Catembe, de Faria de Almeida, em Coimbra

IV Mostra de Cinema e II Simpósio Novos Cinemas nos Países Lusófonos (Anos 60-70)

TAGV 27, 28 e 29 de Novembro de 2010

ver programa

 

Sobre Faria de Almeida

Membro fundador do Cine Clube de Lourenço Marques, Manuel Faria de Almeida (1934-) foi apoiado pelo Fundo do Cinema Nacional para estudar cinema na London School of Film Technique quando os seus filmes amadores começaram a ser premiados em Portugal.

O seu filme de curso Streets of early sorrow, inspirado no massacre de Sharpeville, ganhou o 1º prémio do Festival Cinestud de Amsterdão após o que fez o circuito dos cine-clubes ingleses como complemento de A dama de Xangai, de Orson Welles.  Outro filme de curso, Viviana – proibido pela censura em Portugal não obstante a remontagem que o autor fez e que desvirtuou irremediavelmente o original –, foi exibido no Festival de Valladolid.

Com a melhor classificação de sempre no curso londrino de realização, é convidado para trabalhar como assistente de Tony Richardson e para ingressar no serviço de cinema das Nações Unidas. Não pode aceitar porque as condições da bolsa o obrigam a trabalhar três anos em Portugal após os estudos. É em Paris, onde estagia no IDHEC e trabalha nos arquivos da Cinemateca, que recebe o telegrama de António da Cunha Telles: “Mil parabéns. Ganhamos Catembe”. Era o anúncio que o Fundo apoiaria um projecto ambientado na capital moçambicana, que viria a ser o seu único filme de fundo.

Muito activo no movimento do Novo Cinema, Faria de Almeida obteve vários prémios com os documentários que realizou.

Foi presidente da Tobis Portuguesa entre 1974 e 1976 e do Instituto Português de Cinema, de Agosto de 1976 ao de 1977. Entrou então para o Centro de Formação da R.T.P., com o qual já colaborara e que chefiou entre 1979 e 1982. Entre 1983 e 1985 participou na criação da Televisão de Macau, onde foi director de Programas e da Formação. Novamente em Lisboa, trabalhou no lançamento da Europa TV e da RTP Internacional, tendo passado pelas Direcção de Programas e de Cooperação. É autor de várias obras sobre história do cinema e  realização cinematográfica e televisiva.

 

Sobre Catembe de Faria de Almeida

Catembe (1965) documenta os sete dias da semana no quotidiano de Lourenço Marques. Além de Cinema Directo – usado sobretudo nas entrevistas de abertura em que Manuel Faria de Almeida pergunta a transeuntes na Baixa lisboeta o que sabem sobre Lourenço Marques –, integrou sequências de ficção protagonizadas pela mulata Catembe. Após o corte, imposto pelo Ministério do Ultramar, de 19’ dos 87’ da obra original, uma segunda versão, documental, de apenas 45’ e remontada a partir das sequências deixadas sem sentido pelos cortes efectuados, foi proibida pela Comissão da Censura. Face ao paradoxo da brutalização de um filme subsidiado pelo Fundo do Cinema Nacional, explique-se que esse apoio se enquadrou na aposta em divulgar cinematograficamente as colónias.

Catembe, a “outra banda” de Lourenço Marques, também é, portanto, nome de olhar disruptivo. Além da qualidade técnica e sensibilidade estética evidentes, o maior mérito da obra é o de propôr uma primeira interpretação crítica da realidade colonial. Não obstante o patrocínio pelo Fundo e as pressões antes da rodagem, aborda temas fracturantes: o “trabalho” (de brancos e negros), as “bifas” (e a liberdade sexual de rapazes/raparigas), o afastamento entre “intelectuais & não intelectuais”, e se há “cinema em Moçambique”. É, porém, “a poesia da outra banda”, que sintetiza a intenção do autor: revelar o esforço brutal dos negros para ganharem… quase nada.

Formatar Catembe à medida da censura era impossível. A questão fulcral foi a da diferença de olhares sobre a realidade, conhecida e questionada pelo jovem cineasta e fixada de modo conservador e enquistado pelo regime. Assim, as imagens propostas deformam o memorial fílmico constituído, sedimentado nos documentários e actualidades de propaganda, em que se baseou a representação das colónias.

Catembe figurou no Guinness Book como o filme alvo de mais cortes pela censura na história do cinema. Mutilado e censurado, além da ante-estreia para amigos em 1965, após o 25 de Abril foi mostrado apenas duas vezes na Cinemateca Portuguesa. Esta é a quinta projecção pública e, em complemento, serão exibidos 11’ dos cortes considerados perdidos que recentemente Faria de Almeida depositou no ANIM. Se a projecção é condição fundamental para que o cinema se realize, que existência teve Catembe como filme? E que futuro?

