A sociedade autofágica - PRÉ-PUBLICAÇÃO

A sociedade autofágica - PRÉ-PUBLICAÇÃO    Destruição das estruturas económicas que asseguram a reprodução dos membros da sociedade, destruição dos elos sociais, destruição da diversidade cultural, das tradições e das línguas, destruição dos fundamentos naturais da vida: aquilo que por toda a parte se constata não é somente o fim de certos modos de vida para entrarmos noutros – «destruições criadoras» de que a história da humanidade estaria repleta –, é antes uma série de catástrofes a todos os níveis e à escala planetária que parecem ameaçar a própria sobrevivência da humanidade, ou, pelo menos, a continuação de grandíssima parte daquilo que deu sentido à «aventura humana», para submergir os humanos no estado de «anfíbios».

Mukanda

29.05.2019 | por Anselm Jappe

O Obituário- “Todas as mulheres querem fazer sexo comigo!"

O Obituário- “Todas as mulheres querem fazer sexo comigo!" Já visitei os quatro cantos e as entranhas dos subúrbios. NADA. Já velejei no limite dos oceanos no cabo das agulhas, já corri que nem um leopardo pelas savanas e terreiros. Andei em baixo de pântanos que nem um hipopótamo, cortejei as anacondas serpenteei o seu veneno para avistar a geografia da mulher violentada…e, nada!

Corpo

29.05.2019 | por Indira Grandê

A revolução sudanesa: à terceira é de vez?

A revolução sudanesa: à terceira é de vez? A comunidade internacional foi acordada pelo estrondo da queda do ditador de Cartum. Como se subitamente os governos ocidentais, árabes e africanos tivessem compreendido que uma revolução democrática no Sudão podia vir a ter efeitos devastadores para a estabilidade dos países vizinhos e sobre o equilíbrio regional, assiste-se desde então a uma agitação política e diplomática febril.

Jogos Sem Fronteiras

29.05.2019 | por Nicole Guardiola

Uma negra pelas ruas de Vitória

Uma negra pelas ruas de Vitória As análises aqui propostas se atentam aos modos de subjetivação da negritude incluindo o racismo como produtor de subjetividade. Porém, vale demarcar que os processos de subjetivação que produzem práticas racistas não se confundem com a negritude como devir. Em outras palavras, o processo de formar-se negro passa tanto pelo cultivo do devir-negro quanto pela experiência de violência racial.

Mukanda

29.05.2019 | por Janaina Coelho

Ruy Duarte de Carvalho e o neo-animismo

Ruy Duarte de Carvalho e o neo-animismo Não é uma escrita da subjetivação, mas da dessubjetivação – o dispositivo literário, a violência e provocação sobre a forma da frase, o posicionamento contra a figura autoral, todas agem em negação da história do próprio, da sua memória, do seu mundo. É uma escrita contra o autor e contra o personagem. A ideia de que tudo tem alma – enquanto reencantamento possível face aos diagnósticos mais reservados do humanismo – surge numa identificação extrema com o território, com o “outro” enquanto expressão do território, mas não enquanto folclore ou fetichismo. Este outro – uma entidade territorial e social – surge enquanto um “outro eu” e nessa relação de amizade constitui um posto para pensar.

Ruy Duarte de Carvalho

26.05.2019 | por Luhuna de Carvalho

Os negros em Portugal

Os negros em Portugal O recente acréscimo de protagonismo das vozes de negros e afrodescendentes que, em Portugal, crescentemente se posicionam contra o racismo gerador desigualdade de oportunidades, é o que melhor configura a força de uma ancestralidade que merece ser resgatada e inventada.

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26.05.2019 | por Bruno Sena Martins

Peregrinação Crioula - PRÉ-PUBLICAÇÃO e lançamento

Peregrinação Crioula - PRÉ-PUBLICAÇÃO e lançamento Por instinto, acima de tudo, Jul’Antone é um homem que ama o arquipélago, é um puro ilhéu. Nota-se-lhe o apego plasmado a São Vicente, laços espirituais que a miséria e a falta de condições não conseguem quebrar. Nem dado de vidro abandonará em definitivo a sua terra, foi aqui que nasceu e será aqui que terminará os seus dias.

