Ghalia Benali -tunisian singer

 Ghalia Benali is a Tunisian singer based in Brussels, Belgium and with a strong connection to India. Ghalia’s fluid voice and compositional ambitions absorb a full circle of wide influences from Arabic folk and jazz traditions to contemporary chillout and Indian Classical knowledge. Always surprising and restless by nature, Ghalia’s work is endlessly inventive and can shift seamlessly between genres and cultural traditions with an individuality devoid of fear or contrivance. 

She uses classical arab language, the language of alchemy, when a word reveals its numerous sides to whom understand it.  Beyond the verb, comes her compositional musicality that bewitches the dreamer and approach Shaekespearian universality.

 Ghalia, on stage in this world, sings esoteric verbs with a sensual voice, dances the world, design visuals and shift seamlessly between genres and cultural traditions while reinventing herself endlessly.  Ghalia’s current project include: Romeo & Leila : a ReOriental Fairytale featuring occidental and oriental classical musicians Ghalia sings Om Kalthoum : a rare rendition of Om Kalthoum Al Palna : Secret Society for New Vedic Rituals

As of June 2009, Ghalia is also currently working with The Spy from Cairo on some dance tracks and boards on a catalysing year of unconventional and highly surprising musical projects!!

my space 

14.02.2011 | by martalanca | Ghalia Benali

somos todos negros

“Todos os cidadãos, de agora em diante, serão conhecidos pela denominação genérica de negros”.
Artigo 14, Constituição Haitiana de 1805.

Em meio aos festejos previstos para o Bicentenário das revoluções de independência americanas de 1810, é significativa a omissão da revolução haitiana de 1804, a primeira, a mais radical e mais inesperada de todas elas. Nela foram os ex-escravos de origem africana – isto é, a classe dominada por excelência, e não as novas elites “burguesas” de composição européia branca – que tomaram o poder para fundar uma república chamada, com razão, negra. Negra e ao mesmo tempo com nome indígena, já que Hayti é o velho nome taíno da ilha. Haiti, até então chamado Saint Domingue, era de longe a colônia francesa mais rica do Caribe. Uma sociedade agrária e escravagista produtora de açúcar e café, com meio milhão de escravos, que proporcionava mais da terça parte das riquezas francesas vindas das colônias. A Constituição do Haiti foi promulgada a partir dos esboços redigidos em 1801 pelo liberto Toussaint Louverture, morto nas prisões napoleônicas, quem havia encabeçado a revolta antiescravista desde 1791. Diferentemente do que acontecerá com outras independências americanas, há neste silenciado caso, que custou 200.000 vidas, uma radical descontinuidade (jurídica, sem dúvida, mas também e sobre tudo, étnico-cultural) com relação à situação colonial. O ideal de igualdade da Revolução Francesa é levado mais além dela mesma, que terminou pretendendo impedir a abolição da escravidão no Haiti. Os escravos haitianos compreenderam logo que na noção de “universalidade”, proclamada pelos Direitos Universais do Homem e do Cidadão, não cabia sua “particularidade”. A radicalização filosófica inédita da generalização arbitrária “agora somos todos negros”, incluindo explicitamente as mulheres brancas, os polacos e os alemães (sic), deixa claro que para os revolucionários haitianos negro é uma denominação política e não biológica, que destrói a falácia racista e aspira a um novo universal a partir da generalização do particular (mais) excluído.

(baseado no texto de Eduardo Grüner, “A partir de hoje somos todos negros”, inédito, 2009.)

Convocamos a retomar a palavra de ordem haitiana e instalá-la nas ruas e nos debates públicos, não apenas para chamar atenção sobre a história silenciada desta revolução negra de 1804 frente às homenagens do Bicentenário criollo, senão também pela carga de ruptura que ainda porta intacta a idéia de que todos e todas podemos nos definir como negros, em meio à crescente intolerância em que vivemos. Cartazes, auto-adesivos, panfletos, grafite, advertências em publicações e qualquer outro meio podem levar a estender essa campanha anônima e coletiva por toda América Latina e o resto do mundo.

