Terra e Democracia

segundas, 19-23h, sala 105,  FFLCH, https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=112797

Jean Tible jeantible@usp.br

Em Discurso sobre a origem os fundamentos da desigualdade entre os homens (1754), Jean-Jacques Rousseau situa a questão da propriedade da terra como cerne da irrupção da desigualdade. Em célebre passagem, o filósofo de Genebra imagina essa virada: “O primeiro que, tendo cercado um terreno, atreveu-se a dizer: Isto é meu, e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassínios, quantas misérias e horrores não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, houvesse gritado aos seus semelhantes: ‘Evitai ouvir esse impostor. Estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não é de ninguém!’”

A questão dos cercamentos aparece em contexto bastante distinto, em publicação recente (2010) de um pensamento antigo. O que costumamos chamar de “meio ambiente”, insiste Davi Kopenawa em A queda do céu, é composto tanto por humanos quanto pelos “xapiri, os animais, as árvores, os rios, os peixes, o céu, a chuva, o vento e o sol! É tudo o que veio à existência na floresta, longe dos brancos; tudo o que ainda não tem cerca. As palavras da ecologia são nossas antigas palavras, as que Omama deu a nossos ancestrais”. Os processos de colonização buscam ignorar e aniquilar essa multiplicidade de seres-habitantes dessas espacialidades. Pode-se compreender desse modo o conceito jurídico de terra nullius – clássica aspiração tirânico da página em branco sobre a qual escreve fortes páginas Naomi Klein em A doutrina do choque, analisando os planos neoliberais do poder dos anos 1970 para cá.

Em seus estudos acerca do sistema político-econômico capitalista ao qual se dedicou toda sua vida, Karl Marx opõe a propriedade comunal – que seria no princípio generalizada – à privada. Se nos Manuscritos Parisienses (1844), o pensador europeu caracteriza “a propriedade fundiária” como “raiz da propriedade privada”, em A nacionalização da terra (1872) defende que “a propriedade do solo é a fonte original de toda riqueza, e ela se transformou no grande problema cuja solução determinará o futuro da classe operária”. Salienta, ademais, que juristas, filósofos e economistas “disfarçam esse fait initial da conquista sob o argumento do ‘direito natural’” – evidentemente direito natural de alguns. Seu primeiro texto sobre uma questão material, no qual acompanha a discussão na Dieta renana para definir se a prática tradicional de colheita da lenha por parte dos pobres configurava-se num roubo ou não. Com a madeira valorizada por sua integração no circuito mercantil, havia uma pressão dos proprietários de terra para transformar a colheita da lenha em delito. A alternativa a isto seria sua manutenção como bem para satisfação de necessidades elementares e um embate, então, ocorre entre duas formas de direito, o de propriedade e o dos costumes, que incluía direito de passagem, de pasto e colheita de lenha. Estava, assim, em jogo a definição da propriedade.

Tal questão da terra é onipresente em certos debates político-intelectuais. Ativo participante da República dos Conselhos da Bavária em 1919, o poeta e anarquista Gustav Landauer percebe “o combate do socialismo” como “um combate pelo solo”. O capitalismo somente existe pelo fato de as “massas serem sem-terra” e a revolução se sintoniza com uma grande transformação no regime da propriedade fundiária, na qual o chão “volta a ser o portador da vida comum e da obra comum”. Em outro contexto, movimentos formulam essa antiquíssima demanda por justiça com o lema de terra e liberdade, do México revolucionário e da resistência ao jugo czarista à Catalunha em ebulição passando pela multiplicidade de mobilizações camponesas atravessando tempos e espaços.

Propõe-se, desse modo, estudar essas questões, da terra e da democracia, articuladas. Tal esforço é efetuado a partir do Brasil, mas em conexão com processos de outras partes do planeta. Num primeiro momento, trata-se de compreender o surgimento do capitalismo e seu longo confronto com práticas de coletividades dissidentes, desde as comunidades anabatistas no século 16 no coração da Europa às organizações comunais dos povos indígenas, quilombolas e camponeses nas Américas. A segunda parte busca apreender a privatização da terra em três sessões: a história do Brasil, desde seu início, como apropriação fundiária; a atuação do ator econômico e político do agronegócio e o caso californiano de articulação entre acaparamento de terras rurais e economia carcerária.

A seção final do curso se dedica a experiências de retomadas, com dois exemplos históricos (a cabanagem, no Pará do início do século 19 e a revolução no México em 1910) e de um caso contemporâneo no extremo-sul da cidade de São Paulo. No fim de sua vida, Marx se debruça, para a redação do volume 3 de O Capital, sobre as sociedades agrárias. Recebe do historiador russo Kovalevsky seu livro Obshchinnoe Zemlevladenie e (re)pensa a distinção entre posse e propriedade da terra e sublinha a impossibilidade de aplicar o mesmo conceito de ‘propriedade’ usado para a Europa, para estudar sociedades onde a terra não pode ser alienada (vendida). Marx troca, num ponto que Oswald de Andrade enfatizará depois, sistematicamente “propriedade” por “posse” nesses chamados Cadernos Kovalevsky, indicando a comunidade/comuna como proprietária, ou melhor, possuidora da terra. À apropriação capitalista, pode ser contraposta outra, a reapropriação como retomada. Essa palavra não diz respeito a um tomar para si e ser dono absoluto de uma terra a ser dominada, mas de conviver e adaptar-se a ela, em consonância com os desafios urgentes (dada a emergência climática) de outras compreensões de naturezas-culturas e com inúmeras práticas cotidianas dos povos da terra. Por fim, a última sessão é dedicada à um debate a respeito dos elos costurados entre lutas pela terra e aspirações democráticas.