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23.05.2019 | por Paulo Lima

"The Unbalanced Land" de Adrián Balseca

"The Unbalanced Land" de Adrián Balseca O sistema estético de The Unbalanced Land assenta num princípio de fragmentação e tensão e num modelo representativo multitemporal, perscrutando as capas do passado que subsistem no presente e os itinerários materiais, discursivos, culturais e ideológicos dos objectos expostos. O gesto artístico de Balseca inscreve-se, portanto, numa genealogia de práticas poético-políticas descoloniais, apontando, ao mesmo tempo, para a persistência de formações coloniais no Equador contemporâneo.

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21.05.2019 | por Raquel Schefer

Os olhares de Catarina - novos trabalhadores rurais do Alentejo: entre a esperança e a discriminação

Os olhares de Catarina - novos trabalhadores rurais do Alentejo: entre a esperança e a discriminação Do outro lado, a milhares de quilómetros, estará uma voz familiar e uma condição de miséria que a levou a atravessar meio mundo em busca das migalhas da fatia do bolo que ditou que as muitas Catarinas Eufémias do hemisfério sul não tenham direito a uma vida digna. Muito menos que os seus nomes sejam recordados pelas múltiplas lutas que povoam a sua mera sobrevivência quotidiana.

Jogos Sem Fronteiras

21.05.2019 | por Filipe Nunes

Resenha animada sobre a novela gráfica “Arsène Schrauwen”

Resenha animada sobre a novela gráfica “Arsène Schrauwen” Inspirado no tom de realismo mágico da novela, este artigo-animado estabelece um paralelismo o com o avô da narradora desenhada, que deixa Portugal para ir trabalhar para Moçambique durante a ditadura salazarista. Uma micro reflexão sobre o passado colonial no qual os brancos que foram para as "colónias", movidos por diferentes motivos e com posturas distintas perante os regimes coloniais europeus estavam, inevitavelmente, dessincronizados com os ambientes e culturas africanos nos quais desembocaram.

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20.05.2019 | por Júlia Barata

"The portuguese prison photo project" no Museu do Aljube

"The portuguese prison photo project" no Museu do Aljube Quem já viu o interior de uma prisão? Para a maioria de nós são as imagens dos filmes e de algumas leituras que ficam. O projeto "The portuguese prison photo" cruza os olhares de Luís Barbosa e Peter Schulthess sobre o interior de sete prisões portuguesas contemporâneas, nenhuma de alta-segurança. Retrata as prisões portuguesas, da mais antiga (1880), à mais recente.

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20.05.2019 | por Marta Rema

Exposição Inaugural no espaço RAMPA: Lost Lover I Porto

Exposição Inaugural no espaço RAMPA: Lost Lover I Porto Nas ruas de Joanesburgo, em postes elétricos e paredes foram afixados cartazes onde simplesmente se lê "Lost Lover" (Amor Perdido) em letras garrafais a vermelho ou azul. São estranhamente belos devido à sua simplicidade, mas também pela complexidade das histórias que evocam. Assim deixam um rasto de poesia pelas ruas da cidade agreste, sugerindo que entre as nossas necessidades primárias vive o desejo do regresso a um amor em tempos perdido ou roubado. Falam-nos também, numa voz simples, daquilo que nos torna humanos, desse desejo por uma realidade diferente.

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20.05.2019 | por vários

“Congoísmos”, a norte (e a sul)

“Congoísmos”, a norte (e a sul) Os “Congos” foram vários e o “Congoísmo” revelou-se maleável na forma e conteúdo, mas estável na utilidade. Assim sendo, a invocação da sua história e da sua memória só pode ser muito cautelosa. Aspecto importante, requer ainda que se considere a sua história não-europeia, a sua natureza transnacional, transregional e transatlântica, mas também no próprio continente africano. Que não se anule diversidade de actores, instituições, “discursos” e imagens, motivações e interesses.

