Curso de Formação: Outras Áfricas – Heterogeneidades, (des)continuidades, expressões locais, CES-Coimbra

11 a 12 de Março de 2011, CES-Coimbra

Este curso pretende dar visibilidade às heterogeneidades de um continente que o imperialismo do Norte, e a ciência ao seu serviço, ora essencializa como um só – A África -, ora, no período pós-colonial, cartografa ainda de acordo com as respectivas ex-potências colonizadoras, sob a retórica das línguas e culturas “partilhadas” – lusofonia, francofonia, anglofonia.

O curso será constituído por um conjunto de seminários sobre temas diversos – da antropologia à literatura e ao teatro, passando pela política, a religião e as diásporas -, dedicados, em exclusivo, a alguns aspectos de Outras Áfricas que não a “lusófona” (aquela que a investigação científica no contexto português maioritariamente contempla).

Deste modo se procurará, de um modo transdisciplinar, não só debater múltiplas perspectivas de reflexão sobre as Áfricas, como colocar em discussão o seccionamento epistemológico (ainda dominante) dos estudos africanos segundo as áreas de influência neo-colonial e as eventuais distorções essencialistas que estes possam produzir.

PROGRAMA:

Sexta-feira, dia 11 de Março de 2011
Manhã:
10.00: Abertura
10.30: Clemens Zobel  (CES) – A antropologia e a emergência da África: ciência(s) e lugar(es) entre colonização e descolonização
12.30: almoço
14.15: Albert Farré Ventura (Centro de Estudos Africanos / ISCTE) – O Estado e as autoridades tradicionais: suma de debilidades e agendas políticas em confronto
16.00: coffee break
16.30: Mallé Kassé (Universidade Cheikh Anta Diop de Dakar) – Islão e Política no Senegal
Sábado, dia 12 de Março de 2011
9.30: Catarina Martins (CES / FLUC) – “La Noire de…” tem nome e tem voz. A narrativa de mulheres africanas anglófonas e francófonas para lá da Mãe África, dos nacionalismos anti-coloniais e de outras ocupações.
11.15: coffee break
11.30: Fabrice Schurmanns (Doutorando em Pós-Colonialismo CES) – O trágico do Estado pós-colonial
13.30: almoço
15:00: Mamadou Ba (SOS / Racismo): Imigração africana em Portugal para lá da lusofonia: Onde cabem a(s) outra(s) África(s)?
17.00: Conclusões e encerramento
Língua de Trabalho: Português; Número máximo de participantes: 25; Inscrições: Público em geral: 40 Euros  Estudante: 20 Euros
Data limite de Inscrição:  9 de Março de 2011. 

+ infos e inscrições

13.02.2011 | par franciscabagulho | Estudos Africanos

Colóquio internacional de homenagem a Jill Dias, LISBOA

Com vista a homenagear Jill Dias e a divulgar a sua obra e arquivo - e no âmbito do projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia: “Jill Rosemary Dias: acervo documental, bibliográfico e fotográfico” - realizar-se-á, no dia 17 e 18 de Fevereiro na Fundação Calouste Gulbenkian um colóquio internacional “As lições de Jill Dias. Antropologia, História, África e Academia”.

Prevendo que muitíssimos gostariam de prestar o seu contributo, optou-se por uma estrutura de organização em torno de painéis temáticos de acordo com as áreas científicas e académicas em que Jill Dias teve um papel decisivo, convidando-se, para cada um deles, oradores próximos pessoal e profissionalmente de Jill Dias.

O Colóquio será aberto. A comparência nos almoços de dia 17 e/ou 18 no restaurante/terraço da Fundação C. Gulbenkian (12,50 Euros cada), igualmente aberta a todos, deve ser comunicada até 14 Fevereiro para o email: cria@cria.org.pt

