Corpos Dissidentes |Cidades Rebeldes

Kim Joon, Party-Hermes 2007Kim Joon, Party-Hermes 2007Arte(s), Antropologia(s) e Ativismo(s) 31 Maio e 1 Junho 2019

Procuramos recuperar o sentido da ágora, espaço de discussão e decisão sobre as coisas que dizem respeito à vida na cidade. Este encontro quer-se feito de cruzamento e propõe-se ser também uma assembleia de afetos e de posicionamentos. Acreditamos que é sobretudo através das corporalidades que se manifestam potências criativas e que são os corpos dissidentes e os gestos rebeldes que se tornam capazes de resistir aos diversos tipos de intolerância e discriminação. Acreditamos também que este conflito se expressa muitas vezes nas ruas, nas tensões e nas disputas em espaço público, mas também no modo como as cidades contemporâneas são construídas sem atender às diversidades. Explorar e discutir as dimensões intersecionais (racialidade, classe, género, mobilidade) que se exprimem nestes fenómenos são fortemente acolhidas neste encontro, assim como a sua contextualização em territórios urbanos periféricos ou “periferizados”. 

Procuramos explorar linhas de reflexão sobre estes tópicos num formato de discussão seminal, mas também experimentar linguagens performativas e expositivas em espaço público e dialogar a partir de posicionamentos e de lugares de fala concretos. Desejamos sobretudo que o encontro se faça de cruzamentos férteis entre antropologia(s), práticas artísticas e ativismo cidadão, articulando-se com os agentes locais instalados e conhecedores do território e potenciando redes e diálogos que fertilizem territórios de emancipação e de consciência fasciltando a criação de cidades mais inclusivas.

O Encontro ocorre em espaços da freguesia de Marvila, em territórios mais periféricos desta zona oriental de Lisboa, em espaços menos convencionais e menos académicos e onde as sessões possam ser organizadas em formatos diversos num ambiente de conversas e debates, visionamento e discussão em torno de ensaios visuais e curtas, e reflexão sobre performances e instalações, e caminhadas pelo território estimulando o contacto com aqueles que ali habitam, trabalham ou transitam. Acresce que todos estes formatos se destinam a ser, mais tarde, publicados em plataforma digital criada para o evento, incluindo um conjunto de artigos sobre a temática do encontro.

Pretendemos partilhar estas reflexões e abrir um diálogo e estimular cruzamentos com organizações instaladas neste território. Uma Biblioteca Municipal (de Marvila). Uma associação de imigrantes (Aguinenso em Chelas). Uma casa regional (A Casa do Concelho de Castro D’Aire), entre outros. Convidamos agentes locais como os associados das acima referidas associações, o raper Sam The Kid que ali reside e que estará presente através do Canal Tv Chelas e a Associação Mulheres sem Fronteiras/Rota das Mulheres na DiverCidade que por ali faz caminhadas em torno da arte urbana. 

E, finalmente, também pretendemos habitar a rua, e o espaço público por consequência, porque eles são uma extensão obvia deste encontro. Ali poderão ocorrer outros encontros. Menos previstos, menos previsíveis. Feitos de acasos e de múltiplas instigações.

Uma organização de: Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA)

Apoios: Instituto Brasil Plural | Prince Claus Fund | Biblioteca Municipal de Marvila | Casa do Concelho de Castro Daire | Associação Aguinenso – Associação de Solidariedade Social | Mulheres Sem Fronteiras/Rotas Mulheres na DiverCidade | CIES-IUL | Laboratório de Audiovisuais do CRIA | Rede de Doutorandxs em Antropologia | Red de investigación de y desde los cuerpos | BUALA | Fruta Feia | Sirigaita

Equipa organizadora:

Amaya Sumpsi, André Soares, Angela Montalvo Chaves, Francesca de Luca, Emiliano Dantas, Herberto Smith, Joacine Katar Moreira, Junior Abalos, Laura Burocco, Otávio Raposo, Paula Barreto, Paulo Raposo, Rodrigo Lacerda, Scott Head, Teresa Fradique 

Programa 

Dia 31 maio, sexta

Biblioteca Municipal de Marvila 

Café
9.30h Abertura com “café e 2 dedos de conversa” - café da manhã/pequeno almoço com café, bolinhos e fruta e roda de conversa com Teresa Fradique (Pt), Otávio Raposo (Br), Luciana Hartman (Pt) e Paulo Raposo (Pt) - atividades do dia e diálogo com artistas 

Biblioteca Municipal de Marvila
Sala José Gomes Ferreira
10h Seminário 1 - corporalidades dissidentes e bodyabilities com Luciana Hartmann (Br) e Allende Renck (Br) e Gabe Passareli (Br), Laura Borocco (It/Br) e Vânia Gala (Uk/Pt)

Espaço Público 

11.30h – Instalações e performances 

  • Instalação-performance “Atlas: 1494-2666” de Francesca de Luca e Helena Elias (Ita/Pt) – ao longo do dia no exterior da Biblioteca
  • Performance-Jogo Marcia Vaitsman (Br) “O Jogo das Ilhas” - na Biblioteca, apenas para 1 pessoa 
  • Deriva performativa “Diálogos habitados: a noiva errante” com Marília Ennes Becker (Br) (levar telefone/celular com fones de ouvido)
  • Performance de Telma João Santos (Pt) “Perfect Landscape [to let your 

{s}hit flows]” 20’

  • Instalação-expositiva de Herberto Smith (fotografo, Pt) e Emiliano Dantas (Br) “O museu das invasões” 
  • Caminhada sensorial-performativa com Filipe Reis e estudantes Pós-Graduação em Culturas Visuais Digitais do ISCTE-IUL e Rede dos Doutorandxs 

Casa do Concelho de Castro Daire 

13h30 – Almoço volante coletivo - piquenique nos jardins 

Biblioteca Municipal de Marvila
Sala José Gomes Ferreira
14.30h - Seminário 2 – corporalidades, feminismos, racializações e migrações com Joacine Katar Moreira, Francesca de Luca/Helena Elias (Ita/Pt), Telma João Santos (Pt) e Marcia Vaitsman (Br) 

16.30h Ensaios visuais/ curtas - com a presença de Marcia Vaitsman (Br) e Vitor Grunvald (Br), Murilo Guimarães (Br), Otávio Raposo (Br/Pt) 