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18.05.2019 | por Miguel Bandeira Jerónimo

Tecendo Redes Antirracistas: África(s), Brasis e Portugal

Tecendo Redes Antirracistas: África(s), Brasis e Portugal Uma série de textos que buscam produzir reflexões sobre o racismo vivenciado em países de língua oficial portuguesa nos três continentes; debate necessário para o posicionamento e confronto ao fenómeno persistente - o racismo - que se tem intensificado nos últimos anos, mostrando que não se trata somente de um facto do passado colonial.

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18.05.2019 | por Renísia Cristina Garcia Filic

Corpos Dissidentes |Cidades Rebeldes

Corpos Dissidentes |Cidades Rebeldes Acreditamos que é sobretudo através das corporalidades que se manifestam potências criativas e que são os corpos dissidentes e os gestos rebeldes que se tornam capazes de resistir aos diversos tipos de intolerância e discriminação. Acreditamos também que este conflito se expressa muitas vezes nas ruas, nas tensões e nas disputas em espaço público, mas também no modo como as cidades contemporâneas são construídas sem atender às diversidades. Explorar e discutir as dimensões intersecionais (racialidade, classe, género, mobilidade) que se exprimem nestes fenómenos são fortemente acolhidas neste encontro, assim como a sua contextualização em territórios urbanos periféricos ou “periferizados”.

Corpo

17.05.2019 | por vários

C.o.n.s.t.r.u.c.t.i.o.n. de Tiago Borges

C.o.n.s.t.r.u.c.t.i.o.n. de Tiago Borges Se o mundo continua em crise, a história não se tornou progresso, o capital não supriu as desigualdades, e Deus morreu (Notre-Dame ardeu), o que fazer? Ao invés de alimentar a neurose da culpa que perpassa hoje o Ocidente, o gesto artístico de Tiago Borges vai ao encontro do híbrido e do impuro enquanto marcas dos processos de modernidade não canónicos desenvolvidos fora do eixo Europa-América do Norte.

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17.05.2019 | por Marta Mestre

Francisco Vidal x Fronteiras Invisíveis

Francisco Vidal x Fronteiras Invisíveis Nunca foi tão imperativo repensarmos a nossa forma de estar no mundo, e, é ao encontro desta necessidade de combater mentalidades e atitudes que possam condicionar a possibilidade de fazer acontecer mais além deste tempo, que devemos lutar por uma poesia fértil, transparente e inteligente que, neste espaço expositivo, começa com um simples gesto de pintura. É neste território, de reflexão e de expressão, individual e coletiva, que a arte cumpre um papel fundamental, enquanto motor de mudança, reflexo do tempo presente, e património de amanhã – um lugar Manifesto, entre o Real e o Ideal, como o que é invocado nesta exposição, e celebrado através da pintura e do desenho.

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16.05.2019 | por Namalimba Coelho

África diversidade comum

África diversidade comum A diversidade dos autores em termos de género, geografia, idade e geração encontra um elo comum na diferença de estilos, materiais e técnicas. O objectivo é revelar dimensões mais abrangentes que ultrapassam a vertente puramente estética e cromática das obras, o que pressupõe uma dimensão ética e filosófica do pensamento contemporâneo africano que é marcadamente não alinhado, rico de poesia silenciosa, que constitui a maior dádiva do seu discurso.

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16.05.2019 | por Manuel Dias dos Santos

My Kaaba is HUMAN - António

My Kaaba is HUMAN - António Em Madrid, despedi-me do “louco” António, que vive com a sua confiança e amor às pessoas que não conhece, partilhando a sua refeição, sóbrio há 30 anos. As últimas palavras que me disse: “A vida é um milagre, nunca te esqueças”.