14 de agosto

abertura

Davi Kopenawa e Bruce Albert. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami.

São Paulo, Companhia das Letras, 2015 [cap. 23. O espírito da floresta].

Gustav Landauer. “The settlement” (1909) em Gabriel Kuhn (org.) Revolution and Other Writings: A Political Reader. Oakland, PM Press, 2010.

Manuela Carneiro da Cunha. “Povos da megadiversidade: o que mudou na política indigenista no último meio século”. Revista Piauí, n. 148, janeiro de 2019.

Habitantes da ZAD, Notre-Dame-des-Landes. Tomar a terra. São Paulo, Glac, 2021 [2019].

José Celso Martinez Corrêa. Sertões: histórias de Canudos. Instituto Moreira Salles, 3 de julho de 2019.

terras cercadas

21 de agosto

cristãos, comunistas, hereges

Friedrich Engels. “As guerras camponesas na Alemanha” (1850) em A Revolução antes da revolução – Vol. 1. São Paulo, Expressão Popular, 2008. [trecho]

Ernst Bloch. Thomas Müntzer, teólogo da revolução. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1973 [1921]. [trecho]

complementar:

Thomas Müntzer. Sermão aos príncipes, 1524.

Dagmar Talga. O Voo da Primavera (2019) - documentário sobre a vida de dom Tomás Balduíno.

28 de agosto

comum contra capital

Karl Marx. Os despossuídos: debates sobre a lei referente ao furto de madeira. São Paulo, Boitempo, 2017 [1842]. [trecho]

Karl Marx. O Capital: crítica da economia política (livro 1: o processo de produção do capital). São Paulo, Boitempo, 2013 [1867] [Capítulo 24 – A Chamada Acumulação Original].

complementar:

Troca de cartas entre Karl Marx e Vera Ivanovna Zasulitch (1881) em Michael Löwy (org.) Lutas de classes na Rússia. São Paulo, Boitempo, 2013. [trecho]

Pierre-Joseph Proudhon. O que é a propriedade? ou Pesquisa sobre o Princípio do Direito e do Governo. São Paulo, Martins Fontes, 1988 [1840]. [capítulos 1 e 2]                      

4 de setembro

antagonismo ameríndio

com Marina Ghirotto Santos e Salvador Schavelzon

Marina Ghirotto Santos. Conversas com florestas viventes: política, gênero e festa em Sarayaku (Amazônia equatoriana). Tese de doutorado em Antropologia Social, FFLCH/USP, 2023 [cap. 3 Terra: formas de cuidar e viver bonito].

complementar:

Ailton Krenak. “A Aliança dos Povos da Floresta” (entrevista de A. Krenak e Osmarino Amâncio, por Beto Ricardo e André Villas Boas, 10 de maio de 1989) em Sergio Cohn (org.) Encontros. Rio de Janeiro, Azougue, 2015.

Edward Valandra. “Mni Wiconi: water is [more than] life” em Nick Estes e Jaskiran Dhillon (orgs.). Standing with Standing Rock: Voices from the #NoDAPL Movement. Minnesota, University of Minnesota Press, 2019.

11 de setembro

brasil quilombola, terra preta

com Salloma Salomão e Ronaldo Santos

Antônio Bispo dos Santos. A terra dá, a terra quer. São Paulo, Ubu e Piseagrama, 2023.

Mariléa de Almeida. Devir quilomba: antirracismo, afeto e política nas práticas de mulheres quilombolas. São Paulo, Elefante, 2022. [introdução e capítulo 1]

complementar:

Joelson Ferreira de Oliveira. “Terra Vista, Terra-Mãe: Existência grandiosa no campo”. Caderno de Leituras n. 111 Série Políticas da terra. Edições Chão da Feira, Belo Horizonte, agosto de 2020.

Flávio dos Santos Gomes. Mocambos e quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil. São Paulo, Claro Enigma, 2015. [trecho]

Clóvis Moura. Sociologia política da guerra camponesa de Canudos: da destruição do Belo Monte ao aparecimento do MST. São Paulo, Expressão Popular, 2000. [trecho]

propriedade fundiária, nó do brasil (e do mundo)

25 de setembro

A grilagem como fundamento

com Gustavo Prieto e Douglas Rodrigues Barros

Gustavo Prieto. “Nacional por usurpação: a grilagem de terras como fundamento da formação territorial brasileira” em Ariovaldo Umbelino de Oliveira (org.). A grilagem de terras na formação territorial brasileira. São Paulo, FFLCH/USP, 2020.

complementar:

Ariovaldo Umbelino Oliveira, Camila Salles de Faria e Teresa Paris Buarque de Hollanda. “Registros Públicos e Recuperação de Terras Públicas – Relatório Final”. Série Pensando o Direito n. 48, Brasília, Ministério da Justiça, 2012.

Douglas Rodrigues Barros. “O agro realmente é pop: sobre a hegemonia do sertanejo na era da pós-música”. Revista Rosa, vol. 7, março de 2023.

