debate sobre '46750', de João Pina

João Pina trabalhou no Rio de Janeiro durante uma década. As suas fotografias documentam uma cidade em transformação profunda, começando em 2007, quando o Brasil foi escolhido para organizar o Campeonato Mundial de Futebol de 2014, e até 2016, quando o Rio foi palco dos Jogos Olímpicos.
O livro é composto por 67 imagens que muitas vezes focam o lado invisível da «Cidade Maravilhosa»: João Pina foi às favelas fotografar traficantes, acompanhou operações da polícia visitou os estaleiros das imensas infra-estruturas construídas para os dois maiores eventos desportivos do mundo, esteve no centro das barricadas — físicas e simbólicas —, ouviu histórias de ambos os lados.
«46750» retrata uma cidade em mutação, mas que apesar disso não se livra da sua histórica violência, das clivagens sociais, do espírito de improvisação e de um quotidiano imprevisível.

28.06.2018 | par martalanca | fotografia, joão pina, Rio de Janeiro, violência

As Mil e Uma Noites em Portugal

A exposição pretende redescobrir e valorizar a presença, em Portugal, do conjunto de contos fantásticos, quase todos de origem árabe medieval, conhecido pelo título de As mil e uma noites. Esta exposição reúne, tanto traduções lusas d’As mil e uma noites, como algumas imagens do património cultural – literário, cinematográfico, teatral e outras expressões artísticas – inspirado por esta obra, em Portugal.
Apoios e parcerias: Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, Minerarte

Exposição na Biblioteca Nacional de Portugal

Comissários: Fabrizio Boscaglia, Hugo Maia, Renata Fontanillas
Inauguração: Quinta-feira, 28 jun. às 18h
Biblioteca Nacional de Portugal,
(área Museu do Livro, 3º piso)
Entrada livre

27.06.2018 | par martalanca | As Mil e Uma Noites

Espectros de Batepá”: de Inês Nascimento Rodrigues

 

A Cena Lusófona acolhe nas suas novas instalações, no Pátio da Inquisição, em Coimbra, no próximo Sábado, 30 de Junho, a apresentação do livro “Espectros de Batepá. Memórias e narrativas do «Massacre de 1953» em São Tomé e Príncipe”, de Inês Nascimento Rodrigues. A sessão, marcada para as 16h00, conta com a participação de Catarina Martins e Diana Andringa.

“Espectros de Batepá” resulta de um projecto de doutoramento elaborado no âmbito do programa de ‘Pós-Colonialismos e Cidadania Global’ do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (CES/FEUC) e do trabalho desenvolvido no projecto “CROME - Memórias Cruzadas, Políticas do Silêncio: as guerras coloniais e de libertação em tempos pós-coloniais”, do qual Inês Nascimento Rodrigues é investigadora.

Nesta obra – adianta a autora no texto de apresentação – o massacre de 1953 em São Tomé e Príncipe é “encarado não apenas como um evento histórico, mas como um evento cuja dimensão simbólica necessita de ser trazida para o centro da investigação”. “Na impossibilidade de aceder totalmente ao que constituiu a experiência do massacre – explicita –, é através da imaginação e das representações que se podem contar múltiplas memórias do evento”: as que “legitimam as narrativas públicas e/ou oficiais” e outras, “que fazem parte de um processo mais inclusivo, em que se criam espaços discursivos, simbólicos e políticos que permitem articular memórias não-dominantes sobre os referidos acontecimentos”. É aqui que entra a figura do espectro: “O que é que os espectros contam sobre as memórias de Batepá e sobre o colonialismo português nas ilhas? O que é que revelam sobre as relações de poder e sobre a sociedade colonial? O que é que os espectros dizem sobre identidades sociais e grupos marginalizados no arquipélago? Quem escreve o massacre e quem o comemora? Como são desenhados Portugal e São Tomé e Príncipe nestas representações?” – eis algumas das questões a que Inês Nascimento Rodrigues procura responder com o seu trabalho.