Cara a cara

16.05.2019 | por Sinem Taş

Um mundo que não tenha nada daquilo que está representado no filme, entrevista com Welket Bungué

Um mundo que não tenha nada daquilo que está representado no filme, entrevista com Welket Bungué Uma das barreiras foi ter novamente o corpo negro no lugar do marginal, decidir construir a personagem Arriaga à volta da delinquência. Foi uma decisão difícil. Difícil por também eu ser Negro. Difícil por estar a entrar no campo do estereótipo. É difícil contornar a necessidade que tenho de escrever para atores negros e nesse caso trata-se de uma faca de dois gumes. Querer dar protagonismo a uma personagem que, do ponto de vista moral, vive na margem de decisões incautas.

Afroscreen

15.05.2019 | por Yolanda Kiluanji

Moram numa ilha de que nem sabem o tamanho.

Moram numa ilha de que nem sabem o tamanho. E ensinam a “ler”a ilha. E oferecem o sorriso, os olhos feito berlindes a brilhar, a surpresa inquieta que não pára e é amiga da alegria, de caxexe a magia o encantamento que a cor provoca em seres mínimos que, sem saberem ler ou escrever, assinam o testemunho disso que é ser pequenino e ser “só” numa ilha sem casinha a sério, ou um calção novo, ou um vestido novo, com um laço... ou um lanche abrilhantado com um pão fresco mesmo seco e um sumo desses de pacote que chegam vazios com a calema...um rebuçado de mel... ou um par de chinelos sem ser um de cada nação.

Mukanda

14.05.2019 | por Isabel Baptista

O bom arquitecto português - tropicalizando o colonialismo: uma leitura crítica sobre a narrativa pós-colonial a partir da ideia de “arquitectura portuguesa”

O bom arquitecto português - tropicalizando o colonialismo: uma leitura crítica sobre a narrativa pós-colonial a partir da ideia de “arquitectura portuguesa” Por mais embrionária que seja a discussão pós-colonial em Portugal, quarenta e cinco anos após o princípio da descolonização e do fim do regime fascista, importa perceber que deveríamos estar num tempo de múltiplos caminhos e descobertas, e o que mais impressiona no campo disciplinar da arquitectura é a construção de uma visão praticamente hegemónica, institucionalizada no seio da academia nas vertentes disciplinares da arquitectura e na maior parte das representações de Portugal produzidas sob a tutela do Estado.

Cidade

10.05.2019 | por Tiago Mota Saraiva

memórias da plantação: episódios de racismo quotidiano, PRÉ-PUBLICAÇÃO

memórias da plantação: episódios de racismo quotidiano, PRÉ-PUBLICAÇÃO Estas perguntas são importantes para questionar a razão por que o centro, que aqui designo centro académico, não é um lugar neutro. É um espaço branco onde se tem negado às pessoas negras o privilégio de falar. É historicamente um espaço onde não temos tido voz e onde as/os académicas/os brancas/os levaram a cabo discursos teóricos que nos construíram formalmente como a/o «Outra/o» inferior, situando as/os africanas/os em absoluta subordinação ao sujeito branco. Aqui nos têm descrito, classificado, desumanizado, primitivizado, brutalizado e matado.

Mukanda

08.05.2019 | por Grada Kilomba

Diário de um etnólogo guineense na Europa (1)

Diário de um etnólogo guineense na Europa (1) Não entendia como é que os tugas conseguiam viver na Europa e por que gostavam tanto de escrever sobre problemas. Eu pensava que eles também deviam ter coisas boas, como a música, por exemplo… mas disseram-me que os brancos não sabem dançar, e isso eu não entendia muito bem, visto que também eu li que eles tinham pimba, valsa, passo doble, gavotte, mazurka, dança da roda, branle, quadrilha… entre outros nomes difíceis.

Mukanda

06.05.2019 | por Marinho de Pina