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14.02.2011 | by martalanca | haiti

MINDELO… temos cultura? Cultura, economia e turismo

5ª Sessão dos Encontros

Dia 15 de Fevereiro, 3ª feira às 18h00 na Universidade Lusófona

 

A cidade de Mindelo está em constante transformação. Nos últimos anos têm surgido novos espaços e agentes culturais e o desenvolvimento do ensino superior povoou a cidade com estudantes universitários. Para uns, a identidade cultural da cidade tem-se reforçado enquanto que, para outros, a cidade está a definhar tanto do ponto de vista económico como cultural. Mindelo ainda é capital da cultura ou a cidade perdeu o seu mais importante capital?

O ciclo de encontros Mindelo… temos cultura?  enquadra-se num projecto de investigação sobre o contexto cultural e criativo do Mindelo, que está a ser realizado pela antropóloga Rita Lobo desde Junho de 2010, e tem como objectivo criar um espaço de reflexão e discussão sobre Mindelo enquanto cidade que se afirma e se identifica como cidade cultural. O Ciclo será constituído por seis encontros com temas e convidados diferentes. Porque se pretende uma ampla participação do público, não se escolheu o modelo de palestras mas sim de conversas que serão moderadas por Rita Lobo e Irineu Rocha.

Os encontros resultam duma parceria entre o Instituto Camões/Centro Cultural Português, o Centro Cultural do Mindelo e o M_EIA, Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura e contam com o apoio da Universidade Lusófona, Casa Senador Vera Cruz, Universidade de Cabo Verde e TCV.  

14.02.2011 | by martalanca | cultura, Mindelo, turismo

Le combat immémorial contre l'oppression

“Seul parmi les habitants de Dofa, Hicham souffrait dans son âme de ne pouvoir partager les fatigues et les dangers de ces résistants anonymes qui livraient le combat immémorial contre l’oppression. Il était pris d’une passion irrésistible pour ces hommes couragueux qui sacrifiaient les commodités de l’existence à une cause malheureuse mais qui honorait l’humanité. Malgré lui la chanson qu’il improvisait en s’accompagnant de la tabla prenait un ton de revolte et d’insoumission au destin. C’était toujours une chanson d’amour, mais elle racontait un amour de pauvres, un amour contrarié par la misère et non par l’éloignement d’une beauté inaccessible. Il était effrayé par les paroles haineuses lui qui n’avait jamais connu la haine qui s’insinuaient dans son chant avec une facilité déconcertante et que sa voix modulait  avec un accent de triomphe. Ce n’était plus la complainte inconsolable, mais le cri de celui qui appelle le règne de la terreur  et voue à la mort les tyrans. Et il ressentait ce changement avec l’ivresse de l’artiste qui découvre enfin la vérité de son message.”

Albert Cossery, Uma Ambição no Deserto (1984)

14.02.2011 | by martalanca | Albert Cossery, Cairo, deserto

Contos do mar sem fim -Antologia, lançamento em BISSAU

14.02.2011 | by martalanca | Conto, Guiné-Bissau

SAINDO DO ARMÁRIO - (MY BLUE PRINT) by Nástio Mosquito

New CD & DVD, and digital album by Nástio Mosquito

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“Finalmente alguns dos melhores temas dos últimos 10 anos na música de Nástio Mosquito em cd & dvd.” 

“Finally some of the best songs of the past 10 years of Nástio Mosquito in music on a cd & dvd.”

Produced by Dzzzz Artwork. Art direction by Vic Pereiró

Now available on: iTunes, Napster, Myspace, Amazon, etc

http://nastiomosquito.com/

 

14.02.2011 | by franciscabagulho | angola, música, Nástio Mosquito

Lançamento de Os Pretos de Pousaflores de Aida Gomes

 nas Correntes d ´Escrita.

leia o primeiro capítulo do livro na secção MUKANDA no BUALA 

13.02.2011 | by martalanca | Aida Gomes, literatura angolana

Debate "Sahara Ocidental

uma questão de direitos humanos e exposição fotográfica “olhar feminino sobre as mulheres do Sahara Ocidental”