  • Tv Chelas de Sam the Kid (Pt, excertos)
  • Performances no Planeta Break de Otávio Raposo (Br/Pt, 6’23’’)
  • Domingo de Vitor Grunvald e Paulo Mendel (Br, 26’)
  • Ayopalli de Paula Barreto (Br, 13’)
  • El amor no mata (5’17’’) e Trozos Rostros (2’22’’) de Carlos Alcalde (Esp)
  • (estou-me) a lixar (5’11’’) de Ana Santos 
  • The Elephant Cage de Marcia Vaitsman (Br, 12’30’’)
  • Vamos ser ouvidos de Murillo Guimarães (Br, 3’03’’)

18.30h – Performances e Instalações 

  • Performance-Oficina “Práticas de Des-Imunização” de Fernanda Eugénio e Dani D’Emilia - requisito - levar escova de dentes e pasta

Dia 1 junho, sábado

Biblioteca Municipal de Marvila
café
9.30h “café e dois dedos de conversa” – café da manhã e pequeno almoço com café, bolinhos e fruta, roda de conversa com Júnior Abalos (Br), Amaya Sumpsi (Esp) e Vitor Grunvald (Br) apresentando as atividades do dia e diálogo com artistas 

Biblioteca Municipal de Marvila
Sala José Gomes Ferreira
10h – Seminário 3 – corporalidades, intersecionalidades e artes e rua com Ángeles Montalvo Chaves (Esp), Flávio Sousa (Br) Carlos Alcalde (Perú/Esp) e Ricardo Campos/Júnior Abalos (Pt/Br), Silvia Citro (Arg) e Paulo Raposo (Pt)

Espaço Público 

11.30h – Caminhada pelos murais de arte urbana com Associação Mulheres sem fronteiras/Rotas de Mulheres na diverCidade 

Biblioteca Municipal Marvila
Sala Infanto-Juvenil

11.30h Espetáculo-oficina “sou Corpo, logo Brinco” de Hugo Queiroz (Br) para crianças dos 5-12 anos (duração: 1h)

12.30h - Instalações e performances 

  • Performance-Jogo Marcia Vaitsman (Br) “O Jogo das Ilhas” (Na Biblioteca, apenas para 1 pessoa) 
  • Performance Carlos Alcalde “Un extraño en mundo más extraño” (Perú/Esp) 15’
  • Performance Tathiane Mattos (Br) “Pode o subalterno falar?”15’ 
  • Performance de Gabe Passarelli (Br) “Como sugerir detalhe” 15’

Casa do Concelho de Castro Daire
13h30 – almoço coletivo animado pelas concertinas do Grupo Musical da Casa do Concelho de Castro Daire

Biblioteca Municipal de Marvila
Sala José Gomes Ferreira
15h – Seminário 4 - corporalidades, arquivos e imagens com Scott Head (Br) “arquivos gestuais”, Filipe Reis (Pt) “arquivos sonoros” e Paulo José da Silva “novos arquivos na biblioteca” (Pt, Coordenador da Biblioteca Municipal de Marvila) 

Caminhada coletiva para Zona J de Chelas (15 min a pé) 

Associação Guineense de Solidariedade Social – Aguinenso 17h– Ensaios e Projetos visuais • Projeto Aguinenso com António Veiga • Projeto Prisão Paraíso com Sofia Costa Pinto • Projeto Estéticas e Transições: contra o espaço público de Frank Marcon (Br) • Projeto Callejear de Flávio Sousa (Br) • Projeto BUALA de Marta Lança e Galeria de Hugo Dinis (Pt) • Projeto Cartografias da Margem de Ana Lúcia Ferraz (Br) Notas Finais: Miguel Vale de Almeida (Pt)

Dia 2 de Junho

Sirigaita (Rua dos Anjos, 12)

19h30 Após as Conversas Roxas, Jantar vegetariano e Festa de Encerramento 

PARTICIPANTES:

Vânia Gala Coreógrafa e investigadora residente em Londres. Tem um bacherelato em Dança pela EDDC (European Dance Development Center, Arnhem) e um Mestrado em Coreografia com Distinção pelo Trinity Laban Conservatoire of Music and Dance (Londres). É doutoranda na Kingston School of Arts e bolseira da PASS (Kingston Univ.). As suas coreografias e mesas redondas exploram o potencial crítico do desaparecimento, opacidade e evasão em coregrafia no tempo presente. Colaborou como performer com Les Ballets C. de La B., Constanza Macras e Sonia Boyce. Recentes criaçōes incluem “Cooling Down Signs” uma comissão Pan- Europeia da Beyond Front@ apresentada no Dance Week Festival (HR), D.I.D (AT), Front@ Festival (SI), Bakelit (HU). Em 2019 recebeu o prémio de Melhor Coreografia do Prémio Guia de Teatros pela sua colaboração com a companhia teatro Griot. Os seus trabalhos foram apresentados em Angola, Portugal, Noruega, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, Áustria e Federação Russa.

Carlos Alcalde Actor, Dramaturgo e Director da Compañía Teatro Entrecalles.

Versátil como criador, actor, director de cena, dramaturgo, professor, fotógrafo e director de audiovisuais. Licenciado como actor na Escuela Nacional Superior de Arte Dramático, em Lima (Perú). No México estudou direção cénica com os mais importantes pedagógos teatrais como são Luis de Tavira e Ludwik Margules. E chegou ao Estado Espanhol pela mão de José Luis Gómez. É fundador da companhia Teatro Entrecalles, cuja proposta cénica é a de um teatro social e de estatuto criativo. Se distingue por fazer um teatro alternativo ao alternativo, um teatro clandestino, engenhoso, fora das salas convencionais.  Na atualidade é reconhecido pela sua participação na telesérie “La que se avecina” no personagem de “Parrales”.

André Soares  Doutorando em Antropologia CRIA/ NOVA FCSH/ ISCTE-IUL

Nasceu em Gaia e vive em Lisboa. Trabalhou como jornalista de cultura na rádio e na televisão. Mestre em Antropologia pelo ISCTE-IUL, tem desenvolvido pesquisas em torno de performances culturais musicais e de dança como kizomba, samba, semba e fado. Doutorando do Programa Doutoral Políticas e Imagens da Cultura e Museologia e a sua investigação é sobre o semba património cultural imaterial em Angola.

Fado Bicha O projeto Fado Bicha veio desarranjar um género musical quase “intocável” e a representação das questões LGBTQI+ na música numa cidade pós-colonial e democrática como Lisboa. Tiago Lila e João Caçador têm destabilizado as narrativas hegemónicas sobre o fado problematizando-o a partir das perspetivas “queer” e “questioning”. A crítica vem dos gestos e da performance, mas também das letras e arranjos dos fados que apresentam às suas mais variadas audiências. Após dois anos de bares e algumas apresentações televisivas, o projeto arranca agora para uma fase de produção musical dentro das lógicas discográficas.