2 de outubro

O agronegócio

com Yamila Goldfarb e Caio Pompeia

Marco Antonio Mitidiero Junior e Yamila Goldfarb. O Agro não é Tech, o Agro não é Pop e Muito Menos Tudo. São Paulo, ABRA e FES Brasil, 2021.

Caio Pompeia. Formação política do agronegócio. São Paulo, Elefante, 2021. [trecho]

complementar:

Yamila Goldfarb. “Reforma agrária como política de reparação histórica para a população negra no Brasil”. Campo-Território: revista de Geografia Agrária, Uberlândia-MG, v.18, n.49, p. 330-344, abr. 2023.

Caio Pompeia. “Uma etnografia do Instituto Pensar Agropecuária”. Mana, 28 (2), 2022.

9 de outubro

Ajuste prisional: terras rurais e economia carcerária

com Bruno Xavier Martins

Ruth Wilson Gilmore. Golden gulag: prison, surplus, crisis, and opposition in globalizing. Los Angeles, University of California Press, 2007. [no prelo, São Paulo, Igrá Kniga, 2023, tradução de Bruno Xavier Martins]. [trecho]

complementar:

Jackie Wang. Capitalismo carcerário. São Paulo, Igrá Kniga, 2022 [2018] [capítulo 4].

terra habitada

23 de outubro

Cabanagem

com Charles Trocate

Pasquale Di Paolo. Cabanagem, a revolução popular da Amazônia. Belém, Cejup, 1990.

Domingos Antônio Raiol. Motins políticos ou, História dos principais acontecimentos políticos da província do Pará desde o ano de 1821 até 1835. Belém, Universidade Federal do Pará, 1970.

Vicente Salles. Memorial da Cabanagem: esboço do pensamento político-revolucionário no Grão-Pará. Belém, Cejup, 1990.

Mark Harris. Rebelião na Amazônia: Cabanagem, Raça e Cultura Popular no Norte do

Brasil (1798-1840). Campinas, Unicamp, 2018.
Décio Freitas. A miserável revolução das classes infames. Rio de Janeiro, Record, 2005.

Célia Maracajá. O auto da cabanagem.

30 de outubro

Tierra y libertad (México, 1910)

com Cassio Brancaleone e Ester Rizzi

Manifiesto de Partido Liberal Mexicano. Regeneración Tomo IV, No. 56 Los Ángeles, California. 23 de septiembre de 1911.

INEHRM (org). El plan de ayala (1911). Mexico, Fondo de Cultura, 2019.

Rubén Trejo Muñoz. “Vínculos entre los zapatistas y los magonistas durante la Revolución Mexicana”, UACM, 2020.

complementar:

Cassio Brancaleone. “Revolução mexicana, magonismo e anarquismo” em Beatriz Silvério e Fernanda Grigolin (orgs.). Infatigável guerrilheira: Margarita Ortega Valdés na Revolução Mexicana. São Paulo, Tenda de Livros, 2022.

Ester Gammardella Rizzi. Revolução Mexicana - O direito em tempos de transformação social. São Paulo, Expressão Popular, 2023. [capítulo 2 “O Direito e a organização fundiária mexicana”].  

6 de novembro

retomadas

com Jerá Guarani, Lucas Keese e Lauriene Seraguza

[domingo 5 de novembro – dia na Kalipety]

Jerá Guarani. “Tornar-se selvagem”. Piseagrama, n. 14, p. 12-19, jul. 2020.

Lucas Keese dos Santos. A esquiva do Xondaro: movimento e ação política entre os Guarani Mbya. São Paulo, Elefante, 2021. [capítulo 4: esquiva e resistência histórica]

Lauriene Seraguza. As donas do fogo: política e parentesco no mundo guarani. Tese de doutorado em Antropologia Social, FFLCH/USP, 2023 [trecho do capítulo 3: corpos de reservas, vidas em retomadas].

13 de novembro

debate de encerramento ao ar livre na casa líquida [perto do metrô Sumaré]:

apropriação coletiva e territórios libertos

com Mauro William Barbosa de Almeida

11.08.2023 | by martalanca | ameríndio, antagonismo, comunistas, cristãos, curso, democracia, hereges, terra

WORKSHOP RE-IMAGINAR O IMPÉRIO. PROJECÇÕES (ANTI-)COLONIAIS NO CINEMA

MÓDULO I (Online via Zoom) 

Feitiço do império © Cinemateca PortuguesaFeitiço do império © Cinemateca Portuguesa

Artista / Educador: Maria do Carmo Piçarra 

Início: 7 de Outubro 

Datas: 7, 8 e 9 de Outubro 

Horários: 7 e 8 Outubro das 18h-21h (Lisboa) e 9 de Outubro das 10h30 às 13h30 (Lisboa) 

Preço: 75€ um módulo, 100€ dois módulos (O presente curso é composto por dois módulos, caso se inscreva em ambos os módulos o valor monetário será de 100€) 
Máximo de 20 participantes (Online) 

O Estado Novo usou o cinema para impor, interna e externamente, a imagem de um país pluricontinental e multirracial. Muitas ideias propagadas nunca foram questionadas após o restabelecimento da democracia e após as independências dos países de língua portuguesa. 
Este curso livre discutirá como é que a propaganda – e a censura - do Estado Novo determinou as representações relativas aos países de língua portuguesa, incluindo os casos da “Ásia Portuguesa”. Debaterá ainda as evidências da (im)possibilidade de um outro olhar sobre as ex-colónias portuguesas em obras de autor do Cinema Novo que foram censuradas e proibidas e abordará os usos do cinema pelos diferentes movimentos políticos, durante as lutas de libertação em África. 