Sábado, 27 de Novembro, 17h30


‘CATEMBE’ de Faria de Almeida [Moçambique, 1965, 45’]

Sinopse

Documentário realizada em 1965 que procurou fixar o quotidiano de um bairro popular de Lourenço Marques. Antes de ter sido alvo cortes pela censura do regime salazarista, integrava sequências de ficção com sequências documentais. A sua exibição acabou por ser proibida durante o período do Estado Novo.

 

Apresentação do filme por Maria do Carmo Piçarra. Após a projecção conversa com o realizador Faria de Almeida.


Sábado, 27 de Novembro, 21h15

‘ARRAIAL DO CABO’ de Paulo César Saraceni e Mário Carneiro [Brasil, 1960, 17’]

 

Sinopse

Documentário que mostra as transformações sociais e as interferências nas formas primitivas de vida de pescadores de Arraial do Cabo, no litoral do Estado do Rio de Janeiro. A Fábrica Nacional de Álcalis, que se instalou no local, causa a morte dos peixes, o que faz com que muitos integrantes da comunidade partam em busca de trabalho.


‘DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL’ de Glauber Rocha [Brasil, 1964, 115’]

Sinopse

No início, o filme conta a história, tão frequente na literatura verista do século XIX, do camponês que, num momento de desespero, mata o patrão esclavagista. Mas, a partir do momento em que Manuel, o personagem principal, se junta ao bando de fanáticos seguidores de Santo Sebastião – “profeta negro que afirma que um dia o mar vai virar sertão e o sertão vai virar mar e que o sol choverá ouro e que, portanto, para provocar esse milagre, é preciso matar todos os que fazem o mal, isto é, principalmente os padres e as prostitutas” –, o filme fixa-se numa análise mais contemporânea: as alucinações, as visões, as práticas e os modos de conduta aberrantes que fome, miséria e ignorância podem inspirar num povo desesperado.

Apresentação dos filmes por Michelle Sales.

 

Domingo, 28 de Novembro, 17h30

‘CINEMA MOÇAMBICANO: ASSIM ESTAMOS LIVRES… 1975 | 2010’ de Sílvia Vieira e Bruno Silva [Portugal, 2010, 16’]

 

Sinopse

 Através da recolha, sistematização e análise de dados relativos aos filmes produzidos e entrevistas realizadas aos principais cineastas e produtores moçambicanos, este documentário oferece uma perspectiva acerca do percurso do cinema em Moçambique entre 1975 e 2010.


 

‘KUXA KANEMA – O NASCIMENTO DO CINEMA’ de Margarida Cardoso [Portugal/ Moçambique, 2003, 52’]

 

Sinopse

Documentário que retrata o nascimento do cinema em Moçambique, após a Independência. A criação do Instituto Nacional de Cinema e as unidades de cinema móvel mostravam, por todo o país, a sua mais popular produção: o jornal cinematográfico ‘Kuxa Kanema’ que desejava “filmar a imagem do povo e devolvê-la ao povo”. 

 

Apresentação dos filmes por Mirian Tavares e Catarina Simão. Após a projecção conversa com as realizadoras Margarida Cardoso (a confirmar) e Sílvia Vieira.

 

‘ARUANDA’ de Linduarte Noronha e Rucker Vieira [Brasil, 1960, 20’]

 

Sinopse

Marco do cinema brasileiro, este filme surpreendeu as plateias do Rio de Janeiro e São Paulo aquando das primeiras exibições, em 1960. A história da formação e da sobrevivência de uma comunidade de antigos escravos do Sertão de Paraíba surge na tela com imagens, simultaneamente, líricas e rudes, com um narrador (o próprio Linduarte) a explicar a sua saga. A destacar ainda a fotografia de Rucker Vieira que revelava uma nova forma de olhar o Brasil.


‘MACUNAÍMA’ de Joaquim Pedro de Andrade [Brasil, 1969, 110’]

Sinopse

Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem carácter, que só começou a falar aos seis anos. Nasceu negro e virou branco. Depois de adulto, deixou o Sertão em companhia dos irmãos, vivendo várias aventuras na cidade, conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas, enfrentando vilões milionários, polícias, além de outras personagens muito diversas. Depois dessa longa e tumultuosa aventura urbana, volta à selva, onde desaparecerá como viveu — antropofagicamente.

 

Apresentação dos filmes por Jorge Luiz Cruz.

