Silêncios que viram arte

Silêncios que viram arte A partir do olhar pessoal dessas artistas sobre a história francesa, depreendem-se elementos que permitirão construir novas narrativas oficiais em que o imigrante não seja visto como ameaça, mas como parte da diversidade de uma nação. Ao incluir a história daqueles que ajudaram a reconstruir a Europa, a ideia mesma da Europa resulta fortalecida. Nas suas mais diversas formas, a arte destas mulheres permite a análise do contemporâneo e a construção de uma ideia de futuro. “A arte é a força que obriga a realidade a dizer o que ela não poderia dizer por seus próprios meios ou, em todo caso, o que ela arriscaria manter voluntariamente em silêncio” escreveu o autor congolês Sony Labou Tansi.

09.06.2019 | por Fernanda Vilar

“Domésticas insubmissas”: práticas de resistência de mulheres em Nova Iorque

“Domésticas insubmissas”:  práticas de resistência de  mulheres em Nova Iorque Hartman oferece novas pistas metodológicas para a crítica literária que trabalham com arquivos e mostra-nos como os estudos literários podem usufruir do conhecimento de vidas de mulheres rebeldes como Esther Brown para ampliar o seu entendimento e interpretação das práticas criativas. Ler Hartman hoje recorda-nos a importância e o imperativo político que temos de interrogar no que diz respeito aos espaços e às estruturas de opressão, de aprisionamento e de conformismo a partir da perspetiva – especulativa se necessário – daqueles/as que neles resistem.

04.06.2019 | por Alexandra Reza

Língua portuguesa e colonização – caso da Guiné Bissau

Língua portuguesa e colonização  – caso da Guiné Bissau “Será a língua portuguesa um instrumento ideal a usar no processo de ensino-aprendizagem para a libertação do povo da Guiné?”. Tendo em conta que a língua portuguesa foi um dos instrumentos usados pelo colonialismo para a dominação do povo da Guiné, não seria normal o mesmo instrumento de opressão servir para um processo educativo que pretenda a libertação do mesmo povo da alienação colonial.

02.06.2019 | por Sumaila Jaló

Os negros em Portugal

Os negros em Portugal O recente acréscimo de protagonismo das vozes de negros e afrodescendentes que, em Portugal, crescentemente se posicionam contra o racismo gerador desigualdade de oportunidades, é o que melhor configura a força de uma ancestralidade que merece ser resgatada e inventada.

26.05.2019 | por Bruno Sena Martins

Peregrinação Crioula - PRÉ-PUBLICAÇÃO e lançamento

Peregrinação Crioula - PRÉ-PUBLICAÇÃO e lançamento Por instinto, acima de tudo, Jul’Antone é um homem que ama o arquipélago, é um puro ilhéu. Nota-se-lhe o apego plasmado a São Vicente, laços espirituais que a miséria e a falta de condições não conseguem quebrar. Nem dado de vidro abandonará em definitivo a sua terra, foi aqui que nasceu e será aqui que terminará os seus dias.

23.05.2019 | por Paulo Lima

Resenha animada sobre a novela gráfica “Arsène Schrauwen”

Resenha animada sobre a novela gráfica “Arsène Schrauwen” Inspirado no tom de realismo mágico da novela, este artigo-animado estabelece um paralelismo o com o avô da narradora desenhada, que deixa Portugal para ir trabalhar para Moçambique durante a ditadura salazarista. Uma micro reflexão sobre o passado colonial no qual os brancos que foram para as "colónias", movidos por diferentes motivos e com posturas distintas perante os regimes coloniais europeus estavam, inevitavelmente, dessincronizados com os ambientes e culturas africanos nos quais desembocaram.