MÓDULO II (Presencial)

Rodagem Catembe. © Faria de AlmeidaRodagem Catembe. © Faria de Almeida

Artista / Educador: Maria do Carmo Piçarra

Início:30 de Outubro

Datas: 30 de Outubro e 6 de Novembro

Horários:30 Outubro das 10h30-13h30/14h30-17h30 (Lisboa) e 6 de Novembro das 10h30 às 13h30 (Lisboa)

Preço: 75€ um módulo
Máximo de 12 participantes (Presencial)

Na sequência do curso livre “Re-imaginar o império. Projecções (anti-)coloniais no cinema” I, este segundo curso livre aprofundará os usos do cinema pelos diferentes movimentos políticos, durante as lutas de libertação africana e particularizará os casos de Goa, Macau e Timor. Analisará ainda a emergência de projectos de cinema nacional em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau e aprofundará os contributos de alguns autores. Fará uma panorâmica sobre as cinematografias actuais nos países africanos de língua portuguesa particularizando também os casos orientais. 
Mais informações sobre o curso em https://hangar.com.pt/workshop-reimaginar-o-imperio-projeccoes-anti-coloniais-no-cinema/ 

01.10.2021 | by Alícia Gaspar | cinema, curso, pós-colonialismo, workshop

Memória e pós-colonialismo | Curso de Verão

O curso de verão Memória e pós-colonialismo resulta de uma parceria do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra com a Brotéria no âmbito das suas atividades de extensão e disseminação.

O curso visa analisar e pensar criticamente a questão pós-colonial em Portugal, na Europa e no mundo a partir de vários tópicos que têm vindo a preencher e a questionar a nossa atualidade do século XXI e as suas relações com o social, o político, o tempo e o espaço.

Através do projeto Memoirs – Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias financiado pela Conselho Europeu de Investigação e coordenado por Margarida Calafate Ribeiro, o Centro de Estudos Sociais desenvolveu investigação pioneira sobre o impacto das heranças coloniais e dos processos de descolonização nas gerações seguintes, ou seja, naqueles sujeitos que já não viveram estes processos, mas que, através das memórias familiares e das memórias públicas os herdaram, e que hoje os questionam, transformando, muitas vezes, essas heranças e interrogações em gestos artísticos. Estas questões estão a diversificar o debate europeu, a partir de uma perspetiva cosmopolita e democrática, e estes gestos artísticos estão a renovar a arte europeia e a densificar as formas de intervenção individual e coletiva.

Em diálogo com a Brotéria, este curso pretende apresentar alguns conceitos e contextos em que este trabalho se desenvolveu e assim contribuir para enriquecer a discussão pública, plural, informada e democrática em curso em Portugal, na Europa e no mundo.

Onde e quando?

O curso decorrerá de 5 a 10 de julho de 2021 na Brotéria, em Lisboa em regime pós- laboral: de segunda-feira a sexta-feira das 18h às 20h e no sábado de manhã das 10h às 12h, com uma visita de estudo. O horário total do curso é de 15 horas.

Como decorre e em que regime?

Cada seminário tem a duração de 50’ dividido em uma parte expositiva (até 30’) e uma parte de debate com o público ou com um convidado (20’). O uso de materiais audiovisuais é recomendado. Devido à crise pandémica o curso decorrerá de forma mista: presencial e online.

Para quem?

Estudantes, docentes, agentes culturais públicos e privados, outros interessados no tema.

Objetivos

+ Colocar em diálogo pensadores, atores e o público
+ Refletir sobre o pós-colonialismo e a contemporaneidade
+ Refletir sobre questões de ética
+ Refletir sobre os atuais debates de revisitação da história
+ Pensar o Brasil hoje
+ Refletir sobre o afropolitanismo e a arte
+ Refletir sobre migrações e hospitalidade
+ Refletir sobre a Europa como projeto para as gerações seguintes

Programa

Dia 1
Pós-colonialismos: abordagens teóricas e consequências práticas

António Sousa Ribeiro

O pensamento pós-colonial definiu, sobretudo a partir dos anos 80 do século passado, um paradigma que obriga a pensar criticamente muitas dimensões da contemporaneidade. Partindo de uma abordagem sucinta de alguns conceitos fundamentais, o módulo estrutura-se como introdução a vários aspetos do debate contemporâneo que serão desenvolvidos ao longo do curso.

Dia 2
Pós-Memória e a noção de contemporâneo na Literatura-Mundial

Paulo de Medeiros

Os Estudos de Memória e Pós-Memória têm vindo a constituir-se como fundamentais para pensar não só a nossa relação com o passado, mas também para melhor compreender o presente. Este módulo delineará alguns pontos fulcrais dos estudos de pós-memória, com relevo para a condição pós-imperial e a noção de contemporâneo, numa abordagem comparativa de várias obras da literatura-mundial.