Segunda, 29 de Novembro, 17h30

‘O CARNAVAL DA VITÓRIA’ de Antonio Ole [Angola, 1978, 40’]

 

Sinopse

Filme etnográfico sobre o primeiro Carnaval após a independência transporta o espectador para tempos de grande emoção e esperança no futuro versados porAgostinho Neto em “Havemos de voltar”. O entusiasmo na preparação dos grupos, a saída dos populares dos musseques e o desfile pela cidade convergem num Carnaval de libertação, cheio de dança e cores O sentido estético do artista é notório pelo rigor dos planos, montagem e composição plástica.

 

‘O RITMO DOS NGOLA RITMOS’ de Antonio Ole [Angola, 1978, 60’]

Sinopse

Filme sobre o popular grupo musical angolano dos anos 1950/60, que só pôde ser exibido onze anos após a sua realização, dado o conflito entre o líder do grupo, Vieira Dias, e o MPLA. Inspirado no passado e presente de Angola, o realizador aborda sobretudo as temáticas da colonização, guerra civil, fome, conflitos sociais e explosão demográfica em Luanda.

 

Apresentação dos filmes por Jorge António

 

 Segunda, 29 de Novembro, 21h15

‘MAURO, HUMBERTO’ de David Neves [Brasil, 1964, 18’]

 Sinopse

Excelente exemplo da vocação natural e da atracção irresistível do realizador Humberto Mauro pelo cinema. Responsável por uma filmografia esteticamente rica, onde a intuição substitui a teoria, alcançou prestígio internacional pelo facto de se ter mantido fiel à paisagem e à captação da simplicidade das gentes de Minas Gerais.


‘O DESAFIO’ de Paulo César Saraceni [Brasil, 1965, 81’]

Sinopse

Obra crítica deste realizador, que retrata a história de Marcelo, um jovem jornalista que se sente incapaz perante o novo sistema brasileiro, abalado pela ditadura militar. Sem perspectivas de vida, despreza a paixão de Ada, esposa de um rico industrial, e o quotidiano da redacção do jornal onde trabalha.

 

Apresentação dos filmes por Rodrigo Guéron

 

Terça, 30 de Novembro, 17h30

 

‘O KIMBANDA KAMBIA” de Ruy Duarte de Carvalho [Angola, 1979, 41’]

Sinopse

Documentário da série “Presente Angolano – Tempo Mumuíla” que retrata um encontro com os curandeiros no Reino Jau, na província da Huíla, em que um curandeiro “tira” o mal lançado por um feiticeiro.

 

‘ONDYELWA, FESTA DO BOI SAGRADO’ de Ruy Duarte de Carvalho [Angola, 1979, 42’]

Sinopse

Documentário cuja narrativa se desenrola no antigo Reino Jau, na província da Huíla (Angola). Ruy Duarte de Carvalho, servindo-se da sua formação em antropologia, consegue entrar na comunidade, recebe explicações acerca da “Ondylewa”, faz entrevistas e descreve os aspectos da cerimónia dos três últimos dias da “Festa do Boi Sagrado”.

Apresentação dos filmes por António Augusto Barros (a confirmar)

 

Terça, 30 de Novembro, 21h15

‘DI CAVALCANTI’ de Glauber Rocha [Brasil, 1977, 18’]

Sinopse

“Di Cavalcanti Di Glauber”, ou “Ninguém Assistiu ao Formidável Enterro de Sua Última Quimera; Somente a Ingratidão, Essa Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável”, é uma curta-metragem polémica. Quando o pintor brasileiro Emiliano Di Cavalcanti morreu, o realizador Glauber Rocha foi ao funeral com uma câmara de filmar na mão e uma ideia fixa na cabeça. Glauber filmou o enterro, o corpo no caixão, enquanto a família de Di Calvancanti, aos berros, pedia para ele se retirar. Premiado no festival de Cannes, mais tarde o filme foi proibido pela justiça brasileira, a pedido dos familiares do pintor, alegando que Glauber desrespeitou o funeral e transformou aquele momento sagrado num carnaval.

 

‘VIDAS SÊCAS’ de Nélson Pereira dos Santos [Brasil, 1963, 103’]

Sinopse

Baseado na obra de Graciliano Ramos, mostra a saga de uma família de retirantes nordestinos nos anos 40, quando fogem da seca que assola o sertão brasileiro. Durante quase dois anos conseguem fixar-se numa aldeia, até que o seu patriarca se revolta contra o dono da fazenda em que trabalham. Depois de espancado e preso não vê futuro naquele lugar…

 

Apresentação dos filmes por Leandro Mendonça.