13.02.2011 | by martalanca | mulheres africanas, sahara ocidental, saharaui

Curso de Formação: Outras Áfricas – Heterogeneidades, (des)continuidades, expressões locais, CES-Coimbra

11 a 12 de Março de 2011, CES-Coimbra

Este curso pretende dar visibilidade às heterogeneidades de um continente que o imperialismo do Norte, e a ciência ao seu serviço, ora essencializa como um só – A África -, ora, no período pós-colonial, cartografa ainda de acordo com as respectivas ex-potências colonizadoras, sob a retórica das línguas e culturas “partilhadas” – lusofonia, francofonia, anglofonia.

O curso será constituído por um conjunto de seminários sobre temas diversos – da antropologia à literatura e ao teatro, passando pela política, a religião e as diásporas -, dedicados, em exclusivo, a alguns aspectos de Outras Áfricas que não a “lusófona” (aquela que a investigação científica no contexto português maioritariamente contempla).

Deste modo se procurará, de um modo transdisciplinar, não só debater múltiplas perspectivas de reflexão sobre as Áfricas, como colocar em discussão o seccionamento epistemológico (ainda dominante) dos estudos africanos segundo as áreas de influência neo-colonial e as eventuais distorções essencialistas que estes possam produzir.

PROGRAMA:

Sexta-feira, dia 11 de Março de 2011
Manhã:
10.00: Abertura
10.30: Clemens Zobel  (CES) – A antropologia e a emergência da África: ciência(s) e lugar(es) entre colonização e descolonização
12.30: almoço
14.15: Albert Farré Ventura (Centro de Estudos Africanos / ISCTE) – O Estado e as autoridades tradicionais: suma de debilidades e agendas políticas em confronto
16.00: coffee break
16.30: Mallé Kassé (Universidade Cheikh Anta Diop de Dakar) – Islão e Política no Senegal
Sábado, dia 12 de Março de 2011
9.30: Catarina Martins (CES / FLUC) – “La Noire de…” tem nome e tem voz. A narrativa de mulheres africanas anglófonas e francófonas para lá da Mãe África, dos nacionalismos anti-coloniais e de outras ocupações.
11.15: coffee break
11.30: Fabrice Schurmanns (Doutorando em Pós-Colonialismo CES) – O trágico do Estado pós-colonial
13.30: almoço
15:00: Mamadou Ba (SOS / Racismo): Imigração africana em Portugal para lá da lusofonia: Onde cabem a(s) outra(s) África(s)?
17.00: Conclusões e encerramento
Língua de Trabalho: Português; Número máximo de participantes: 25; Inscrições: Público em geral: 40 Euros  Estudante: 20 Euros
Data limite de Inscrição:  9 de Março de 2011. 

+ infos e inscrições

13.02.2011 | by franciscabagulho | Estudos Africanos

Colóquio internacional de homenagem a Jill Dias, LISBOA

Com vista a homenagear Jill Dias e a divulgar a sua obra e arquivo - e no âmbito do projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia: “Jill Rosemary Dias: acervo documental, bibliográfico e fotográfico” - realizar-se-á, no dia 17 e 18 de Fevereiro na Fundação Calouste Gulbenkian um colóquio internacional “As lições de Jill Dias. Antropologia, História, África e Academia”.

Prevendo que muitíssimos gostariam de prestar o seu contributo, optou-se por uma estrutura de organização em torno de painéis temáticos de acordo com as áreas científicas e académicas em que Jill Dias teve um papel decisivo, convidando-se, para cada um deles, oradores próximos pessoal e profissionalmente de Jill Dias.