Memória e responsabilidade: a perspetiva da ética da intenção

Marta Mendonça

O olhar retrospetivo que dirigimos às intervenções de alcance social e político, como as que marcaram a experiência colonial, tem habitualmente algo de parcial: é fácil que as olhemos e julguemos com base apenas nas suas consequências. Esse olhar determina também o juízo ético sobre a atuação e a responsabilidade dos seus protagonistas. A intervenção aborda e problematiza o modo como a ética da intenção julga a moralidade dos atos humanos e como lida com a noção de responsabilidade.

Dia 3
Padre António Vieira e depois

Pedro Calafate

Analisaremos as conceções éticas, políticas e antropológicas do Padre António Vieira com destaque para a ideia de paz universal fundada na justiça, mostrando o modo como esta tese depende, em Vieira, do reconhecimento da unidade substancial do género humano, afastando à partida qualquer assomo de inferioridade natural de comunidades ou povos. Esta será a base a partir da qual Vieira analisará, no difícil contexto brasileiro, a questão da escravatura dos índios e dos negros, a par a questão da legitimidade das soberanias indígenas, para assumir, na fase final da sua obra, que o império universal deveria resultar de um pacto ou acordo entre os príncipes da terra, a fim de garantirem a paz como expressão da irmandade entre os homens.

Se este é o fio condutor do seu pensamento, cumprirá não esquecer que parte relevante dos seus escritos corresponde a respostas estratégicas a desafios concretos, na medida em que não foi um académico, obrigando-se antes a escrever a sua obra “à face do mundo”.

Os Eternos presentes do Brasil

Roberto Vecchi

Uma reflexão sobre a contemporaneidade brasileira mostra algumas permanências históricas que abrem uma critica a um “tempo brasileiro” próprio, onde o passado parece não se deixar descolonizar. Por isso, a alternância de momentos
apocalíticos e messiânicos é recorrente, condicionando em profundidade narrativas e memórias culturais. Cria-se assim um espaço fértil tanto para as utopias como para as distopias.

Dia 4
Afropolitanismo e arte (à conversa com Zia Soares)

António Pinto Ribeiro

O afropolitanismo, que começou por ser um instrumento de valorização das práticas artísticas de atores africanos no séc. XXI, é hoje um conceito fundamental para entender um “mundo novo” na Europa. O Teatro Griot e a sua diretora artística Zia Soares são um excelente exemplo com quem dialogar.

Racismo e textos bíblicos Francisco Martins SJ

Comunicação sobre a chamada “maldição de Cam”, o filho de Noé (Génesis 9). O assunto é interessante, porque este texto não fala de “negritude” e, no entanto, graças a uma inacreditável história de receção, tornou-se o texto-base da justificação teológica do racismo e da escravatura nos países onde o Islão e o Cristianismo tomaram a dianteira do ponto de vista religioso.

Dia 5
Migrações e hospitalidade
JRS – Serviço Jesuíta aos Refugiados

Partindo da experiência do Serviço Jesuíta aos Refugiados, apresenta-se nesta comunicação uma releitura da virtude da “Hospitalidade”. A hospitalidade é capaz de transpor qualquer fronteira e falar mais alto que qualquer discurso de ódio. Transforma processos em rostos: em homens, mulheres e crianças com uma história, iguais a todos nós. Convida-se, assim, a conhecer o outro lado de uma narrativa dominada pelo ódio, através das lentes de quem foge e de quem acolhe por missão.

A Europa das segundas gerações – visões a partir da Europa e do Sul Global

Margarida Calafate Ribeiro e Maria Paula Meneses

Qual o impacto das heranças coloniais e da descolonização nas gerações seguintes na Europa e em África? Através de um seminário partilhado entre Margarida Calafate Ribeiro e Maria Paula Meneses algumas respostas serão apresentadas a partir da Europa e de África num diálogo entre as duas investigadoras. Para tal serão usados exemplos específicos e situados.

Dia 6
Visita de estudo

Notas biográficas

André Costa Jorge é licenciado em Antropologia e desde 2008 Diretor Geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Portugal É também membro da Direção e do Conselho do JRS Europa. Foi membro do Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração (COCAI) entre 2008 e 2014. É atualmente membro fundador. É autor de dois documentários que abordam a temática das migrações e colaborador na Rádio Antena 1 no espaço de comentário “Causas Públicas”.

António Pinto Ribeiro é investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Foi diretor artístico e curador responsável em várias instituições culturais portuguesas, nomeadamente da Culturgest e da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi comissário geral de “Passado e Presente – Lisboa Capital Ibero- Americana da Cultura 2017”. Os seus principais interesses de investigação desenvolvem-se na área da arte contemporânea, especificamente africanas e sul-americanas. Das suas publicações destacam-se: os seus últimos livros de autor Peut-on Décoloniser les Musées? (2019), África os quatro rios - A representação de África através da literatura de viagens europeia e norteamericana (2017) e a organização dos dois volumes O Desejo de Viver em Comum (2018) no âmbito das conferências da Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura 2017.

António Sousa Ribeiro é professor catedrático do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas (Estudos Germanísticos) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e diretor do Centro de Estudos Sociais da mesma universidade. Os seus interesses de investigação centram-se nas áreas das literaturas e culturas de expressão alemã, dos estudos sobre a violência, dos estudos de memória, dos estudos pós-coloniais e dos estudos culturais comparados. Tem publicado extensamente em áreas muito diversas. Destaque-se Representações da Violência (2013), Geometrias da Memória: configurações pós- coloniais (2016); Einschnitte. Signaturen der Gewalt in textorientierten Medien (2016). Dedica-se também à tradução literária, tendo-lhe sido atribuído o Prémio Nacional de Tradução, 2017: Karl Kraus, Franz Kafka, Thomas Mann e Bertolt Brecht são alguns dos autores traduzidos.