Flávio Henrique Silva e Sousa  Doutorado em Antropologia Social pela Universidad Autónoma de Madrid (UAM) investigando as distintas dimensões da música de rua na cidade de Madrid. O investigador centra a sua trajetória principalmente nos campos da Antropologia Urbana, Etnomusicologia e Antropologia Audiovisual. Nos seus trabalhos de investigação utiliza a linguagem fotográfica como um instrumento capaz de transmitir as distintas subjetividades dos fenômenos sociais ao manter o diálogo entre fotografia e diferentes epistemologias científicas. Na atualidade coordena o projeto Oficina de la Música Callejera, um espaço de mediação, promoção e investigação da música de rua no centro de Madrid apoiado pela Prefeitura da cidade.

Frank Marcon  Nasceu em 1971, em Lages/SC, Brasil. Possui Doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Realizou Pós-Doutorado na Universitat Lleida (2015/2016), na Espanha, e Pós-Doutorado no IUL/ISCTE (2010), em Portugal. É Professor Associado do Departamento de Ciências Sociais, da Universidade Federal de Sergipe. Tem experiência em docência e pesquisas com ênfase interdisciplinar nas áreas de Antropologia, Sociologia e Estudos Culturais, atuando principalmente com temas como: processos de identificação e diferenciação; discursos, artes e mediações; estudos sobre juventudes; expressões urbanas; relações interétnicas; e políticas públicas. Coordena o Grupo de Estudos Culturais, Identidades e Relações Interétnicas (Grupos CNPq).

Hugo Mateus Farias Queiroz Arte-educador, bailarino, performer e ator-pesquisador. Formado em Danças Populares Brasileiras pelo Instituto Brincante (2017) e graduando nos cursos de Ciências Sociais e Comunicação das Artes do Corpo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Artista e co-criador do Coletivo Fora da Garrafa (Brasil). Em 2019 foi contemplado com bolsa de intercâmbio na Universidade da Beira Interior (Portugal). Pesquisador em Antropologia da Arte na investigação dos lugares e ressonâncias do corpo na cultura e da cultura no corpo, com foco nas manifestações artísticas populares do Brasil.

Luciana Hartmann Antropóloga, contadora de histórias e professora de Artes Cênicas na Universidade de Brasília e no Programa de Pós-Graduação em Performances Culturais, da Universidade Federal de Goiás. Há mais de 20 anos desenvolve pesquisas sobre performances narrativas. Em 2010 dirigiu o documentário “Palavras sem Fronteira”, que recebeu recursos do Etnodoc. Entre 2014 e 2015 realizou pós-doutorado, compartilhando a produção de narrativas orais e audiovisuais com crianças que migraram para a França. É autora do livro “Gesto, Palavra e Memória – performances de contadores de causos” (2011) e organizadora das coletâneas “Donos da Palavra: autoria, performance e experiência em narrativas orais na América do Sul” (2007) e de “O Teatro e suas Pedagogias: práticas e reflexões”.

Otávio Raposo Doutorou-se em Antropologia no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), com uma pesquisa etnográfica sobre os dançarinos de break dance das favelas da Maré (Rio de Janeiro). Concluiu o mestrado em Antropologia Urbana através do Programa Internacional de doutoramento ISCTE/URV-Tarragona e a licenciatura em Sociologia na Universidade Nova de Lisboa. É investigador integrado do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) e professor auxiliar convidado no ISCTE-IUL, onde leciona as disciplinas de Infância e Juventude: perspetivas transdisciplinares e Pesquisa de Terreno. Desenvolve pesquisas em Antropologia Urbana e Etnografia sobre temas relacionados com a juventude, arte, políticas públicas, segregação, racismo e migrações em Portugal e no Brasil que resultaram em publicações nacionais e internacionais. Está atualmente a pesquisar as práticas artísticas e os engajamentos políticos dos jovens das periferias de Lisboa, bem como as políticas públicas a eles dirigidas. Realizou diversos documentários, entre os quais “Na Quinta com Kally” (2019) e “Nu Bai. O rap negro de Lisboa” (2007).

Paula Barreto Amado Aracaju-Se (Brasil). Estudiosa do corpo, bailarina e performer, proveniente de uma família de artistas de artes cénicas e música, onde iniciou as suas intervenções de forma profissional. Já adulta e formação profissional residiu 18 anos em Espanha – Madrid, formando-se em Artes e Designer pela Escola de Artes e Ofícios n° 4, posteriormente licenciada em História. Viajou durante este período por vários continentes procurando entender a manifestação do movimento do corpo, experimentando processos rituais em diferentes culturas. Foi integrante do coletivo Axonial - idealizando com o seu coletivo de artistas que destacada performance titulada “INCARNAR”. Desde 2012 vem produzindo intervenções performáticas, vídeo performance, instalações, produções escritas em colaboração com vários coletivos de diferentes campos das artes e do pensamento. Mestre em educação, é investigadora do CRIA e doutoranda no ISCTE-IUL, no campo da antropologia do corpo/performance.

Tathiane Mattos  É mulher afro-brasileira em situação de imigração em Portugal. Assistente Social, atriz, produtora cultural, mestre em Teatro e doutoranda em Antropologia. Iniciou seus estudos académicos e artísticos em 2004; na Universidade Federal Fluminense estudou Serviço Social e teatro, na Escola Carioca do Espetáculo Brasileiro do Instituto Tá Na Rua para Arte, Educação e Cidadania, sob direção artística do teatrólogo Amir Haddad. Em 2013, muda-se para Lisboa para fazer mestrado em Teatro e Comunidade na ESTC. Em 2017, inicia sua investigação de doutoramento em Antropologia no ISCTE-IUL com o intuito de aliar seu percurso artístico ao académico. É investigadora do CRIA.

Gabe Passareli 24 anos, pessoa negra não binária nascida em Rio Bonito, interior do Rio de Janeiro. Graduada em Terapia Ocupacional pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como trabalho de conclusão de curso, defendeu monografia intitulada “Bixa Preta no Baixo CAPS: Cartografias do cuidado e da formação de uma terapeuta ocupacional”. Idealizou o dispositivo ESTRANHA com sua irmã Matheusa Passareli, construção-intervenção de arte e cultura em ambiente urbano. A partir da experiência de trabalho em um Centro de Atenção Psicossocial iniciou a pesquisa sobre espaços informais de cuidado e a convivência como dispositivo ético, político e estético. Aprofundando-se ao trabalho em performances e a criação audiovisual, participou de residências como ANTI produzida pelo selo ANARCAFILMES no espaço independente de arte SARACVRA na região portuária do Rio de Janeiro, exibindo como resultado o filme “O que fazer quando uma corpa vira cinzas”. Assim como a residência 72H a partir da ocupação-imersão 030, num ateliê carnavalesco no Santo Cristo, Rio de Janeiro, trabalhando com oficinas do corpo e a construção do filme de performance “Ilhas Desconhecidas”.