Com prefácio de António Sousa Ribeiro e posfácio de Miguel Cardina, o livro é o segundo volume da colecção Memoirs das Edições Afrontamento. Será apresentado em Coimbra pela realizadora e investigadora Diana Andringa e pela investigadora e professora universitária Catarina Martins, com moderação a cargo de Bruno Sena Martins, também investigador do CES/FEUC. A sessão contará ainda – no Pátio do Centro de Artes Visuais, que se associa à iniciativa – com um dj set com sonoridades são-tomenses, por João Gaspar (autor, entre outros, do programa “Magia Negra”, da Rádio Universidade de Coimbra).

Com entrada livre, a apresentação da obra “Espectros de Batepá” é uma das primeiras iniciativas públicas organizadas pela Cena Lusófona nas suas novas instalações, que assim começa a dar a conhecer o novo Centro de Documentação (ao qual já é possível aceder mediante marcação prévia) e a sua sala polivalente.

Inês Nascimento Rodrigues

Licenciada em Jornalismo, com Mestrado em Estudos Artísticos e com 10 anos de experiência de rádio na RUC, Inês Nascimento Rodrigues é doutorada em Pós-colonialismos e Cidadania Global pelo CES/FEUC, com a tese que agora publica em livro. Investigadora do projecto CROME, coordenado por Miguel Cardina e financiado pelo Conselho Europeu de Investigação, tem diversas publicações, entre as quais se destaca o mais recente artigo “Descolonizar a fantasmagoria. Uma reflexão a partir do ‘Massacre de 1953’ em São Tomé e Príncipe” (2018). Os seus actuais interesses de investigação centram-se nos estudos da memória, nas teorias pós-coloniais e nos debates sobre a representação e comemoração das guerras coloniais e de libertação.

25.06.2018 | par martalanca | Batepá, memória, São Tomé e Príncipe

Brenna Bhandar, Colonial Lives of Property: Law, Land, and Racial Regimes of Ownership

05.07 | 19h00   Colonial Lives of Property: Law, Land, and Racial Regimes of Ownership (Duke University Press, 2018). Lançamento de livro e conversa com Brenna Bhandar e Rafeef Ziadah

No seu recente livro, “Colonial Lives of Property: Law, Land, and Racial Regimes of Ownership” (Duke University Press, 2018), Brenna Bhandar traça ligações entre a ocupação colonial de terras, a racialização das populações indígenas e as hierarquias coloniais, aquilo que ela define como “regimes raciais de propriedade”. Criadas durante o período colonial, as ligações insidiosas entre propriedade, posse, cidadania e raça estendem-se pelas antigas e atuais colónias, bem como pelas suas metrópoles. Ao traçar as leis contemporâneas de propriedade até às suas origens coloniais, Bhandar defende a sua centralidade nas atuais lutas antirracistas e descolonizadoras a nível internacional. A autora examina as “lógicas partilhadas de subjetividade racial e direitos de propriedade privada, que têm sido centrais para o desenvolvimento do capitalismo racial” em estudos que abrangem países como a Palestina, a Austrália, o Canadá e a África do Sul.

 

 

Brenna Bhandar é Professora Associada de Direito na SOAS, University of London. É coeditora de “Plastic Materialities: Politics, Legality, and Metamorphosis in the Work of Catherine Malabou” (Duke University Press, 2015, com Jon Goldberg-Hiller) e de “Reflections on Dispossession: Critical Feminisms” (Darkmatter Journal, 2016, com Davina Bhandar).

Rafeef Ziadah é Professora Auxiliar de Políticas Comparatistas do Médio Oriente na SOAS, University of London. Anterior- mente, foi bolseira do Programa de Pós-Doutoramento no Departamento de Políticas e Estudos Internacionais na SOAS com o projeto “Military Mobilities and Mobilising Movements in the Middle East”. Os seus interesses de investigação incluem: economia política, política contenciosa, movimentos trabalhistas e políticas de humanitarismo, especialmente focadas no Médio Oriente.

Para mais informações, por favor contactar:

Carlos Alberto Carrilho | Tel + 351 21 352 11 55 | carlos.carrilho@maumaus.org | www.maumaus.org

Lumiar Cité, Rua Tomás del Negro, 8A 

1750-105 Lisboa, Portugal

Carris: 798 paragem Rua Helena Vaz da Silva, 717 paragem Av. Carlos Paredes

Metro: Lumiar (saída Estrada da Torre)

 

Lumiar Cité é um espaço da Maumaus.