Francisco Martins SJ é doutorando no departamento de Bíblia Hebraica da Universidade Hebraica de Jerusalém e bolseiro da FCT. Fez estudos de Filosofia em Braga, Teologia em Madrid e História do Antigo Oriente Próximo e Filologia Semítica em Paris. Os seus interesses de investigação centram-se nas áreas da Bíblia Hebraica/Antigo Testamento, Literatura das Culturas do Antigo Oriente Próximo (Mesopotâmia, reino de Ugarit, reinos aramaicos), História Antiga de Israel e História do Antigo Oriente Próximo. No ano letivo de 2021-2022, será Research Fellow na Universidade de Notre Dame (Indiana, USA), onde desenvolverá um projeto de investigação sobre a receção das tradições bíblicas na literatura do segundo Templo. É Fellow-at-Large da Brotéria.

Margarida Calafate Ribeiro é investigadora-coordenadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e membro da Cátedra Eduardo Lourenço da Universidade de Bolonha/ Camões. Em 2015 recebeu uma bolsa Consolidator Grant do Conselho Europeu de Investigação, com o projeto “MEMOIRS - Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias”. Os seus interesses de investigação reúnem memória e pós- memória do colonialismo, identidades, pós-colonialismo e património. Das suas diversas publicações destacam-se Uma História de Regressos: Império, Guerra Colonial e Pós-colonialismo (2004). África no Feminino – as mulheres portuguesas e a Guerra Colonial (2007) e a co-organização de Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial (2011), com Roberto Vecchi, Geometrias da Memória: Configurações Pós- Coloniais (2016) com António Sousa Ribeiro.

Maria Paula Meneses é investigadora coordenadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. De entre os temas de investigação sobre os quais se debruça destacam-se os debates pós- coloniais em contexto africano, o pluralismo jurídico - com especial ênfase para as relações entre o Estado e as ‘autoridades tradicionais’ no contexto africano -, e o papel da história oficial, da(s) memória(s) e de ́outras ́ narrativas de pertença nos processos identitários contemporâneos. Co-coordena com Boaventura de Sousa Santos e Karina Bidaseca o curso internacional ‘Epistemologias do Sul’ (CLACSO-CES). Anteriormente foi professora da Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique). Tem o seu trabalho publicado em diversos países, incluindo Moçambique, Espanha, Portugal, Brasil, Senegal, Estados Unidos, Inglaterra, Argentina, Alemanha, Holanda e Colômbia.

Marta Mendonça é professora associada do Departamento de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa. É licenciada em Filosofia pela Universidad de Navarra e Mestre e Doutora pela Universidade Nova de Lisboa (2001). Tem publicado sobretudo nos domínios da Filosofia Moderna, História e Filosofia da Ciência, Filosofia da Natureza e Bioética. Colaborou como professora visitante em diversas universidades de Espanha, França, Brasil, Chile e Reino Unido. Integra o grupo de “Pensamento Moderno e Contemporâneo” do CHAM-Centro de Humanidades da NOVA FCSH. É membro de várias academias e sociedades científicas internacionais e membro fundador da Rede Iberoamericana Leibniz.

Paulo de Medeiros é professor catedrático de Estudos Ingleses e Literatura Comparada na Universidade de Warwick. Lecionou em várias universidades em Portugal, Brasil, Espanha e Países Baixos. É membro honorário do Instituto de Pesquisa em Línguas Modernas da Escola de Estudos Avançados da Universidade de Londres e foi presidente da American Portuguese Studies Association. O seu trabalho de investigação desenvolve-se dentro dos temas: pós-colonialismo, memória, teoria literária, literatura de língua portuguesa e cinema. Dos seus livros destacam-se: Pessoa’s Geometry of the Abyss: Modernity and the Book of Disquiet, (2013), O Silêncio das sereias - Ensaio sobre o Livro do Desassossego, (2015) e Contemporary Lusophone African Film: Transnational Communities and Alternative Modernities, com Lívia Apa.

Pedro Calafate é professor catedrático na Universidade de Lisboa (Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras) e investigador no Centro de Filosofia Universidade de Lisboa. Principais campos de investigação: História da Filosofia Moderna (Renascimento, Barroco e Iluminismo) em Portugal, Espanha e no mundo Ibero-Americano. Recentemente (2012-2019): pensamento ético, legal e político da “segunda escolástica” nas universidades de Coimbra e Évora (séc. XVI e XVII), em diálogo com a “Escola de Salamanca”. Obras principais: A ideia de Natureza no Século XVIII em Portugal (Imprensa Nacional-CM, Lisboa, 1994); História do Pensamento Filosófico Português (Caminho, Lisboa, 1999-2004, 5 vols.); Portugal como Problema (Fundação Luso-Americana, Lisboa 2006, 4 vols.); A Escola Ibérica da Paz nas Universidades de Coimbra e Évora (Almedina, Coimbra, 2015-2020, 3 vols.).