+ infos e programa completo

13.02.2011 | par franciscabagulho | Jill Dias

O dia em que a multidão foi maior do que o Cairo

Paulo Moura, Cairo

Venceram. Era impossível, mas venceram. A praça Tahrir estava cheia quando rebentou a notícia, sob a forma de gritos - “Alah U Akbar!” E todos souberam o que era. Não pela frase, mas pelo modo arrebatado, incandescente, como foi gritada. “Alah U Akbar!”, e as multidões que ainda faziam fila nos checkpoints junto aos tanques lançam-se a correr loucas sobre a praça. Ao princípio parece uma guerra, um novo ataque dos provocadores, uma carga da polícia ou do exército, mas é apenas alegria. Violenta como tiros de canhões.
fotografia de Alexandra Lucas Coelho, na praça Thrair, 11/2/2011fotografia de Alexandra Lucas Coelho, na praça Thrair, 11/2/2011“Egipto livre! Egipto livre!”, gritam grupos que correm em comboios rumo ao coração de Tahrir. “O povo venceu”, gritam outros. “Nós somos o povo do Egipto”. E tambores explodem em ritmos desenfreados, música, foguetes, o ulular das mulheres árabes. Há sorrisos em todos os rostos. Sorrisos estranhos, que parecem brotar de uma nascente lídima e cristalina da consciência humana.
“Estou aqui de alma e sangue”, diz Zeinob, 26 anos, médica. “Estou aqui pela dignidade do meu país. Com orgulho nele. Orgulho que o mundo nos esteja a ver neste momento. Pensavam que os povos árabes eram desorganizados, incultos e violentos? Pois o que me dizem agora?”
Zeinab sabe que se seguem tempos difíceis, mas tem confiança absoluta no futuro. “Recuperámos a nossa dignidade. Depois do que aconteceu nesta praça, nunca mais ninguém nos poderá humilhar”.
“Bem vindo ao século XXI”
Mahmoud Halaby, 46 anos, publicitário, acrescenta: “Somos um povo pacífico. Aguentámos este ditador durante 30 anos: querem melhor prova?” E Khaled Kassam, 23 anos, médico, diz: “Os governantes que vierem a seguir sabem que terão de tratar este povo de forma diferente. Vamos observar a transição passo a passo. Se as coisas não evoluírem na direcção certa, faremos ouvir a nossa voz. Egipto, bem-vindo ao século XXI”. Mahmoud acredita que os militares vão cumprir a promessa de transformar o regime. “Com Mubarak no poder não seria possível, mas agora sim. O regime é como uma serpente. Se lhe cortarmos a cabeça, não pode sobreviver”.
Tahrir nunca teve tanta gente. Chegam cada vez mais, aos milhares. Já não cabem, apertam-se, misturam-se, unem-se num organismo desmesurado e vivo, a revolver-se de júbilo, como uma crisálida em plena transformação. A multidão é maior do que a praça, do que a cidade. Maior e mais poderosa do que se julgava.
“É uma surpresa. Para mim é uma surpresa. Nunca pensei, nunca sonhei que vencêssemos”, diz Ahmed Shamack, 21 anos, estudante de engenharia. “Acho que nunca ninguém acreditou verdadeiramente. Sabíamos que tinha de acontecer, mas não o imaginávamos. Por isso agora é tão maravilhoso”.
Farah Faouni, uma rapariga de 23 anos e olhar negro e intenso como o de uma sacerdotisa de Ísis aproxima-se para dizer, lentamente: “Sinto o doce aroma da liberdade”. E depois acrescenta: “Vamos avançar. Vamos construir neste lugar um país democrático e livre. Ninguém nos poder impedir. Este é o nosso tempo.”
Um velho de barbas e longa túnica chora ruidosamente, de braços no ar. Mulheres sozinhas, perdidas na multidão, têm os olhos cheios de lágrimas. Há rostos tisnados, rugosos, sujos, chorando e rindo ao mesmo tempo. Alguns procuram desesperadamente um jornalista para lhe contar a sua vida. Como se o pudessem fazer pela primeira vez, em liberdade. Só agora se permitindo olhar para si próprios e ver-se na sua miséria e grandeza. Chorar é o primeiro apanágio da liberdade. O primeiro direito. “Eu não tenho trabalho. Não tenho segurança social, não tenho seguro, não tenho uma casa decente, não tenho assistência médica para a minha família, diz Sherif Assan, 41 anos, rodeado dos seus quatro filhos, Radua, Mohamed, Zwad e Tamema. Esta tem dois anos e está às cavalitas dele. Os outros, de 3, 4 e 6 anos, estão à volta da mãe, que tem o rosto coberto pelo hijab negro. “Não temos nada. A minha família merece mais do que isto”.

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12.02.2011 | par martalanca | Egipto, Hosni Mubarak, revolução, Tahrir

LIFE GOES ON, exposição de Mário Macilau

23 de Fevereiro - 5 de Março - mediateca do BCI Espaço Joaquim Chissano

(inauguração 23 às 18h apresentação pelo Dr. Nataniel Ngomane)

Trata-se da segunda exposição individual deste ano e primeira exposição em Moçambique (2011), (tendo apresentado a primeira em Bangladesh, em Janeiro).