 

20.06.2018 | par martalanca | Brenna Bhandar, Colonial Lives of Property

9 Artistas portugueses em exposição em Berlim

Ana Rito, Ângela Ferreira, Cecília Costa, Filipa César, Isabel Carvalho, Jorge Dias, Julião Sarmento, Noé Sendas e Pedro Barateiro.

“O Estado das Coisas”, com curadoria de João Silvério, é composta por obras de nove artistas cujo trabalho pertence ao universo da lusofonia que no âmbito do seu trabalho circulam neste espaço.

Ângela Ferreira 'Hotel da Praia Grande (O Estado das Coisas)'Ângela Ferreira 'Hotel da Praia Grande (O Estado das Coisas)'

O título resgata o subtítulo da obra de Ângela Ferreira, “Hotel da Praia Grande (O estado das coisas)” no sentido de auscultar, na resumida escolha de obras da coleção, o sujeito e o seu contexto físico e psicológico enquanto habitante transitório da cidade, ou da casa, entre o que é íntimo e o que está na esfera da relação com os meios económicos e as transições políticas.

7 de junho a 14 de setembro no Camões – Centro Cultural Português em Berlim. 

 

17.06.2018 | par martalanca | arte contemporânea, Berlim

“DESCOBRIMENTOS”: POLÍTICAS, MEMÓRIA E HISTORIOGRAFIA

21 de junho | FCSH | Edifício ID | Sala 0.06

Entre finais do século XX e inícios do século XXI, tiveram lugar em Portugal diversas iniciativas de comemoração dos “descobrimentos portugueses”, assinalando-se, nomeadamente, o quinto centenário da descoberta do caminho marítimo de Portugal para a Índia (1498) e a chegada ao Brasil de uma frota liderada por Pedro Álvares de Cabral (1500). As iniciativas foram em boa parte patrocinadas pelo Estado português, que criou a Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses (1986-2002) e se empenhou na organização de grandes eventos internacionais como a Expo’98. Organizado pela revista Práticas da História – a Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past, este seminário procura criar um espaço de reflexão em torno desse ciclo comemorativo, para o efeito convocando o testemunho de um dos seus protagonistas, o historiador e comissário da CNCDP (1995-1998) António Hespanha. Ao mesmo tempo, o seminário pretende abrir uma janela de onde é possível igualmente analisar, a partir de quatro estudos de caso, outros tantos contextos de tematização dos “descobrimentos”, da historiografia marítima portuguesa de final do século XIX às políticas museológicas da Lisboa de hoje, passando pelas relações luso-britânicas ao tempo das comemorações henriquinas ou a programação televisiva no Portugal dos anos de 1980.    

10h45 | Abertura do seminário, por Elisa Lopes da Silva e José Ferreira (Práticas da História, ICS-UL)

11h | Jaime RodriguesVicente de Almeida d’Eça e a historiografia marítima em 1898. Comentário de Amélia Polónia.

12h | Stefan Halikowski-Smith e Benjamin JenningsPrince Henry the Navigator and Portuguese maritime enterprise at the British Museum: an exhibition to celebrate the quincentenary of the Infante’s death. Comentário de Pedro Aires de Oliveira.

13h | pausa para almoço

14h30 | Marcos Cardão“A Grande Aventura”. Televisão, nacionalismo e as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Comentário de Tiago Baptista

15h30 | José Neves, Capitalizar a globalização: uma exposição recente em torno da Lisboa Renascentista. Comentário de Nuno Senos.

16h30 | pausa para café

17h | António HespanhaComemorar como política pública. A Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, ciclo 1997-2000. Comentário de Robert Rowland.

