Museus afro-atlânticos em debate, de 24 a 27 de Maio em São Paulo

Estão abertas as inscrições para o I Encontro Afro Atlântico na Perspectiva dos Museus, no Museu Afro Brasil.
O encontro visa aprofundar o diálogo a respeito das formas como os museus representam o continente africano por meio de suas elaborações conceituais-curatoriais. As diversas possibilidades de interpretar a arte africana tradicional e contemporânea e sua inserção em museus nacionais e internacionais serão debatidas a partir dos temas indicados.

 

Com Abdou Sylla (IFAN-Senegal), Constantine Petridis (Museu de Arte de Cleveland), Karen Milbourne (Museu Nacional de Arte Africana do Instituto Smithsonian), Samuel Sidibé (Museu Nacional do Mali), Susan Vogel (Universidade de Columbia), Henry Drewal (Universidade de Wisconsin-Madison), Marta Heloísa Salum (Museu de Arqueologia e Etnologia/USP), Emanoel Araujo (Museu Afro Brasil) (Benim), Dominque Zinkpè, Lisa Binder (Museu para a Arte Africana – Nova York), George Preston (Museu de Arte e Origens – Nova York).

03.05.2011 | by martamestre | Instituto de Estudos Brasileiros, Museologia, Museu Afro-Brasil, museus, património

África mais acessível no Instituto de Estudos Brasileiros

O Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP) começou a disponibilizar na internet livros e documentos raros sobre a África produzidos do século 16 ao 19.

O projeto Brasil África, que tem apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, já construiu a base de dados sobre os documentos para facilitar a pesquisa detalhada das referências e começa a digitalizar imagens.

De acordo com a Márcia Moisés Ribeiro, pesquisadora do IEB e coordenadora do projeto, o objetivo é permitir o acesso a livros e documentos raros sobre o continente africano.

“O IEB possui uma das mais importantes bibliotecas de livros raros de São Paulo. A ideia foi construir um banco de dados para reunir informações sobre esses documentos e obras que, em seguida, serão digitalizados e disponibilizados”, disse à Agência FAPESP.

Márcia atualmente desenvolve o projeto de pesquisa “Medicina e escravidão nas dimensões do universo colonial: a América portuguesa e o Caribe francês no século 18”, que será concluído no fim do ano.

O site já conta com informações detalhadas sobre cada documento selecionado. “Há dados sobre autor, obra, data e local da publicação. A base de dados traz também um breve resumo de cada documento indicado”, explicou.

É possível encontrar documentos que envolvem as mais diversas áreas sobre o continente, como história, geografia, medicina, religião e temas relacionados ao tráfico de escravos.

“São livros raros de viagem, de medicina, sobre a fauna e flora, além da história e das religiões africanas. Sobre a escravidão, há assuntos relacionados ao comércio e tráfico negreiro, como condições da travessia desses escravos, entre outros temas”, disse Márcia.

O processo de digitalização dos documentos da base de dados foi iniciado em maio e a previsão é que até o fim deste ano todas as obras estejam disponíveis no site.

A pesquisadora estima a existência de cerca de 600 documentos e livros raros sobre a África nas várias coleções do IEB. “Até agora trabalhamos apenas com os documentos da biblioteca do IEB, que tem cerca de 300 documentos que já estão no banco de dados, mas ainda não disponíveis na versão digital, que será disponibilizada em julho. A próxima etapa será a documentação do arquivo, no qual se encontram os manuscritos”, destaca.

Nos manuscritos há diversas correspondências entre governantes da África e governadores das capitanias brasileiras. “É uma documentação rica, sobretudo porque muitos são documentos únicos”, disse Márcia.

Divulgar e preservar

De acordo com a historiadora, a ideia surgiu a partir de sua própria pesquisa. “Trabalho com história da medicina e escravidão no período colonial e, ao ter contato com o material no IEB, percebi que o instituto guardava documentos e livros importantes para historiadores”, contou.

Grande parte dos temas envolvendo o continente africano, segundo ela, era estudada principalmente pela relação com a escravidão. “Mas, nas últimas décadas, outros temas relacionados à África têm despertado interesse de pesquisadores. A história do continente, por exemplo, só passou a ser obrigatória como disciplina há cerca de dez anos, nos programas das universidades. Mas ainda é restrita, quando comparada com a história da América, por exemplo”, destacou.

Márcia salienta que, ao ampliar o acesso a textos e imagens raras – com possibilidades de impressão –, será possível estimular os estudos de forma geral sobre o continente.

“Além de democratizar o acesso pela internet, a digitalização é uma forma de preservar as obras raras, evitando o manuseio excessivo e desgaste”, disse.

 

Alex Sander Alcântara

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07.07.2010 | by martalanca | África-Brasil, escravidão, Instituto de Estudos Brasileiros