O Colóquio será aberto. A comparência nos almoços de dia 17 e/ou 18 no restaurante/terraço da Fundação C. Gulbenkian (12,50 Euros cada), igualmente aberta a todos, deve ser comunicada até 14 Fevereiro para o email: cria@cria.org.pt

+ infos e programa completo

13.02.2011 | by franciscabagulho | Jill Dias

O dia em que a multidão foi maior do que o Cairo

Paulo Moura, Cairo

Venceram. Era impossível, mas venceram. A praça Tahrir estava cheia quando rebentou a notícia, sob a forma de gritos - “Alah U Akbar!” E todos souberam o que era. Não pela frase, mas pelo modo arrebatado, incandescente, como foi gritada. “Alah U Akbar!”, e as multidões que ainda faziam fila nos checkpoints junto aos tanques lançam-se a correr loucas sobre a praça. Ao princípio parece uma guerra, um novo ataque dos provocadores, uma carga da polícia ou do exército, mas é apenas alegria. Violenta como tiros de canhões.
fotografia de Alexandra Lucas Coelho, na praça Thrair, 11/2/2011fotografia de Alexandra Lucas Coelho, na praça Thrair, 11/2/2011“Egipto livre! Egipto livre!”, gritam grupos que correm em comboios rumo ao coração de Tahrir. “O povo venceu”, gritam outros. “Nós somos o povo do Egipto”. E tambores explodem em ritmos desenfreados, música, foguetes, o ulular das mulheres árabes. Há sorrisos em todos os rostos. Sorrisos estranhos, que parecem brotar de uma nascente lídima e cristalina da consciência humana.
“Estou aqui de alma e sangue”, diz Zeinob, 26 anos, médica. “Estou aqui pela dignidade do meu país. Com orgulho nele. Orgulho que o mundo nos esteja a ver neste momento. Pensavam que os povos árabes eram desorganizados, incultos e violentos? Pois o que me dizem agora?”
Zeinab sabe que se seguem tempos difíceis, mas tem confiança absoluta no futuro. “Recuperámos a nossa dignidade. Depois do que aconteceu nesta praça, nunca mais ninguém nos poderá humilhar”.
“Bem vindo ao século XXI”
Mahmoud Halaby, 46 anos, publicitário, acrescenta: “Somos um povo pacífico. Aguentámos este ditador durante 30 anos: querem melhor prova?” E Khaled Kassam, 23 anos, médico, diz: “Os governantes que vierem a seguir sabem que terão de tratar este povo de forma diferente. Vamos observar a transição passo a passo. Se as coisas não evoluírem na direcção certa, faremos ouvir a nossa voz. Egipto, bem-vindo ao século XXI”. Mahmoud acredita que os militares vão cumprir a promessa de transformar o regime. “Com Mubarak no poder não seria possível, mas agora sim. O regime é como uma serpente. Se lhe cortarmos a cabeça, não pode sobreviver”.
Tahrir nunca teve tanta gente. Chegam cada vez mais, aos milhares. Já não cabem, apertam-se, misturam-se, unem-se num organismo desmesurado e vivo, a revolver-se de júbilo, como uma crisálida em plena transformação. A multidão é maior do que a praça, do que a cidade. Maior e mais poderosa do que se julgava.
“É uma surpresa. Para mim é uma surpresa. Nunca pensei, nunca sonhei que vencêssemos”, diz Ahmed Shamack, 21 anos, estudante de engenharia. “Acho que nunca ninguém acreditou verdadeiramente. Sabíamos que tinha de acontecer, mas não o imaginávamos. Por isso agora é tão maravilhoso”.
Farah Faouni, uma rapariga de 23 anos e olhar negro e intenso como o de uma sacerdotisa de Ísis aproxima-se para dizer, lentamente: “Sinto o doce aroma da liberdade”. E depois acrescenta: “Vamos avançar. Vamos construir neste lugar um país democrático e livre. Ninguém nos poder impedir. Este é o nosso tempo.”
Um velho de barbas e longa túnica chora ruidosamente, de braços no ar. Mulheres sozinhas, perdidas na multidão, têm os olhos cheios de lágrimas. Há rostos tisnados, rugosos, sujos, chorando e rindo ao mesmo tempo. Alguns procuram desesperadamente um jornalista para lhe contar a sua vida. Como se o pudessem fazer pela primeira vez, em liberdade. Só agora se permitindo olhar para si próprios e ver-se na sua miséria e grandeza. Chorar é o primeiro apanágio da liberdade. O primeiro direito. “Eu não tenho trabalho. Não tenho segurança social, não tenho seguro, não tenho uma casa decente, não tenho assistência médica para a minha família, diz Sherif Assan, 41 anos, rodeado dos seus quatro filhos, Radua, Mohamed, Zwad e Tamema. Esta tem dois anos e está às cavalitas dele. Os outros, de 3, 4 e 6 anos, estão à volta da mãe, que tem o rosto coberto pelo hijab negro. “Não temos nada. A minha família merece mais do que isto”.