José Luís Abalos Júnior  Doutorando em Antropologia Social (UFRGS) compõe a equipe técnica e de pesquisa do Banco de Imagens e Efeitos Visuais (BIEV/PPGAS/UFRGS) assim como do Núcleo de Antropologia Visual (NAVISUAL/PPGAS/UFRGS) coordenados pelas professoras Ana Luiza Carvalho da Rocha e Cornélia Eckert. Possui graduação em Ciências Sociais (2014) e é mestre em Antropologia Social pelo PPGAS/UFRGS (2017). Tem como tema de pesquisa as políticas públicas urbanas, refletindo sobre as associações entre política, cidade, arte e imagem. Insere-se no projeto “Etnografia da duração, coleções etnográficas e novas tecnologias: os lugares da memória” que envolve prática da etnografia da duração, formas de sociabilidade, estudos de narrativas biográficas e patrimônio histórico para a expansão de acervos digitais na WEB através de documentos hipermídia. Atualmente está realizando um período de doutoramento na Universidade Nova de Lisboa junto ao projeto “TransUrbArt” coordenado pelo professor Ricardo Campos. Tem experiência na área de antropologia, com ênfase em antropologia urbana e visual, atuando principalmente nos seguintes temas: intervenções artísticas urbanas, memória social, patrimônio, culturas populares, ética na pesquisa e história urbana de cidades lusófonas.

Ricardo Campos  É mestre em Sociologia e Doutorado em Antropologia Visual. É investigador integrado (Investigador FCT) no CICS.Nova (Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas) e professor convidado no Mestrado em Relações Interculturais (Universidade Aberta). É membro fundador e cocoordenador da Rede Luso-Brasileira de pesquisa em Artes e Intervenções Urbanas (RAIU), coordenador adjunto do GT de Cultura Visual da SOPCOM (Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação) e coeditor da revista internacional Cadernos de Arte & Antropologia. Coordena os projectos Artcitizenship – Young people and the arts of citizenship: activism, participatory culture and creative practices (2019-2021), TransUrbArts - Emergent Urban Arts is Lisbon and São Paulo (2016-2020) ambos com o apoio financeiro da FCT/MCTES. Ao longo dos anos tem realizado pesquisa em vários centros de investigação, em torno das temáticas das culturas juvenis urbanas, da arte urbana, dos media digitais, da antropologia visual e da cultura visual, tendo diversos capítulos de livros e artigos em revistas nacionais e internacionais sobre estes temas. É autor das obras Introdução à cultura Visual. Abordagens teóricas e metodológicas (Mundos Sociais, 2013), Porque pintamos a cidade? Uma abordagem etnográfica ao graffiti urbano (Fim de Século, 2010) e co-organizador de Uma cidade de Imagens (com Andrea Mubi Brighenti e Luciano Spinelli, Mundos Sociais, 2011), Popular & Visual Culture: Design, Circulation and Consumption (com Clara Sarmento, Cambridge Scholars Publishing, 2014) e Transglobal Sounds. Music, indentity and migrant descendants (com João Sardinha,Bloomsbury Academic Publishing, 2016).  

RG: Murillo É um projeto artístico situado numa intersecção entre música eletrónica, literatura, etnografia e vídeo. Está aberto a outras experiências, especialmente as artes plásticas, a dança e a performance. Criado pelo poeta, antropólogo e artista multimedia, Murilo Guimarães, visa politizar emoções e activar utopias estéticas. O seu conceito é simples: poemas recitados sobre bases electrónicas criam uma categoria musical, o poema dançante. O projeto inaugurou-se em Setembro de 2017, com o lançamento de “Ao Amigo do Fáscio”. Em Dezembro do mesmo ano, foi lançado “Um Grifo Pedrês” e, em Setembro de 2018, foi a vez de “Nós Vamos Ser Ouvidos”. Murilo Guimarães é antropólogo, correntemente a finalizar o Doutoramento em Antropologia Social e Cultural, no Instituto de Ciências Sociais, da Universidade de Lisboa, com financiamento da CAPES/Ministério da Educação do Brasil. O seu projeto de investigação, no campo da política, baseia-se numa etnografia realizada em Évora, Portugal, entre 2014 e 2016. Ele é também escritor, músico e videoartista, criador do projeto poético-musical, RG:Murilo. Mercúrio em Gémeos, na casa 7 do seu mapa natal, ajuda a explicar por que Murilo seja ainda um tarólogo.

Allende Renck Crítico de Arte, é formado em Letras e no momento conclui um mestrado em Teoria Literária (na linha de pesquisa Poesia e Aisthesis) no Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária e enfoque principal nos temas: Poesia, Teoria(s) da Arte, Modernismo/Modernidade e crítica cultural. Organizou, junto de Paulo Raposo e Scott Head, o livro Cidades Rebeldes: Invisibilidades, Silenciamentos, Resistências e Potências [no prelo] e contribuiu com críticas em diferentes publicações. No momento trabalha em uma tradução do livro sobre Arte Contemporânea: Bad New Days: Art, Criticism, Emergency, de Hal Foster.

Scott Head  Recentemente ultrapassou a idade do pai quando morreu; talvez por isto, sente mais do que antes que a vida é pro tempore. Por ora, faz o papel de antropólogo na Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, faz quase uma década. Já brincou tempo semelhante nas rodas de Capoeira Angola do Rio de Janeiro; ainda brinca - de vez em quando - de ser fotógrafo. Costuma sentir mais vivoquando pegando uma onda no mar ou fazendo parte de uma onda de gente protestando na rua - ondas escassas no momento (pelo menos para ele), mas prometendo ressaca a qualquer hora… Recentemente, re-descobriu a noção de ‘temporalidade’ como modo de conjugar alguns de seus outros interesses: imagem, performance, gesto, narrativa, etnografia, história e (neste momento) corpo/arquivo.

Vitor Grunvald  É antropólogo, artista e realizador audiovisual. Realizou doutorado em Antropologia pela Universidade de São Paulo, onde atua, a partir de 2018, como pesquisador pós-doutoral. Tem formação também em Direção Cinematográfica pela Academia Internacional de Cinema e é pesquisador do Grupo de Antropologia Visual (GRAVI), do Núcleo de Antropologia, Performance e Drama (NAPEDRA), do Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença (NUMAS) e do Pesquisas em Antropologia Musical (PAM), todos ligados à USP. Nos últimos anos, tem realizado uma série de produções audiovisuais e artísticas que exploram a imaginação etnográfica. E oferece oficinas e cursos de cinema, vídeo documentário, arte e questões relacionadas à gênero, sexualidade e teoria queer/cuir.