Roberto Vecchi é professor catedrático do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas Modernas da Universidade de Bolonha. Coordena a Cátedra Eduardo Lourenço (Universidade Bolonha/ Camões), sendo também investigador associado do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. É atualmente presidente da Associação Internacional de Lusitanistas (2014-2017). Os seus principais interesses de investigação centram-se na teoria e história das culturas de língua portuguesa. Das suas publicações mais recentes destacam-se: Excepção Atlântica. Pensar a Literatura da Guerra Colonial (2010) e a co-organização de Do Colonialismo como Nosso Impensado (2014) e Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial (2011), com Margarida Calafate Ribeiro e, com Vincenzo Russo, La letteratura portoghese. I testi e le idee (2017).

29.06.2021 | by Alícia Gaspar | brotéria, curso, memória, pós-colonialismo

Curso de Curadoria de exposições

Curso online para profissionais dos PALOP da área curatorial

Nuno Crespo e Paula Nascimento coordenam este curso, composto por dez módulos sobre temas fundamentais da formação de um curador contemporâneo, mesas-redondas online com convidados e um encontro semanal para a discussão de leituras e projetos.

O curso vai decorrer entre setembro e dezembro de 2021.

Prazos de Candidatura e Elegibilidade 

Dirigido a 20 profissionais dos PALOP, com o mínimo de 3 anos de experiência profissional ou de aprendizagem em áreas como artes visuais, história de arte, estudos culturais, filosofia ou teorias das artes, museologia, produção e gestão cultural, literatura ou novos media, que demonstrem apetência pelo estudo e prática curatorial no campo das artes visuais contemporâneas. 

Os candidatos devem ter entre 25 e 40 anos e o domínio da língua inglesa será condição preferencial.

O curso tem inscrições abertas de 7 de junho a 22 de julho. As candidaturas devem ser submetidas online. (Não é possível guardar a informação no formulário, aconselhamos que preencha num documento à parte. Quando tiver a informação completa, submeta).

Na avaliação e seleção dos formandos será tido em conta o interesse do curso para a formação do candidato, o curriculum vitae e a motivação do candidato, incluindo preocupações concretas em relação à sua atividade profissional. Os candidatos selecionados deverão comprometer-se a frequentar a totalidade do curso e a apresentar uma proposta de projeto curatorial. A apreciação das candidaturas será feita por um júri independente, podendo incluir uma entrevista final online.

Módulos 

Temas de museologia e História das exposições 
Laura Castro, coordenação

Genealogia das exposições africanas no ocidente 
Paula Nascimento, coordenação

Temas de curadoria 
Nuno Crespo, coordenação

Colecionismo 
Sylvie Chivaratanond, coordenação

Galerias, leilões e economia da arte 
Maura Marvão e Alberto Castro, coordenação

Conservação preventiva e Documentação 
Carla Felizardo e Joana Teixeira, coordenação

Circulação, Armazenamento e Instalação de Obras de Arte 
Filipe Duarte, coordenação

Comunicação de arte numa era digital 
João Pedro Amorim, coordenação

Planeamento, financiamento e gestão de projectos 
Miguel Magalhães, coordenação

Montagem de exposições 
Sylvie Chivaratanond, coordenação

Mesas-Redondas

Estão previstas 3 mesas-redondas sobre temas-chave na agenda da pesquisa curatorial que serão uma oportunidade para os alunos conhecerem artistas e curadores, do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, do meio artístico internacional, português e africano, e participarem nalguns dos debates que marcam os discursos contemporâneos da arte.

Seminário Permanente de discussão dos projetos dos alunos

Encontros semanais de discussão sobre os projetos dos participantes.

Biografias

Nuno Crespo (Lisboa, 1975) diretor da Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, curador, crítico de arte e investigador, que se tem dedicado ao estudo dos cruzamentos entre arte, filosofia e arquitetura. Licenciado e doutorado em filosofia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é professor e colaborador habitual, enquanto crítico de arte, do suplemento cultural Ipsilon (Jornal Público) tendo sido membro do seu conselho editorial.

Paula Nascimento (Luanda, 1981) é arquiteta e curadora formada pela Architectural Association School of Architecture e pela London South Bank University em Londres. Colaborou com ateliers de arquitetura no Porto e em Londres antes de fundar com Stefano Pansera Beyond Entropy um coletivo de investigação que opera nos campos da arquitetura – urbanismo – artes visuais e geopolítica. É consultora em vários projetos, incluindo o Pavilhão de Angola para a Expo Milano 2015 e colabora com diferentes instituições artísticas e coletivos. É curadora da Arco Lisboa edição de 2019, 2020 e 2021.

Contactos

Todos as questões e pedidos de informação deverão ser enviados para o email pgpd@gulbenkian.pt

Uma organização da Fundação Calouste Gulbenkian e da Escola das Artes da Universidade Católica do Porto.

07.06.2021 | by Alícia Gaspar | Calouste Glubenkian, curso, curso de curadoria, curso online

Course | Side Lanes in Curatorial Practice

Side Lanes in Curatorial Practice

Professor: Azu Nwagbogu
Horário: 20 Nov (18h - 21h), 21 e 22 Nov (15h - 18h)


Documentação necessária (em inglês):- Biografia curta, com telefone, WhatsApp e contacto por e-mail;- Carta de intenção.
Participantes com limite: 10 participantes
Procedimentos de selecção: Para cumprir o requisito e selecção com base na carta de intenção.