Intitulada “LIFE GOES ON” esta exposição denuncia uma das mais duras realidades da vida em Moçambique: o dia-a-dia das pessoas que vivem na lixeira de Hulene, em Maputo. Aberta depois da independência de Moçambique, a lixeira municipal de Maputo tem-se tornado num meio de subsistência importante para famílias que perderam as suas casas durante a guerra ou durante as inundações de 2000, mas também para menores e os órfãos. que perderam os seus pais. A lixeira situa-se a sete quilómetros da baixa de Maputo, a capital de Moçambique e a sua maior cidade. Não existe tratamento do lixo e a lixeira de Hulene é o único destino de todo o lixo que a cidade produz. A queimada de lixo continua a ocorrer na lixeira há já mais de dez anos, representando uma ameaça séria à saúde pública, em especial àqueles que vivem (ou sobrevivem) lá.

Mário Macilau trabalhou neste projecto no início de 2008 até ao final de 2009 e nunca mostrou a maior parte das obras por meio de uma exposição individual. Neste contexto, trata-se de uma mostra de obras exclusivas em Moçambique.

12.02.2011 | par martalanca | fotografia moçambicana, Mário Macilau

Ainda e sempre Glissant: o “todo-mundo”

Não foi assim há tanto tempo atrás que pudemos ouvir o testemunho do carismático martiniquês Edouard Glissant (1928-2011) sobre música e crioulização a propósito do novo álbum “KREOL”, que o músico, escritor e conselheiro cultural cabo-verdianoMário Lúcio lançou também em Portugal.

Estavamos em Outubro de 2010 e na Fnac do Colombo passava um inesperado excerto do documentário homónimo realizado por Frédérique Menant, que acompanhou as gravações do álbum em sete países, seguindo a rota histórica da escravatura.

Glissant surgiu então, durante breves mas impressionantes momentos, em conversa sobre a importância das raízes da música e o modo como esta “deve correr o risco da diversidade”, reforçando através da repetição de ideias (tão estrategicamente eficaz) a sua constatação e defesa do processo de crioulização a partir da especificidade antilhense.

Deixámos agora de poder contar com a sua inquietude contagiante mas o seu legado está talvez mais vivo do que nunca, com todo o interesse que tem vindo a suscitar e tão crucial que é para pensar os dias que vivemos.

Poeta, filósofo e romancista, Edouard Glissant é já internacionalmente reconhecido como um pensador humanista fundamental no que toca aos temas das migrações, diversidade e mestiçagem, identidade e nação, tendo teorizado toda uma “poética da relação” que realça o processo de “crioulização” numa actualidade a que chamou, sintomaticamente, “Todo-Mundo” (“Tout-Monde”): uma cultura feita, cada vez mais, de muitos mundos, uma cultura inexoravelmente feita de culturas.

 

Vale a pena ler no Africultures um óptimo artigo publicado pelo jornalista e crítico de cinema Olivier Barlet por altura da estreia mundial do filme biográfico que lhe dedicou Manthia Diawara, em Julho do ano passado.

Aqui a homenagem já depois da sua morte, e desta vez escrita, pelo cineasta e escritor Diawara. E aqui encontram uma excelente súmula sobre a importância do legado deixado por Glissant através de Valérie Marin La Meslée.

 

Lúcia Marques no Próximo Futuro

12.02.2011 | par martalanca | Édouard Glissant

Livros Artiletra (Cabo Verde) à venda na Kitabu

sempre procurando formas para ampliar e facilitar o acesso do público brasileiro aos livros dos escritores das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, iniciei uma parceria com a Edições Artiletra. Agora seus livros estão à venda na Kitabu - Livraria Negra, à rua Joaquim Silva 17, Lapa - Rio de Janeiro/RJ. Além dos livros de Valentinous VelhinhoMario Lucio SousaKaká Barbosa, entre outros, o histórico jore - jornal-revista de Educação, Ciência e Cultura, Artiletra, nº 105/106 - novembro/dezembro-2010, também está à venda.
Ricardo Riso

12.02.2011 | par martalanca | África-Brasil, Artiletra, Kitabu

Ao 18º dia o faraó caiu

A mensagem durou pouco mais de 20 segundos e pôs fim a 30 anos de poder de Hosni Mubarak, o faraó do Egipto. Ao fim de 18 dias de protestos, o regime cedeu, depois de na véspera Mubarak ter dado o seu último estertor.