 

Sábado, 27 de Novembro, 17h30

‘CATEMBE’ de Faria de Almeida [Moçambique, 1965, 45’]

Sinopse

Documentário realizada em 1965 que procurou fixar o quotidiano de um bairro popular de Lourenço Marques. Antes de ter sido alvo cortes pela censura do regime salazarista, integrava sequências de ficção com sequências documentais. A sua exibição acabou por ser proibida durante o período do Estado Novo.

 

Apresentação do filme por Maria do Carmo Piçarra. Após a projecção conversa com o realizador Faria de Almeida.

Sábado, 27 de Novembro, 21h15

 

‘ARRAIAL DO CABO’ de Paulo César Saraceni e Mário Carneiro [Brasil, 1960, 17’]

Sinopse

Documentário que mostra as transformações sociais e as interferências nas formas primitivas de vida de pescadores de Arraial do Cabo, no litoral do Estado do Rio de Janeiro. A Fábrica Nacional de Álcalis, que se instalou no local, causa a morte dos peixes, o que faz com que muitos integrantes da comunidade partam em busca de trabalho.

‘DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL’ de Glauber Rocha [Brasil, 1964, 115’]

 

Sinopse

No início, o filme conta a história, tão frequente na literatura verista do século XIX, do camponês que, num momento de desespero, mata o patrão esclavagista. Mas, a partir do momento em que Manuel, o personagem principal, se junta ao bando de fanáticos seguidores de Santo Sebastião – “profeta negro que afirma que um dia o mar vai virar sertão e o sertão vai virar mar e que o sol choverá ouro e que, portanto, para provocar esse milagre, é preciso matar todos os que fazem o mal, isto é, principalmente os padres e as prostitutas” –, o filme fixa-se numa análise mais contemporânea: as alucinações, as visões, as práticas e os modos de conduta aberrantes que fome, miséria e ignorância podem inspirar num povo desesperado.

 

Apresentação dos filmes por Michelle Sales.

 

Domingo, 28 de Novembro, 17h30

 

‘CINEMA MOÇAMBICANO: ASSIM ESTAMOS LIVRES… 1975 | 2010’ de Sílvia Vieira e Bruno Silva [Portugal, 2010, 16’]

 

Sinopse

 Através da recolha, sistematização e análise de dados relativos aos filmes produzidos e entrevistas realizadas aos principais cineastas e produtores moçambicanos, este documentário oferece uma perspectiva acerca do percurso do cinema em Moçambique entre 1975 e 2010.

 

‘KUXA KANEMA – O NASCIMENTO DO CINEMA’ de Margarida Cardoso [Portugal/ Moçambique, 2003, 52’]

Sinopse

Documentário que retrata o nascimento do cinema em Moçambique, após a Independência. A criação do Instituto Nacional de Cinema e as unidades de cinema móvel mostravam, por todo o país, a sua mais popular produção: o jornal cinematográfico ‘Kuxa Kanema’ que desejava “filmar a imagem do povo e devolvê-la ao povo”. 

 

Apresentação dos filmes por Mirian Tavares e Catarina Simão. Após a projecção conversa com as realizadoras Margarida Cardoso (a confirmar) e Sílvia Vieira.

 

 

Domingo, 28 de Novembro, 21h15


‘ARUANDA’ de Linduarte Noronha e Rucker Vieira [Brasil, 1960, 20’]

 Sinopse

Marco do cinema brasileiro, este filme surpreendeu as plateias do Rio de Janeiro e São Paulo aquando das primeiras exibições, em 1960. A história da formação e da sobrevivência de uma comunidade de antigos escravos do Sertão de Paraíba surge na tela com imagens, simultaneamente, líricas e rudes, com um narrador (o próprio Linduarte) a explicar a sua saga. A destacar ainda a fotografia de Rucker Vieira que revelava uma nova forma de olhar o Brasil.

‘MACUNAÍMA’ de Joaquim Pedro de Andrade [Brasil, 1969, 110’]

 

Sinopse

Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem carácter, que só começou a falar aos seis anos. Nasceu negro e virou branco. Depois de adulto, deixou o Sertão em companhia dos irmãos, vivendo várias aventuras na cidade, conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas, enfrentando vilões milionários, polícias, além de outras personagens muito diversas. Depois dessa longa e tumultuosa aventura urbana, volta à selva, onde desaparecerá como viveu — antropofagicamente.

 Apresentação dos filmes por Jorge Luiz Cruz.