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12.02.2011 | by martalanca | Egipto, Hosni Mubarak, revolução, Tahrir

LIFE GOES ON, exposição de Mário Macilau

23 de Fevereiro - 5 de Março - mediateca do BCI Espaço Joaquim Chissano

(inauguração 23 às 18h apresentação pelo Dr. Nataniel Ngomane)

Trata-se da segunda exposição individual deste ano e primeira exposição em Moçambique (2011), (tendo apresentado a primeira em Bangladesh, em Janeiro).

Intitulada “LIFE GOES ON” esta exposição denuncia uma das mais duras realidades da vida em Moçambique: o dia-a-dia das pessoas que vivem na lixeira de Hulene, em Maputo. Aberta depois da independência de Moçambique, a lixeira municipal de Maputo tem-se tornado num meio de subsistência importante para famílias que perderam as suas casas durante a guerra ou durante as inundações de 2000, mas também para menores e os órfãos. que perderam os seus pais. A lixeira situa-se a sete quilómetros da baixa de Maputo, a capital de Moçambique e a sua maior cidade. Não existe tratamento do lixo e a lixeira de Hulene é o único destino de todo o lixo que a cidade produz. A queimada de lixo continua a ocorrer na lixeira há já mais de dez anos, representando uma ameaça séria à saúde pública, em especial àqueles que vivem (ou sobrevivem) lá.

Mário Macilau trabalhou neste projecto no início de 2008 até ao final de 2009 e nunca mostrou a maior parte das obras por meio de uma exposição individual. Neste contexto, trata-se de uma mostra de obras exclusivas em Moçambique.

12.02.2011 | by martalanca | fotografia moçambicana, Mário Macilau

Ainda e sempre Glissant: o “todo-mundo”

Não foi assim há tanto tempo atrás que pudemos ouvir o testemunho do carismático martiniquês Edouard Glissant (1928-2011) sobre música e crioulização a propósito do novo álbum “KREOL”, que o músico, escritor e conselheiro cultural cabo-verdianoMário Lúcio lançou também em Portugal.

Estavamos em Outubro de 2010 e na Fnac do Colombo passava um inesperado excerto do documentário homónimo realizado por Frédérique Menant, que acompanhou as gravações do álbum em sete países, seguindo a rota histórica da escravatura.

Glissant surgiu então, durante breves mas impressionantes momentos, em conversa sobre a importância das raízes da música e o modo como esta “deve correr o risco da diversidade”, reforçando através da repetição de ideias (tão estrategicamente eficaz) a sua constatação e defesa do processo de crioulização a partir da especificidade antilhense.

Deixámos agora de poder contar com a sua inquietude contagiante mas o seu legado está talvez mais vivo do que nunca, com todo o interesse que tem vindo a suscitar e tão crucial que é para pensar os dias que vivemos.

Poeta, filósofo e romancista, Edouard Glissant é já internacionalmente reconhecido como um pensador humanista fundamental no que toca aos temas das migrações, diversidade e mestiçagem, identidade e nação, tendo teorizado toda uma “poética da relação” que realça o processo de “crioulização” numa actualidade a que chamou, sintomaticamente, “Todo-Mundo” (“Tout-Monde”): uma cultura feita, cada vez mais, de muitos mundos, uma cultura inexoravelmente feita de culturas.

 

Vale a pena ler no Africultures um óptimo artigo publicado pelo jornalista e crítico de cinema Olivier Barlet por altura da estreia mundial do filme biográfico que lhe dedicou Manthia Diawara, em Julho do ano passado.