A fúria de quinta-feira, dia em que Mubarak falou aos egípcios para dizer que não ia abandonar o seu cargo, apesar de anunciar uma série de cedências, foi substituída por uma explosão de alegria em todo o Egipto.

Nas ruas do Cairo, Alexandria, Suez e de muitas outras cidades egípcias já estavam milhões de pessoas que depois das orações começaram a desfilar, voltando a gritar “Vai-te! Vai-te!”. 

Milhares juntaram-se à frente do Palácio Presidencial, mais milhares à porta do edifício da televisão estatal. Os militares que protegiam ambas as instalações mantiveram as suas posições, sem hostilizar os manifestantes. Há mesmo notícias de confraternização e gestos de solidariedade para com aqueles que gritavam “Nem Mubarak, nem Suleiman!”.

No país circulava a notícia de que Mubarak e a família tinham abandonado a capital e viajado para Sharm el-Sheikh, a estância turística do Mar Vermelho. Muitos pressentem “um bom sinal”. Pouco depois a televisão estatal anuncia para breve um “comunicado importante e urgente” da presidência egípcia. 

E o comunicado surge ao cair da noite no Cairo: “Em nome de Deus, o misericordioso, cidadãos, durante as difíceis circunstâncias que o Egipto atravessa, o Presidente Hosni Mubarak decidiu deixar o cargo de Presidente e encarregou o Conselho Supremo das Forças Armadas de administrar o país. Que Deus ajude toda a gente”, afirmou o vice-presidente, Omar Suleiman, na curta declaração transmitida na televisão estatal.

O país explode de alegria. Na praça Tahrir, filmada em directo pelas televisões, o barulho da vitória é ensurdecedor. “No Cairo, os condutores estão a buzinar, há disparos de tiros para o ar”, contou o correspondente da BBC Jon Leyne na capital egípcia. Havia pessoas aos saltos: “Temos um ex-Presidente!”, gritam. “Conseguimos!”.

“Este é o melhor dia da minha vida”, reage o opositor Mohamed ElBaradei. “O país foi libertado depois de décadas de repressão”. Agora, o Nobel da Paz espera uma “bonita” transição de poder. 

Por seu lado, a Irmandade Muçulmana saúda o “grande povo do Egipto e o seu combate”. Issam el-Aryan, porta-voz da maior força da oposição, banida mas tolerada no regime de Mubarak, disse que a Irmandade “celebra o momento e segue o caminho”.

“Consenso nacional” – é este o apelo de Amr Moussa, secretário-geral da Liga Árabe e ex-ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros, face à “mudança histórica” trazida com a renúncia do Presidente Hosni Mubarak. Moussa surgiu nesta revolução como uma das figuras que poderá assegurar a liderança de um eventual governo de transição e não descartou a possibilidade de ser candidato à presidência.

Em comunicado, o Exército diz que vai anunciar medidas para uma fase de transição após a queda do Presidente demissionário. Depois de “saudar os mártires” que morreram na revolução, os militares garantem não se vão substituir à “legitimidade desejada pelo povo”. 

O Conselho Superior das Forças Armadas declara, no comunicado, que o Exército vai “definir os passos que vão ser seguidos”, sublinhando ao mesmo tempo que não há outro caminho em frente para além do legítimo “a que as pessoas aspiram”.

“O comunicado militar é óptimo”, escreve no Twitter Wael Ghonim, o executivo da Google que se tornou uma figura-chave dos protestos. “Confio no nosso Exército.”

O ministro da Defesa saúda a multidão em frente ao palácio presidencial no Cairo. Mohamed Hussein Tantawi é, segundo fonte militar, o chefe do Conselho Superior das Forças Armadas, a quem Mubarak passou o poder. De Suleiman e de outras figuras do Partido Nacional Democrático não há sinal. 

Mubarak partiu, mas durante a noite eram muitos os analistas que faziam a mesma pergunta: e os militares, também vão largar o poder que controlam há quase 60 anos? 

Na rua, a festa continuou. 