Paulo Mendel É diretor, montador e curador independente. Estudou Direção Teatral na UFRJ e Cinema na UNESA e trabalhou em longas, curtas, filmes publicitários e de arte. Desde 2002, experimenta possibilidades audiovisuais em diferentes meios, sendo seus maiores interesses a videoarte e o cinema documental. Nos últimos anos, passa a criar em outras mídias – como webarte e pinturas a óleo – além de cuidar dos projetos de sua produtora BlankTape, onde também organiza exposições online, uma maneira de dialogar com outros artistas e refletir sobre a produção contemporânea.

Telma João Santos  É doutorada em Matemática e em Artes Performativas, ensinou 16 anos no Departamento de Matemática e 3 anos no Departamento de Artes Cénicas na Universidade de Évora. Neste momento é artista e investigadora independente. Faz investigação nos cruzamentos entre investigação científica e criação artística e desenvolve trabalhos como performer desde 2006, a solo e em colaboração com outros artistas.

Ana Santos formou-se em 2014 em Design e Comunicação Multimédia, indo mais tarde para Práticas Artísticas Contemporâneas na Faculdade de Belas Artes do Porto. Recentemente reside e trabalha em Lisboa onde está envolvida no Doutoramento em Antropologia do ISCTE-IUL. Como artista emergente produz sobretudo instalação e performance, focando o seu trabalho nos estudos tecnológicos corporais.

Laura Burocco É pesquisadora em políticas culturais urbanas e desenvolvimento. Pós-doutoranda em linguagens visuais no PPGAV-UFRJ onde desenvolve o projeto “Exp(L)or.ar Arte Africana” que analisa, de forma critica, o renascimento de interesse por parte das artes e media brasileiras em relação à produção africana e afro-brasileira. Realizou uma tese comparativa sobre a gentrificação e o desenvolvimento de dois centros de economia criativa no Rio de Janeiro e em Johannesburg: “Polos criativos de colonialidad”. Colabora com vários movimentos urbanos e coletivos no Rio, Johannesburg e Milano, entre eles algumas ocupações da cidade do Rio, Abahlali na África do Sul e M^C^O Milano. Vive e trabalha entre Milano, Rio de Janeiro e Johannesburg. 

Ángeles Montalvo Chaves  É da Extremadura espanhola (Mérida), licenciada em Antropologia e em Humanidades pela Universidad de Extremadura (Cáceres, Espanha), e doutora em Antropología pela Universidad Autónoma de Madrid (Espanha) e pela Macquarie University (Sydney, Austrália). Ela fez pesquisas na Austrália e em Espanha com grupos artísticos e mediáticos que são racial e sexualmente diferenciados nas sociedades donde moram, como afrodescendentes e latinoamericanos em Madrid e aborígenes australianos e africanos em Sydney. As suas obras situam no eixo de análise as relações coloniais que persistem no presente, bem como as diferenças raciais, sexuais e de classe que articulam com outras relações de poder nas nossas sociedades. Está interessada em estudos comparativos que mostram como diferentes coletivos artísticos/mediáticos do mundo estão a manifestar resistência e a responder às diferentes faces que essas relações de poder tem hoje em dia.

Helena Elias É artista investigadora (FBAUL-VICARTE) que faz parte de uma geração Erasmus, que estudou e viveu em cidades como Lisboa, Aberdeen e Barcelona e frequentou várias Faculdades de Belas Artes, obtendo graus académicos em diferentes sistemas de educação e investigação em Escultura (1999, 2000, 2007). Reconheceu por isso a necessidade de pensar o lugar da investigação artística na academia. A experiência diversa ajudou-a posicionar a sua prática artística dentro da cultura académica de investigação europeia e de negociar níveis de articulação da sua investigação artística com outros domínios disciplinares. Prática artística, ensino, investigação são as atividades que moldam o seu desempenho científico-artístico, alimentados simultaneamente pela ação da prática e reflexão teórica.

Ana Lúcia Feraz  É antropóloga que trabalha com linguagens audiovisuais junto a grupos de trabalhadores, movimentos sociais e culturais e povos indígenas. É autora de Dramaturgias da Autonomia (2009), e de séries de filmes etnográficos, entre eles: Feliz ano novo, véio! (2000), Amores de Circo (2008), O aprendiz do Samba (2013), Nosso Território (2018). Coordenou o Projeto Cartografias da margem entre os anos 2011 e 2018, que se realizou junto ao Laboratório do Filme Etnográfico/UFF.

 

 

Marta Lança Lisboa (1976). Licenciou-se em Estudos Portugueses, na FCSH-UNL onde é doutoranda em Estudos Artísticos com bolsa da FCT. Os temas de pesquisa passam pelo debate pós-colonial, programação cultural, processos de memorialização, cultura digital e estudos africanos. Criou as publicações V-ludo, Dá Fala (Cabo Verde) e, desde 2010, é editora da plataforma BUALA. Escreve para várias publicações culturais. Traduziu do francês dois livros de Achille Mbembe (Antígona). Passa longas temporadas em países de língua portuguesa: em Luanda  lecionou na Universidade Agostinho Neto, colaborou com a Trienal de Luanda, o Festival Internacional de Cinema e no estudo Futuros Criativos (ACEP 2018), em Maputo no Dockanema (2009), vários projetos na Guiné Bissau e no Brasil. Como programadora: no Bartô (2011-12), Roça Língua, encontro de escritores e livro de contos (S. Tomé e Príncipe, 2011); ciclos dedicado a Ruy Duarte de Carvalho: E agora… vamos fazer mais como? (Maputo 2009) e Paisagens Efémeras (Lisboa, 2015); com Rita Natálio, concebeu o programa Expats, para o FITEI (2015); o programa Vozes do Sul para o Festival do Silêncio (2017); as conferências do projeto NAU com o Teatro Experimental do Porto (2018); com Raquel Lima o ciclo “Para nós, por nós”: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate (2018). Trabalhou em pesquisa e produção nas séries Eu Sou África (RTP2 - 2010), Triângulo (co-produção Portugal, Brasil e Angola - 2012), No Trilho dos Naturalistas (Terratreme 2012-16), entra no filme Tempo Comum de Susana Nobre (2018).