Para se registar: hangarcia.production@gmail.com

Língua: Este curso será ministrado em inglês.

Data limite para a inscrição: 17 de Novembro de 2020

Preço: 100 euros + inscrição

Este curso centrar-se-á no papel da imagem, dos objectos e dos seus conjuntos no pensamento crítico em torno dos fósseis futuros. Também colocaremos à prova esses tropos e ideias enquanto se relacionam com futuros, tornados populares na última década, na cultura visual contemporânea e examinaremos a sua aptidão para utilização na nossa realidade distópica actual. Por fim, reflectiremos sobre o debate sobre a restituição tópica e as possibilidades de acelerar o processo.

A estrutura do curso adoptará um calendário intenso sob estas rubricas:
- Fósseis do futuro? Arquivo, Som, Documento, Memória.- Estética de Design Crítico e Fotografia de Estúdio em África.- Estudos de caso em arte, fotografia e design. Uma avaliação das principais exposições de arte, e tropas comuns na arte contemporânea em relação a África e diáspora.- Restituição e Museus em África.
Azu Nwagbogu é o Fundador e Director da African Artists’ Foundation (AAF), uma organização sem fins lucrativos sediada em Lagos, Nigéria. Nwagbogu foi eleito como Director Interino/Curador Chefe do Museu Zeitz de Arte Contemporânea na África do Sul de Junho de 2018 a Agosto de 2019. Nwagbogu serve também como Fundador e Director do Festival LagosPhoto, um festival anual internacional de fotografia artística realizado em Lagos. É o criador do Art Base Africa, um espaço virtual para descobrir e aprender sobre a Arte Africana Contemporânea. Nwagbogu foi júri do Dutch Doc, POPCAP Photography Awards, World Press Photo, Prisma Photography Award (2015), Greenpeace Photo Award (2016), New York Times Portfolio Review (2017-18), W. Eugene Smith Award (2018), Photo Espana (2018), Foam Paul Huf Award (2019), Wellcome photography prize (2019) e é jurado regular de organizações como Lensculture e Magnum.Durante os últimos 20 anos, tem curadoria de colecções privadas para vários indivíduos e organizações empresariais proeminentes em África. Nwagbogu obteve um mestrado em Saúde Pública pela Universidade de Cambridge. Vive e trabalha em Lagos, Nigéria.

04.11.2020 | by martalanca | Africa, azu nwagbogu, curso, side lanes in curatorial practice

Curso Cinema: leituras e contextos 8 a 10 de abril

3 dias de reflexão e interacção com o universo do cinema: visita ao Arquivo Nacional da Imagem em Movimento da Cinemateca Portuguesa, à Videoteca de Lisboa e à Cinemateca Portuguesa, em articulação com sessões sobre literacia audiovisual, a investigação em ou através de arquivos, e contextos de exibição. Cada um dos 3 módulos consiste numa sessão de discussão com base em apresentações de pessoas ligadas a festivais e cineclubes, ao mundo das artes e à academia, e visita a uma instituição que desenvolve actividade na área. O curso tem a duração de 20 horas, decorrendo entre 8 e 10 de Abril.
Inscrições até 3 de Abril. Lugares limitados.Mais informação  sobre o programa e inscrições: ICS Evento Facebook.

12.03.2019 | by martalanca | cinema, curso, leituras

Exposição colectiva - primeira turma XPTO_ curso Linguagem Fotográfica I LUANDA

Até 29 de Setembro, de segunda a sexta-Feira, das 11h às 20h.

Com fotografias de Ana Gaspar Ceita, Eunice da Fonseca, Joelma Bango, Leandro Raposo, Leila Correia, Lúcia de Almeida, Ódia Morena, Olga Miúda, Osvaldo Maiembe,  Teresa Fukiady,   Ygor Benjamim, com a curadoria de Jorge de Palma.

O objetivo é mostrar a evolução dos alunos ao longo curso, e a sua resposta ao conteúdo programático abordado. Para além da atribuição dos respetivos certificados.

31.08.2015 | by martalanca | curso, fotografia

Curso de formação para alfaiates africanos

No âmbito do seu projecto de Doutoramento, em Design de Moda Sustentável, a designer Sofia Vilarinho, criou uma plataforma de formação para os alfaiates/costureiros  imigrantes, de origem africana e a exercer esta actividade  em Lisboa. As acções de formação ( 2011/2012) vão decorrer no Modatex- Centro de formação profissional da Industria têxtil vestuário, confecção e lanifícios - e têm como principal objectivo, activar o desenvolvimento técnico dos formandos, nas disciplinas de modelagem e costura.

Projecta-se que esta formação tenha inicio em Novembro de 2011 e que se desenvolva durante o período de 1 ano.

Para este curso de formação, existem ainda cinco vagas.

Aos interessados ou para outras informações adicionais, queiram por favor contacta através do email vilarinho.sofia@gmail.com , até à data de 12 de Outubro, 2011.

Requisitos necessários para esta formação:

-  ser maior de 18 anos;

- ser alfaiate ou costureiro de origem africana e com conhecimentos de modelagem e costura;

- ter a situação de legalização no país regularizada ou com processo a aguardar a regularização;

- ter conhecimento da língua portuguesa

06.10.2011 | by joanapires | curso, formação