 

Público

12.02.2011 | par martalanca | Egipto, Hosni Mubarak

2º episódio EU SOU ÁFRICA - IRMÃ CATARINA PAULO

dia 12, sábado, às 19h na RTP2

Freira franciscana da Congregação de Nossa Senhora das Vitórias desde os 16 anos, a Irmã Catarina nasceu em Gaza, Moçambique, nos anos 30, e foi a primeira religiosa negra a dirigir uma congregação no Moçambique independente. Nos anos quentes da guerra civil (até 1992) trabalhou em campos de refugiados e de deslocados, inventou lares em casarões esventrados, “barafustou” com várias “autoridades” para conseguir o que queria. Umas vezes ganhou outras não. Em 2003 foi para o Chibuto, onde criou o mais recente projecto de uma vida cheia de conquistas árduas. Chama-se Centro Comunitário do Chimundo e são quatro hectares de terra que começam debaixo de um cajueiro. “Aqui todos trabalham contra a ‘coitadinhice’”, diz-nos a irmã Catarina com o seu ar calmo, intimamente preocupada com as 26 crianças que brincam e aprendem na Escolinha do Chimundo. Lá todos trabalham para o mesmo projecto, nem que seja a apanhar lenha. “Se só dermos comida, quando morrermos como é que vai ser?”

Vamos conhecer a Irmã Catarina e a história de persistência de uma mulher que sabe a importância da sua cultura. De uma religiosa consciente daquilo que faz com que um povo – o seu - não se torne “uma árvore sem raiz”. Visitamos as suas memórias de família, o lugar no quintal onde o pai está enterrado, escutamos o silêncio da casa, as vozes da oração. E ouvimos a história de um lugar onde, com quase nada, se constroi quase tudo.
É com convicção que a Irmã Catarina percorre o caminho para a Escolinha do Centro Comunitário do Chimundo, onde todos os dias da semana as crianças do bairro comem a papa e aprendem a brincar com as letras e os números. A religiosa orgulha-se do seu projecto “que é grande, não por ter condições, mas porque há um coração que ama”. Ouvimo-la falar do que significou a independência, a necessidade de afirmação dos moçambicanos: “eu tinha que fazer a história da minha sociedade e simultaneamente da minha congregação, este país precisa de homens e mulheres decididos a fazer história.” Conta dos medos da Guerra, dos deslocados que esta gerou e do urgente processo de paz e desenvolvimento. “Só pelo trabalho e pela educação podemos deixar de ser coitadinhos para sermos pessoas.”

CHIBUTO, CHIMUNDO
O Chibuto fica a norte na província de Gaza. A três quilómetros encontra-se o bairro do Chimundo, criado após as cheias de 2000 para acolher os refugiados originários do vale do Limpopo, completamente alagado. Quotidianamente os pais regressam ao vale para trabalhar nas machambas (as hortas), deixando muitas das crianças entregues a si próprias, crianças que a Escolinha fundada pela Irmã Catarina recebe na medida das possibilidades que vai tendo. Para saber mais : www.centrocomunitariodochimundo.comwww.aidglobal.org

 

Eu Sou África

 

11.02.2011 | par martalanca | Eu Sou África, Moçambique

RUÍNAS, ESQUECIMENTO, HETEROGÉNESE Encontro sobre W. G. Sebald

com António Guerreiro, Rui Tavares e André Dias
Sexta, 18 de Fevereiro de 2011, 18h
FCSH, Edifício I&D, 4.º, Sala Multiusos 2, Av. de Berna 26, Lisboa

As ondas de propagação da inquietante obra do escritor alemão W. G. Sebald (1944-2001) não deixam de se fazer sentir bem para lá do estrito campo literário, na filosofia, na história e nas artes. Condensando de forma poderosa o ar do nosso tempo, o trabalho de Sebald estabelece uma relação singular com as imagens que permeiam o texto, numa arqueologia das camadas dolorosas da história moderna. 
Neste encontro, prestaremos especial atenção a ‘Os Anéis de Saturno’, sua penúltima “prosa de ficção”, com três aproximações à atualidade de Sebald a partir de excertos dados à leitura por António Guerreiro (crítico literário), Rui Tavares (historiador) e André Dias (investigador de cinema).

Encontros ‘X explica Y assinado Z’: 

A proposta passa por apresentar diferentes pesquisas partindo de um elemento comum a ser distribuído na sessão (como um poema, uma imagem ou fragmentos selecionados), expondo questões, marcos teóricos decisivos, abordagens de um problema e sobretudo abrindo um espaço para a palavra de todos os presentes.
Informações, pedido de excertos e envio de propostas: xexplicayassinadoz@gmail.com

Grupo de Investigação de Literatura e Filosofia do CEIL  

11.02.2011 | par martalanca | ruínas, W. G. Sebald

One Love

11.02.2011 | par martalanca | Bob Marley, música

nuestras reflexiones africanas, por Juan Tomás Ávila Laurel

solidariedade com o protesto de um grande intelectual da Guiné Equatorial!


