizador, enquanto, em Almada, as obras de Frame Colectivo, Dima Mabsout, ETC e Filipa César refletem sobre questões relacionadas com o território, a expropriação e os direitos à habitação.

Manifestação Orgulho Crítico, QPOC. Bloco migrante antirracista, 28 Junho 2022. © Migrantes Transgresores / Colectivo Ayllu. Foto Yun PingManifestação Orgulho Crítico, QPOC. Bloco migrante antirracista, 28 Junho 2022. © Migrantes Transgresores / Colectivo Ayllu. Foto Yun Ping

curadoriaMuseum for the Displaceddata24.02.2023
– 28.05.2023horárioTodos os dias
10h-13h e 14h-18hlocalGaleria da Boavistagaleria da boavistainauguração: 18h
performance Colectivo Ayllu: 19h
+
performance “O Meu Útero Não está na Europa”: 19h30

Concepção: Raquel Lima. 
Captação de vídeo: Mónica Baptista, Odair Rocha e Raquel Lima. 
Captação de som: Danilo Lopes. 
Edição de som e vídeo: Sara Morais. 
Design gráfico: Mónica Monteiro. 
Desenhos: Daniela Rodrigues. 
Sonoplastia: Sara Morais, Kwame Write, Revy Boadu, mix/master by Drumnayshin of DNWE studios. 
Curadoria: Museum for the  Displaced. 
Parceria: Galerias Municipais de Lisboa – Galeria da Boavista / EGEAC.

Raquel Lima: ”é o início de uma investigação epigenética, holística e artística sobre a relação entre a ancestralidade uterina e movimentos intuitivos na busca de práticas de autocuidado, cura e libertação.”


24.02.2023 | por martalanca | Emancipação do Vivente, Galerias Municipais, Raquel Lima

Kiluanji Kia Henda | Something Happened on the Way to Heaven

Galerias Municipais – Galeria Avenida da Índia
Curadoria: Luigi Fassi
03.11.2020 – 10.01.2021
Visita com a presença do artista: 03.11.2020 – 17h
(marcação prévia: bilheteira@galeriasmunicipais.pt)


As Galerias Municipais têm o prazer de apresentar Something Happened on the Way to Heaven, primeira grande exposição individual dedicada a Kiluanji Kia Henda (Luanda, Angola, 1979), um dos mais relevantes artistas e ativistas de origem africana no panorama da arte contemporânea.
Something Happened on the Way to Heaven apresenta uma série de esculturas e instalações criadas especialmente por Kiluanji Kia Henda enquanto artista em residência na Fundação LUMA em Arles, França, e no Museu MAN em Nuoro, Sardenha (com o apoio da Sardegna Film Commission), às quais se associam trabalhos fotográficos anteriores. Nas novas peças do artista, a beleza idílica da paisagem mediterrânica contrasta com os traços arquitetónicos da Guerra Fria e com a história contemporânea dessa região entre a África e a Europa como lugar de migração e injustiça social.

Something Happened on the Way to Heaven é formulada como uma observação sobre o mundo mediterrânico com duplo sentido – um idílio aparentemente paradisíaco que revela a presença do seu oposto. Com efeito, as obras de Kiluanji Kia Henda evidenciam a dialética contraditória entre um esplendor natural dotado de traços idealizados e um obscuro reverso de ameaças históricas e atuais.
O primeiro elemento dialético é, evidentemente, a beleza. Representada pela natureza mediterrânica e pela idealização do mar e da costa, esta beleza tornou-se uma mercadoria massificada pelo turismo contemporâneo. O segundo elemento é representado pelos vestígios da Guerra Fria e pela imagem inquietante do Mediterrâneo nos dias de hoje, já não visto como uma ponte entre mundos, línguas e culturas diferentes, mas como uma miragem da esperança de uma nova vida que leva à morte milhares de pessoas que tentam atravessar o mar para o conseguir.

Este território entre a África e a Europa é, assim, interpretado no seu contraste discordante entre a beleza das suas paisagens costeiras e o drama contemporâneo do Mediterrâneo, considerado um lugar de conflito e de bloqueio, a fronteira de uma Europa que se fecha atrás de uma cortina de barreiras jurídicas e físicas cada vez mais rígidas. O tema do movimento e da migração é evocado através de imagens zoomórficas como os flamingos, que têm um estilo de vida nómada e sem regras sazonais rigorosas. Aqui, eles simbolizam a migração como um fenómeno livre, imprevisível e universal. O Mediterrâneo e os territórios subsarianos estão, assim, ligados entre si como geografias instáveis e em constante mudança, testemunhando as transformações recentes e futuras que afetam os respetivos continentes da Europa e de África.
Em colaboração com a Publitaxis & Publiroda e a CP – Comboios de Portugal a exposição Something Happened on the Way to Heaven de Kiluanji Kia Henda ainda conta com oitenta cartazes aleatoriamente distribuídos em algumas das carruagens dos comboios regulares da Linha de Sintra, com imagens da obra A Sina de Otelo / Othello’s Fate (Act I, II, III and IV) de 2013.

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Medidas preventivas Covid 19:
As Galerias Municipais têm uma lotação máxima; É proibida a entrada de grupos com mais de 10 pessoas; É obrigatório o uso de máscara dentro do edifício; Desinfete as mãos à entrada; Mantenha a distância de segurança de 2 metros; Evite o aglomerar de pessoas; Adote as medidas de etiqueta respiratória; Coloque máscaras e luvas nos caixotes do lixo reservados.

26.10.2020 | por martalanca | exposição, Galerias Municipais, kiluanji kia henda, luigi fassi

CONVERSA com Thiago de Paula Souza

a propósito da sua visita a Lisboa e mini-residência nas Galerias Municipais. 

 Thiago de Paula Souza Thiago de Paula SouzaThiago de Paula Souza é curador e educador com formação em Ciências Sociais. Participou no Propositions for Non-Fascist Living, organizado pela BAK (basis voor actuele kunst), em Utrecht, Países Baixos. Com a curadora Gabi Ngcobo, criou a plataforma I´ve seen your face before, parte do projeto Ecos do Atlântico Sul, do Goethe Institut. Entre 2016 e 2018, foi membro da equipa curatorial da 10ª Bienal de Berlim intitulada We don´t need another hero.

Atualmente é membro do trio curatorial da 3ª edição de Frestas, a Trienal de Artes no SESC Sorocaba que acontecerá em agosto de 2020 em Sorocaba, no estado de São Paulo, Brasil. A conversa sobre curadoria será mediada por três músicas que estão vinculadas a projetos (coletivos) de Thiago de Paula Souza. O evento acontecerá no dia 30 de julho, terça-feira, pelas 19h na Galeria Quadrum, Alvalade. 

26.07.2019 | por martalanca | Galerias Municipais, Thiago de Paula Souza