Hugo Dinis  Lisboa (1977). Licenciatura em Artes Plásticas, Pintura (1998/2004), na ESBAL. Pós-graduação em Estudos Curatoriais (2005/06), na mesma faculdade e na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Venceu o Prémio Atelier-Museu Júlio Pomar / EGEAC 2016 com o projecto Estranhos dias recentes de um tempo menos feliz. Em 2015 comissariou a exposição Eu (título em construção) no Espaço NovoBanco, Lisboa. Em 2009 comissariou a exposição A Iminência da Queda, na Galeria Diário de Notícias, em Lisboa. Em 2008 comissariou a exposição intitulada Desedificar o homem, na Galeria Municipal Paços do Concelho, Doispaços Galeria Municipal e Transforma em Torres Vedras, Portugal no âmbito do projeto itinerante Antena da Fundação Serralves, Porto, Portugal.Escreveu textos críticos sobre a obra diversos artistas, tais como: Vasco Araújo, João Leonardo, Pedro Gomes, João Ferro Martins e Pedro Valdez Cardoso. Actualmente colabora com a Revista Contemporânea. Entre 2008 e 2011 trabalhou como assistente na Galeria 111, em Lisboa, onde co-coordenou a edição dos catálogos de Eduardo Batarda e Ana Vidigal. Entre 2011 e 2016 trabalhou na Galeria Filomena Soares, em Lisboa, onde realizou as exposições individuais de: Helena Almeida, João Penalva, Ângela Ferreira, João Tabarra, Didier Faustino, Pedro Barateiro, Rui Chafes, Bruno Pacheco, entre outros. Actualmente colabora com a Galeria Múrias Centeno, Lisboa e Porto.

Miguel Vale de Almeida É Professor de Antropologia no ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa e investigador no CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia. Com investigações realizadas em Portugal, Brasil, Espanha e Israel/Palestina, o seu trabalho tem focado as questões de género e da sexualidade, bem como da “raça” e etnia, e pós-colonialismo. Publicou vários livros: The Hegemonic Male, An Earth-Colored Sea, Corpo Presente, coeditou um livro sobre o colonialismo e pós-colonialismo, Trânsitos Coloniais, e uma coleção de ensaios sobre antropologia e cidadania Outros Destinos, bem como uma coleção de artigos de opinião publicados em jornais, Os Tempos que Correm, o livro de contos Quebrar em Caso de Emergência, e um romance distópico de ficção científica premiado, Euronovela. O seu livro mais recente em português é A Chave do Armário, que foca questões de casamento entre pessoas do mesmo sexo e a família. Enquanto ativista pelos direitos LGBT, foi deputado no Parlamento de Portugal, com um papel fundamental na passagem das leis do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da identidade de género.

Marcia Vaitsman Nascida no Brasil, residente entre EUA, Berlim e Brasil. Doutorada em Artes Contemporâneas pela Universidade de Coimbra. Tem formação em Media Studies com especialização em rádio e TV pela  Universidade de São Paulo.  Foi estudante na Universidade de Viena, Áustria, e nos Institutos de Media e de Língua Alemã, e tem  uma pós-graduação em Audiovisual Art na prestigiosa KHM Kunsthochschule fuer Medien (Academia de Media Arte), Colónia, Alemanha. Desde 2000 até 2007, Marcia trabalhou como membro da equipe artística e de formação na KHM. Realizou 4 anos de uma longa pesquisa  year que resultou na sua tese PhD, Images of Displacement, que inclui um jogo de tabuleiro Game of Islands, Rivers, Airports and Ghosts,  um livro de mapas e um vídeo 10 Delírios em 10 Sutras. Esta pesquisa foi sediada  por 6 meses no Parsons The New School em Nova Iorque, onde foi estudante visitante. Possuiu ainda uma gradução em Fotografia da SCAD, Atlanta, tendo recebido por 2 anos a Bolsa de Estudo Frances Larkin McCommon. Faz parte do Coletivo Elza, um coletivo de mulheres artistas de Florianópolis, Brasil. É ainda instrutora de Yoga, formada pela Instituto Kaivalya Dhama (Nova Iorque). E é ainda uma mergulhadora certificada PADI 

Francesca De Luca É antropóloga (CEC-ULisboa), mas nada ortodoxa. A sua tese de doutoramento (ICS) “Dura Mater” traça uma genealogia da maternidade em Portugal a partir da análise dos discursos sócio-políticos e as práticas obstétricas sobre a dor do trabalho de parto. Integra desde 2016 o coletivo EBANO (Ethnographic-based Art Nomadic Organization) e é membro do Colleex, network para etnografias experimentais da EASA, pelo qual organizou, no Jardim Botânico Tropical de Belém, o primeiro encontro internacional (julho 2017). Tem-se especializado em trabalhos transdisciplinares que cruzam antropologia e praticas artísticas, colaborando em festivais artísticos baseados na pesquisa etnográfica (Festival Rifrazioni Italia 2007-2010, Festival Paratissima Lisboa 2016). Atualmente desenvolve, com a artista investigadora Heléna Elias (FBAUL), um projeto de colaboração extenso: Atlas: MATRIX (2017) no Jardim Botânico Tropical de Belém, e Atlas: 1494-2666 em Marvila, em ocasião de Corpos Dissidentes | Cidades Rebeldes.

Teresa Fradique Antropóloga e investigadora na área da antropologia da arte e da performance. Desenvolve o seu trabalho no cruzamento entre a pesquisa etnográfica e a produção artística nas artes visuais e performativas. Mais recentemente tem realizado trabalho de campo em torno de projectos performativos que recorrem à participação de actores não profissionais ou não actores. É professora Adjunta da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (IPLeiria) e membro do Centro em Rede de Investigação em Antropologia, onde coordena o Núcleo de Antropologia Visual e da Arte, junto com Amaya Sumpsi, Rodrigo Lacerda e Emiliano Dantas.

Marília Ennes Becker  Doutoranda em Artes da Cena pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 2017), realizou bolsa sanduíche no ISCTE-IUL (2018) no CRIA pesquisando sobre deriva enquanto potência criativa. É artista e pesquisadora da Cia ParaladosanjoS. Tem experiência na área de Artes, principalmente em circo, teatro, performance, dança, infantil e site specific, desenvolvendo teórica e empiricamente pesquisas sobre usos do território natural e urbano para criações artísticas. É membro associado do grupo de pesquisa LUME – Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da UNICAMP.