Queridos guineanos: Recientemente en África ocurrieron muchas cosas que no podemos dejar de comentar. Y es que mientras esperábamos que desde Ivory Coast nos llegara la noticia de la solución de su dramática situación política, recibimos otras nuevas de hechos más llamativos. Antes de entrar en estos detalles nuevos, tenemos que precisar que debido a la prensa europea repartidora de culpas, méritos y favores, ya tenemos inclinada nuestra balanza y sabemos a quién apoyaríamos en caso de que tuviéramos que decidir nosotros. Y es que para una historia en que todo parecía claro y no había dudas, ahora sí que las hay, y miren por dónde. Y es que se puede leer ahora que el enrrocamiento del señor Gbagbo tiene su génesis en una muy loable actitud anticolonialista, pues existen indicios muy claros, incluso televisivos, de los planes franceses para derrocarlo y colocar en la silla que dejara vacante a su oponente Ouatarra. Entonces, y como buen africano, y para que Francia se enmiende de una vez por todas, y aunque haya perdido las elecciones, no se bajará de la silla aunque todos los líderes africanos, que son unos eunucos, según él, se junten todos y suelten sobre él todas las plagas del Apocalipsis, y más si las hubiera.

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11.02.2011 | par martalanca | Guiné Equatorial, Juan Tomás Ávila Laurel

Entrevista a Paula Nascimento - África Festival

Paula Nascimento is one of the women who know more about African music and culture in Portugal. She was behind the 3 editions of “Africa Festival” and I did this piece as an homage to her energy.

Production: Kattia Hernandez
Cammera: Jorge Afonso
Editing: João Paulo Marques
Programa Nós, 30-set-07

11.02.2011 | par martalanca | África Festival, paula nascimento

Top Kilimanjaro 12-02-2011

1-Walter & Nicol Ananaz-Mboia sobe 1

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2-Puto Prata-Ta sair mal cai 1

3- Mark G. & William-Ka ta podé sobe 3

4-Cabo Snoop-Prakatumba cai 1

5-Dj Jeff & Silivy-Txi Txi Tximba mantem-se

6-Yola Semedo & Paulo Flores-Mar azul cai3

7-Gisela Silva-Vou xinguilar mantem-se

8-Lucenzo-Vem dançar kuduro sobe 1

9-Ary-Vai dar bum cai 1

10-Ina-Sun is up mantem-se

dj Carlos Pedro 

11.02.2011 | par martalanca | Top Kilimanjaro

Africa through a lens

Africa through a lens is a set of thousands of images taken from a broader photographic collection of Foreign and Commonwealth Office images, held at The National Archives. Starting with some incredible early photographs from the 1860s, the images span over 100 years of African history. These images are now available, for the first time, to view online.

The collection was brought about by the request of the Secretary of State for the Colonies in 1869. He asked governors to arrange for the taking of photographs of ‘noteworthy buildings and scenery … together with individuals of various races peculiar to the colony’. Each governor interpreted the task in his own way, which has culminated in this unique and varied collection. The original records include what appear to be personal scrapbooks, official albums, printed pamphlets and even framed photographs and paintings. Some images are official public information shots, others are hand drawn sketches. The number of images for each country also varies, depending on how diligently the request was carried out.

The collection covers just over 20 African countries from the 1860s up until the 1980s. The photographs help illustrate stories from Africa; from the ‘Scramble for Africa’ in the late 19th Century through to the independence of the African nations in the 1950s and 1960s. Included are pictures of chiefs, tribesmen and villages, famous landmarks, notable events, schools, farming and wildlife. Several photos show the construction of roads, bridges and harbours, while others show the development of industry, training and education. There are also images of demonstrations and celebrations of independence.