Organização: Práticas da História | CHAM | IHC

Coordenação: Elisa Lopes da Silva, José Ferreira, José Neves e Pedro Martins.

www.praticasdahistoria.pt

12.06.2018 | par martalanca | colóquio, descobrimentos, história, memória, seminário

Teatro do Vestido aborda memórias sensíveis sobre retorno das ex-colónias portuguesas

“Está tudo gravado em mim, eu não sou muito boa nisto do documental, mas é em mim que está tudo gravado”. Ouvimos isto vezes sem conta, nas inúmeras entrevistas que fazemos a pessoas comuns, com histórias maravilhosas para nos contar. “Mas eu não tenho nada de especial para vos dizer, olhe que isto não tem interesse nenhum!”, e falam durante horas… E são precisamente essas histórias “sem interesse nenhum” que nos apaixonam. E foi por isso mesmo que, em 2014, decidimos ir à procura das memórias sensíveis daqueles que viveram nas ex-colónias portuguesas em África. Retornos, Exílios e Alguns Que Ficaram,  é o resultado dessa busca, espectáculo que vai ser apresentado agora em Lisboa (Palácio Sinel de Cordes, de 7 a 10 de Junho). Mais informações aqui.

Três anos mais tarde, voltamos ao tema, desta vez às pós-memórias do retorno das ex-colónias portuguesas. Com ‘pós-memória’, queremos dizer a memória daqueles que não viveram os eventos directamente, antes os receberam mais tarde, por via da transmissão familiar. Partindo da história pessoal e familiar dos cinco actores desta criação - Cláudia Andrade, Daniel Moutinho, Lavínia Moreira, Marina Albuquerque e Rafael Rodrigues -, ramificada entretanto para outros testemunhos que fomos recolhendo ao longo do processo, Filhos do Retorno é uma criação autobiográfica, documental, por vezes ficcional, e que, sobretudo, questiona dados adquiridos, preconceitos, certezas, afirmações peremptórias sobre tudo isto, aceitações e recusas. Era nosso desejo fazer um objecto transformador para os que o criaram. Acreditamos tê-lo conseguido.
Filhos do Retorno vai estar em cena no Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), de 21 de Junho a 01 de Julho. Mais informações aqui.

 

07.06.2018 | par martalanca | filhos do retorno, memória, oós-memória, retornados, Teatro do Vestido

Artistas ligados ao Elinga do acervo da Nuno de Lima Pimentel Collection

No âmbito do IV Festival Internacional de Teatro e Artes de Luanda, que assinala o trigésimo aniversário do grupo Elinga-Teatro, Nuno de Lima Pimentel amavelmente cedeu, da sua enorme e importante colecção, 47 obras de 25 artistas plásticos que se inciaram nas instalações do Elinga-Teatro ou que, num dado momento, aí puderam desenvolver ou exibir o seu talento artístico.
É de enaltecer a sensibilidade e a visão do colecionador, que ao adquirir as suas obras, muitas delas de autores à época completamente desconhecidos, conseguiu transmitir confiança e elevar a auto-estima dos seus criadores, permitindo-lhes assim projectarem-se para voos mais altos.

Nuno PimentelNuno Pimentel
Destacam-se, na exposição, nomes já consagrados, tanto no país como no estrangeiro, com obras em importantes museus de todo o mundo, e outros, que já vão afirmando a sua criatividade entre nós, em dimensão mais modesta mas com grandes potencialidades.
Na exposicão estão incluídas obras de António Ole, Bruno Fonseca, Edson Chagas, Egas, Fernando Alvim, Gimby, Kiluanji Kya Henda, Lino Damião, Luís Diogo, Marco Kabenda, Maimba, Mestre Kapela, Muamby Wassaky, N’dilo Mutima, Nelo Teixeira, Paulo Amaral, Paulo Jazz, Rito, Rui Tavares, Tho Simões, Wara Wata, Yonamine, Ihosvany e Zabila.
O Elinga-Teatro sente-se feliz por lhes ter aberto as portas e por tê-los acolhido em momentos difíceis, nos quais as galerias existentes (tanto da UNAP como a Umby-Humby) tinham de certo modo entrado em crise e quando tudo faltava (telas, pinceis, tinta, lugares para pintar). Tudo isso sem nunca lhes exigir qualquer contrapartida. Apenas partilhando com eles a mesma vontade de vencer desafios e de servir a arte.
A exposição será inaugurada no Espaço Cultural Elinga no dia 31 de Maio as 18.30, e está aberta pelo menos até 10 de Junho de 2018.
José Mena Abrantes

01.06.2018 | par martalanca | elinga, nuno pimentel