 

Filipe Reis É doutorado em Antropologia e professor auxiliar no Departamento de Antropologia do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. É Diretor da Escola de Ciências Sociais e Humanas do ISCTE-IUL. Foi membro da direção do Centro de Estudos de Antropologia Social (CEAS) e membro fundador do CRIA, tendo pertencido à sua direção até 2012. Foi colaborador do jornal “A Página da Educação” e membro do conselho científico da revista “Comunicação Pública”. Coordena a Pós-Graduação em Culturas Visuais Digitais no ISCTE-IUL. Realizou várias investigações em Portugal, trabalhando sobre temáticas como as aprendizagens na infância, o jogo infantil, a escolarização ou a literacia e, mais recentemente, investiga na área dos estudos de media e tecnologia, em particular rádio, tecnologias móveis e paisagens sonoras. Faz parte da EASA Media Anthropology Network. Foi professor cooperante em 2000 na Universidade Eduardo Mondlane (Maputo) e professor em regime de permuta na UFSC (Brasil) em 2009. Tem publicado os resultados em livros e outras publicações e recentemente participou e foi curador de instalações-exposições e de 2 documentários etnográficos (Mediterrâneo, Somos Nós com Emiliano Dantas e Filipe Ferraz; e Entre Muros com Filipe Ferraz). 

Paulo José da Silva  Coordenador da Biblioteca Municipal de Marvila. Licenciado em Antropologia pelo ISCTE-IUL

Emiliano Dantas É doutorando em Antropologia pelo ISCTE-IUL, mestre em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco/UFPE e graduado em Comunicação Social com habilitação em Fotografia pelas Faculdades Integradas Barros Melo/AESO. Foi professor na AESO, lecionando disciplinas no Bacharelado de Fotografia, Cinema e Audiovisual, e Artes Visuais. Atuou como consultor técnico no projeto Inventário Imagético do Museu do Homem do NordesteMUHNE/UNESCO, entre 2014 e 2015. Pesquisador e fotógrafo da pesquisa “Linha de Montagem da Defesa Social sob Focos de Lentes” em 2012 e 2013. Curador, em 2010 e 2012, do Theória (MUHNE/FUNDAJ), um evento de fotografias que discute imagem, museologia e ciências sociais. Em 2014, foi curador da exposição “Cor à Pele”, ocorrida na galeria Janete Costa. Expôs individualmente, em 2015, no Centro de Estudos Martianos, em Havana (Cuba), uma série de fotografias chamada “Poéticas visuais sobre o homem natural”. Expôs na galeria Baobá/FUNDAJ, com o tema “Presídio Feminino Bom Pastor” (Recife/PE) e, no Museu da Abolição do IPHAN, uma série de retratos sobre os mestres do Coco do Amaro Branco (Olinda/PE). Fez parte da equipe que dirigiu e realizou o documentário etnográfico (e exposição-instalação) Mediterrâneo, Somos Nós com Filipe Reis e Filipe Ferraz. E atualmente é coordenador do NAVA, junto com Amaya Sumpsi, Rodrigo Lacerda e Teresa Fradique.

Amaya Sumpsi Iniciou os seus estudos em cinema na Universidade de São Francisco, U.S.F. (Califórnia), e continuou em Madrid, onde se licenciou em Realização de Cinema e Televisão pela Escuela Superior de Artes y Espectáculos. Em Espanha trabalhou em várias longa-metragens como assistente de realização. Depois de se mudar para Portugal, iniciou os seus trabalhos na área de documentário com realizadores como Christine Reeh, Tiago Pereira ou Raquel Castro. Atualmente é aluna de doutoramento em Antropologia na FCSH-UNL, com a tese “Entre ilhas: etnografias da circulação nos Açores”, e prepara o próximo documentário, “Santorini Express”. É investigadora pertencente ao Núcleo de Antropologia Visual e Artes (NAVA) do CRIA e colabora na programação de cinema para a Festa de Antropologia, Cinema e Arte de Lisboa (FACA) desde a sua primeira edição, em 2014. Faz parte da equipe de direção e filmagens do filme “Ramadão em Lisboa” (2019). É atualmente coordenadora do NAVA, junto com Emiliano Dantas, Rodrigo Lacerda e Teresa Fradique.

Rodrigo Lacerda Doutorado em Antropologia no Doutoramento em Imagens e Políticas da Cultura (NOVA-FCSH/ ISCTE-IUL). Estudou Cinema e Televisão na London Metropolitan University e National Film and Television School, no Reino Unido. Correalizou, com Rita Alcaire, os documentários “Filhos do Tédio” (2006), “O Pessoal do Pico Toma Conta Disso” (2010), “Um Quarto no Éter” (2011), “Filarmónicas da Ilha Preta” (2011) e, em coprodução com a RTP, “Das 9 às 5” (2011). Além destes projetos, produziu os documentários “Pelos Trilhos do Andarilho: Ao Encontro de Ernesto Veiga de Oliveira” (2010) e “Thierry” (2012). Paralelamente, lecionou workshops de cinema, trabalhou na área da pós-produção em publicidade e em filmes portugueses, espanhóis e ingleses, tendo colaborado com associações culturais relacionadas com as artes performativas e música. Em 2013 concluiu o mestrado em Antropologia, especialização em Culturas Visuais, na FCSH-UNL, com uma tese sobre as representações visuais da morte de figuras públicas, com orientação de José Neves e Catarina Alves Costa. No mesmo ano e faculdade iniciou o doutoramento em Antropologia: Políticas e Imagens da Cultura e Museologia com um projeto sobre o cinema indígena no Brasil. Faz parte da equipe de direção e filmagens do filme “Ramadão em Lisboa”. E atualmente coordenador do NAVA, junto com Amaya Sumpsi, Emiliano Dantas e Teresa Fradique.

Joacine Katar Moreira Nasceu em Bissau. Feminista e activista negra. É Doutora em Estudos Africanos, cuja tese tem como título “A cultura di matchundadi (masculinidade/virilidade) na Guiné-Bissau: Género, Violências e Instabilidade Política”. Investigadora do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, possui uma licenciatura em História Moderna e Contemporânea - vertente de Gestão e Animação de Bens Culturais e um mestrado em Estudos do Desenvolvimento. A sua perspectiva é interdisciplinar, trabalhando em simultâneo sobre questões de Género, violências e ciência política, História, Estudos Africanos e questões do Desenvolvimento em geral. Possui vários artigos publicados e tem participado activamente no debate público sobre o racismo, o colonialismo e a Escravatura em Portugal. É presidente e fundadora do INMUNE - Instituto da Mulher Negra em Portugal, uma entidade que luta contra a invisibilização e o silenciamento de mulheres, jovens e meninas negras na História e no tempo presente.