The National Archives and the photographic collection

In 2008 The National Archives acquired the Colonial Office photographic collection from the Foreign and Commonwealth Office. Following conservation work to ensure the future preservation of the images, the series has been digitised. This means we can provide online access to this stunning and rare collection of images, worldwide. We are beginning this project with Africa.

website

11.02.2011 | par martalanca | archive, Photography

3º episódio do EU SOU ÁFRICA, AUGUSTA HENRIQUES - GUINÉ BISSAU

dia 19, Sábado, às 19h na RTP2

 

Augusta Henriques tem cinquenta e oito anos, dois filhos, uma neta e uma vida inteira de engajamento na transformação social e no desenvolvimento do seu país, a Guiné Bissau. É a fundadora e secretária geral da Organização Não Governamental guineense TINIGUENA - que significa esta terra é nossa. É o poder dessa pertença que Augusta afirma em todas as suas acções. “Não podemos responder pelo ontem nem pelo amanhã, mas hoje podemos fazer a diferença!” Augusta tem personalidade de líder, fala de forma assertiva, e há muito tempo que diz: “Sim, podemos fazer”.


A agitação da avenida principal de Bissau, perto do mercado Bandim, contrasta com a paz das ilhas Urok, no arquipélago dos Bijagós. Augusta Henriques move-se entre estes dois mundos, passando recentemente mais tempo na sua ilha natal, a Formosa. Formou-se em Portugal mas sempre teve presente que o seu futuro era na Guiné-Bissau, “um país novo para construir” e cheio de orgulho à época da independência. Regressa para trabalhar no primeiro Ministério da Educação do país e, mais tarde, no enquadramento da lei para as organizações não governamentais guineenses. Há 20 anos criou a TINIGUENA para trabalhar em prole da sustentabilidade e da protecção da biodiversidade do seu país, nomeadamente no arquipélago dos Bijagós, a primeira área marinha protegida comunitária da África ocidental. A gestão harmoniosa dos recursos naturais que ali se pratica e as estratégias erguidas em conjunto com as comunidades são, afirma Augusta Henriques, “um exemplo de governação para o país”. acredita. Esta associação manteve-a “na Guiné-Bissau de cabeça erguida, de mangas arregaçadas e de peito aberto para abraçar as coisas boas” e procurar alternativas para melhorar as condições de vida das pessoas.

 

10.02.2011 | par martalanca | Augusta Henriques, Eu Sou África, Guiné Bissau

DZIMBANHETE ARTS INTERACTIONS

It’s that time of the year when we reconnect again.. I hope I find you well. I am glad to announce our 2011 CALL FOR ARTISTS. Our yearly event, the DAI Month of Printmaking is due in a couple of months. This being our 3rd event we have advanced our associated workshop into a Printmaking Masterclass! Please find attached information and help spread out to as many of your printmaking friends as you can. For our previous activities see our website Hoping you will be able to join us again this year. 

Peace and Creativity!!
Jonathan. 

DZIMBANHETE ARTS INTERACTIONS

10.02.2011 | par martalanca | DZIMBANHETE ARTS INTERACTIONS

CODESRIA: Atelier sub-region​al de metodologi​a de pesquisa em Ciências Sociais em África, Sessão especial para os Países Africanos Lusófonos, 2011 - Universida​de de Cabo Verde, Praia, Cabo Verde, 17-20 de Maio, 2011

CODESRIA
Atelier sub-regional de metodologia de pesquisa em Ciências Sociais em África
Sessão especial para os Países Africanos Lusófonos, 2011
Pesquisa de terreno e teorias do inquérito qualitativo
Data: 17-20 de Maio, 2011
Local: Universidade de Cabo Verde, Praia, Cabo Verde
APELO A CANDIDATURAS

 

 
A edição especial de seminários metodológicos para os países africanos que falam a língua portuguesa é concebida para universitários que ensinam metodologia de pesquisa em universidades, institutos e centros de formação, doutorados com experiencia de investigação, investigadores seniores de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. A língua de trabalho a ser utilizada durante o seminário será o Português. A sessão será dirigida por um Director, apoiado por uma equipa de dois a três professores, todos de reconhecida competência no tema do seminário. Os universitários e investigadores seniores que desejarem ser pessoas recurso são convidados a enviar ao CODESRIA um pedido indicando o seu interesse, o seu CV e um resumo das questões que pretendem abordar nas quatro sessões de duas horas cada. O resumo a enviar deverá ser suficientemente detalhado de forma a permitir ao Director do seminário preparar uma compilação de documentos que seja útil às pessoas recurso a aos seminaristas. A equipa pedagógica proporá aos bolseiros uma recolha de textos sobre o tema do seminário. Todos os que desejam participar no seminário devem apresentar uma candidatura que inclua os seguintes elementos:
1.         Uma carta de candidatura indicando o tema ou aspecto que pretendem discutir;
2.         Um documento ou projecto de pesquisa (cinco a 10 páginas no máximo). No caso de projecto de pesquisa, este deve apresentar claramente a problemática, a pertinência do terreno, o quadro teórico, e sobretudo os problemas metodológicos e epistemológicos encontrados ou que se possam antecipar;
3.         Um curriculum vitae detalhado e actualizado.
4.         Duas cartas de recomendação:
a)         Uma carta do director de tese ou de um outro supervisor mostrando a pertinência do projecto de pesquisa apresentado;
b)         Uma cartara do director do departamento ou de um outro professor sobre os méritos e o potencial académico do candidato.
5.         Uma carta de filiação institucional.
 