 

Segunda, 29 de Novembro, 17h30

 

‘O CARNAVAL DA VITÓRIA’ de Antonio Ole [Angola, 1978, 40’]

Sinopse

Filme etnográfico sobre o primeiro Carnaval após a independência transporta o espectador para tempos de grande emoção e esperança no futuro versados porAgostinho Neto em “Havemos de voltar”. O entusiasmo na preparação dos grupos, a saída dos populares dos musseques e o desfile pela cidade convergem num Carnaval de libertação, cheio de dança e cores O sentido estético do artista é notório pelo rigor dos planos, montagem e composição plástica.

 

‘O RITMO DOS NGOLA RITMOS’ de Antonio Ole [Angola, 1978, 60’]

Sinopse

Filme sobre o popular grupo musical angolano dos anos 1950/60, que só pôde ser exibido onze anos após a sua realização, dado o conflito entre o líder do grupo, Vieira Dias, e o MPLA. Inspirado no passado e presente de Angola, o realizador aborda sobretudo as temáticas da colonização, guerra civil, fome, conflitos sociais e explosão demográfica em Luanda.

 

Apresentação dos filmes por Jorge António

 

Segunda, 29 de Novembro, 21h15

 

‘MAURO, HUMBERTO’ de David Neves [Brasil, 1964, 18’]

Sinopse

Excelente exemplo da vocação natural e da atracção irresistível do realizador Humberto Mauro pelo cinema. Responsável por uma filmografia esteticamente rica, onde a intuição substitui a teoria, alcançou prestígio internacional pelo facto de se ter mantido fiel à paisagem e à captação da simplicidade das gentes de Minas Gerais.

 

‘O DESAFIO’ de Paulo César Saraceni [Brasil, 1965, 81’]

 

Sinopse

Obra crítica deste realizador, que retrata a história de Marcelo, um jovem jornalista que se sente incapaz perante o novo sistema brasileiro, abalado pela ditadura militar. Sem perspectivas de vida, despreza a paixão de Ada, esposa de um rico industrial, e o quotidiano da redacção do jornal onde trabalha.

 

Apresentação dos filmes por Rodrigo Guéron

 

Terça, 30 de Novembro, 17h30

 

‘O KIMBANDA KAMBIA” de Ruy Duarte de Carvalho [Angola, 1979, 41’]

 

Sinopse

Documentário da série “Presente Angolano – Tempo Mumuíla” que retrata um encontro com os curandeiros no Reino Jau, na província da Huíla, em que um curandeiro “tira” o mal lançado por um feiticeiro.

 

‘ONDYELWA, FESTA DO BOI SAGRADO’ de Ruy Duarte de Carvalho [Angola, 1979, 42’]

Sinopse

Documentário cuja narrativa se desenrola no antigo Reino Jau, na província da Huíla (Angola). Ruy Duarte de Carvalho, servindo-se da sua formação em antropologia, consegue entrar na comunidade, recebe explicações acerca da “Ondylewa”, faz entrevistas e descreve os aspectos da cerimónia dos três últimos dias da “Festa do Boi Sagrado”.

Apresentação dos filmes por António Augusto Barros 


Terça, 30 de Novembro, 21h15

‘DI CAVALCANTI’ de Glauber Rocha [Brasil, 1977, 18’]

 

Sinopse

 “Di Cavalcanti Di Glauber”, ou “Ninguém Assistiu ao Formidável Enterro de Sua Última Quimera; Somente a Ingratidão, Essa Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável”, é uma curta-metragem polémica. Quando o pintor brasileiro Emiliano Di Cavalcanti morreu, o realizador Glauber Rocha foi ao funeral com uma câmara de filmar na mão e uma ideia fixa na cabeça. Glauber filmou o enterro, o corpo no caixão, enquanto a família de Di Calvancanti, aos berros, pedia para ele se retirar. Premiado no festival de Cannes, mais tarde o filme foi proibido pela justiça brasileira, a pedido dos familiares do pintor, alegando que Glauber desrespeitou o funeral e transformou aquele momento sagrado num carnaval.

 

 ‘VIDAS SÊCAS’ de Nélson Pereira dos Santos [Brasil, 1963, 103’]

 Sinopse

Baseado na obra de Graciliano Ramos, mostra a saga de uma família de retirantes nordestinos nos anos 40, quando fogem da seca que assola o sertão brasileiro. Durante quase dois anos conseguem fixar-se numa aldeia, até que o seu patriarca se revolta contra o dono da fazenda em que trabalham. Depois de espancado e preso não vê futuro naquele lugar…

 

Apresentação dos filmes por Leandro Mendonça.

 

 

 

por Maria do Carmo Piçarra
Afroscreen | 8 Novembro 2010 | Catembe, cinema moçambicano, Faria de Almeida