Aqui a homenagem já depois da sua morte, e desta vez escrita, pelo cineasta e escritor Diawara. E aqui encontram uma excelente súmula sobre a importância do legado deixado por Glissant através de Valérie Marin La Meslée.

 

Lúcia Marques no Próximo Futuro

12.02.2011 | by martalanca | Édouard Glissant

Livros Artiletra (Cabo Verde) à venda na Kitabu

sempre procurando formas para ampliar e facilitar o acesso do público brasileiro aos livros dos escritores das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, iniciei uma parceria com a Edições Artiletra. Agora seus livros estão à venda na Kitabu - Livraria Negra, à rua Joaquim Silva 17, Lapa - Rio de Janeiro/RJ. Além dos livros de Valentinous VelhinhoMario Lucio SousaKaká Barbosa, entre outros, o histórico jore - jornal-revista de Educação, Ciência e Cultura, Artiletra, nº 105/106 - novembro/dezembro-2010, também está à venda.
Ricardo Riso

12.02.2011 | by martalanca | África-Brasil, Artiletra, Kitabu

Ao 18º dia o faraó caiu

A mensagem durou pouco mais de 20 segundos e pôs fim a 30 anos de poder de Hosni Mubarak, o faraó do Egipto. Ao fim de 18 dias de protestos, o regime cedeu, depois de na véspera Mubarak ter dado o seu último estertor.

A fúria de quinta-feira, dia em que Mubarak falou aos egípcios para dizer que não ia abandonar o seu cargo, apesar de anunciar uma série de cedências, foi substituída por uma explosão de alegria em todo o Egipto.

Nas ruas do Cairo, Alexandria, Suez e de muitas outras cidades egípcias já estavam milhões de pessoas que depois das orações começaram a desfilar, voltando a gritar “Vai-te! Vai-te!”. 

Milhares juntaram-se à frente do Palácio Presidencial, mais milhares à porta do edifício da televisão estatal. Os militares que protegiam ambas as instalações mantiveram as suas posições, sem hostilizar os manifestantes. Há mesmo notícias de confraternização e gestos de solidariedade para com aqueles que gritavam “Nem Mubarak, nem Suleiman!”.

No país circulava a notícia de que Mubarak e a família tinham abandonado a capital e viajado para Sharm el-Sheikh, a estância turística do Mar Vermelho. Muitos pressentem “um bom sinal”. Pouco depois a televisão estatal anuncia para breve um “comunicado importante e urgente” da presidência egípcia. 

E o comunicado surge ao cair da noite no Cairo: “Em nome de Deus, o misericordioso, cidadãos, durante as difíceis circunstâncias que o Egipto atravessa, o Presidente Hosni Mubarak decidiu deixar o cargo de Presidente e encarregou o Conselho Supremo das Forças Armadas de administrar o país. Que Deus ajude toda a gente”, afirmou o vice-presidente, Omar Suleiman, na curta declaração transmitida na televisão estatal.

O país explode de alegria. Na praça Tahrir, filmada em directo pelas televisões, o barulho da vitória é ensurdecedor. “No Cairo, os condutores estão a buzinar, há disparos de tiros para o ar”, contou o correspondente da BBC Jon Leyne na capital egípcia. Havia pessoas aos saltos: “Temos um ex-Presidente!”, gritam. “Conseguimos!”.

“Este é o melhor dia da minha vida”, reage o opositor Mohamed ElBaradei. “O país foi libertado depois de décadas de repressão”. Agora, o Nobel da Paz espera uma “bonita” transição de poder. 

Por seu lado, a Irmandade Muçulmana saúda o “grande povo do Egipto e o seu combate”. Issam el-Aryan, porta-voz da maior força da oposição, banida mas tolerada no regime de Mubarak, disse que a Irmandade “celebra o momento e segue o caminho”.

“Consenso nacional” – é este o apelo de Amr Moussa, secretário-geral da Liga Árabe e ex-ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros, face à “mudança histórica” trazida com a renúncia do Presidente Hosni Mubarak. Moussa surgiu nesta revolução como uma das figuras que poderá assegurar a liderança de um eventual governo de transição e não descartou a possibilidade de ser candidato à presidência.