Herberto Smith Nasceu na Guiné e viveu em S. Tomé e Príncipe. Veio para Portugal nos anos 90.  Fotógrafo profissional, editorial e comercial, e como ativista cultural procura documentar pessoas e culturas muitas vezes ignoradas pelos media, valorizando o ser humano, a sua condição e diversidade. Recentemente tem desenvolvido projetos de formação e de mentor na área das artes visuais. Está interessado em documentário, environmental portraiture e storytelling.  O seu principal foco são as pessoas que conhece no decurso do caminho e com quem procura partilhar histórias, trazendo para a arte visual a profundidade e o ponto de vista das experiências humanas. 

Fernanda Eugénio Antropóloga, artista, investigadora e docente. Trabalha com pesquisa de campo, escrita, performance ampliada, proposições urbanas situadas e, sobretudo, com a construção de modos de fazer transversais para a composição relacional e para a criação por re-materialização - nomeadamente o Modo Operativo AND, metodologia que desenvolve há quinze anos e tem vindo a ser amplamente utilizada em diversas áreas. Desde 2011 dirige a plataforma AND_Lab | Arte-Pensamento e Políticas da Convivência - com sede em Lisboa e núcleos no Brasil (Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo) e Espanha (Madrid) - a partir da qual explora os entre-lugares emergentes de uma trajetória marcada por colaborações intensivas, deslocações e desvios, entre a pesquisa académica estrita e uma investigação singular dos usos artísticos e políticos da etnografia como ferramenta circunscritiva-performativa. É pós-doutora (2012) pelo ICS - Universidade de Lisboa; doutora (2006) e mestre (2002) em Antropologia Social (Museu Nacional, UFRJ) e formada em Dança pela Escola Angel Vianna. No Brasil, foi Pesquisadora Associada do CESAP/IUPERJ (2003-17) e Professora Adjunta de Ciências Sociais na PUC-Rio (2005-12). Nos últimos quinze anos tem atuado como professora convidada em diversos programas de formação em ciências sociais e humanas, artes e performance na Europa, EUA e América do Sul. Suas criações artísticas, colaborações e publicações circulam por Brasil, Chile, Argentina, Peru, Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Alemanha, Áustria, República Checa, Reino Unido, EUA e Vietnã. É membro do Baldio | Estudos de Performance, com quem criou o primeiro Curso Experimental em Estudos de Performance em Portugal e da R.I.A. | Rede de Investigação Artística. 

 

Dani D’Emilia é artista e educadorx transfeminista. Desde 2001 trabalha internacionalmente em projetos de performance, artes visuais, teatro e pedagogia radical. É co-fundadorx da companhia de teatro imersivo Living Structures (Reino Unido) e do espaço artístico Roundabout.lx (Lisboa, PT). Dani foi membro do coletivo de performance transnacional La Pocha Nostra (MX/US) entre 2011-2016 e do dueto transfeminista Proyecto Inmiscuir (ES/MX) entre 2015-17.  Atualmente colabora com os programas Gorca Earthcare (Eslovênia), Free Home University (Itália), e com os coletivos Gesturing Towards Decolonial Futures (Universidade de British Columbia, Canadá) e ANDlab (Centro de Investigação em Arte-Pensamento & Políticas da Convivência, Porugal/Brasil), além de outros contextos de investigação encarnada. Utilizando o potencial da performance/arte como um ‘modo de encontro encarnado e sensível’, o trabalho de Dani combina performance-pedagogia (a prática da performance como um processo pedagógico de des-aprendizagem e criação arte-vida), transfeminismo (feminismo interseccional e trans* inclusivo), aproximações descoloniais (interrogando legados coloniais em nossas corpo-subjetividades) e ternura radical (um modo de resistência político-afetiva, tecida no exercício do ativismo ‘para dentro e para fora’). Sua formação inclui: MA – Literatura Comparada y Estudios Culturales, Universidad Autonoma de Barcelona (Espanha, 2016); MA – Programa de Estudos Independentes dirigido por Paul B. Preciado, Museo de Arte Contemporanea de Barcelona (Espanha, 2015); BA – Devised Theatre and Visual Arts Practices, Dartington College of Arts (Reino Unido, 2007); Diploma em Mime & Physical Theatre, Desmond Jones School (Reino Unido, 2003); e diversos outros treinamentos com artistas e educadorxs independentes em teatro, performance, live art, artes visuais, pedagogia radical e outras praticas corporais.

Silvia Citro É bailarina, performer e antropóloga. Formada em música, dança e outras artes performativas em 1989 inicia os seus estudos em antropologia socio-cultural na Universidade de Buenos Aires. Doutorada em 2003, especializou-se nas áreas de Antropologia do Corpo e Estudos da Performance, principalmente em abordagens interculturais sobre dança, música e ritual.  É docente e investigadora na Facultade de Filosofia e Letras, Universidade de Buenos Aires no Departamento de Artes no de Antropologia, e investigadora do CONICET. En 2004, criou a Equipa de Antropologia do Corpo e da Performance, coordenando diferentes projetos de investigação. Integra a Compañía de Andanzas e outros grupos de dança-teatro independentes. E é autora de entre outros, os livros: Cuerpos Significantes. Travesías de una etnografía dialéctica (Biblos, 2009), Cuerpos Plurales. Antropología de y desde los cuerpos (Biblos 2010), Cuerpos en Movimiento. Antropología de y desde las danzas (com P. Aschieri, Biblos, 2012), Cuerpos y corporalidades en las culturas de las Américas (com Y. Mennelli y J. Bizerril, Biblos, 2015).

Paulo Raposo É antropólogo, Professor Departamento de Antropologia do Instituto Universitário de Lisboa e foi Professor Visitante da UFSC e da UFF, no Brasil. É investigador e Vice-Presidente do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA). Colabora com diversas estruturas e coletivos artísticos e fez curadoria de vários eventos que pensam a relação entre arte e política em cruzamentos transdisciplinares. A sua investigação incide sobre performances culturais e estéticas, movimentos sociais, artivismo, património imaterial, espaço público e foi reunida em diversas publicações nacionais e internacionais. Autor dos livros Por detrás da Máscara. Ensaio em Antropologia da Performance (2011) e no Brasil A Terra do Não-lugar. Diálogos entre Performance e Antropologia (com Vânia Cardoso, John Dawsey e Teresa Fradique, Edufsc, 2014, e-book em 2019), Textos para uma história da arte socialmente comprometida (em co-autoria com Carlos Garrido Castelhano, Sistema Solar, Lisboa, a sair em 2019) e um livro coletivo em co-autoria com Scott Head e Allende Renck Cidades Rebeldes invisibilidades, silenciamentos, resistências e potências (EDUFSC, Florianópolis, a sair em 2019).

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Corpo | 17 Maio 2019 | Corpos Dissidentes |Cidades Rebeldes