FORA DE CAMPO mostra dois filmes de Celso Luccas e José Celso

Quarta-feira 14 de Dezembro 2011 | CARPE DIEM ARTE E PESQUISA | 17h00 | ENTRADA LIVRE

 

Dois filmes produzidos em plena ebulição social, realizados literalmente entre Portugal e Moçambique: a possibilidade de uma imagem para a mudança política que envolvia a revolução e a ascensão de lideranças socialistas. Com “O Parto” - o momento do golpe de Estado em Portugal e o nascimento de um país libertado da guerra colonial e de um longo período fascista – e “25” que narra a revolução que culminou com a Independência de Moçambique em 1975, a libertação da ocupação portuguesa e o nascimento da luta armada e da Frelimo.

Os dois realizadores brasileiros, Celso Luccas e José Celso documentam uma realidade imediata, mas a leitura política e ética do momento é revelada por uma vigorosa montagem de materiais oriundos dos arquivos da RTP, da Cinemateca Portuguesa e do Instituto Nacional de Cinema de Moçambique. Nessa utilização é possível desde logo entrever ambiguidades quanto aos múltiplos sentidos que ganha a revelação desse material, ao seu reconhecimento colectivo e à actualização das suas atribuições.

 

O Parto

de Celso Luccas & José Celso Martinez Corrêa, 32’

Rádio Televisão Portuguesa, 1975.


25 (vinte e cinco)

de Celso Luccas & José Celso Martinez Corrêa, 1h35’

Versão II - Instituto Nacional de Cinema de Moçambique (moz)/Oficina Samba (br)/ Institut National de l’Audiovisuel (fr),1975-1978.

Fora de Campo - Arquivo de Cinema de Moçambique é um projecto-instalação de Catarina Simão, apresentado no CARPE DIEM ARTE E PESQUISA

de 30 Novembro 2011 a 28 Janeiro 2012.

4ª - Sáb., 13h – 19h

O trabalho apresentado em Fora de Campo é uma reflexão sobre a natureza da percepção e da memória codificada através das imagens, documentos e dispositivos que os acolhem e organizam. Este trabalho implica um diálogo continuado com um arquivo em particular, o Arquivo Moçambicano de Cinema, localizado em Maputo. Através de um processo de acumulação de documentos, reproduz narrativas de diferentes formas de condição pós-colonial: desde a ideologia da Guerra Fria que produziu uma colecção de filmes revolucionários, passando pelo capitalismo global que procura agora a sua preservação, até à sua proposta situada, como fragmento de uma investigação pessoal.

Esta instalação é concebida como uma montagem de elementos numa sala de trabalho onde o esforço de pesquisa reverbera para além de uma apresentação formal. A partilha do seu método com a comunidade articula-se em torno de um programa de visitas comentadas e o agenciamento de encontros de proximidade com especialistas em história e ficção, assim como com responsáveis de arquivos circundantes.

 

Catarina Simão (n. 1972) vive em Lisboa. É arquitecta, artista e investigadora. Em 2009 iniciou o projecto em curso, Fora de Campo – Arquivo de Cinema de Moçambique. Desde então, o projecto tem sido apresentado em instituições artísticas e seminários em Lisboa, Porto, Maputo, Viena, Londres, Paris, Barcelona, Amesterdão, e também na Bienal Manifesta 8, em Múrcia. É autora de artigos e outras contribuições associadas ao tema do seu projecto, como imagem política, arquivo, pós-colonialismo e práticas artísticas centradas na primazia do processo.

 

Produção GHOST Associação

Em colaboração com o AFRICA.CONT

13.12.2011 | por joanapires | filmes, fora de campo