Em comunicado, o Exército diz que vai anunciar medidas para uma fase de transição após a queda do Presidente demissionário. Depois de “saudar os mártires” que morreram na revolução, os militares garantem não se vão substituir à “legitimidade desejada pelo povo”. 

O Conselho Superior das Forças Armadas declara, no comunicado, que o Exército vai “definir os passos que vão ser seguidos”, sublinhando ao mesmo tempo que não há outro caminho em frente para além do legítimo “a que as pessoas aspiram”.

“O comunicado militar é óptimo”, escreve no Twitter Wael Ghonim, o executivo da Google que se tornou uma figura-chave dos protestos. “Confio no nosso Exército.”

O ministro da Defesa saúda a multidão em frente ao palácio presidencial no Cairo. Mohamed Hussein Tantawi é, segundo fonte militar, o chefe do Conselho Superior das Forças Armadas, a quem Mubarak passou o poder. De Suleiman e de outras figuras do Partido Nacional Democrático não há sinal. 

Mubarak partiu, mas durante a noite eram muitos os analistas que faziam a mesma pergunta: e os militares, também vão largar o poder que controlam há quase 60 anos? 

Na rua, a festa continuou. 

 

Público

12.02.2011 | by martalanca | Egipto, Hosni Mubarak

2º episódio EU SOU ÁFRICA - IRMÃ CATARINA PAULO

dia 12, sábado, às 19h na RTP2

Freira franciscana da Congregação de Nossa Senhora das Vitórias desde os 16 anos, a Irmã Catarina nasceu em Gaza, Moçambique, nos anos 30, e foi a primeira religiosa negra a dirigir uma congregação no Moçambique independente. Nos anos quentes da guerra civil (até 1992) trabalhou em campos de refugiados e de deslocados, inventou lares em casarões esventrados, “barafustou” com várias “autoridades” para conseguir o que queria. Umas vezes ganhou outras não. Em 2003 foi para o Chibuto, onde criou o mais recente projecto de uma vida cheia de conquistas árduas. Chama-se Centro Comunitário do Chimundo e são quatro hectares de terra que começam debaixo de um cajueiro. “Aqui todos trabalham contra a ‘coitadinhice’”, diz-nos a irmã Catarina com o seu ar calmo, intimamente preocupada com as 26 crianças que brincam e aprendem na Escolinha do Chimundo. Lá todos trabalham para o mesmo projecto, nem que seja a apanhar lenha. “Se só dermos comida, quando morrermos como é que vai ser?”

Vamos conhecer a Irmã Catarina e a história de persistência de uma mulher que sabe a importância da sua cultura. De uma religiosa consciente daquilo que faz com que um povo – o seu - não se torne “uma árvore sem raiz”. Visitamos as suas memórias de família, o lugar no quintal onde o pai está enterrado, escutamos o silêncio da casa, as vozes da oração. E ouvimos a história de um lugar onde, com quase nada, se constroi quase tudo.
É com convicção que a Irmã Catarina percorre o caminho para a Escolinha do Centro Comunitário do Chimundo, onde todos os dias da semana as crianças do bairro comem a papa e aprendem a brincar com as letras e os números. A religiosa orgulha-se do seu projecto “que é grande, não por ter condições, mas porque há um coração que ama”. Ouvimo-la falar do que significou a independência, a necessidade de afirmação dos moçambicanos: “eu tinha que fazer a história da minha sociedade e simultaneamente da minha congregação, este país precisa de homens e mulheres decididos a fazer história.” Conta dos medos da Guerra, dos deslocados que esta gerou e do urgente processo de paz e desenvolvimento. “Só pelo trabalho e pela educação podemos deixar de ser coitadinhos para sermos pessoas.”