20.05.2019 | por Júlia Barata

“Congoísmos”, a norte (e a sul)

“Congoísmos”, a norte (e a sul) Os “Congos” foram vários e o “Congoísmo” revelou-se maleável na forma e conteúdo, mas estável na utilidade. Assim sendo, a invocação da sua história e da sua memória só pode ser muito cautelosa. Aspecto importante, requer ainda que se considere a sua história não-europeia, a sua natureza transnacional, transregional e transatlântica, mas também no próprio continente africano. Que não se anule diversidade de actores, instituições, “discursos” e imagens, motivações e interesses.

18.05.2019 | por Miguel Bandeira Jerónimo

Tecendo Redes Antirracistas: África(s), Brasis e Portugal

Tecendo Redes Antirracistas: África(s), Brasis e Portugal Uma série de textos que buscam produzir reflexões sobre o racismo vivenciado em países de língua oficial portuguesa nos três continentes; debate necessário para o posicionamento e confronto ao fenómeno persistente - o racismo - que se tem intensificado nos últimos anos, mostrando que não se trata somente de um facto do passado colonial.

18.05.2019 | por Renísia Cristina Garcia Filic

Autopografias - Peter Weiss em Auschwitz

Autopografias - Peter Weiss em Auschwitz A reflexão sobre as dimensões transgeracionais do conceito de memória é, contudo, naturalmente, muito anterior à proposta de Hirsch. Em particular na literatura do Holocausto, a construção de uma “memória do não-vivido”, característica da atitude pós-memorial, constitui um modelo que pode ser abundantemente documentado e que, justamente pela força do paradigma da confrontação com o Holocausto para o conjunto dos estudos sobre violência, trauma e memória, merece uma atenção particular.

04.05.2019 | por António Sousa Ribeiro

Um ensaio sobre o cronista

Um ensaio sobre o cronista Olha o ERRO gramatical da fonética vernácula. A quem pensas que influencias (vocabulário fica no armário)? Mandem chamar já e jááá… o DICIONÁRIO. Sem chapéu, acentuando metaforicamente o ponto final. Uma crónica tem fim? Que vitupério! Inpercebência. Dinossauro. Parece giro, popular. Contemporâneo! O Cronista. Polémico ou pacifista? Com as suas noções sócio comunicativas reais

04.05.2019 | por Indira Grandê

Narrativas afro-europeias

Narrativas afro-europeias NARRATIVAS AFRO-EUROPEIAS é um projecto sobre as ligações dos cidadãos europeus com países e culturas africanos, enraizadas nas suas histórias pessoais e familiares, bem como na nossa memória coletiva e na História da Europa e da África: narrativas sobre raízes africanas e afrodescendência, sobre memória e pós-memória colonial, sobre diásporas e retornos, mas também sobre experiências atuais e sobre a interação afro-europeia de culturas e identidades.

28.04.2019 | por vários

Portugueses invisíveis

Portugueses invisíveis As intervenções políticas, sociais e culturais dos portugueses invisíveis continuarão a ser cruciais para se começar a narrar Portugal de forma mais objetiva e responsável – haja porém vontade de desencobrir e agir sobre as invisibilidades da sociedade portuguesa.

19.04.2019 | por Hélia Santos

O vale dos caídos no século xxi

O vale dos caídos no século xxi O fato de Franco estar enterrado "em local sagrado" e da decisão da sua família – de que caso não se possa impedir uma exumação, a que se opõem irrefutavelmente, Franco seja transferido para a Catedral de Madrid – forçou o governo a procurar apoio junto do Vaticano, transferindo o conflito para a esfera diplomática. O destino do corpo de Franco, que ainda está no Vale, tornou-se o centro de uma controvérsia memorial de primeira ordem que questiona a capacidade da democracia espanhola de se livrar de uma vez por todas do tenaz fantasma do seu último ditador.

06.04.2019 | por Francisco Ferrándiz

48 retratos de guerra, 48 bombas relógio 48 elegias

48 retratos de guerra, 48 bombas relógio 48 elegias A experiência da participação neste evento de indefinida colocação historiográfica, quer pela denegação que oficialmente o caracterizou, quer pela radical reformulação geopolítica do país que a partir dele se engendrou com a descolonização, tornou a guerra colonial um dos mais recalcados e complexos, mas também um dos mais trágicos eventos da contemporaneidade portuguesa que ainda hoje nos interroga.