A selecção dos dossiers far-se-á em função do carácter inovador da reflexão ou da proposta de pesquisa, do equilíbrio de género e da repartição geográfica.
 
A data limite para a apresentação das candidaturas é 31 de Março de 2011. Elas devem ser enviadas a:
 
CODESRIA Sub-regional Methodological Workshops
CODESRIA,
Avenue Cheikh Anta Diop Angle Canal IV,
BP 3304, CP 18524, Dakar, Senegal.
Tel: +221-33 8259822/23—Fax: +221-33 8241289
E-Mail: seminario.metodologico@codesria.sn
Website: http://www.codesria.org

10.02.2011 | par ritadamasio | cabo verde, ciencias sociais, seminário, Universidade da Praia

Convite: Cooperação para o Desenvolvi​mento em Moçambique | Afirmar o Futuro da Pequena Produção


A AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, vem dar a conhecer mais uma iniciativa, desta vez centrada na Cooperação em Moçambique.
Neste contexto, a Mesa redonda, Cooperação para o Desenvolvimento | Afirmar o Futuro da Pequena Produção, terá lugar no dia 18 de Fevereiro de 2011 pelas 15h.30m no Hotel Golf Mar, no Vimeiro – Torres Vedras.
Por questões logísticas, solicita-se a confirmação de presença até ao próximo dia 14 de Fevereiro, para o seguinte e-mail ajap@ajap.pt
 

10.02.2011 | par ritadamasio | Agricultura, AJAP, Cooperação, Moçambique

Rostos da CPLP

entrevista à nossa colaboradora Cátia Miriam Costa, no programa do jornalista Gabriel Baguet

escutar aqui

 

 

 

 

10.02.2011 | par martalanca | CPLP, Gabriel Baguet

Lula planeja seu instituto com foco na África

Discretamente, o ex-presidente Lula abriu anteontem, no Senegal, as primeiras negociações sobre a atuação de seu futuro instituto na África.

Ele teve um encontro reservado no hotel onde se hospedou com dirigentes de ONGs do continente que participam do Fórum Social Mundial, em Dacar.

Segundo relato feito à Folha, Lula disse aos ativistas que quer ter participação ativa na cooperação entre países do hemisfério Sul.

Ele sinalizou que está disposto a apadrinhar iniciativas regionais e ajudar as ONGs a viabilizar projetos nas áreas de combate à pobreza e segurança alimentar.

O Instituto Lula deve ser inaugurado após o Carnaval. Segundo o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), ele ainda não conseguiu definir o perfil da entidade.

“Qual o problema do Lula? Tomar o cuidado extremo de não fazer nada que signifique uma intervenção, um poder paralelo no governo Dilma”, disse.

“Ele tem a consciência de que não deve fazer nada que atrapalhe ou tire a centralidade do governo.”

Assim, volta a ganhar força o foco na cooperação internacional. “Ele está ensaiando passos. A coisa da África está claro que ele quer fazer”, disse Carvalho.

No Fórum Social Mundial, Lula foi recebido como popstar por ativistas de esquerda e como chefe de Estado pelo governo senegalês.

Em visita ao palácio, cometeu gafe ao dizer ao presidente Abdoulaye Wade que a vida de ex-presidente é melhor. O senegalês tem 84 anos, está no poder desde 2000 e planeja concorrer ao terceiro mandato em 2012.

Ao ouvir a declaração, Wade apenas sorriu.

Após discursar a um auditório superlotado, Lula foi beijado e agarrado por fãs de várias nacionalidades.

Hoje o ex-presidente retorna a Brasília pela primeira vez desde que deixou o cargo, em 1º de janeiro. À noite está programado um jantar com Dilma Rousseff.

BERNARDO MELLO FRANCO no Folha de S.Paulo

10.02.2011 | par martalanca | África-Brasil, Lula