CHIBUTO, CHIMUNDO
O Chibuto fica a norte na província de Gaza. A três quilómetros encontra-se o bairro do Chimundo, criado após as cheias de 2000 para acolher os refugiados originários do vale do Limpopo, completamente alagado. Quotidianamente os pais regressam ao vale para trabalhar nas machambas (as hortas), deixando muitas das crianças entregues a si próprias, crianças que a Escolinha fundada pela Irmã Catarina recebe na medida das possibilidades que vai tendo. Para saber mais : www.centrocomunitariodochimundo.comwww.aidglobal.org

 

Eu Sou África

 

11.02.2011 | by martalanca | Eu Sou África, Moçambique

RUÍNAS, ESQUECIMENTO, HETEROGÉNESE Encontro sobre W. G. Sebald

com António Guerreiro, Rui Tavares e André Dias
Sexta, 18 de Fevereiro de 2011, 18h
FCSH, Edifício I&D, 4.º, Sala Multiusos 2, Av. de Berna 26, Lisboa

As ondas de propagação da inquietante obra do escritor alemão W. G. Sebald (1944-2001) não deixam de se fazer sentir bem para lá do estrito campo literário, na filosofia, na história e nas artes. Condensando de forma poderosa o ar do nosso tempo, o trabalho de Sebald estabelece uma relação singular com as imagens que permeiam o texto, numa arqueologia das camadas dolorosas da história moderna. 
Neste encontro, prestaremos especial atenção a ‘Os Anéis de Saturno’, sua penúltima “prosa de ficção”, com três aproximações à atualidade de Sebald a partir de excertos dados à leitura por António Guerreiro (crítico literário), Rui Tavares (historiador) e André Dias (investigador de cinema).

Encontros ‘X explica Y assinado Z’: 

A proposta passa por apresentar diferentes pesquisas partindo de um elemento comum a ser distribuído na sessão (como um poema, uma imagem ou fragmentos selecionados), expondo questões, marcos teóricos decisivos, abordagens de um problema e sobretudo abrindo um espaço para a palavra de todos os presentes.
Informações, pedido de excertos e envio de propostas: xexplicayassinadoz@gmail.com

Grupo de Investigação de Literatura e Filosofia do CEIL  

11.02.2011 | by martalanca | ruínas, W. G. Sebald

One Love

11.02.2011 | by martalanca | Bob Marley, música

nuestras reflexiones africanas, por Juan Tomás Ávila Laurel

solidariedade com o protesto de um grande intelectual da Guiné Equatorial!


Queridos guineanos: Recientemente en África ocurrieron muchas cosas que no podemos dejar de comentar. Y es que mientras esperábamos que desde Ivory Coast nos llegara la noticia de la solución de su dramática situación política, recibimos otras nuevas de hechos más llamativos. Antes de entrar en estos detalles nuevos, tenemos que precisar que debido a la prensa europea repartidora de culpas, méritos y favores, ya tenemos inclinada nuestra balanza y sabemos a quién apoyaríamos en caso de que tuviéramos que decidir nosotros. Y es que para una historia en que todo parecía claro y no había dudas, ahora sí que las hay, y miren por dónde. Y es que se puede leer ahora que el enrrocamiento del señor Gbagbo tiene su génesis en una muy loable actitud anticolonialista, pues existen indicios muy claros, incluso televisivos, de los planes franceses para derrocarlo y colocar en la silla que dejara vacante a su oponente Ouatarra. Entonces, y como buen africano, y para que Francia se enmiende de una vez por todas, y aunque haya perdido las elecciones, no se bajará de la silla aunque todos los líderes africanos, que son unos eunucos, según él, se junten todos y suelten sobre él todas las plagas del Apocalipsis, y más si las hubiera.

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11.02.2011 | by martalanca | Guiné Equatorial, Juan Tomás Ávila Laurel

Entrevista a Paula Nascimento - África Festival

Paula Nascimento is one of the women who know more about African music and culture in Portugal. She was behind the 3 editions of “Africa Festival” and I did this piece as an homage to her energy.

Production: Kattia Hernandez
Cammera: Jorge Afonso
Editing: João Paulo Marques
Programa Nós, 30-set-07

11.02.2011 | by martalanca | África Festival, paula nascimento