30.03.2019 | por Margarida Calafate Ribeiro

O que se pode fazer ao ver com os olhos de um outro

O que se pode fazer ao ver com os olhos de um outro Através do trabalho de Louise Narbo podemos interrogar esta relação de quem herda o olhar de um passado através de um outro. Ela sugere que o olhar do outro, que comporta em si certas capacidades, interfere na visão de quem o herda; que esse olhar, diminuído ou amplificado, pode nublar, embaciar, deformar a visão de quem o recebe; mas pode ao mesmo tempo constituir o motivo pelo qual o herdeiro desse olhar se interroga sobre essa visão que não é exclusivamente a sua, mas que também já não pertence exclusivamente àquele que lhe transferiu o seu olhar.

23.03.2019 | por Fátima da Cruz Rodrigues

Assassinos

Assassinos Seja alimentada pelos problemas económicos cada vez mais profundos, pela sensação de complacência por parte de uma elite cultural, convencida de que a paz na Europa, depois de tanta destruição, seria mais ou menos um dado irrevogável, ou mesmo apenas por causa da crueldade humana básica, não pode ser ignorada por mais um momento: o tempo dos assassinos está de volta para nos assombrar e, na sua raiz, encontra-se uma nostalgia pós-imperial renovada, impulsionada por uma negação intencional, vergonhosa e desavergonhada, do passado imperial da Europa.

17.03.2019 | por Paulo de Medeiros

Comemorações institucionalizadas e monstros da memória

Comemorações institucionalizadas e monstros da memória Como no dia da memória, o fracasso confirma que não será uma tecnicidade que salvará um passado definitivamente perdido, mas uma compaixão humana transformada em consciência histórica, ainda toda por construir, diante de um passado abjeto e terrível. Este será o único antídoto capaz de manter enterrado, no seu horrível refúgio, o monstro de um passado de brutalidade ilimitada, que não se deixa narrar. Pelo menos temporariamente, no entanto.

12.03.2019 | por Roberto Vecchi

‘Pequena Era do Gelo’: extermínio de indígenas nas Américas causou resfriamento do clima

‘Pequena Era do Gelo’: extermínio de indígenas nas Américas causou resfriamento do clima Os pesquisadores afirmam que o massacre decorrente da colonização europeia levou ao abandono de imensas áreas de terras agrícolas, que acabaram sendo reflorestadas. A recuperação da vegetação tirou CO2 suficiente da atmosfera para resfriar o planeta. Este período de resfriamento costuma ser chamado nos livros de história de “Pequena Era do Gelo” – uma época em que o Rio Tâmisa, em Londres, costumava congelar durante o inverno no hemisfério norte.

25.02.2019 | por Oliver Milman

Da guerra colonial: memórias e pós-memórias, transmissão e imaginação

Da guerra colonial: memórias e pós-memórias, transmissão e imaginação Quando a literatura busca transmitir a experiência da violência, o resultado está determinado pela distância entre quem escreve e a realidade traumática referida. Existem, no entanto, constantes entre as representações artísticas da memória feitas pelas testemunhas directas dos acontecimentos e aquelas reelaboradas pelos seus descendentes (as chamadas pós-memórias).

24.02.2019 | por Felipe Cammaert

Nem Pessoa, nem Eça

Nem Pessoa, nem Eça Zenith assegurou que Fernando Pessoa «escreveu aquelas coisas citadas» e que isso «desqualifica o seu nome para ser associado a iniciativas da CPLP. O seu pensamento evoluiu, felizmente, e em 1935 não teria subscrito àquelas afirmações..., mas também não chegou a renunciá-las. Aliás, pode nem se ter recordado de as ter escrito. Escreveu-as, porém, e compreendo e concordo com a revolta das pessoas cuja dignidade feriu.»

18.02.2019 | por Eurídice Monteiro