CPLP precisa de "efectiva ambição política global"

O antigo ministro da cultura e ex-embaixador de Portugal na Unesco, Manuel Maria Carrilho, defendeu na passada segunda-feira, na abertura do colóquio internacional “Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas num universo globalizado”, que os países da CPLP devem reencontrar-se “com as suas raízes históricas mundiais comuns” e “crescer em cosmopolitismo” para “se avançar na lusofonia”, dando à CPLP “uma efectiva ambição política global” e os meios para a concretizar.
Carrilho afirmou que tem faltado visão visão à política da língua portuguesa: esse reencontro e cosmopolitismo “em boa parte está por fazer” e “não deve ser adiado”, sendo necessário agir em função de “uma visão da lusofonia à altura dos desafios actuais”.

O ex-ministro referiu-se concretamente à necessidade de problematizar a base cultural que deve alicerçar uma política linguística internacional. “Tem-se valorizado, e bem, o chamado valor económico da língua, que em Portugal se aponta para 17 por cento do PIB [Produto Interno Bruto], [bem como] o valor da língua nas relações com o exterior, mas em matéria de língua não há valor económico sem uma robusta base cultural”.
A alavanca da estratégia de qualquer promoção da língua está na verdade fora dela: está na literatura, no cinema, no teatro, na música, no audiovisual, na produção dos conteúdos. Mas também está nos contactos, nas itinerâncias, nas parcerias que nestas áreas têm que ser “estruturais e exemplares”. Está na construção de um “espaço público comum”, sem o qual nenhuma comunidade comunica. “A política da língua faz-se em todos estes domínios, porque a língua não é uma essência, uma herança à margem do tempo, mas uma criação contínua que exprime a vida dos indivíduos e das comunidades”, defendeu Carrilho.
O colóquio internacional “Língua Portuguesa e culturas lusófonas num universo globalizado” decorreu em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, e contou ainda com a participação de Jaime Gama, Presidente da Assembleia da República Portuguesa, António Braga, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Carlos Vasconcelos, director do “Jornal de Letras”, José Luis Dicenta, secretário-geral da União Latina, Ivo Castro, director da Área de Ciências da Linguagem da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Ana Paula Laborinho, Presidente do Instituto Camões, Adriano Moreira, presidente da Academia das Ciências, Carlos Lopes, sociólogo guineense e sub-secretário geral das Nações Unidas, entre outros.

CENABERTA

31.10.2010 | by martalanca | CPLP, língua portuguesa, lusofonia